REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202505250950
Jéssica Camila Alves De Matos
Orientadora Profa Me. Patrícia Farias
RESUMO
Este trabalho analisa a utilização indevida de opioides no contexto da dor persistente não relacionada ao câncer, com ênfase nos riscos de dependência física e psicológica. A administração prolongada e, por vezes, inadequada desses fármacos pode acarretar prejuízos significativos à saúde, como tolerância e dependência. Quando utilizados indevidamente, esse medicamento apresenta potencial para desenvolvimento de vício, overdose e uso desviado. O objetivo deste estudo é compreender a conexão entre a administração indevida dos fármacos opioides e a instalação de dependência nesses indivíduos, além de destacar a atuação da enfermagem na prevenção, acompanhamento e cuidado terapêutico. A dor persistente e intensa, quando não relacionada ao câncer, compromete o bem- estar e a funcionalidade do paciente, exigindo o uso frequente de analgésicos potentes, que, por sua vez, podem desencadear efeitos adversos severos. Este estudo se pauta na metodologia de revisão bibliográfica, com base em produções científicas publicadas entre 2020 e 2025, obtidas nas plataformas Google Scholar, Scielo, PubMed, Medline e BVS.
Palavras-Chave: Vício Oncogênico; Adição de opiáceos; Dor crônica.
ABSTRACT
This paper analyzes the misuse of opioids in the context of persistent pain unrelated to cancer, with an emphasis on the risks of physical and psychological dependence. Prolonged and sometimes inappropriate administration of these drugs can cause significant damage to health, such as tolerance and dependence. When used improperly, these drugs have the potential to develop addiction, overdose and misuse. The aim of this study is to understand the connection between the improper administration of opioid drugs and the onset of addiction in these individuals, as well as to highlight the role of nursing in prevention, monitoring and therapeutic care. Persistent and intense pain, when not related to cancer, compromises the patient’s well-being and functionality, requiring frequent use of powerful analgesics, which in turn can trigger severe adverse effects. This study is based on the bibliographic review methodology, based on scientific productions published between 2020 and 2025, obtained from the Google Scholar, Scielo, PubMed, Medline and BVS platforms.
Keywords: Oncogenic Addiction; Opioid Abuse; Chronic Pain.
1. INTRODUÇÃO
Segundo a definição da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a dor configura uma experiência sensorial e emocional desagradável, relacionada ou potencialmente relacionada a um dano tecidual. Trata-se de uma experiência multidimensional que pode estar associada a diferentes condições clínicas (SERVIN et al., 2020).
Para se caracterizar o que é a dor aguda persistente, ou crônica, basta analisar seu período de duração, geralmente superior a três meses, com tendência à recorrência. Conforme a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), aproximadamente 37% da população brasileira relata vivenciar esse incomodo insistente que é a dor, sendo mais frequente em mulheres e aumentando com a idade. Um dos principais desafios da dor prolongada é que, além do desconforto constante, ela pode desencadear alterações cerebrais. Evidências de neuroimagem revelam modificações morfológicas em regiões do córtex cerebral, bem como mudanças funcionais, genéticas e estruturais que sustentam a classificação da condição dolorosa contínua como uma condição patológica, ainda que tal classificação permaneça em discussão (SBED, s/d).
Para que haja controle e redução desses sintomas, um dos modelos mais utilizados é a Escada Analgésica proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Inicialmente, essa escada foi formulada para conseguir classificar as dores de pessoas com câncer, contudo, essa ferramenta teve expansão em sua utilização e tornou-se referência para dores severas em geral. Além de agregarem em sua escala a finalidade médica da morfina, oxicodona e medicamentos coadjuvantes (COSTA & NAPOLI, 2022).
Desde os anos 2000, observou-se um aumento significativo na indicação médica de opioides, que foi inserido em meio ao tratamento de diversas causas. Tal demanda, propiciou um aumento considerável na escala mundial, de aproximadamente 200% nas mortes provenientes de overdose das drogas consideradas analgésicos, como o opioide intitulado Diacetilmorfina. A utilização do ópio para analgesia da dor larga duração, acaba sendo positivo, devido a presença de morfina, tebaína, codeína e papaverina em sua conciliação (SILVA & MARINHO, 2020).
Contudo, o uso exacerbado desse medicamento pode causar certos efeitos colaterais, como a utilização abusiva, carência de utilização excessiva e overdoses que levam a morte em casos extremos. Nos casos em que uma pessoa apresenta dor crônica, só consegue aliviar sua dor com a ingestão dos opioides, tornando-se refém daquele medicamento, para que consiga realizar atividades rotineiras e ter o mínimo de conforto físico e mental.
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVOSObjetivo Geral
Investigar a interdependência do uso excessivo dos opiáceos e o surgimento de dependência em indivíduos com dor prolongada não cancerígena.
2.2. Objetivos específicos
- Evidenciar o papel da enfermagem na prevenção, monitoramento e assistência para os dependentes;
- Analisar o surgimento de amarração aos opiáceos devido sua má administração;
- Explorar abordagens terapêuticas alternativas voltadas à minimização dos sintomas dolorosos crônicos.
3. PROBLEMA
Embora os medicamentos opioides sejam reconhecidos por sua eficácia na amenização do sintoma incomodo e persistente, seu uso prolongado está diretamente relacionado à impactos secundários prejudiciais à saúde, como tolerância, dependência e abstinência. Isso pode ocorrer mesmo sob prescrição e acompanhamento médico. Diante desse cenário, emerge a seguinte questão:
Quais são os fatores que favorecem a dependência dos analgésicos opioides para os casos de dor prolongada não cancerígena, e qual a contribuição da enfermagem na prevenção, acompanhamento e gestão desses casos?
4. HIPÓTESE
A administração prolongada e inadequada desse medicamento por pacientes que não apresentam diagnóstico oncológico, tende a favorecer o surgimento de dependência física e emocional, especialmente quando se tem a carência de protocolos clínicos bem definidos e acompanhamento contínuo. Supõe-se que, a atuação educativa e preventiva da equipe de enfermagem, bem como, agregar terapias alternativas ao tratamento, pode suavizar e até zerar os casos de dependência, e, proporcionar maior segurança no cuidado à dor.
5. JUSTIFICATIVA
A dor persistente prolongada não relacionada ao câncer, interfere significativamente no bem-estar físico, emocional e social dos pacientes, impactando diretamente seu rendimento, capacidade funcional e relações interpessoais. Diante da dificuldade de controle por meios convencionais, muitos profissionais indicam o manuseio dos analgésicos opioides para alívio sintomático. No entanto, a utilização contínua e, por vezes, indiscriminada desses medicamentos pode levar à tolerância, dependência física e psicológica, além de outras complicações que agravam o quadro clínico do paciente e demandam intervenções mais complexas.
Nesse contexto, o papel do enfermeiro torna-se essencial, não apenas na administração segura dos medicamentos, mas também na educação do paciente, no monitoramento do uso, prevenção da dependência e na promoção de um cuidado humanizado e centrado nas necessidades individuais. A atuação da enfermagem é crucial para garantir máxima aderência ao tratamento, evitar complicações e promover a utilização correta de analgésicos potentes, como os opioides.
Este estudo se justifica, pela escassez de arquivos específicos que tratem da correlação dessa droga em excesso no corpo, e, a dependência em indivíduos com dor prolongada não cancerígena, especialmente sob a perspectiva da enfermagem. Além disso, evidencia-se a necessidade urgente de fortalecer as estratégias de prevenção, acompanhamento e manejo multidisciplinar, com o objetivo de aprimorar as técnicas realizadas pelos enfermeiros e contribuir para a formulação de políticas de saúde mais seguras e eficazes para esse grupo de pacientes vulneráveis.
6. METODOLOGIA
Este estudo se baseia na metodologia de revisão bibliográfica, de natureza qualitativa, com enfoque descritivo e exploratório. A escolha por esse tipo de abordagem se justifica pela possibilidade de reunir, analisar e interpretar criticamente a produção científica já existente, permitindo uma compreensão aprofundada da interrelação de dependência e os opioides. A pesquisa foi fundamentada na seleção criteriosa de artigos científicos, dissertações e outras publicações acadêmicas relevantes, priorizando trabalhos publicados entre os anos de 2020 e 2025.
As buscas sistematizadas foram realizadas nas bases eletrônicas Google Scholar, SciELO, PubMed, Medline e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando descritores como “dependência”, “dor crônica não cancerígena”, “enfermagem” e “dor”. Incluindo estudos que abordavam aspectos clínicos, terapêuticos e assistenciais sobre a ingestão dos analgésicos opioides, lidando especificamente com as técnicas da enfermagem.
A análise do conteúdo coletado permitiu identificar padrões, desafios e lacunas no cuidado a esses pacientes, servindo de base para propor condutas mais seguras, estratégias de prevenção e fortalecimento da atuação profissional frente à complexidade da dor persistente prolongada e as chances de dependência medicamentosa.
7. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
7.1 Conceito e classificação de dor crônica
A dor, geralmente, tende a desaparecer à medida que o quadro do paciente melhora, podendo ser causada por inúmeros fatores, como quedas, cirurgias, doenças e lesões. Com o passar do tempo, é comum que os tecidos afetados se recuperem, aliviando o incômodo. No entanto, ao se classificar a dor aguda prolongada, outros fatores são envolvidos, afetando não apenas os tecidos, mas também o sistema neural, emocional e comportamental (ORTOLAN & BARATA, 2023).
Segundo os estudos de Bruna Gontijo e Larissa Bonasser (s/d), os sintomas da dor podem variar entre extensa e intensa, sendo uma condição complexa que ultrapassa a sensação física e envolve aspectos psicológicos e emocionais.
“Sensação dolorosa persistente ou recorrente que dura mais de 3 meses ou além do período normal de cicatrização tecidual. Essa dor impacta de forma negativa a funcionalidade e a qualidade de vida do paciente, tornando essencial a intervenção rápida por meio de tratamentos adequados. Para garantir a prevenção e o manejo efetivos deste tipo de desconforto, é necessário considerar aspectos físicos, bem como psicológicos, sociodemográficos e estilo de vida para implementar estratégias direcionadas e precisas (GONTIJO & BONASSER, s/d)”.
A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) foi a responsável por estabelecer a definição global de dor, descrevendo-a como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial”. Essa definição é complementada pela Agência Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e pela Sociedade Americana de Dor, que a considera um sinal vital, devendo ser registrada clinicamente, tal qual, a temperatura, pulso, respiração e pressão arterial.
Quando um paciente apresenta sensação dolorosa duradoura, outros aspetos de sua vida podem ser afetados, como a limitação na capacidade de realizar atividades diárias, impactando a saúde física e emocional, além da interação social e funcionalidades. Ela também pode gerar complicações adicionais, como transtornos psicológicos, vício de substâncias (tanto legais quanto ilegais) e até mesmo pensamentos suicidas nos pacientes (DOWELL et al., 2022).
Estudos realizados na Alemanha em meados de 2014, evidenciou que a os índices sobre a dor intensa prolongada alcançaram 28 pessoas para um grupo de 100, chegando a aproximadamente 7,3% desses indivíduos apresentando dor extensa incapacitante, sendo a região da lombar e a osteoartrite as mais recorrentes. Outro estudo feito nos EUA, mostrou que os custos relacionados à dor representam US$ 500 bilhões anuais, enquanto o país Reino Unido, tem um impacto financeiro de aproximadamente £ 12 bilhões (PETZKE et al., 2020).
Diante do tratamento convencional da dor intensa prolongada geralmente se volta para os medicamentos farmacológicos, como anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), anticonvulsivantes, antidepressivos, relaxantes musculares e analgésicos opioides. Além disso, práticas não farmacológicas, como terapia cognitiva, acupuntura e meditação, também são utilizadas para formas de prevenção e correção da dor (SERVIN et al., 2020).
Visando orientar os pacientes para que não façam a utilização desnecessária da droga opioide no manejo das dores oncológicas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu uma escada analgésica, que hoje é utilizada como forma padronizada, proveniente de casos demasiados de prescrições desses medicamentos, sendo amplamente utilizada na prática clínica (SERVIN et al., 2020).
Figura 1 – Escada Analgésica OMS

Fonte: MACHADO (s/d).
O primeiro degrau da escada analgésica propõe intervenções para o alívio de dores de baixa intensidade, utilizando agentes analgésicos não narcótico ou anti- inflamatórios. O segundo degrau destina-se sob dores de intensidade moderada, onde são usados analgésicos opioides fracos combinados também a analgésicos comuns. O terceiro degrau é voltado para dores severas, que exigem a presença do opioide forte em seu processo. Já o quarto degrau trata-se de procedimentos intervencionistas (COSTA & NAPOLI, 2022).
A abordagem terapêutica da dor prolongada, que não é causada por câncer, pode ou não envolver o manejo de medicamentos de origem opioides. Embora esse seja um tema controverso, especialmente devido às preocupações sobre a segurança e impactos a longo prazo, também existem discussões sobre o potencial de dependência e outras reações adversas associadas ao uso desses remédios (BANDARA et al., 2022).
Historicamente, os opioides eram considerados medicamentos primários para o alívio de dores intensas, como no caso de pacientes com lombalgia, artrite grave ou enxaqueca neuropática. Contudo, cada vez mais é comum que pessoas apresentem mais doenças e outros tipos de queixas, fazendo com que tais drogas sejam frequentemente prescritas pelos médicos para lidar com essas condições dolorosas (BANDARA et al., 2022).
7.2 Estratégias na redução do sofrimento: intervenção do opioide
Para embasar o entendimento sobre como os opioides atuam no processo de combate a dor caracterizada crônica, é importante diferenciar os termos opiáceos e opioides. O primeiro, conforme Gonçalves (2021), refere-se a substâncias derivadas do ópio extraído da papoula, como a Morphine (morfina) e a Codeine (codeína). Já os opioides abrangem “qualquer substância (natural, semissintética ou sintética) que imita os efeitos dos opióides endógenos, interagindo com os receptores do sistema opioide endógeno, podendo ser agonistas ou antagonistas”.
Baseado no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dor Crônica, aprovado pela Portaria de Nº 1.083/2012 da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS, 2012) e do Ministério da Saúde (MS), os opioides devem ser considerados fármacos analgésicos de alta potência, podendo ser utilizado em casos cancerígenos onde as pacientes se queixam de dor, mista ou neuropática.
De acordo com os estudos de Lyden e Binswanger (2019) em complemento Hagemeier (2018), os opioides são substâncias que atuam diretamente no sistema neurofisiológico, interagindo com receptores específicos do organismo. Essas substâncias podem ser classificadas como endógenas, quando produzidas naturalmente pelo corpo. Popularmente conhecidas como opiáceos, elas também incluem versões semissintéticas e sintéticas, que possuem propriedades analgésicas e promovem sensações de alívio e bem-estar.
Estudos realizados por Silva e Marinho (2020) baseados em um ano antes da publicação de sua pesquisa, destacam os dados fornecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nele, foram identificados que, aproximadamente 50.000.000 de pacientes já haviam consumido opioides antes, em escala mundial. O estudo também aponta que o Canadá e os EUA obtinham de uma demanda crescente por esses medicamentos, concentrando cerca de 80% de todo opioide disponível no mundo.
Esse aumento na demanda pode ser explicado pelo fato de os opioides serem eficazes e rápidos quando um paciente está com dor, já que atuam diretamente na estrutura neurofisiológica, interferindo na transmissão de impulsos dolorosos. Analisando os estudos de Ferreira et al. (2020), opioides:
“Exercem efeitos inibitórios tanto no encéfalo, quanto através do aumento do limiar nociceptivo das fibras da substância gelatinosa localizada no corno posterior da medula espinhal (FERREIRA, et al. 2020)”.
Dentro do corpo humano existem receptores opioides, localizados no sistema de controle neural periférico, permitindo os opioides atuarem como analgésicos eficazes, tanto para dores severas crônicas quanto agudas (FERREIRA et al., 2020). Ele também pode ser implementado em mais tratamentos além do oncológico, isso porque, esse fármaco é amplamente utilizado no manejo de dores prolongadas, agudas e outras condições dolorosas.
A dor aguda é caracterizada por sua duração inferior a 30 dias, enquanto a dor intensa prolongada, ultrapassa esse período e se divide em dois tipos: nociceptiva, associada a lesões nos tecidos ósseos, musculares ou ligamentares, e neuropática, originada por disfunções ou lesões na rede de nervos do cérebro. A dor mista, que envolve ambos os tipos, é a mais comum (OLIVEIRA et al., 2021).
Por mais que a ingestão de os opioides seja eficaz para que os pacientes sintam menos dor, seu uso está associado a consequências indesejadas, como resistência à indicação do medicamento, por conta de o corpo elevar seus níveis toleráveis e à dependência psíquica e física. Resultando no subtratamento e piora do bem-estar e funcionalidades dos pacientes (FERREIRA et al., 2020).
Estudos apontam que Brasil pode ser considerado em primeiro lugar dentre os demais países do subcontinente sul-americano na consumação de opioides, embora em níveis inferiores em comparação com outros hemisférios. A Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) realizou uma pesquisa em 2018 que identificou um percentual de 465% nas vendas de opiáceos dentre 2009 e 2015 só no Brasil, todos com prescrição médica, sem contar os medicamentos comercializados ilegalmente (FERREIRA et al., 2020).
Para a efetivação e diminuição dos sintomas da dor intensa e duradoura, os estudos de Leal e Alencar (2020), recomendam que a administração de opioides deve seguir o método de titulação, consistindo na iniciação em doses mínimas, monitorando evolução do quadro do paciente. Caso não haja o alívio desse incomodo persistente do paciente, o médico pode ajustar a dosagem conforme necessário.
7.3. Dependência e uso excessivo de opiáceos
A ingestão indevida em excesso dos analgésicos de origem opioide em pacientes não oncológicos, tornou-se um tema importante na medicina contemporânea, pois, apesar de sua eficácia, pode impactar em sérias complicações, como dependência física e psicológica. Estudos indicam que, mesmo sob supervisão médica, os pacientes correm risco de quererem aumentar as doses de opioides conforme pela carência de acompanhamento (OLIVEIRA et al., 2021).
Dentre as formas de identificação dos sintomas de amarração com o medicamento, é comum que haja compulsão pela utilização de doses progressivamente maiores para suprir tal necessidade (OLIVEIRA et al., 2021). A utilização em excesso pode levar à sintomatologia de abstinência, cujos sintomas físicos e psicológicos surgem quando o medicamento é reduzido ou interrompido. A sintomatologia de abstinência é um indicativo claro de dependência física, o que exige um monitoramento rigoroso do paciente (LEAL & ALENCAR, 2020).
Pacientes com histórico de uso excessivo de substâncias, transtornos psiquiátricos ou dor crônica severa devem ser acompanhados de perto para evitar o descomedimento de opioides. Os médicos precisam encontrar um equilíbrio entre o conseguir excelência na redução do sintoma e a prevenção de dependência, tonando- se um grande desafio durante esse processo (GICOVATE et al., 2023).
Ao adicionar as substâncias opioides também acarreta impactos sociais e econômicos, afetando as relações pessoais e a performance no trabalho dos pacientes, além de aumentar os custos do tratamento (GICOVATE et al., 2023). Para lidar com esse problema, os médicos devem regular e supervisionar quando indicarem a utilização de opioides, estabelecendo políticas mais restritivas e utilizando sistemas que monitorem padrões de abuso (GICOVATE et al., 2023).
Existe uma ligação compulsiva na ingestão de remédios opiáceos, sendo uma questão complexa que exige uma abordagem multifacetada, incluindo educação, monitoramento rigoroso e tratamento multimodal. É fundamental informar os pacientes no que diz respeito aos riscos inerentes e capacitar os enfermeiros para lidarem com esse tipo de dependência (FERNANDES et al., 2024).
Diante do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) aborda sobre como é comum os casos de pacientes que agregam as drogas opioides no seu tratamento, com a dependência. Esse fato, pode resultar em transtornos relacionados a opioides, destacando os riscos dessa condição na seguinte citação (APA, 2014):
“O transtorno por uso de opioides inclui sinais e sintomas que refletem a autoadministração compulsiva e prolongada de substâncias opioides usadas sem finalidade médica legítima, ou, na presença de outra condição médica cujo tratamento exige opioide, este é usado em doses muito acima da quantidade necessária (p. ex., um indivíduo com prescrição para opioides analgésicos com finalidade de alívio da dor em dosagem adequada fará uso significativamente maior do que indica a prescrição, e não apenas devido à dor persistente) (APA, 2014, p. 542)”.
A intervenção medicamentosa com opioides é preocupante, pois, devido ao seu alto potencial de causar dependência, esses medicamentos podem induzir a quadros de abstinência nos usuários. A alta demanda por opioides configura um desafio significativo para questões do setor sanitário público, exigindo uma resposta mais robusta das autoridades de saúde, além das ações atualmente em vigor (OLIVEIRA et al., 2020).
7.4 Alternativas terapêuticas e o papel da enfermagem
Mendonça et al. (2023) afirmam que a fisioterapia tem se destacado como uma alternativa terapêutica importante no enfrentamento clínico da dor intensa prolongada, principalmente pela sua capacidade de atuar diretamente no foco da dor, promovendo a melhora dos sintomas e melhorando a funcionalidade dos pacientes.
Através de uma combinação de técnicas, como exercícios de fortalecimento muscular, alongamentos, terapia manual e modalidades de estimulação, a fisioterapia contribui não apenas para o alívio desse incomodo insistente, mas também para a prevenção de incapacidades físicas, que são frequentemente observadas em indivíduos que dependem exclusivamente dos opioides.
Dessa forma, a fisioterapia não apenas reduz a demanda por fármacos analgésicos, mas também melhora questões de funcionalidades diárias e bem-estar do paciente, proporcionando uma abordagem mais sustentável e duradoura.
“A fisioterapia desempenha um papel crucial no tratamento da dor crônica, sendo uma abordagem terapêutica amplamente utilizada para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A eficácia da fisioterapia está relacionada à sua capacidade de abordar problemas musculoesqueléticos, reabilitar funções comprometidas e reduzir a dor. Esta modalidade terapêutica engloba diversas técnicas, incluindo exercícios terapêuticos, alongamento, fortalecimento muscular, mobilização articular e técnicas de terapia manual (MENDONÇA, et al. 2023, p. 6)”.
Outro método eficaz nesse tratamento é a acupuntura, que tem se mostrado uma alternativa terapêutica com resultados promissores. Pesquisas realizadas por Carvalho et al. (2021) indicam que ela consegue abaixar os níveis do sintoma doloroso, ao mesmo tempo, melhorar o estilo de vida dos pacientes, fazendo com que eles não precisem de medicamentos. A acupuntura também tem sido associada a benefícios psicológicos, promovendo o bem-estar e o equilíbrio emocional dos pacientes.
Estudos do Fallbrook Medical Center (2024) sugerem que, além das abordagens físicas, o tratamento psicológico também é fundamental neste processo. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma técnica amplamente indicada, pois foca em modificar os padrões de pensamento e comportamento que podem intensificar a dor. Embora inicialmente a ideia de tratar dores crônicas com terapia psicológica possa parecer vaga, a TCC tem mostrado eficácia ao reduzir a percepção da sua dor e melhorar a capacidade do paciente de lidar com o desconforto diário.
Outra técnica relevante é a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), que utiliza correntes elétricas aplicadas diretamente na área afetada para aliviar a dor. Quando combinada com massagens terapêuticas, a TENS pode potencializar o efeito relaxante e analgésico, proporcionando alívio mais eficaz. A terapia ocupacional também se destaca nesse contexto, pois auxilia na realização de atividades diárias com menos dor, melhorando sua funcionalidade e independência, como apontado pelo The Institute for Functional Medicine (2023).
Essa combinação de terapias físicas, psicológicas e ocupacionais oferece uma abordagem multidisciplinar valiosa para que os pacientes não tenham mais essas dores intensas prolongadas, além de prevenir os casos de dependência dessas drogas e melhorar as questões de saúde dos pacientes.
Figura 2 – Estimulação elétrica nervosa transcutânea

Fonte: Portal Educação (2022).
Embora essas medidas sejam extremamente importantes e eficazes na redução das dores crônicas, é fundamental que haja conscientização e educação dos pacientes sobre os ímpetos inerentes aos opioides. Uma maneira eficaz de abordar esses casos é através da atuação dos enfermeiros, que têm a capacidade de fornecer informações, explicar sobre as alternativas terapêuticas e ensinar técnicas de autocuidado, permitindo que os pacientes manejem sua dor de forma segura (THE INSTITUTE FOR FUNCTIONAL MEDICINE, 2023).
Os enfermeiros podem orientar os pacientes sobre a importância de adotar alternativas de tratamento, como a prática regular de exercícios físicos, fisioterapia, acupuntura e acompanhamento psicológico. Através dos exercícios, é possível fortalecer tanto o corpo quanto a mente, ajudando a amortecer a dor. A equipe de enfermagem deve reforçar que esse estilo de vida ativo traz benefícios em diversos aspectos da vida, além de fornecer orientações sobre os exercícios mais seguros e eficazes (THE INSTITUTE FOR FUNCTIONAL MEDICINE, 2023).
Os enfermeiros desempenham um papel crucial na coordenação do cuidado, oferecendo apoio e incentivos para que os pacientes adotem programas de tratamento alternativos. São eles os responsáveis por monitorar o progresso dos pacientes, educá-los sobre os benefícios de terapias como fisioterapia e acupuntura, e também orientá-los quanto ao uso correto dos medicamentos, para atalhar que os utilizem desnecessariamente (FALLBROOK MEDICAL CENTER, 2024).
Embora os medicamentos sejam fundamentais para alguns tratamentos, é recomendável que os pacientes optem por alternativas não opioides, como anti- inflamatórios e antidepressivos. Esses tipos de fármacos podem ser eficazes durante o processo, sem que haja a recorrência das fatalidades e sintomas prejudiciais ao corpo, causados pela dependência de medicamentos (FALLBROOK MEDICAL CENTER, 2024).
Portanto, pode-se concluir que as alternativas terapêuticas aos opioides são variadas e eficazes no gerenciamento da dor forte prolongada. No entanto, ainda existem pacientes que optam pelos opioides devido ao alívio imediato e à praticidade. Nesse contexto, o papel da enfermagem é fundamental para implementar essas alternativas de maneira segura e garantida, permitindo que os pacientes recebam um tratamento completo e controlado (FALLBROOK MEDICAL CENTER, 2024).
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa permitiu uma compreensão aprofundada sobre a interdependência do uso excessivo de opiáceos e o surgimento de dependência em indivíduos com dor prolongada não cancerígena. Embora esses medicamentos sejam administrados sob prescrição e supervisão médica, ainda ocorrem casos de abuso, pois essa droga mostra eficiência na contenção da dor, contudo, seu uso contínuo apresenta sérios riscos à saúde.
Dessa forma, é essencial que os enfermeiros adotem novos protocolos rigorosos para auxiliar os pacientes na anticoncepção de dependência e monitorização de sua evolução. Com isso, pode-se afirmar que os objetivos propostos foram plenamente alcançados, sendo possível entender a correlação do uso excessivo desse medicamento e o surgimento de dependência, já que o corpo se torna cada vez mais tolerante ao medicamento.
A hipótese testada neste estudo também foi confirmada. Ao analisar os dados coletados, observou-se que a carência do acompanhamento adequado em conjunto com a ingestão prolongada dos opioides, contribui diretamente para a amarração com o fármaco. Vale ressaltar que a atuação preventiva e educativa da equipe de enfermagem é fundamental para garantir um cuidado seguro, eficaz e humanizado, promovendo a consciência sobre os opioides e incentivando a adesão a terapias complementares.
Por fim, o problema foi respondido de maneira satisfatória, ao identificar os principais fatores que contribuem para casos de dependência, além de evidenciar o impacto da atuação da enfermagem. A colaboração entre os enfermeiros neste processo é crucial, e este estudo oferece uma contribuição significativa para as técnicas de enfermagem e para o campo acadêmico, promovendo uma abordagem multidisciplinar, preventiva e educativa.
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