DANCE AS ART THERAPY IN QUALITY OF LIFE FOR THE ELDERLY GROUP
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7242087
Any Catarina Garcia de Lima1
Maria Euthymia Dias Pimentel Brasil1
RESUMO
A dança como atividade física pode ser considerada uma grande aliada na promoção da qualidade de vida para a terceira idade. Muitos são os benefícios para quem pratica esse tipo de atividade física, pois a dança tem um caráter multifatorial, que trabalha, previne e melhora os processos naturais e patológicos do envelhecimento humano, buscando sempre promover a saúde do idoso e tornar o seu envelhecimento um processo positivo, agradável e bem-sucedido. A dança se deu ainda na Pré-História, tornou-se representação artística e com o passar do tempo se expandiu para todos as idades, estilos e ambientes. Através dessa linha do tempo, a dança se mostrou uma ótima aliada para o ser humano, podendo ser trabalhada desde a infância, até a velhice, pois trabalha os processos psicológicos, sociais e físicos. Tendo um caráter multifatorial e prevencionista, a dança procura promover a melhoria dos processos já citados a cima, que naturalmente ao longo do tempo apresentam regressos prejudiciais que acometem o ser humano na fase da velhice. A metodologia do trabalho foi realizada através de pesquisas qualitativas de caráter bibliográfico integrativo, disponíveis em sites e bibliotecas. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo geral manifestar o quanto a dança é ótima atividade física que promove qualidade de vida em aspectos psicológicos, sociais e físicos, no grupo da terceira idade.
Palavras-chave: Dança. Envelhecimento. Qualidade de vida.
ABSTRACT
Dance as a physical activity can be considered a great ally in promoting quality of life for the elderly. There are many benefits for those who practice this type of physical activity, as dance has a multifactorial character, which works, prevents and improves the natural and pathological processes of human aging, always seeking to promote the health of the elderly and make their aging a process. positive, pleasant and successful. Dance took place in Prehistory, it became an artistic representation and over time it has expanded to all ages, styles and environments. Through this timeline, dance has proved to be a great ally for the human being, and can be worked from childhood to old age, as it works on psychological, social and physical processes. Having a multifactorial and preventive character, dance seeks to promote the improvement of the processes mentioned above, which naturally over time have harmful returns that affect the human being in old age. The methodology of the work was carried out through qualitative researches of an integrative bibliographic character, available on websites and libraries. In this context, this work has the general objective of showing how dance is an excellent physical activity that promotes quality of life in psychological, social and physical aspects, in the elderly group.
Keywords: Dance. Aging. Quality of life.
1. INTRODUÇÃO
O Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) revela que no ano de 2019 o número de idosos no Brasil chegou a 32,9 milhões. Mostra-se, através de estudos e dados colhidos do (IBGE) que a tendência é que a população vem se mantendo, e já é superior ao número de crianças. Dito isto, é perceptível o crescimento populacional desse grupo social nomeado como terceira idade.
A partir disso, busca-se discutir sobre o envelhecimento. Ele é um fenômeno que atinge os seres humanos partir dos 60 anos. Essa época da vida, conforme Brito e Litvoc (2004) é marcada por um processo dinâmico, progressivo e irreversível, ligados intimamente a fatores biológicos, psíquicos e sociais que podem impedir o indivíduo de gerir sua vida e/ou cuidar de si mesmo, gerando a dependência funcional, também conhecida como incapacidade.
As principais incapacidades elencadas por Morais et al. (2019), no idoso são a cognitiva (demência, depressão, delirium e doença mental), a instabilidade postural (quedas), a imobilidade, a incontinência esfincteriana e a incapacidade comunicativa (cegueira e surdez). Por muitas vezes, devido a essa etapa da vida, e todos os seus processos citados acima, o idoso se ver em uma vida mais reclusa e isolada. Comprometendo assim, todo o seu ambiente pessoal e interpessoal. De acordo com Lima no texto intitulado “A influência das alterações sensoriais na qualidade de vida do idoso” (2007, p.4) “Quando se trata da terceira idade, entendemos que essas perdas, tão frequentes entre os idosos, podem comprometer sua comunicação nas relações sociais, os isolando” (LIMA, 2007, p.4).
Nessa idade, o que mais deve-se prezar é o quão bem esse idoso está passando por essa fase, chamamos isso de qualidade de vida. Segundo VelasquézMeléndez et al. (2017) no texto “Avaliação da Qualidade de vida de idosos participantes do programa Renascer”.
O conceito de qualidade de vida está relacionado à autoestima e ao bem-estar pessoal e abrange uma série de aspectos como a capacidade funcional, o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e a religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se vive. (VELASQUÉZ-MELÉNDEZ et al., 2017).
Uma boa qualidade de vida na velhice considerada saudável, pode estar relacionada com as práticas de atividades físicas. Segundo Okuna no texto ‘‘O idoso e a atividade física: Fundamentos e pesquisa’’ (2016, p.72)
Cada vez mais estudos vêm evidenciando a atividade física como recurso importante para minimizar a degeneração provocada pelo envelhecimento, possibilitando ao idoso manter uma qualidade de vida ativa. Visto que ela tem potencial para estimular várias funções essenciais do organismo, mostra-se não só um coadjuvante importante no tratamento e controle de doenças crônicodegenerativas (como diabetes, hipertensão, osteoporose), mas é também essencial na manutenção das funções do aparelho locomotor principal responsável pelo desempenho das atividades da vida diária e pelo grau de independência e autonomia do idoso (OKUNA, 2016, p.72).
Além de toda a ajuda e melhoria no processo de envelhecimento citado acima, a atividade física proporciona bem-estar, musculatura ativa, flexibilidade, entre outros. Segundo estudos, a atividade Física regular melhora a força, a massa muscular e a flexibilidade, notadamente, em indivíduos acima de 50 anos (NÓBREGA et al.,1999).
Dentre essas atividades físicas a dança surge como uma grande aliada. ‘’A dança melhora a disposição dos indivíduos para realização de atividades corriqueiras e proporciona força muscular, melhora da estética corporal e autoestima” (HASS; GARCIA, 2006, p.2).
A dança vem como uma atividade física, ajuda nos princípios de qualidade de vida como uma atividade estimuladora que promove movimentos evolutivos e integrativos, no qual promove ao idosos a atitude de deixar a vida sedentária. Para Veras (1995, p.3) “A dança é considerada como atividade física significativa para intervir de forma satisfatória na qualidade de vida e, sobretudo na saúde das pessoas na fase do envelhecimento”.
Desta forma, percebemos que a dança no grupo para a terceira idade colabora para a transformação e melhorias, tornando-o mais ativo em seu cotidiano proporcionando um momento de novas experiencias e sociabilidades sobrepondo-se não somente a realização de uma atividade física, mais contribuindo para a melhoria no processo de envelhecimento. A dança é um recurso interessante capaz de contribuir para a autonomia e independência do indivíduo idoso, para que estes se mantenham ativos e participativos socialmente (SILVA et al., 2012).
Percebe-se o quanto é necessário trabalharmos uma boa qualidade de vida para os idosos. Já que as expectativas de vida desse grupo social tendem a aumentar em um futuro próximo. Nesse contexto, o intuito desse trabalho é investigar como a dança influencia na qualidade de vida desses idosos, tanto em aspecto mental e físico. Nossa escolha teve como base os efeitos positivos e as vantagens para aqueles que praticam a atividade física que é a dança. Obter esse tipo de conhecimento é de suma importância para esse público, já que a grande questão do século é ‘’como envelhecer saudável’’. Com isso, esse trabalho tem muito a contribuir para pesquisas que trabalham com estudos voltados para esse tipo de púbico, já que existe uma carência de novas informações, e assim de forma geral podemos avançar no conhecimento deste tema.
Avaliar a qualidade de vida na velhice implica na adoção de múltiplos critérios de natureza biológica, psicológica e sociocultural. Vários elementos são apontados como determinantes ou indicadores de bem-estar na velhice: longevidade; saúde; biológica; saúde mental; satisfação; controle cognitivo; competência social; produtividade; atividade; eficácia cognitiva; status social; renda; continuidade de papéis familiares e ocupacionais e continuidade de reações informais em grupos primários (NERI, 2016).
Segundo Neri (2016), em seu texto ‘’Qualidade de vida e idade madura’’ o envelhecer pode e deve ser um processo positivo, no qual pode sim trazer longevidade e bem-estar ao idoso, transformando assim o envelhecer em um processo de prosperidade tanto para o presente quanto para o futuro. Dessa maneira evita-se e melhora os processos, patológicos, biológicos e psicológicos esperados pela velhice.
“Envelhecer bem significa estar satisfeito com a vida atual e ter expectativas positivas em relação ao futuro. A satisfação na velhice dependeria da capacidade de manter ou restaurar o bem-estar subjetivo justamente numa época da vida em que a pessoa está mais exposta a riscos e crises de natureza biológica, psicológica e social” (NERI, 2016, p.7).
Buscando a melhoria desse processo de envelhecimento, a dança surge como uma atividade física de características variadas que proporciona ao idoso um cuidado com o corpo, a mente e com as suas relações sociais, favorecendo o processo da autoestima, uma vez que na maioria dos casos essa atividade é realizada em grupo. ‘’A dança como atividade física, favorece os princípios de qualidade de vida como uma atividade estimuladora promotora da integração e geradora de movimentos evolutivos e graciosos, levando o idoso a deixar a vida sedentária’’ (SILVA et al., 2012, p. 26).
A dança tem caráter multifatorial, pois trabalha a musculatura, flexibilidade, equilíbrio, agilidade, memória, respiração, sistema cardiovascular, processo de socialização, processos psicológicos e assim por diante no idoso. Ela surge com um olhar de prevenção e melhora dos processos naturais e patológicos que acometem nos idosos.
A dança tem caráter multifatorial e prevencionista, onde procura promover a melhoria dos processos naturais que acometem os idosos.
Sendo assim, este estudo tem por objetivo mostrar os benefícios da dança para a terceira idade e para isso se utiliza de uma revisão bibliográfica integrativa no qual se busca conhecer a qualidade de vida através da pratica de atividade física voltada para a dança, seus benefícios sobre o corpo humano e o processo de envelhecimento. Os objetivos específicos são: descrever os aspectos psicológicos sobre o processo de envelhecimento; destacar os benefícios da dança para o corpo e mente; e acentuar como a arteterapia da dança é benéfica para a qualidade de vida do idoso.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O Corpo do Idoso
2.1.1 Envelhecimento
Para Lima e Murai (2005), o envelhecimento é definido como um processo progressivo, no qual ocorrem alterações biológicas, funcional, psicológicas que o passar do tempo tendem a determinar uma acentuada perda da capacidade que o indivíduo possui de se adaptar ao meio ambiente, resultando em uma maior fragilidade aumentando a incidência de doenças que acabam por leva-lo a morte.
O envelhecimento é um processo normal, representa uma fase da vida onde ocorrem mudanças físicas, psicológicas e sociais. Tais transformações acontecem de forma particular em cada indivíduo que envelhece. É um período em que o idoso faz uma análise de sua própria existência e chega à conclusão que alcançou muitos objetivos, mas também sofreu muitas perdas e a saúde representa uma delas (MENDES et al., 2005).
Martins et al. (2007), diz que o envelhecimento é um processo natural de transformações fisiológicas e estruturais que acontecem no corpo e na mente al longo da vida. Seu início não tem previsão cronológica exata; vai depender de cada indivíduo que sofre as influências sociais, ambientais e culturais.
O processo de envelhecer não deve ser tratado como um problema e sim deve ser entendido. E quando se fala de compreensão deve-se ter uma visão global do envelhecimento, não somente biofisiológica, mas conhecer as particularidades ambientais, sociais, culturais e econômicas que, seguramente em maior ou menor extensão participam desse processo (CASSILHAS, 2011).
2.1.2 O envelhecimento no plano psicológico
A população brasileira está envelhecendo cada vez mais, principalmente em decorrência das novas tecnologias de cuidado em saúde, que promovem mais benefícios aos enfermos, fazendo com que curem com mais facilidades as suas doenças, além de promoverem mais qualidade de vida e prolongamento de vida. Sendo assim, as intervenções e estratégias da atenção primária em saúde (APS), devem ser de garantir a acessibilidade das pessoas a serviços e estratégias para promoção de saúde (FERNANDES et al., 2020).
Alves, Trindade e Rocha (2021), afirma que o psicólogo é um profissional apto para atuar em conjunto com a equipe multiprofissional para desenvolver e contribuir com estratégias que beneficiem a longevidade e qualidade de vida dos idosos. Para pesquisadores em Gerontologia, existe um termo chamado “Envelhecimento Bemsucedido”, quando o idoso goza de baixo risco para doenças crônicas, alta funcionalidade cognitiva e física; e alto engajamento com uma vida ativa.
A Associação Americana de Psicologia – APA (do inglês: American Psychological Association), elaborou diretrizes que devem ser seguidas pelos psicólogos para assistência aos idosos, como: reconhecer as atitudes e crenças desses indivíduos; reconhecer as reais necessidades do desenvolvimento deste indivíduo; relacionar as necessidades cognitivas com as necessidades físicas, socioeconômicas e ambientais; estipular um método de avaliação psicológica dos idosos; engajar o paciente idoso na procura de outras assistências em saúde, quando necessário; e manter-se atualizado sobre as capacitações e educações continuadas em geriatria e gerontologia (OLIVEIRA et al., 2020).
Uma das técnicas mais utilizadas na assistência psicológica, é a Lifespan, onde o paciente, baseada em uma teoria chamada de Seletividade Socioemocional, onde o profissional deve considerar que a adaptação do indivíduo as suas condições de vida, está associada com o tempo, espaço e a vivência do indivíduo em cada uma das fases de sua vida (TOMÉ; FORMIGA, 2020).
Na prática em saúde, o psicólogo pode auxiliar o paciente idoso em enxergar os reais paradigmas psicológicos, podem auxiliar em superar as situações equivocadas sobre o envelhecimento fisiológico. Apesar disso, muitos idosos não passam por esse tipo de assistência, sendo a atuação do psicólogo no processo de envelhecimento muito escasso na atenção primária, permitindo que a aceitação das fases da vida seja mais complexa, desencadeando gatilhos emocionais e frustações (RIBEIRO, 2015).
2.1.3 Perdas Físicas e Motoras
Um dos problemas mais comuns que afeta a população idosa é a alta frequência de quedas, sendo que um terço das pessoas com 65 anos ou mais cai ao menos uma vez ao ano e a metade desses casos é recorrente, essa proporção aumenta com pessoas com mais de 70 anos, algumas vezes resultando em fraturas e eventos fatais (BUSHATSKY, 2017).
Devido á acomodações, características da velhice estereotipada, os idosos passam por problemas que vão aumentando em números e grau com o passar do tempo, entre a diminuição da força muscular e o comprometimento da locomoção diminui-se também a coordenação motora, tornando as tarefas do cotidiano ainda mais difíceis de serem realizadas (DIAS et al., 2005).
Segundo Ferreira et al. (2012), a coordenação é a junção de forma harmoniosa e econômica dos sistemas musculoesquelético, nervoso e sensorial e tem a finalidade de produzir ações motoras de forma precisa e equilibrada.
2.2 A Dança a Favor da Terceira Idade
2.2.1 História da Dança
Uma das manifestações mais antigas que existe desde que o homem descobriu o ritmo, movimento e som, é a dança. Para Garcia e Hass (2003), a dança possui uma linguagem corporal enquadrada e inserida desde os tempos primitivos até os dias atuais. Sob a influência das condições econômicas, sociais, políticas, religiosas e econômicas, aparecendo no desenvolvimento dos regimes sociais históricos, evocando suas necessidades, crenças, tradições, costumes, rebeliões de natureza artística e cultural, e aparecendo em diferentes momentos da vida de cada pessoa.
Através da natureza, nascem novos movimentos de dança, vários rituais e registros, fazendo a ligação e relação homem e natureza. Movimentos e sons dos animais era imitados por homens, com a finalidade de caçar, simulavam acasalamentos para a multiplicação de espécies, além disto, jogavam água nas jovens mulheres enquanto dançavam, para tornarem fecundas e férteis, e as fases da lua eram imitadas para benefício de gestantes, fêmeas e sementes. Segundo Ossana (1988 p.29) ‘’ É o meio de expressão a que todo o homem, por civilizado e culto que seja, recorre quando não pode fazê-lo por meio da palavra’’
Com o passar dos anos, as cidades modificaram-se e a dança consequentemente também. A dança ganhou a caracterização, a ideia de grupo, cada qual no seu ritmo, conseguindo assumir um papel de importância e de dominância do período. Começa a surgir nos mitos, lendas, ritos, cerimônias, ritos religiosos, literatura, educação e treinamento militar (SILVA, 2000).
Para Danse (2021) o cristianismo começa a interferir na visa pública fechando os teatros romanos, transformando danças de fertilidade e veneração de símbolo em danças religiosas de aleluia, nessa fase a dança erudita e popular se separaram. Para os romanos, a dança nasceu com intensidade e diversidade menor, tendo assim um perfil mais imitativo, passou a ser usada e admirada como espetáculo, no entanto, com o rompimento da Império Romano, dança e teatro ficaram invisíveis, e quem vivia dela passou a levar uma vida de forma miserável e proibida de quase tudo.
Sendo assim, a dança passa por modificações na Idade Média, passando a ser mais organizada, trazendo a necessidade de criar e anotar repertórios de movimentos, regrados por um mestre que servia a corte, e sendo assim, montava dança de acordo com o gosto das pessoas que compunham o reino. Dessa forma a dança vai começando os estudos dos movimentos, dos passos tornando-a mais profissional, em encontra partida, tornou-se mecânica, decorativa, constante e sofisticada, perdendo a sua comunicação através da emoção. No entanto, a dança é uma mudança constante e passa ser o que era antes. Volta-se a relação de homem com natura, de que o corpo se move por dentro e vai tornando o corpo novamente como uma fonte de movimentos e sensibilidades (BRANDLI, 2015).
A dança tem uma história bem ampla, transformou-se muito e até hoje vive nessas mudanças, da qual possibilitou diversas experiencias novas, quebrando vários padrões e tendo como principal foco, a satisfação e felicidade de estar de bem com a vida. Existe significação humana, sendo um meio de mostrar a importância de lugares e pessoas (DANSE, 2021).
2.2.2 Os benefícios da Dança para mente e corpo
Sabe-se que a dança contribui significativamente para a qualidade de vida, promovendo diversos aspectos da saúde como a frequência cardíaca, estimulando a circulação sanguínea, melhorando a capacidade respiratória e queimando muitas calorias.
A dança está intrinsecamente relacionada à atividade social, por meio da qual induz sentimentos de saúde mental, permite a troca de experiências, estimula o diálogo e, assim, aumenta a autoestima.
Além disso, A dança pode trazer benefícios como melhora no controle motor e muscular, resistência cardiovascular e consequente melhora na frequência respiratória, amplitude de movimentos, estimulação de funções cognitivas, como atenção concentrada, flexibilidade cognitiva e memória operacional (necessárias para aprender novos passos e ao realizar movimentos coordenados e repetidos), melhoras e efeitos psicossociais, entre outros (SOUZA; METZNER, 2013).
O ser humano ao dançar, consegue aprender vários ritmos os quais favorecem e exercitam a mente, já que seguir uma coreografia exige, coordenação motora, concentração, agilidade, memória e equilíbrio. Todos esses movimentos e reforços tem reflexo nas tarefas do dia a dia, onde ficam mais leves e fáceis de se realizar.
De acordo com Almeida (2019) a dança é fundamental para o grupo da terceira idade pois desenvolve os estímulos dos sentidos, entre eles:
- Afetivo: sentir as emoções que a coreografia transporta;
- Auditivo: ouvir e perceber a música, dominando o ritmo;
- Visual: observar e transformar os movimentos;
- Tátil: sentir os movimentos e todos benefícios que trazem para seu corpo;
- Cognitivo: coordenação, raciocínio e ritmo;
- Motor: todos o esquema corporal.
Quem pratica a dança transforma o seu corpo, de forma multiplicadora, diversificada e ampliada em vários sentidos. Em muitos casos, possíveis avanços relacionados aos benefícios da dança ao nosso corpo são vantajosos, como garantir a independência funcional dos indivíduos mantendo sua força muscular (principalmente suporte, equilíbrio, força aeróbica), Exercício de corpo inteiro e mudanças no estilo de vida. A dança é um recurso lúdico que promove autonomia e independência em idosos, mantendo-os ativos e engajados socialmente. Assim, pode ser descrita como um evento importante no plano de eventos para o grupo da terceira idade (OLIVEIRA et al., 2020).
Ademais, outro benefício de se participar de atividades que envolvam a dança relaciona-se ao fato de estar em grupo, o que favorece a promoção da qualidade de vida por permitir a socialização, criação de vínculos e ampliação do universo do idoso (NADOLNY et al., 2019).
Os grupos utilizados por terapeutas com pessoas idosas vêm cada vez mais sendo empregada como instrumento e prática de intervenção eficaz e importante. Através dessas práticas em grupo o terapeuta consegue buscar o fortalecimento e desenvolvimento da capacidade funcional do idoso, onde utiliza o corpo como recurso terapêutico.
Segundo Oliveira et al. (2020), nesse contexto, a prática de atividades corporais orientada por um terapeuta além de proporcionar oportunidades de participação, atividades ocupacionais como a dança tornam-se fundamentais para garantir um processo de envelhecimento mais ativo e com uma melhor qualidade de vida para essa faixa etária em crescimento, dados os fatores culturalmente relevantes para os idosos (NADOLNY et al., 2019).
Nesse sentido, é de suma importância o acompanhamento de um profissional que irá trabalhar com o grupo da terceira idade, visto que as aulas de dança devem ser de forma variadas e dinâmicas, para que não resulte na acomodação e desistência dos alunos, com atividades que englobem todos os níveis da turma, sem que causem exclusão dos idosos com mais delimitação e sem levar o sentimento de desmotivação para aqueles que possuem mais facilidade (SILVA et al., 2018).
2.2.3 A arteterapia da dança como qualidade de vida para a terceira idade
Freitas et al. (2020), dispõe em sua pesquisa a importância da realização da arteterapia na terceira idade, pois correspondem a atividades que evidenciam uma melhora na qualidade de vida desses indivíduos. Dentre os principais benefícios vinculados a arteterapia, os mais ressaltados são: melhoria na socialização do idoso, aumento da autoestima, melhorias na saúde e aumento de interação entre indivíduos da mesma geração.
Os idosos estão em sua grande maioria, passando por mudanças fisiológicas e emocionais enquanto envelhecem, e na maioria das vezes sentem-se solitários e vulneráveis as gerações atuais, e a arteterapia contribui para que possam ter uma melhor interação social com outros idosos, levando essas pessoas a melhorarem a qualidade de vida e terem um envelhecimento mais saudável (JARDIM et al., 2020).
Com o passar dos anos, de acordo com Fernandes et al. (2013), foram necessárias implementações de novas estratégias de promoção em saúde para os idosos, para que pudessem envelhecer de forma mais saudável. E para isso, a arteterapia torna-se um recurso estratégico a ser utilizado pelos profissionais de saúde, em especial psicólogos, conceituando-se como:
Atividade terapêutica voltada para a população idosa, disposta em várias modalidades como: pintura, desenho, sons, música, modelagem, colagem, mímica, tecelagem, expressão corporal, escultura, dentre outras, estimulando a expressão criativa, auxiliando no desenvolvimento motor, no raciocínio e no relacionamento afetivo (BRASIL, 2017 apud FREITAS et al., 2020).
Apesar de alguns idosos apresentarem limitações, devido a idade, para realizarem alguma atividade de arteterapia, esse artifício ainda é o mais utilizado para promoção de qualidade de vida na terceira idade, sobressaindo entre grupos de leitura, assistir filmes e outras atividades na qual os idosos são apenas telespectadores. Isso porque, tratam-se de tarefas nas quais permitem que os idosos possam “produzir” algo com as próprias mãos, no caso da dança, com o próprio corpo (FONSECA, 2021).
Segundo Moreira e Boanova (2021), a arteterapia é uma compilação de teorias da psicologia com os conceitos de arte, apresentando-se como uma das melhores alternativas a serem utilizadas em pacientes que não se adaptam a consulta psicológica verbal. Os pacientes idosos podem lidar com suas frustrações e problemas, através de suas expressões artísticas, seja na música, nas artes plásticas ou na dança, onde o foco do profissional não é ter um diagnóstico técnico do que o paciente tem, e sim de promover qualidade de vida, saúde e bem-estar geral.
A dança é um tipo de arteterapia que irá promover a movimentação do corpo, onde os idosos podem reconhecer melhor a si mesmos, nesta fase de suas vidas, e podem adquirir novas formas de comunicação, através dos movimentos que realizam com o próprio corpo. A dança ainda estimula o desenvolvimento de uma linguagem corporal, despertando a consciência, atenção, habilidade e alguns reflexos, como o de equilíbrio e flexibilidade (SILVA et al., 2016).
A partir da dança, os idosos podem buscar por um equilíbrio entre corpo e mente, amenizando os problemas que são decorrentes do envelhecimento, sejam problemas físicos/patológicos ou os rotineiros do cotidiano de idosos. Os idosos podem alcançar mais independência através da dança, pois como é considerada uma atividade física, estimula a manutenção muscular já que a cada década, após os 50 anos, o ser humano perde entre 15 e 20% de força muscular (ARAÚJO; ROCHA, 2017).
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Tipo de Pesquisa
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, estudo descritivo e de abordagem qualitativa, caracterizando-se como uma análise temática.
3.2 Instrumento de Coleta de Dados
Nesta pesquisa será utilizado livros, artigos científicos e revistas de caráter legal. Pretende-se por meio destes instrumentos obter as informações necessárias para alcançar os objetivos da pesquisa.
3.3 Análise dos dados
A realização da análise dos dados será realizada através da estratégia Bibliográfica-Integrativa. Através desta análise é possível mensurar os dados que foram obtidos. Para Whitemore e Knafl (2005 p.22), o “termo integrativa tem origem na integração de opiniões, conceitos ou ideias provenientes das pesquisas utilizadas no método”.
4. CONCLUSÃO
Com o avanço da tecnologia, os procedimentos terapêuticos também evoluíram, favorecendo o crescimento da população idosa mundial, sendo então necessárias mais estratégias para promoção de saúde física e mental. O envelhecimento é um processo fisiológico do corpo dos seres humano, pois a cada segundo envelhece-se um pouco mais, um processo que está associado as mudanças estruturais e biológicas.
Sendo assim, a arteterapia entra como um dos mais importantes recursos para manutenção da saúde e bem-estar da população idosa, pois proporciona que esses indivíduos tenham contato com música, dança e artes, fazendo com que movimentem seus corpos, permitindo que façam novas descobertas de socialização e que adquiram mais independência.
A dança é um recurso que permite que os idosos minimizem as sequelas decorrentes do envelhecimento, pois proporciona a expressão de sentimentos e movimentos estimulando atividades metabólicas, cognitivas e físicas. A dança pode ser considerada como uma atividade completa, onde o individuo trabalha a atenção, concentração, orientação espacial, ritmo, memória, lateralidade, percepção, melhoria no equilíbrio, melhora a coordenação motora e o condicionamento físico.
Ainda assim, permite que o idoso tenha a sensação de satisfação física e emocional, propiciando a evolução de corpo e mente. Outros benefícios desta atividade são: alívio do estresse, encaminhamento de moléculas de oxigênio ao encéfalo, crescimento de musculatura esquelética, proteção de articulações, aumento da flexibilidade, melhoria da postura corporal e a socialização constante entre os indivíduos idosos.
Conclui-se este estudo, afirmando que a dança traz diversos benefícios mentais, cognitivos, físicos, biológicos e contribui positivamente para o aumento da qualidade de vida na terceira idade. Além disso, é uma forma de trabalhar a psicologia de forma não verbal, enquadrando o paciente em atividades que lhe dão prazer, enquanto pode-se realizar a avaliação diagnóstica, com propósitos inteiramente clínicos, apenas para promover o aumento do bem-estar geral do paciente idoso.
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1Discentes Graduandas do curso de Graduação em Psicologia do Centro Universitário FAMETRO
2Docente Especialista do curso de Graduação em Psicologia do Centro Universitário FAMETRO