A CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM DIANTE DA AUTOMEDICAÇÃO – INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA POR AINES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7868710


Jose Jackson dos Santos
Kathiurcia Barros de Oliveira
Orientador: Omero Martins Rodrigues Junior


Resumo

Os  Fármacos Antiinflamatórios Não Esteroides – AINE e Analgésicos encontram-se entre o grupo de fármacos mais amplamente consumidos em todo o mundo. Qualquer pessoa, que faz uso de qualquer tipo de medicamento, sejam eles Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP) ou até mesmo com prescrição médica, precisa estar atenta às dosagens prescritas, pois os efeitos adversos podem ter interferência de vários fatores, e principalmente levar à intoxicação medicamentosa. Desta forma, o objetivo deste estudo é: analisar a contribuição do profissional de enfermagem diante da automedicação feita por AINES, como diclofenaco, cetoprofeno, e ibuprofeno, que representam a maior incidência intoxicações intencionais. Para tal, utilizou-se o método bibliográfico qualitativo, que por meio de uma revisão de literatura, utilizou estudos publicados no período de 2013 a 2022. Portanto, foram expostos o conceito de intoxicação medicamentosa, a epidemiologia das intoxicações AINES e as reversões da intoxicação e seu tratamento. Diante disto, concluiu-se que em casos de intoxicação medicamentosa por ANAIs, a vítima corre riscos gastrintestinais, cardiovasculares, trombóticos, cerebrovasculares, renais, gestacionais e fetais, em alguns casos, levando até a óbito, sendo de extrema importância a reversão por veio de lavagem gastrintestinal. Verificou-se ainda a importância do profissional de enfermagem na prática da administração e  uso correto e adequado de medicamentos, de forma a aconselhar o melhor meio para o uso de medicamentos no tratamento em que o paciente se encontra.

Palavras-chave: AINE; Contribuição do enfermeiro; Automedicação; Uso irracional de medicamentos.

Abstract

Non-Steroidal Antiinflammatory Drugs – NSAIDs and Analgesics are among the most widely consumed group of drugs worldwide. Anyone who uses any type of medication, whether they are Over-the-Counter Medications (OTC) or even with a medical prescription, needs to be aware of the prescribed dosages, as adverse effects can be interfered by several factors, and mainly lead to drug intoxication. Thus, the objective of this study is: to analyze the contribution of nursing professionals in the face of self-medication performed by NSAIDs, such as diclofenac, ketoprofen, and ibuprofen, which represent the highest incidence of intentional poisoning. For this, the qualitative bibliographic method was used, which, through a literature review, used studies published in the period from 2013 to 2022. Therefore, the concept of drug intoxication, the epidemiology of AINES intoxications and the reversals of intoxication were exposed and its treatment. In view of this, it was concluded that in cases of drug intoxication by ANAIs, the victim runs gastrointestinal, cardiovascular, thrombotic, cerebrovascular, renal, gestational and fetal risks, in some cases, leading to death, with the reversal by vein being extremely important. gastrointestinal lavage. It was also verified the importance of the nursing professional in the practice of administration and correct and adequate use of medicines, in order to advise the best means for the use of medicines in the treatment in which the patient is.

Keywords: NSAIDs;  Nurse´s contribution; Self-medication; Irrational use of drugs.

Resumen

Medicamentos Antiinflamatorios no Esteroideos: los AINE y los analgésicos se encuentran entre el grupo de medicamentos más consumidos en todo el mundo. Cualquier persona que utilice cualquier tipo de medicamento, ya sean Medicamentos de Venta Libre (OTC) o incluso con prescripción médica, debe estar atento a las dosis prescritas, ya que los efectos adversos pueden ser interferidos por varios factores, y conducen principalmente a intoxicación por drogas Por lo tanto, el objetivo de este estudio es: analizar la contribución de los profesionales de enfermería frente a la automedicación realizada por AINE, como diclofenaco, ketoprofeno e ibuprofeno, que representan la mayor incidencia de intoxicación intencional. Para ello, se utilizó el método bibliográfico cualitativo, el cual, a través de una revisión bibliográfica, utilizó estudios publicados en el período de 2013 a 2022. Por lo tanto, se expuso el concepto de intoxicación por drogas, la epidemiología de las intoxicaciones AINES y los reversos de la intoxicación y su tratamiento. Ante ello, se concluyó que en los casos de intoxicación por drogas por ANAIs, la víctima corre riesgos gastrointestinales, cardiovasculares, trombóticos, cerebrovasculares, renales, gestacionales y fetales, llegando en algunos casos a la muerte, siendo la reversión por vía venosa extremadamente alta. importante lavado gastrointestinal. También se verificó la importancia del profesional de enfermería en la práctica de la administración y uso correcto y adecuado de los medicamentos, con el fin de aconsejar los mejores medios para el uso de medicamentos en el tratamiento en que se encuentra el paciente.  

Palabras clave: AINE; Aporte de la enfermera ; Automedicación; Uso irracional de drogas.

1.  Introdução

Os medicamentos ocupam função essencial nos sistemas sanitários, já que salvam vidas e melhoram a saúde. O uso de medicamentos é a forma mais comum de terapia em nossa sociedade, pois quando empregados de forma correta, desempenham sua função no restabelecimento da homeostase e se tornam um recurso terapêutico financeiramente viável. Contudo, ações que decorrem do uso irracional de medicamentos podem ocasionar consequências graves à saúde da população, como: reações adversas, redução da eficácia, dependência ao medicamento, efeitos colaterais, interações medicamentosas e ainda, o agravo do quadro clínico do sujeito (Chagas et al., 2021).

Conforme Andrade et al. (2020), a automedicação é uma maneira comum de auto-atenção à saúde, sendo definido pelo consumo de um produto com o intuito de tratar ou aliviar sintomas ou doenças notados, ou mesmo de promover a saúde, independentemente da prescrição profissional. Para tal, podem ser utilizados medicamentos industrializados ou remédios caseiros. É conceituada como a utilização de medicamentos sem prescrição médica, onde o próprio paciente decide qual fármaco a utilizar. Inclui-se nessa designação genérica a prescrição ou indicação de medicamentos por indivíduos não habilitados, como amigos, pessoas da família e até mesmo balconistas de farmácia, que é caracterizado como exercício ilegal da medicina (Xavier er al., 2021).

O direito à saúde, assegurado pela constituição brasileira, elucida os medicamentos como componentes essenciais e estratégicos, susceptíveis à influência de diversos fatores que vão de aspectos relativos ao seu desenvolvimento até a utilização na terapêutica. Os medicamentos são um insumo essencial na moderna intervenção terapêutica, sendo usado no tratamento e controle de doenças, com grande custo-efetividade quando utilizados racionalmente, impactando de forma decisiva os cuidados de saúde (Secoli et al., 2019).

Vários medicamentos que deveriam ser empregados somente com prescrição médica são vendidos de forma indiscriminada pelo estabelecimento farmacêutico, porque, no Brasil, a farmácia não é vista com uma unidade de saúde mas como um comércio de vendas de medicamentos e produtos correlatos. Porém, estes medicamentos, vendidos sem receita médica, permitem a automedicação, em que o sujeito, estimulado por fatores socioeconômicos – culturais, por si só, identifica seus próprios sintomas e os trata (Delgado & Vriesmann, 2018).

A automedicação inadequada, assim como a prescrição errada, pode implicar em efeitos não desejáveis, enfermidades iatrogênicas e mascaramento de doenças evolutivas, tornando-se assim um problema a ser prevenido.

Para o Conselho Federal de Farmácia (CFF, 2019), a automedicação é um costume comum entre os brasileiros, e aproximadamente 77% fazem o uso de remédios sem a prescrição de um médico. Aproximadamente 47%, se médica no mínimo uma vez por mês, e 25% fazem uso diário ou pelo menos uma vez por semana.

De tal modo, a partir da promoção do uso racional de medicamentos, colabora-se para a redução do percentual de intoxicação e internações hospitalares, e por conseguinte, tem-se a prevenção e promoção da saúde promovendo a melhor alocação dos recursos dispostos. Assim, a contribuição dos enfermeiros desempenham uma grande função no atendimento das necessidades do sujeito e da sociedade. Pois, o alto índice de intoxicação se dá por alguns fatores que deveriam ser colocados em evidência para que índices não obtivessem tanta prevalência, entre eles podemos citar a frágil política nacional de Medicamentos, onde o uso dos mesmos é feito de forma tão frequente e sem acompanhamento profissional.

Entre os medicamentos mais utilizados, estão no ranking, os Analgésicos e Anti-inflamatórios não esteróides (AINES). Estes constituem um dos grupos com o uso mais amplo e mais procurado, principalmente por serem utilizados para o combate e alívio das dores e inflamações (Da Silva et al., 2020).

Diante da facilidade ao acesso de medicamentos, a automedicação tem se tornado uma prática constante na vida das pessoas, sendo influenciado pelo uso contínuo que em paralelo traz os riscos de intoxicações à saúde.

Para tanto, o elevado índice de intoxicações medicamentosas provocadas por automedicação, tem sido levado pelo uso excessivo dos medicamentos, tornando-se um problema sério a saúde de quem consome. Os mesmos tem se apresentado como principal agente tóxico causando danos reversíveis, o que não diminui o fato de apresentarem danos irreversíveis.

Assim, o problema científico busca saber: Neste âmbito, o problema científico deste trabalho busca saber: Quais os fatores de riscos que a automedicação pode causar aos seus usuários? Como tratar a intoxicação medicamentosa por FAINES?

Para isso, o objetivo deste artigo é: analisar a importância da contribuição do profissional de enfermagem diante da automedicação, contribuindo no cenário de intoxicação medicamentosa por FAINES, como diclofenaco, cetoprofeno, e ibuprofeno, que representam a maior incidência intoxicações intencionais. Diante deste cenário, este estudo justifica-se por apresentar medidas preventivas de forma a contribuir para a redução diária de riscos motivados pela automedicação e conscientização da população diante do perigo dos efeitos adversos que estes medicamentos podem acarretar. Assim, a necessidade deste estudo está em explanar a respeito da contribuição do profissional de enfermagem na automedicação e os fatores associados a esta prática, tendo como finalidade analisar a importância dessa contribuição diante da automedicação.

2.  Metodologia

O presente artigo abrange um estudo integrativo descritivo, que avaliou as consequências da automedicação, relatando os seus riscos à saúde humana e principalmente a importância do acompanhamento de um profissional de enfermagem no combate a esta situação.  

A escolha da temática “automedicação versus contribuição do profissional de enfermagem” decorreu da necessidade de discussão e entendimento das questões que abrangem a prática da automedicação e seus riscos para a população. Para a elaboração deste artigo, utilizou-se o método bibliográfico qualitativo, que por meio de uma revisão de literatura, utilizou materiais coletados através das seguintes bases de dados: SciELO – Scientific Electronic Library, Pubmed, Bireme, Google Acadêmico, periódicos, monografias, congressos, legislações, dissertações, revistas científicas e Ministério da Saúde (MS), publicados no período de 2013 a 2022. Os descritores empregados foram: AINE; Contribuição do enfermeiro; Automedicação; Uso irracional de medicamentos.

De forma descritiva, como critério de inclusão foram pré-determinados os estudos em língua portuguesa e inglesa, estudos que abordavam a contribuição do enfermeiro e uso racional de medicamentos, que estivessem publicados ou indexados nas bases de dados no período entre 2013 e 2022. Os critérios de exclusão empregados foram os artigos fora do período estabelecido, que não abordassem a presente temática e publicados em outras línguas que não foram citadas anteriormente.

O método usado incluiu a identificação do tema principal de cada estudo e a separação conforme os temas centrais que guiaram a análise do material, assim, a automedicação foi avaliada conforme suas consequências para a sociedade, no ponto de vista de suas implicações para a saúde pública. As estratégias para reduzir a prática da automedicação foram avaliadas quanto a sua pertinência e incorporadas à discussão. A argumentação sugerida determina questões e direciona a caminhos para refletir sobre a importância de uma contribuição inovadora do enfermeiro prevenindo a automedicação, diante do cenário de intoxicação medicamentosa por AINES.

O processo de busca de estudos realizados neste artigo de revisão integrativa é visto na Figura 1.

Figura 1 – Processo de busca de estudos da presente revisão integrativa.

Fonte: Autores.

3.  Resultados e Discussão

Os fármacos anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) são geralmente utilizados para reduzir a inflamação e dor resultantes de diversas lesões. Para ser considerado um AINE ele precisa apresentar três funções básicas: antiinflamatória, antitérmica e analgésica. Silva et al. (2014). O principal mecanismo de ação dos AINEs no organismo é a inibição das enzimas ciclooxigenase (COX), causando uma intromissão na conversão do ácido araquidônico. Lucas et al. (2018).

Em geral, os AINEs inibem de forma variável as isoformas da COX 1, 2 e 3 em seus mecanismos terapêuticos. A COX-1, encontrada em vários tecidos do corpo,possui diversas ações fisiológicas, a fim de promover o equilíbrio. Por outro lado, a COX-2 é uma enzima responsável pelos efeitos da inflamação, influenciando os eventos vasculares. Silva et al. (2014). A COX3 foi a última ciclooxigenase descoberta e ainda faltam estudos acerca de sua função fisiológica. Beirão (2016).

As ciclooxigenases estão presentes na mucosa renal desta forma, todas as classes de AINEs podem causar lesões neste órgão. Até pouco tempo, acreditava-se que a toxicidade renal estava associada aos AINEs não-seletivos, ou seja, aqueles que inibem as duas ciclooxigenases. Todavia, recentemente, foram descritos casos de toxicidade renal associada aos AINEs seletivos da COX-2. Silva et al. (2014). 

As prostaglandinas são necessárias para que o rim consiga filtrar o sangue, mesmo em situações adversas, como durante estados de desidratação, perda de sangue ou queda da pressão arterial. Dada a inibição da função das prostaglandinas pelos AINEs é mais passível de causar complicações em pacientes que já apresentam alguma disfunção renal do que em pacientes normais. Lucas et al. (2018)

Em busca da saúde, a população se considera suficientemente capacitada para esta tomada de decisão, podendo fazer escolhas inapropriadas.

Para Amorim (2021), automedicação é definida como a reutilização de receitas médicas antigas. Estas práticas têm sido justificadas pela população devido à falta de recursos empregados ao SUS, onde a demora no atendimento, a falta de profissionais, ou a inexistência de unidades de saúde em algumas localidades do Brasil, desestimulam a procura por serviços de saúde, aumentando então a procura por estabelecimentos de venda de medicamentos.

Torna-se mais preocupante ainda o ato de automedicar-se devido ao fato de que a indústria farmacêutica tem aumentado a comercialização de medicamentos. Com a familiaridade e proximidade do cidadão com fármacos e o aumento da comercialização, a tendência é se tornar um hábito cada vez mais comum e aumentar o consumo inapropriado de medicamentos.

A automedicação é uma prática muito difundida no Brasil e no Mundo. Na maioria dos casos, a ida a farmácia por conta própria se dá devido ao problema do SUS, no qual não consegue atender as necessidades básicas da população. A diversidade de MIP é ampla, marcando assim a facilidade de adquirir e fazer uso dos mesmos (Silva, 2022).

O consumo de medicamentos tem demonstrado crescimento estrondoso em todo o mundo. Entre os medicamentos mais utilizados, estão no ranking, os analgésicos e Anti-inflamatórios não esteróides e que constituem um dos grupos com o uso mais amplo e mais procurado, principalmente por serem utilizados para o combate e alívio de dores e inflamações (Renz et. al, 2021).

Por outro lado, há de se considerar que a utilização inadequada de medicamentos pode tornar difícil a detecção de doenças, pois as complicações são verificadas em longo prazo, não se percebendo efeitos indesejáveis que a automedicação pode acarretar como, agravos e mascaramento de doenças, interação medicamentosa e intoxicações (Cavalcante e Khouri, 2019).

Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), automedicação é o uso de medicamentos por conta própria, ou por indicação de pessoas não habilitadas para o tratamento de doenças, cujos sintomas são percebidos pelo usuário sem avaliação de um profissional de saúde. E, segundo o Instituto Virtual de Fármacos do Rio de Janeiro (IVFRJ) complementa-se o conceito de automedicação introduzindo a utilização de medicamentos sem tarja e isentos de receita médica (Xavier, 2021).

No Brasil, mesmo havendo regulamentação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a venda dos medicamentos que podem ser comprados sem prescrição profissional, não há nenhuma regra ou regulamentação para os que utilizam. Sendo assim, não se tem ideia da dimensão de casos por intoxicações medicamentosas (Junior e Oliveira, 2018).

Em situações cotidianas, nas quais se fazem necessários o uso da automedicação, é onde cometemos o grande erro, pois nem sequer conhecemos os efeitos contrários e até mesmo tóxicos dos medicamentos ingeridos, podendo dar alívio a dor, ou até mesmo piorar um quadro clínico que até mesmo o paciente desconhece. Uma das razões mais frequentes de automedicação é a dor, por conta disso, os analgésicos estão entre o grupo de medicamentos OTCs (Over the Counter, ou de venda livre) mais consumidos. Uma vez que a dor é uma sensação desagradável, apenas a pessoa que sente pode avaliar (de Oliveira Souza e de Andrade, 2021).

Segundo pesquisas da OMS, os analgésicos mais utilizados pela população são Dipirona, Dorflex e Paracetamol, que são analgésicos não-opióides (Delgado e Vriesmann, 2018).

Em países como Estados Unidos, Japão e Austrália a Dipirona foi proscrita devido relatos de casos graves de agranulocitose, condição clínica de déficit imunológico potencialmente fatal, onde há falta ou redução de leucócitos granulócitos (neutrófilos basófilos e eosinófilos). No entanto, estudos comprovam que essa doença é muito rara e pode ser causada por vários medicamentos, agentes químicos ou pesticidas (Dóia Filho et al., 2022).

É indicado em casos de algias por afecções reumáticas, cefaléias ou odontalgias, dores decorrentes de intervenções cirúrgicas, espasmos do aparelho gastrintestinal, das vias biliares, rins e vias urinárias, e estados febris (Delgado e Vriesmann, 2018).

Quanto ao Paracetamol, depois do seu uso oral, ele passa por metabolização hepática, sendo combinado com ácido glicurônico (cerca de 60%), sulfato (cerca 35%) ou cisteína (cerca de 3%), e pequena fração passa por reações de hidroxilação e desacetilação. A metabolização do Paracetamol pode determinar um intermediário altamente reativo para células hepáticas, procedimento este denominado de bioativação (Dóia Filho et al., 2022).

O Dorflex é um medicamento analgésico e relaxante muscular, que é usado para o alívio de dores de cabeça tensionais e de dores associadas a contraturas musculares. É indicado para dores de cabeça e para dor musculares, que resultam de processos traumáticos ou inflamatórios, sendo constituído por dipirona sódica, citrato de orfenadrina e cafeína (Dóia Filho et al., 2022).

Fica evidente que apesar do enfermeiro não ser o prescritor, o profissional tem potencial ação para mudar a realidade que se apresenta, contribuindo para a saúde do usuário, para o sistema único de Saúde, para as mudanças de práticas em enfermagem e para o fortalecimento de ações na área de atenção psicossocial.

Mais um ponto encontrado acerca do papel do enfermeiro na contribuição da utilização congruente de para o uso racional dos fármacos é conduzir os usuários quanto a magnitude irrelevância de forma mais pertinente, diminuindo e controlando os sintomas da ansiedade no uso da automedicação, podendo levar a intoxicação medicamentosa. Segundo os autores pesquisados, estimular a prática de atividade física pode melhorar ou manter o condicionamento físico do paciente, trazendo bem-estar e emocional.

Outra observação importante é o erro dos sistemas e instituições de saúde na possibilidade de viabilizar a educação suficiente é ajustar a competência de seus profissionais nos procedimentos que incluem os fármacos estabelecer a formação de profissionais com conhecimento insuficiente, ocasionando em erros de medicação. Escassez de conhecimento por parte dos profissionais de Saúde é classificado como um dos coeficientes efetivos que mais colaboram para o acontecimento de discrepâncias relacionadas à administração de medicamentos (Alves., 2017).

A administração de medicamentos é uma das práticas mais significativas desempenhadas pela equipe de enfermagem e se estrutura em diversas diretrizes de cuidados prestados no tratamento de doenças. A terapêutica pode ter resultado de prevenção, diagnóstico, terapia, cura, livre de sintomas e outros. Sendo assim, indispensável o discernimento técnico científico dos profissionais de Saúde para que possam disponibilizar um serviço de excelência e com segurança para o paciente. Outro dispositivo notável e que é segura a qualidade no Amparo aos pacientes no que se refere ao reparo e a administração de medicamentos são os 10 acertos de enfermagem (Nascimento MA., 2016): 

1- Paciente certo; 2- Medicamento certo; 3- Dose certa; 4- Via certa; 5- Hora certa; 6-Tempo certo; 7- Validade certa; 8- Abordagem certa; 9- Previsão certa; 10- Registro certo. Essa metodologia determina uma segurança superior aos pacientes e diminui as falhas no decorrer do processo de medicação.

Neste caso, compreende-se a necessidade da contribuição do enfermeiro diante da automedicação, a fim de evitar a intoxicação medicamentosa por AINES, esta revisão encontrou nos bancos de dados SciELO, Pubmed, Bireme, 9 estudos que atendiam as exigências de inclusão estabelecidas neste estudo. 

Na Tabela 1, tem-se a síntese dos estudos que atendiam os critérios de inclusão deste artigo.

Tabela 1 – Síntese dos estudos que atendiam os critérios de inclusão deste artigo.

 NOME DO ESTUDOAUTORES              OBJETIVOPRINCIPAIS RESULTADOS/CONCLUSÕES
O conhecimento do enfermeiro acerca dos cuidados commedicamentos potencialmente perigososAlves KMC,ComassettoI, OliveiraECS, GamaGA, MaiaGHO, SantosKMC  Erros de prescrição e administração envolvendo um medicamento potencialmenteperigosoEste estudo corrobora com a literatura nacional referente a erros de prescrição  de MPP em organizações hospitalares,  do ponto de vista de sua prevalência e  de seu potencial de risco aos pacientes.Foram analisadas 175 prescrições: 41,1%  na enfermaria de clínica médica, 47,4% na clínica cirúrgica e 11,4% na UTI.
   A incidência do uso indiscriminado de medicamentos.  da Silva, J. C. S.,  deSouza,F. D. C. R., & de Andrade Aoyama, E.(2020).   Evidenciar a utilização indiscriminada de medicamentos como AINEs, destacando a incidência da automedicação.  Os      Anti-inflamatórios      NãoEsteroides (AINEs) apresentam-se especialmente eficientes na gestão da dor relacionada ao dano tecidual, porque minimiza a formação das prostaglandinas. Por outro lado, são responsáveis pornumerosas reações adversas, principalmente quando são utilizados por longos períodos ou no comparecimento de coeficientes de risco para estas reações. Observou-se uma preferência pela automedicação em relação à consulta médica, baseada na rapidez e facilidade da aquisição dos medicamentos e na economia do valor da consulta, a automedicação é uma atividade que pode ocasionar malefícios à saúde do indivíduo.
Erros na administração de medicamentos naprática assistencial da equipe de enfermagem: uma revisão sistemática.NascimentoMA, Freitas K, Oliveira CGS. Erros na administração de  medicamentos na prática  assistencial da equipe de enfermagem: uma revisão sistemática.Evidenciou-se que os erros no processo de medicação acontecem em virtude da falta de preparo e conhecimento dos profissionais, da sobrecarga na assistência, do estresse ocasionado pelo ambiente de trabalho e da falha de comunicação entre os profissionais da equipe multidisciplinar.
 Fatores De Risco   Associados  ÀAutomedicaçãoPelo Uso   DeAnti-Inflamatórios em Idosos. Dóia Filho,   R.        L.,Suelleny de CaldasNobre, M., &       De  Sousa, M.N.A. (2022). Analisar os fatores de risco associados à automedicação por anti-inflamatórios não esteroidais em idosos, de tal modo que automedicação por esses fármacos podem acarretar consequências negativas à saúdeIdentificou-se que os AINEs são a classe de medicamentos que mais esteve envolvido com essas interações medicamentosas e os alertas para complicações hemorrágicas e insuficiência renal. Concluiu-se que existe uma grande importância no monitoramento do uso desses medicamentos devido ao seu elevado potencial de interações medicamentosas e reações adversas aos medicamentos nos idosos, principalmente aqueles portadores de doenças crônicas.
 Interações Medicamentosas dosAntiinflamatóriosNão   Esteróides (AINES).Beirão, A. C. T. V. (2016). Interações medicamentosas dos Anti Inflamatórios Não Esteróides (AINEs).Considerando a relevância do uso de AINEs em medicina dentária, este trabalho tem como objectivo efectuar uma revisão bibliográfica  sobre as interações medicamentosas dos AINEs com relevância clínica, bem como a descrição dos mecanismosOs anti-inflamatórios não esteróides  são um grupo diverso de fármacos  em que a base das suas principais  interações é devida à diminuição da  síntese de prostaglandinas,  importantes mediadores fisiológicos, devido à inibição, preferencial ou  não, das COXs, com distintos 
  farmacológicos envolvidos.interesses terapêuticos. Estes fármacos estão envolvidos em várias interações de relevo clínico na prática clínica dentária.
  Aspectos fisiopatológicos da nefropatia por anti-inflamatórios não esteroidais.Lucas, G. N. C., Leitão, A. C. C.,Alencar,R. L., Xavier, R. M. F., (2018).      Fatores como idade avançada e comorbidades, que por si só já levam à diminuição da taxa de filtração glomerular, aumentam o risco de nefrotoxicidade dos AINEs.Os AINEs não apresentam grandes malefícios para pacientes sem doenças renais, jovens e sem comorbidades. Entretanto, por seu efeito dose-dependente, deve-se ter grande cautela no uso crônico, por aumentar as chances de desenvolver alguma toxicidade e morbidade. As classes de AINEs, seletivos e não seletivos, interferem diretamente na função renal, devido à inibição das prostaglandinas, podendo causar desde distúrbios leves e transitórios até doença renal crônica.

Fonte: Autores.

Pôde-se notar nos estudos incluídos nesta revisão que os AINEs fazem parte da classe de fármacos mais disseminada no mundo, compreendendo várias particularidades no mercado global, usados no tratamento da dor aguda e crônica proveniente do processo inflamatório (da Paz e Ralph, 2020; Gonçalves, 2021). Eles têm propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e antipiréticas, além de seu efeito ser decorrente da inibição da síntese de prostaglandinas (PG), após a inibição das enzimas ciclooxigenase1 (COX-1) e ciclooxigenase2 (COX-2), gerando subgrupos de anti-inflamatórios seletivos e não seletivos para COX-2 (Guimarães & Gonçalves, 2022; Ko, 2018).

Para Riboldi et al. (2012), na espécie humana, a grande maioria das exposições com AINES é intencional, por automedicação, e são com tais medicamentos:

a) Adultos – diclofenaco (Citonline);

b) Crianças – sendo a maioria das exposições não intencionais, destacando-se o cetoprofeno, seguido do ibuprofeno (Ko, 2018; Renz et al., 2021).

Constatou-se que a maior incidência do diclofenaco nas intoxicações intencionais abrangendo humanos seja conferida à sua popularidade, acontecendo, na maioria das vezes, administrado com outros medicamentos na busca pelo suicídio (Silva, 2022; Xavier et al., 2021). Enquanto o cetoprofeno e o ibuprofeno podem estar ligados a medicação extra prescrição (automedicação), uso indiscriminado ou mesmo pelo acesso fácil às crianças que ingerem estas medicações, principalmente o ibuprofeno, sob apresentação líquida, já que seu gosto é agradável (Renz et al., 2021).

Vale destacar que é importante atentar para a questão da meia-vida e da dose tóxica (DL50) desses fármacos, já que a diferença no quadro clínico, bem como na gravidade da toxicidade. Em humanos, a meia-vida do diclofenaco é de duas horas, e de duas a quatro horas tanto para o cetoprofeno como para o ibuprofeno (Xavier et al., 2021).

Apesar de não se ter uma DL50 do ibuprofeno bem determinada para humanos, sugere-se que 100mg/kg já seria o suficiente para originar uma toxicose, podendo acontecer toxicidade severa com doses de 400mg/kg (Xavier et al., 2021). 

Da Paz e Ralph (2020) e Guimarães e Gonçalves (2022) concordam na busca de tentar quantificar o debate dos efeitos adversos dos AINEs, tanto no que se menciona a verdadeira incidência de implicações irritativas alterada por agentes não- seletivos quanto à difundida falta desses efeitos conferida a inibidores seletivos de COX-2. Efeitos estes que ocasionam disfunções sobre os sistemas cardiovascular, cerebrovascular, renal e reprodutor feminino. Quanto à cardiotoxicidade, interrogam-se a utilização dos coxibes e seus efeitos, comum a todos os representantes.

As dificuldades gastrointestinais podem estar adjuntas a utilização dos AINEs, e vale lembrar que o uso crônico desses medicamentos pode causar esofagite, gastrite ou duodenite, úlcera gástrica ou duodenal. Destaca-se ainda que a utilização conjunta de corticosteróides, anticoagulantes e a história pregressa do paciente são os principais meios de risco para estas complicações. Os efeitos no sistema renal por AINE advém da inibição da síntese de PG, o que acarreta a isquemia renal reversível, decaimento da pressão hidrostática e carência renal aguda (Ko, 2018).

Em relação aos riscos gastrintestinais, da Paz e Ralph (2020) afirma que se encontra endoscópico de lesão na mucosa gastroduodenal em 20-40% dos usuários de AINE. Não obstante, contemporaneamente, ocorre abaixamento na incidência geral de úlcera péptica, há acréscimo daquelas adjuntas ao uso de AINE em adultos e idosos, em que os riscos de dificuldades e necessidade de internação são elevadas.

Para Ko (2018) e Guimarães e Gonçalves (2022), é por meio do uso de AINE que se pode inibir a síntese de PG através do bloqueio da enzima de COX-1, principalmente PGI2 e PGE2, que convêm como agentes citoprotetores da mucosa gástrica. Estes eicosanóides atuam inibindo a secreção ácida pelo estômago, elevando o fluxo sanguíneo na mucosa gástrica e gerando a secreção de muco citoprotetor. Ao inibir o seu desenvolvimento, ocasiona ao estômago maior sensibilidade às lesões, cujo aspecto definido com infiltrado inflamatório levou a utilização da denominação de gastropatia por AINE. Vale ressaltar que diminui a adesividade plaquetária, elevando-se os riscos de sangramento. A indometacina, sulindaco e meclofenamato sódico oferecem acentuada recirculação enteral hepática, o que amplia os efeitos tóxicos desses medicamentos.

Conforme Guimarães e Gonçalves (2022), como os efeitos adversos são intercedidos especialmente pela inibição da COX-1, acreditava-se que os inibidores seletivos da COX-2 seriam uma opção mais segura. Contudo, embora algumas pesquisas tenham referido menor frequência de dificuldades gastrointestinais com os inibidores da COX-2 do que com os AINEs tradicionais, a presente preocupação com a segurança cardiovascular tem restringido o uso dos fármacos dessa subclasse.

Na concepção de Gonçalves (2021), a precaução de úlceras gástricas e duodenais em pacientes que utilizam de forma crônica os AINEs sem probabilidade de suspendê-los, pode ser obtida com misoprostol, inibidores da bomba de prótons (IBP) e doses duplas de antagonistas H2. Em pacientes que usam AINE, o uso conjunto de doses usuais de antagonistas H2 amortece o risco de úlcera duodenal, mas não o de úlcera gástrica, a mais frequentemente adjunta a anti-inflamatórios.

Gonçalves (2021) ainda afirma que a disposição de iniciar tratamento com AINE deve sempre ser antecedida de julgamento individual do risco cardiovascular, analisando com atenção o equilíbrio entre benefícios e riscos. Tanto coxibes quanto AINE não seletivos têm diferentes graus de segurança cardiovascular. Individualmente, rofecoxibe e diclofenaco associam-se às mais acentuadas morbimortalidades cardiovasculares. Desta forma, devem ser recomendados com cuidado, até mesmo a indivíduos sadios, pois alguns fármacos dessa classe são vendidos sem prescrição médica.

Conforme Ko (2018) e da Paz e Ralph (2020), a enzima COX-2 resulta na formação de PG, em especial PGI2. Esta gera efeito antitrombótico, vasodilatação e abaixamento da agregação plaquetária. Inibindo essa enzima por meio do uso de inibidores seletivos da COX-2, poderiam comprometer o equilíbrio entre alguns eicosanóides (TXA2 e PGI2), levando ao acrescentamento de eventos trombóticos e cardiovasculares.

No entanto, não se pode restringir esses riscos apenas para os usuários de AINE seletivos. Estudos comprovam ocorrência de evento vascular em pacientes usuários de AINE não-seletivos e inibidores seletivos de COX-2. Em comparação a placebo, inibidores seletivos de COX-2 agregaram-se expressivamente ao acrescentamento na incidência de eventos cardiovasculares, sobretudo infarto do miocárdio. A incidência de eventos vasculares graves foi idêntica entre inibidores seletivos de COX-2 e qualquer AINE não-seletivo (Guimarães & Gonçalves, 2022; Ko, 2018).

Vale ressaltar que o uso crônico de AINE pode acrescer em 5–6 mmHg a pressão média em pacientes com hipertensão arterial sistêmica e pode intervir na eficiência de alguns anti-hipertensivos. Segundo Guimarães e Gonçalves (2022), a partir de pesquisas e ensaios clínicos aleatórios, o uso de AINE não-seletivo eleva o risco relativo de insuficiência cardíaca em 30- 100%. No entanto, o risco total é baixo: menos de um paciente sofre insuficiência cardíaca conferida a AINE por 100 pacientes/ano de tratamento.

Quanto aos representantes da nova classe desenvolvida (coxibes), é sensato adotar medidas cautelosas. As prescrições destes devem ser particulares a pacientes com alto risco gastrintestinal, sendo contra-indicado em pacientes com doença coronariana e cerebrovasculares estabelecidas.

Em relação aos riscos renais, a toxicidade induzida por AINE é na maioria das vezes conferida ao bloqueio da atividade da COX-1, ao passo que a ação anti-inflamatória deriva do bloqueio da COX-2, por se depararem de forma constitutiva e indutiva respectivamente. Porém, estudos realizados nos últimos anos confirmam que a COX-2 está constitutivamente expressa no rim. Essa toxicidade acontece tanto com os inibidores seletivos quanto com os não-seletivos das ciclooxigenases (Ko, 2018).

Como a COX-1 e a COX-2 estão presentes nos rins, todas as classes de AINE podem originar, em maior ou menor grau, lesão ao órgão. Até pouco tempo, acreditava-se que a toxicidade renal estava anexa apenas aos inibidores da COX-1, devido à maior quantidade dessa enzima nos rins (Ko, 2018).

Para Gonçalves (2021), as PGs desempenham seus papéis nos rins e estão envolvidas na homeostase de sódio e água, na liberação de renina, na circulação regional, no balanço de potássio e no tônus vascular local. Em associação com outros mediadores, as PGs conservam a homeostase renal e mesmo na ausência dos mediadores conseguem promover equilíbrio. Nas regiões dos rins, as prostaciclinas dilatam os vasos, amortecendo a resistência vascular renal, o que eleva a perfusão do órgão, gerando a redistribuição do fluxo sanguíneo renal.

Ao bloquear esses mecanismos promovidos pelas PGs através dos AINEs, aspira a diminuir a perfusão renal e redistribuir o fluxo sanguíneo e na hipovolemia, há o estímulo do sistema renina angiotensina, ocasionando a vasoconstrição e retenção de sódio e água, processo que termina em desordens como distúrbios hidroeletrolíticos, síndrome nefrótica e, em certas condições, insuficiência renal aguda (Gonçalves, 2021).

Os anti-inflamatórios seletivos afetam menos os indivíduos com função renal normal, e afetam de modo semelhante os pacientes com alterações renais prévias e, nestes, a gravidade do quadro é diretamente proporcional ao tempo de terapia. Estudos clínicos recentes apontam que o papel funcional da COX-2 nos rins está principalmente associado à manutenção da homeostase hidroeletrolítica, enquanto a COX-1 parece estar mais relacionada à manutenção da filtração glomerular normal (Ko, 2018).

Assim, a prescrição dessa classe de drogas deve ser ponderada, especialmente para os pacientes considerados de alto risco para desenvolver lesão renal, como idosos, hipertensos, diabéticos, pacientes hipovolêmicos ou em uso de diuréticos.

Quanto aos riscos gestacionais e fetais, da Paz e Ralph (2020) afirmam que durante o primeiro e o segundo trimestres da gravidez, o uso de AINE não é aconselhado. Caso seja necessário, deve-se recomendar o fármaco com maior experiência de uso, na menor dose e pelo menor tempo possível. Ibuprofeno é o fármaco mais recomendado na gravidez, porém seu uso é em último caso, pois a falta de investigação não possibilita aos fabricantes assegurar a utilização no início da gravidez.

Porém, está contra-indicado após 30 semanas de gestação pelo risco de fechamento prematuro do ducto arterial e diminuição do líquido amniótico. Se o uso de AINE se fizer necessário após 30 semanas, deve-se monitorar a circulação fetal e o líquido amniótico por ultrassonografia, uma ou até duas vezes por semana (da Paz & Ralph, 2020).

Em seus estudos, da Paz e Ralph (2020) analisam a combinação entre uso de ácido acetilsalicílico e AINE e risco de malformações congênitas. Neste estudo, nenhum medicamento combinou-se expressivamente com o aumento de risco de malformação cardíaca. No entanto, evidenciou-se agregação expressiva de risco de malformação orofacial quando o AINE foi usado durante o primeiro trimestre de gravidez.

O uso indiscriminado de medicamentos também pode ocasionar maiores resultados indesejáveis do que benefícios. Além disso, o indivíduo pode apresentar alergia a determinados ingredientes da formulação medicamentosa e, em consequência, desenvolver intoxicação. Sabe-se que mesmo com orientação médica, o uso de medicamentos deve ser cauteloso. Os mesmos são responsáveis pela maioria dos casos de intoxicação humana. Dos 112.403 registros feitos em 2012, pelo SINITOX (2013), 34.068 casos foram provocados pelo uso inadequado de medicamentos.

É nesse cenário que o papel do farmacêutico, enquanto profissional de saúde responsável pela orientação da utilização correta dos medicamentos, faz-se fundamental. Os AINEs compõem uma categoria de medicamentos na qual a orientação e intervenção farmacêutica é o principal fator para o sucesso e segurança da terapia (CRF-SP, 2013).

Uma das principais causas de intoxicação pode ser considerada a desinformação da população quanto ao uso adequado dessas substâncias no ambiente doméstico, muitas vezes administradas ou utilizadas sem orientação ou acompanhamento de profissional qualificado, aumentando o risco de intoxicações.

Visto que a utilização prolongada e inadequada de AINE acarreta riscos e malefícios à saúde do usuário, faz-se necessária a presença do profissional farmacêutico exercendo suas responsabilidades e habilidades na assistência farmacoterapêutica ao paciente (Cavalcante & Khouri, 2019; da Silva et al., 2020).

Já que no Brasil, vários AINE e principalmente analgésicos são facilmente encontrados ao alcance de todos em farmácias, inclusive ibuprofeno, paracetamol, diclofenaco, dipirona, AAS e constam na lista de MIP, embora sejam agentes com diferentes potenciais de toxicidade (Ferreira & Terra Júnior, 2018).

Se o uso racional de medicamentos realmente estivesse incrementado no cotidiano das pessoas, as chances de se ter problemas com eles seria bem menor, pois a conscientização da população para que todo e qualquer tipo de medicamentos se ingeridos de forma incorreta, ao invés de trazer benefícios à saúde, traz danos e os leva a depender da tão concorrido Saúde Pública do Estado.

4.  Conclusão

Perante o estudo, verifica-se que os objetivos deste artigo foram alcançados, uma vez que a contribuição do profissional de enfermagem se pode discutir a gravidade que a automedicação pode ocasionar, além de expor seus riscos e formas de lidar em situações de intoxicação, evidenciando a contribuição do profissional de enfermagem neste contexto.

Destacou-se que a automedicação é a prática na qual se utiliza medicamentos sem acompanhamento e prescrição médica, é considerada um motivo de preocupação em poder resultar nas consequências indesejáveis, tanto para o usuário, como para os serviços de saúde. Em caso de utilização doméstica acarreta danos muitas vezes mais graves do que a própria doença inicialmente tratada, levando até mesmo a intoxicações.

Verificou-se que, na espécie humana, a grande maioria das exposições com AINES é intencional, por automedicação, e são com tais medicamentos: diclofenaco (Citonline) em adultos e cetoprofeno, seguido do ibuprofeno em crianças. A intoxicação provocada pelos AINES, é considerada, nos humanos, leve  náuseas, êmese e dor abdominal. Entretanto, em alguns casos, podem acontecer hematêmese, letargia, ataxia, nistagmo, desorientação, tinnitus, torpor, falência renal, disfunção hepática e cardiorrespiratória. Evidenciou-se ainda que em casos de intoxicação medicamentosa por AINES, a vítima corre riscos gastrintestinais, cardiovasculares, trombóticos, cerebrovasculares, renais, gestacionais e fetais, em alguns casos, levando até a óbito.

Os conhecimentos técnicos relacionados à medicação precisam ser atribuídos aos profissionais de saúde como um todo, os quais têm o dever de transmitir e elucidar as informações necessárias para o paciente/usuário a fim de obter o sucesso farmacoterapêutico esperado. Visto a prática de maneira errada do uso de medicamentos pela sociedade, é possível que este profissional de enfermagem desempenha papel crucial e de grande importância quanto à morbidade e mortalidade produzidas por medicamentos.

O profissional de enfermagem na sua contribuição para o uso racional dos fármacos, tem como obrigação aconselhar o meio mais adequado para que o paciente se sinta melhor com o tratamento, exigindo, deste profissional, conhecimentos sobre indicações e contraindicações, interações e o acompanhamento com o médico. Neste processo, o enfermeiro deve encaminhar o paciente ao médico sempre que necessário, atuando com complementaridade. Destacando desta forma, a importância deste profissional para a sociedade.

Sugere-se para trabalhos futuros, a realização de estudos de campo em hospitais e clínicas que possam averiguar na prática, esta incidência de intoxicação medicamentosa por AINES, a partir da automedicação.

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