A CARÊNCIA DE PROFISSIONAIS DE FISIOTERAPIA NO SERVIÇO ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202511132318


Ana Maria Lima da Silva
Eduarda Alves Rocha
Maria Clara Alencar Gonçalves
Maria Eduarda da Silva Lisboa
Ronielly Maria Neves da Silva Oliveira
Orientador: Prof. Msc.Emanuel Osvaldo de Sousa


RESUMO

O presente estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa cujo os objetivos são analisar o papel e a inserção do fisioterapeuta na Atenção Básica de Saúde, investigar os fatores contribuintes para a escassez dos mesmos no âmbito da atenção primária e propor estratégias que possam reverter esse quadro. A investigação analisa, de forma descritiva, as condições de trabalho dos fisioterapeutas inseridos na Atenção Primária à Saúde (APS) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), destacando sua atuação como estratégia fundamental para o enfrentamento de diversas condições clínicas e para a superação da visão exclusivamente reabilitadora da profissão.

Estudos voltados à evolução do (SUS) evidenciam avanços significativos quanto à sua estrutura organizacional, ao desenvolvimento tecnológico e à ampliação do acesso da população aos diferentes níveis de atenção. No entanto, apesar dessas conquistas, ainda persistem desafios que comprometem a efetividade do sistema.

A presente análise reúne propostas e progressos relacionados à ampliação da inserção dos fisioterapeutas no sistema público e, simultaneamente, apresenta dados que demonstram a carência desses profissionais em unidades básicas e hospitais. Tal déficit é atribuído à baixa oferta de vagas, à escassez de concursos públicos e à reduzida adesão à atuação na atenção primária. Assim, destaca-se a necessidade de expandir e valorizar a presença do fisioterapeuta na rede pública, com foco na prevenção e na integralidade do cuidado à população.

Palavras-chave: Fisioterapia; SUS; Escassez; Atenção Primária; NASF.

ABSTRACT

This study was developed through research whose objectives are to analyze the role and insertion of physiotherapists in Primary Health Care, to investigate the contributing factors to their scarcity in primary care, and to propose strategies that can reverse this situation. The investigation descriptively analyzes the working conditions of physiotherapists working in Primary Health Care (PHC) within the Unified Health System (SUS), highlighting their role as a fundamental strategy for addressing various clinical conditions and for overcoming the exclusively rehabilitative view of the profession.

Studies focused on the evolution of the SUS show significant advances in its organizational structure, technological development, and the expansion of the population’s access to different levels of care. However, despite these achievements, challenges that compromise the effectiveness of the system still persist.

This analysis brings together proposals and progress related to expanding the insertion of physiotherapists in the public system and, simultaneously, presents data that demonstrate the shortage of these professionals in basic units and hospitals. This deficit is attributed to the low availability of positions, the scarcity of public recruitment processes, and the reduced participation in primary care. Therefore, the need to expand and value the presence of physiotherapists in the public network is highlighted, focusing on prevention and comprehensive care for the population.

Keywords: Physiotherapy; SUS (Brazilian Public Health System); Shortage; Primary Care; NASF (Family Health Support Center)

1 INTRODUÇÃO  

No contexto atual, a inserção de profissionais fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais nos serviços públicos de saúde mostra-se cada vez mais limitada, especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS), dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa realidade é influenciada por fatores como a falta de regulamentação específica, a instabilidade no financiamento federal e a escassez de políticas públicas que estimulem a fixação desses profissionais na rede básica (Tavares et al., 2018).

De acordo com o Projeto de Lei nº 34/2020, a inclusão de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais na Estratégia de Saúde da Família (ESF) é essencial para o cuidado integral de pacientes acometidos por diversas enfermidades, como idosos, gestantes e pessoas em pós-operatório. Essa proposta modifica a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e reforça a importância da atuação desses profissionais conforme as necessidades locais (Nobre et al.,2021).

No âmbito da saúde pública, a fisioterapia tem conquistado reconhecimento e importância crescente. Contudo, ainda é pouco conhecida e explorada pela população em sua totalidade, o que resulta em lacunas no acesso a esse tipo de serviço. A má distribuição de fisioterapeutas no território nacional acentua essas desigualdades e limita o alcance da reabilitação e das ações preventivas (Matsumura et al., 2018).

Segundo dados do Ministério da Saúde, em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 71,1% da população brasileira busca atendimento em estabelecimentos públicos, o que evidencia a alta demanda e a necessidade de profissionais qualificados no(SUS). Nesse cenário, a atuação do fisioterapeuta torna-se essencial, tanto na reabilitação quanto na prevenção de doenças e na promoção da qualidade de vida.

No estado do Piauí, por exemplo, estudos apontam que, embora existam diversas equipes de saúde da família, apenas uma pequena parcela conta com fisioterapeutas integrados à equipe multidisciplinar, demonstrando a necessidade urgente de ampliar a presença desses profissionais nas Unidades Básicas de Saúde e nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) (Silva et al., 2020).

Dessa forma, reconhece-se que o fisioterapeuta possui papel fundamental na  atenção primária, atuando na prevenção de agravos e na promoção de saúde comunitária, além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos usuários do sistema. Assim, este trabalho tem como objetivo analisar o papel e a inserção do fisioterapeuta na Atenção Básica de Saúde, investigar os fatores contribuintes para a escassez dos mesmos no âmbito da atenção primária e propor estratégias que possam reverter esse quadro, destacando sua relevância para a construção de um modelo de atenção mais resolutivo, preventivo e humanizado.

2. METODOLOGIA 

   Esse estudo consiste em uma revisão descritiva e qualitativa de natureza integrativa sobre a problemática em questão. Nesse tipo de pesquisa é feita uma investigação científica interpretando e explorando os fenômenos estudados, que tem como finalidade sintetizar os resultados de pesquisas e análises relacionadas ao tema de forma sistemática, ordenada e abrangente. O foco será voltado a identificação de padrões e características presentes dentro do objetivo principal, que é a falta dos profissionais no setor da saúde pública. Intitula-se integrativa porque oferece uma visão mais ampla sobre o problema em foco, formando assim um conjunto de conhecimento ( Andrade, Vitor;  Sousa, Juliana. 2024).

   O fisioterapeuta atua de forma ampla, desde a reabilitação de pacientes com limitações físicas até ações educativas e preventivas voltadas à melhoria da qualidade de vida. Na Atenção Primária à Saúde (APS), sua atuação está voltada não apenas à recuperação, mas também à detecção precoce de agravos e à orientação sobre práticas corporais e hábitos saudáveis. Essa abordagem contribui diretamente para a redução da sobrecarga nos níveis secundário e terciário do SUS (Fernandes et al., 2024).

  Os preceitos levados em consideração dentro do contexto principal  consistiram na carência da atuação desses profissionais no Sistema Único de Saúde (SUS), em contraponto à desmistificação desse conceito, e a ressalva na inclusão de ações de promoção de saúde em caráter preventivo. Para Gil (2019), a pesquisa bibliográfica “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos”, ou seja, para estruturar a revisão, utilizou-se as seguintes bases de dados: SciELO, Google Acadêmicos, Biblioteca Virtual de Saúde e LILACS no período dos últimos 10 anos.

    Como critérios de inclusão adotaram-se estudos originais sobre a temática, artigos completos disponíveis gratuitamente na íntegra e artigos de língua portuguesa. A propensão desse recorte temporal, se dá pelo fato de esta revisão ter como embasamento uma literatura atualizada, com um entendimento aprofundado das questões que englobam o tema.

    Já os critérios de exclusão adotados foram: resumos, artigos antigos, artigos disponibilizados apenas mediante taxa de acesso, em outro idioma e artigos não condizentes com o assunto. A triagem desses estudos foram realizadas de forma minuciosa e ordenada, propiciando uma qualidade metodológica das publicações selecionadas.

   Sob essa ótica, encontraram-se 3.023 artigos a partir da associação dos descritores, sendo 1.500 da SCIELO, 620 do Google Acadêmico, 550 da LILACS e 353 da Biblioteca Virtual de Saúde(BVS). Estes estavam disponíveis gratuitamente nas bases de dados nos idiomas inglês (898) e português (2.125) e publicados no período de 2015 a 2025. Para a análise foram selecionados 15 artigos, dos quais, 08 foram incluídos, conforme os critérios de inclusão e exclusão.

     Logo, os métodos adotados permitiram identificar lacunas no conhecimento e reconhecer a relevância do tema para o fortalecimento das políticas públicas de saúde. Por meio da análise das produções científicas, foi possível compreender como a literatura descreve os desafios, as causas e as possíveis soluções para a carência de fisioterapeutas no SUS. Além disso, a revisão bibliográfica contribuiu para evidenciar a importância da valorização desses profissionais dentro da rede pública, reforçando o papel essencial da fisioterapia na consolidação de um modelo de atenção integral e humanizado (Minayo, 2022).

3 RESULTADOS       

    A síntese dos estudos selecionados está apresentada na Tabela 1, com informações sobre autores, objetivos, métodos e principais resultados. De forma geral, observou-se que os trabalhos destacam a relevância do fisioterapeuta nas ações de promoção e prevenção da saúde, ao mesmo tempo em que apontam a carência desses profissionais nas regiões Norte e Nordeste do país, especialmente em municípios de pequeno porte (Gomes et al., 2023).

    Os resultados evidenciam ainda que a escassez e limitação de recursos, a falta de políticas de valorização aos profissionais e a ausência de concursos públicos regulares são fatores que contribuem e impactam de forma significativa e a má distribuição dos fisioterapeutas no  Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, a precarização das relações de trabalho e a ausência de estímulos para a capacitação profissional agravam a situação, ocasionando a saída de profissionais da rede pública. Sendo assim, a realidade prejudica diretamente a integralidade do cuidado e a aplicação dos princípios do( SUS), enfatizando a necessidade urgente de políticas públicas que promovam a valorização, a fixação e a distribuição adequada desses profissionais de fisioterapia, especialmente na atenção básica (Fernandes et al., 2024).

  Tabela 1. Extração de Dados

AUTOR/ANO OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADOS 
Brescini, Rafaela, et al., (2021)Analisar a prática do fisioterapeuta, em relação aos cuidados e necessidades individuais, nos serviços de atenção primária à saúde.Revisão integrativa como método eficaz para definir conceitos, resumir  conclusões e teorias de um determinado assunto e apresentar conclusões relevantes através de pesquisas já realizadas.A abordagem qualitativa da investigação permite afirmar que a prática do profissional fisioterapeuta é essencial em todos os níveis de atenção à saúde. Porém, esses profissionais ainda enfrentam desafios que tornam a utilização desses recursos na prática.
Maia, F. E. S, et al (2015)Discutir a importância da Inclusão do fisioterapeuta nos programas de atenção básica à saúde.  Revisão da literatura com  artigos, livros e periódicos  publicados entre 2001 e 2003, extraídos de bases de dados como LILACS e SciELO.Contribuição para a melhoria da qualidade de vida, bem-estar do usuário e articulação entre prevenção e promoção da saúde.
Nascimento, A. A. p.; Inácio, W. S. (2015)Analisar a atuação do fisioterapeuta no Núcleo de Apoio à Saúde da Família ( NASF) por meio de revisão sistemática. Revisão sistemática de artigos nacionais e internacionais, selecionados por descritores relacionados à atenção básica, SUS, ESF e fisioterapia.  Resultados inconclusivos sobre o papel do fisioterapeuta no NASF; destaca-se a necessidade de formação especializada e pesquisas científicas de qualidade para fortalecer essa atuação. 
Oliveira, Luiz Henrique Bastos da Silva. (2025)Investigar o papel do fisioterapeuta na atenção primária à saúde (APS)  em diversos sistemas de saúde, analisando como o papel profissional se adapta em diferentes contextos.  Revisão de escopo, onde foram selecionados 28 estudos dos anos de 2004 a 2024, nas línguas português, inglês e espanhol, que atendiam aos critérios de investigação sobre a atuação do fisioterapeuta na APS. As bases de dados utilizadas no estudo, caracterizaram como PubMed, BVS, SciELO.  Expansão da atuação fisioterapêutica para além da reabilitação curativa: promoção de saúde, prevenção de doenças e atenção integral. E ainda foi  identificado desafios, como falta de estudos que avaliem o impacto direto desses modelos em indicadores de saúde e na experiência dos usuários. O escopo do fisioterapeuta varia conforme as características populacionais, marcos regulatórios e a organização dos serviços de saúde. 
Pereira, Andréia et al.,(2022)Agendamento, tempo de espera, absenteísmo e demanda reprimida na atenção fisioterapêutica ambulatorial. Caracterizado por um estudo quantitativo, retrospectivo e descritivo. Foram utilizados dados secundários extraídos dos registros administrativos do serviço de fisioterapia ambulatorial da rede pública da capital estudada, no intervalo de tempo de 2017 a 2019.  Os resultados evidenciaram tempo excessivo de espera entre a solicitação e o agendamento, altos índices de absenteísmo e demanda reprimida. Esses aspectos atuam sinergicamente como barreiras de acesso ao cuidado fisioterapêutico ambulatorial da rede pública na capital estudada, com impactos negativos importantes na recuperação dos usuários.
Rosani Aparecida, Stella Maris. (2016)Humanização no atendimento fisioterapêutico e como os recursos terapêuticos obteve desenvolvimento dentro das sessões em pacientes de pós-operatório no ombro.Revisão bibliográfica com base em literatura científica nacional e internacional, especialmente artigos indexados em bases como SciELO, além de documentos oficiais relacionados à saúde pública e fisioterapia.O grupo foi recebido como espaço acolhedor, onde as mulheres puderam compartilhar vivências, criar vínculos, fortalecer amizades e refletir sobre atitudes e comportamentos. A experiência contribuiu para a abordagem mais humanizada e integral na fisioterapia, indo além do foco físico e reconhecendo aspectos emocionais e sociais na reabilitação.  
Silva, Allan et al.,(2020)Análise da atuação  do fisioterapeuta nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF-AB) em Teresina, Piaui.Caracterizado como um estudo descritivo, transversal e quantitativo, com a presença de 06 da fisioterapia, sendo 5 mulheres e 1 homem, com as suas devidas atuações no NASF- AB de Teresina-PI. O tempo médio de atuação de cada fisioterapeuta varia entre 5 e 6 anos. Entre os mesmos, 5 fizeram pós ‑ graduação e apenas 1 possui mestrado em epidemiologia e saúde pública; os demais numa especialização em terapia intensiva.    Os fisioterapeutas dentro dos atendimentos as disfunções mais atendidas são: Traumato-Ortopedia, Neurologia, Reumatologia e Respiratória. As atividades que foram impostas são voltadas a “ Devolver a Função ”. Todos realizam atendimentos individuais nas UBS, porém, ainda realizaram atividades em grupo, ações preventivas e educação em saúde direcionadas a diferentes populações: crianças/ adolescentes, mulheres, homens e idosos.
SILVA, Rafaela et al.,(2021)Pacientes com dor lombar crônica inespecífica atendidos pelo SUS.Estudo do tipo experimental, comparativo, com abordagem quantitativa, trazendo uma estatística descritiva e inferencial, dentro do tópico de 15 pacientes com dor lombar crônica inespecífica, atendidos pelo SUS.    Diminuição das restrições físicas ( p = 0,036) e emocionais ( p = 0,015); aprimoramentos em aspectos da qualidade de vida. 
Vitelli et al.,(2022)Apresentar o papel, relevância e importância do fisioterapeuta na Atenção Primária à Saúde, enfatizando e destacando suas contribuições na promoção da saúde, prevenção e reabilitação.Não há amostra de participantes – trata-se de uma revisão bibliográfica baseada em artigos, livros e documentos oficiais sobre a atuação do fisioterapeuta na APS.A pesquisa determinou que o profissional de fisioterapia desempenha uma função fundamental na Atenção Primária à Saúde, participando da promoção do bem-estar, da mitigação de doenças e da recuperação, reforçando a totalidade do atendimento em todas as etapas da vida.

Fonte: Autor Próprio (2025)

   A análise dos dados obtidos revelou uma significativa carência de profissionais de fisioterapia na rede pública de saúde, especialmente na atenção primária. Em diversas regiões, segundo (Colovini, Fernanda et.al, 2023) constatou-se que menos de 30% das Unidades Básicas de Saúde (UBS) contam com fisioterapeutas em seu quadro funcional, o que compromete a oferta de serviços voltados à prevenção e reabilitação. 

    Nesse viés, os estudos apontam que a maioria dos municípios com menor atuação fisioterapêutica apresenta altos índices de doenças osteomusculares e limitações funcionais não tratadas, refletindo diretamente na qualidade de vida da população. Diante dessa perspectiva, os resultados evidenciam a urgência de políticas públicas que promovam a valorização e a inserção efetiva do fisioterapeuta na atenção básica, com foco na integralidade do cuidado e na redução das desigualdades em saúde. (Andrade, 2025)

4 DISCUSSÕES

      A presente análise evidenciou a relevância da presença do fisioterapeuta no Sistema Único de Saúde (SUS), em especial na Atenção Primária à Saúde (APS), onde se concentram grande parte das ações voltadas à promoção e à prevenção de agravos. Apesar dos avanços obtidos nas últimas décadas, ainda se observa escassez significativa desses especialistas na rede pública, o que compromete a integralidade do cuidado e a efetividade dos serviços oferecidos à população (Oliveira, 2025). 

  No gráfico abaixo é exposto a realidade, em que mais de 100% dos profissionais fisioterapeutas inseridos na atenção de alta complexidade referindo-se ao caráter reabilitador em um período de 2010 a 2020, destacando a ainda presente escassez desses profissionais na Atenção Básica.

Quando se compara o número de fisioterapeutas entre atenção básica, média e alta complexidade nos anos 2010 e 2020, o total de profissionais se sobressai na média complexidade (Ciênc. saúde coletiva, 27 de maio de 2022.

   Tradicionalmente associada apenas à reabilitação, a fisioterapia tem ampliado seu campo de inserção, incorporando práticas educativas e comunitárias que visam à manutenção da saúde. Contudo, a presença desse profissional nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ainda é restrita. Esse cenário reforça a necessidade de políticas públicas consistentes que assegurem a inclusão do fisioterapeuta desde o nível primário, favorecendo a prevenção de doenças e a melhoria da qualidade de vida da população (Silva et al., 2020).

    O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) representou um avanço importante na integração do fisioterapeuta às equipes multiprofissionais. A inserção desses profissionais fortaleceu a Estratégia Saúde da Família (ESF) e ampliou as ações educativas e preventivas. No entanto, com a implementação do Programa Previne Brasil, observou-se a descontinuidade do financiamento destinado ao NASF, o que resultou na redução da presença desses profissionais e na limitação das atividades de promoção da saúde  (Alex, 2020)

    As evidências examinadas também indicam que o fortalecimento da atuação fisioterapêutica na APS é essencial para consolidar um modelo de atenção integral e resolutivo. A fisioterapia ultrapassa a esfera da reabilitação, abrangendo práticas preventivas, educativas e de orientação postural. Essa abordagem multidimensional contribui para reduzir as internações hospitalares, otimizar os recursos e promover a sustentabilidade do sistema público de saúde (Ribeiro, 2021).

       De modo geral, constata-se que a carência de fisioterapeutas na rede pública não se limita à falta de recursos humanos, mas reflete a ausência de políticas estruturadas voltadas à promoção da saúde e à integralidade do cuidado. Garantir a presença efetiva desse profissional na atenção primária significa investir em prevenção, qualidade de vida e fortalecimento do SUS como sistema universal, equitativo e resolutivo.

5 CONCLUSÃO

     Conclui-se que, a investigação evidenciou a importância  da contribuição dos fisioterapeutas no Sistema Único de Saúde (SUS), como componente essencial para  ações de prevenção, promoção à saúde e reabilitação. Apesar dos progressos alcançados nos últimos anos, ainda persiste uma expressiva escassez de fisioterapeutas nas redes públicas.

      As constatações indicam que essa limitação está relacionada à insuficiente oferta de concursos públicos, à desigualdade na distribuição geográfica e à interrupção de políticas voltadas à atuação multiprofissional, como o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Nesse contexto, torna-se indispensável a valorização e ampliação da inserção do fisioterapeuta nas Unidades Básicas de Saúde, contribuindo para a qualidade de vida dos usuários e para a sustentabilidade do sistema público. Diante disso, investir na expansão e valorização da fisioterapia dentro do (SUS) é fundamental para consolidar um modelo de atenção mais equânime, resolutivo e humanizado, reafirmando o compromisso do sistema público com a promoção da saúde e o bem-estar coletivo. 

     Por fim, fica evidente a importância do fisioterapeuta nos três níveis de atenção à saúde, em destaque à atuação primária dentro do ambiente de saúde pública. Por tanto, recomenda-se o desenvolvimento de novas investigações que analisem o impacto da atuação fisioterapêutica em diferentes contextos regionais, considerando sua influência sobre os indicadores de saúde, a acessibilidade aos serviços e a eficiência das políticas públicas de assistência.

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