A AUTOMATIZAÇÃO DO TRABALHO E O CANSAÇO NAS RELAÇÕES LABORAIS A SÍNDROME DE BURNOUT: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202506181043


Augustinho Moro1


RESUMO: O artigo examina a automatização do trabalho desde seu início durante a Revolução Industrial, com o desenvolvimento de maquinários capazes de substituir a força humana. Ao longo do tempo, essa evolução tecnológica impactou significativamente as relações laborais, transformando a natureza do trabalho e gerando mudanças no mercado de emprego. A automação trouxe agilidade e eficiência à produção, mas também resultou na redução de empregos em determinados setores, modificando as habilidades necessárias para os trabalhadores. As relações de trabalho posicionaram o homem como componente-chave do processo produtivo, muitas vezes visto como um algoritmo, o aumento da carga de trabalho, a exigência de eficiência, a necessidade de flexibilidade e adaptação constante. Dar-se a ênfase na importância de estabelecer limites saudáveis, implementar estratégias de cuidado e apoio aos trabalhadores, defendendo ambientes de trabalho mais equitativos e tolerantes. A evolução tecnológica, a ligação entre o ser humano e a produção, leva o a exaustão emocional onde para o trabalhador adentra a uma condição mental de falta de energia, sentimentos constantes de esgotamento e irritabilidade, chegando ao seu ápice na despersonalização, sendo caracterizada pela perda de identidade e conexão com o trabalho, levando a uma visão negativa e distanciada em relação às pessoas com as quais interage profissionalmente. 

Palavras-chave: Automatização do Trabalho. Relações de Trabalho. Relações de Emprego. Proteção dos Direitos Trabalhistas. 

ABSTRACT: The article examines the automation of work since its beginning during the Industrial Revolution, with the development of machinery capable of replacing human strength. Over time, this technological evolution has significantly impacted labor relations, transforming the nature of work and generating changes in the employment market. Automation has brought agility and efficiency to production, but it has also resulted in the reduction of jobs in certain sectors, changing the skills needed by workers. Labor relations have positioned man as a key component of the production process, often seen as an algorithm, the increase in workload, the requirement for efficiency, the need for flexibility and constant adaptation. Emphasize the importance of establishing healthy limits, implementing care and support strategies for workers, defending more equitable and tolerant work environments. Technological evolution, the connection between the human being and production, leads to emotional exhaustion where the worker enters a mental condition of lack of energy, constant feelings of exhaustion and irritability, reaching its peak in depersonalization, characterized by loss of identity and connection with work, leading to a negative and detached view of the people with whom you interact professionally.

Keywords: Labor Relations. Employment Relations. Protection of Labor Rights.

1. INTRODUÇÃO 

A automação do trabalho, conjuntamente com as transformações das relações de trabalho tem o potencial de gerar novas oportunidades de emprego, à medida que novas habilidades e competências se tornam necessárias para operar e manter essas tecnologias. A inteligência artificial desempenha um papel central na automatização do trabalho, permitindo que sistemas e softwares sejam capazes de aprender, adaptar-se e tomar decisões com base em dados e padrões, isso significa que tarefas repetitivas e de baixo valor agregado podem ser realizadas de forma mais eficiente e precisa por máquinas, liberando os trabalhadores para se concentrarem em atividades de maior complexidade e que exigem habilidades humanas, como a criatividade, o raciocínio crítico e a empatia.  

A robótica também desempenha um papel importante na automatização do trabalho, possibilitando a criação de máquinas e equipamentos capazes de executar tarefas físicas com precisão e segurança. A utilização de robôs industriais, por exemplo, tem se tornado cada vez mais comum em setores como a indústria automobilística, agilizando processos produtivos e reduzindo o risco de acidentes de trabalho. Já o machine learning, ou aprendizado de máquina, é uma área da inteligência artificial que permite que as máquinas aprendam e melhorem seu desempenho a partir do processamento de grandes quantidades de dados.  

Isso possibilita a tomada de decisões mais informadas e precisas, além de possibilitar o desenvolvimento de sistemas autônomos capazes de se adaptar a diferentes cenários e contextos. No entanto, a automatização do trabalho também traz desafios e impactos sociais significativos. A substituição de trabalhadores por máquinas pode levar à perda de empregos e aumento das desigualdades sociais. Por isso, é fundamental acompanhar e direcionar essas transformações de forma a garantir a proteção dos direitos trabalhistas, o desenvolvimento de políticas de recolocação profissional e a promoção de uma transição justa e inclusiva para a nova realidade do mundo do trabalho.  

A automatização do trabalho é uma tendência inevitável e que está moldando o futuro das relações laborais. Cabe às organizações, governos e sociedade em geral entenderem e se prepararem para os desafios e oportunidades que surgem com essa transformação, buscando sempre um equilíbrio entre a eficiência e a qualidade de vida dos trabalhadores e a justiça social,  este artigo discutirá o homem como elemento crucial do processo produtivo em nossa sociedade,  nos concentraremos em como essa percepção do ser humano como parte de um sistema maior pode resultar em desgaste físico e psicológico, levando a um desgaste perceptível no trabalho e nas relações de emprego. 

2. O IMPACTO DA AUTOMATIZAÇÃO NAS RELAÇÕES LABORAIS 

A automatização do trabalho trouxe tanto benefícios quanto desafios para as relações laborais, entre os impactos positivos, destacam-se a eliminação de tarefas repetitivas, a redução de erros e a ampliação das possibilidades de atuação profissional, no entanto, a substituição de mão de obra por máquinas e a exigência de novas habilidades geraram tensões e desigualdades no mercado de trabalho, impactando a segurança no emprego e a saúde mental dos trabalhadores (LIMA, et al, 2023). 

Para Antunes (2015), o cansaço nas relações laborais é um fenômeno complexo que pode se manifestar de várias formas, incluindo o cansaço físico, emocional e mental, esses diferentes tipos de cansaço podem se sobrepor e influenciar negativamente o desempenho e a satisfação no trabalho, aumentando o risco de desenvolver a síndrome de burnout, portanto, compreender as nuances do cansaço nas relações laborais é essencial para implementar estratégias eficazes de prevenção e intervenção. 

A conceituação do cansaço nas relações laborais envolve uma compreensão profunda dos diferentes tipos de cansaço, que podem incluir fadiga física devido à sobrecarga de trabalho, exaustão emocional resultante de conflitos no ambiente de trabalho e cansaço mental causado pela pressão e demandas cognitivas. Identificar e categorizar esses tipos de cansaço permite uma abordagem mais personalizada e eficaz na gestão do bem-estar dos trabalhadores (ANTUNES, 2015). 

Vários fatores podem contribuir para o cansaço nas relações laborais, incluindo altas cargas de trabalho, falta de autonomia, ambiente de trabalho tóxico, pressão por produtividade, desequilíbrio entre vida profissional e pessoal, entre outros. A automatização do trabalho e as mudanças na natureza das ocupações também desempenham um papel significativo no surgimento do cansaço e da exaustão no ambiente de trabalho, exigindo medidas proativas para mitigar esses efeitos (MORGADO, 2023). 

3. SÍNDROME DE BURNOUT: UMA ABORDAGEM ABRANGENTE 

A síndrome de Burnout, também conhecida como esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico que afeta principalmente pessoas que desempenham funções que envolvem atendimento ao público ou que passam longos períodos sob intensa pressão e estresse, caracteriza-se por exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal (RIBEIRO, 2022). 

É relevante destacar que a síndrome de Burnout não deve ser confundida com o estresse comum, pois é um problema mais grave e com impactos significativos na saúde mental dos trabalhadores, quando uma pessoa desenvolve a síndrome de Burnout, ela apresenta uma exaustão profunda, tanto física quanto emocional, ocorrendo devido à constante exposição a situações desgastantes e ao acúmulo de estresse no ambiente de trabalho, a exaustão emocional se manifesta na falta de energia, sentimentos constantes de esgotamento e irritabilidade (SANTOS, 2022).  

Para Vieira (2022), a despersonalização, por sua vez, é caracterizada pela perda de identidade e conexão com o trabalho, levando a uma visão negativa e distanciada em relação às pessoas com as quais interage profissionalmente. Além dos aspectos emocionais, a síndrome de Burnout também impacta o desempenho dos trabalhadores, a diminuição da realização pessoal leva a uma perda de motivação e satisfação com o trabalho, tornando as tarefas diárias mais difíceis de serem realizadas, resultando em diminuição da produtividade e da qualidade do trabalho executado, não apenas a vida profissional é afetada por essa síndrome, mas também as relações laborais, causando conflitos interpessoais, dificuldade de comunicação e até mesmo afastamento das relações sociais no ambiente de trabalho, o indivíduo afetado sente-se isolado, sem o suporte necessário para enfrentar as dificuldades diárias da função que exerce. 

Portanto para mitigar os impactos negativos, é essencial que as empresas adotem medidas para prevenir e lidar com a síndrome de Burnout, incluindo promoção de ambiente de trabalho saudável, com pausas adequadas, suporte emocional aos funcionários, identificação precoce dos sinais de esgotamento e ações efetivas para reduzir o estresse no ambiente de trabalho, sendo fundamental que os próprios trabalhadores estejam atentos aos sinais de Burnout em si mesmos e busquem ajuda profissional caso necessário, é de extrema importância compreender os efeitos da síndrome de Burnout e agir para prevenir e combater essa condição (SANTOS, 2022). 

A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores são fundamentais para um ambiente de trabalho produtivo, saudável e harmonioso, é responsabilidade de todos promover um ambiente de trabalho que valorize o cuidado com a saúde mental e ofereça suporte necessário para lidar com os desafios do dia a dia. 

Para Moronte et al (2021), essa síndrome tem sido reconhecida como um problema de saúde que afeta cada vez mais profissionais em diferentes áreas, reconhecer  seus aspectos  é a identificação precoce da síndrome de Burnout e para a implementação de medidas de prevenção e tratamento adequados, importante destacar que a síndrome de Burnout não deve ser negligenciada ou subestimada, o autocuidado e a busca por ajuda profissional são fundamentais para a recuperação desse quadro, reconhecimento e a conscientização dessa síndrome são essenciais para garantir a saúde e a qualidade de vida dos profissionais, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. 

Para Dejours (2088), os principais fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome de Burnout, uma condição que afeta principalmente profissionais que lidam com alto nível de estresse no trabalho, incluem excesso de trabalho, falta de reconhecimento pelo esforço dedicado, ambientes laborais tóxicos com relacionamentos negativos e hostis, falta de controle sobre as tarefas desempenhadas, pressão por resultados constantes, falta de apoio emocional e suporte adequado por parte da equipe e da liderança, além da falta de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, importante ressaltar que estes são apenas alguns dos fatores mais comuns, mas existem outros que podem variar de acordo com cada indivíduo e sua situação profissional, os sinais e fatores de risco é crucial para a prevenção e intervenção adequada, sendo fundamental que os profissionais tenham consciência sobre a importância de cuidar da própria saúde física e mental.  

Os sinais de alerta que podem indicar a presença da síndrome de Burnout  envolve uma série de mudanças de comportamento, tanto no ambiente de trabalho quanto fora dele, manifestando-se através do cansaço constante, dificuldades de concentração e irritabilidade excessiva, apresentando sintomas como isolamento social, falta de motivação e interesse nas atividades que antes eram prazerosas, queda no desempenho profissional, dificuldade em manter relacionamentos interpessoais saudáveis, problemas de sono, como insônia ou sonolência excessiva, situações que necessita que sejam levadas em consideração não apenas pelas próprias pessoas que estão enfrentando esses desafios, mas também pelas empresas e instituições, é importante destacar que a saúde mental deve ser tratada como uma prioridade, pois a negligência nessa área pode levar a consequências graves tanto para os indivíduos quanto para as empresas (DEJOURS, 2008).  

Para Moreira (2020), ao adotar uma abordagem proativa na prevenção e gestão da síndrome de Burnout, as empresas podem criar um ambiente onde os profissionais se sintam valorizados, apoiados e capacitados a lidar com os desafios do trabalho de forma saudável e produtiva, ao promover a conscientização e a educação sobre a síndrome de Burnout, além de fornecer recursos e suporte efetivo, as organizações podem contribuir significativamente para o bem-estar e a satisfação dos funcionários, garantindo um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo para todos. 

A relação entre a automatização do trabalho, o cansaço e a síndrome de burnout é complexa e multifacetada, a automação leva a um aumento considerável do cansaço mental e emocional, à medida que os trabalhadores são confrontados com uma infinidade de novas demandas e pressões que surgem como resultado das rápidas mudanças tecnológicas que afetam o ambiente de trabalho, as demandas adicionais e a sensação constante de falta de controle sobre o trabalho contribui significativamente para o desenvolvimento da síndrome de burnout (MOREIRA, 2020). 

É importante destacar que o cansaço crônico resultante do burnout pode ter um impacto adverso na capacidade dos trabalhadores de se adaptarem às inovações tecnológicas e de lidarem com as mudanças constantes no ambiente de trabalho, o cansaço excessivo e prolongado pode comprometer a qualidade do trabalho realizado, a criatividade, a motivação e a capacidade de concentração dos profissionais, o que pode levar a erros e falhas produtivas, afetando o clima organizacional, uma vez que trabalhadores exauridos emocionalmente são mais propensos a ter conflitos interpessoais e se distanciarem dos colegas de trabalho levando a um ambiente de trabalho negativo e prejudicial a colaboração e o desempenho geral da empresa (DEJOURS, 2008).  

Por outro lado, ainda segundo Dejours (2008) é igualmente importante reconhecer que a automação do trabalho também possui efeitos positivos na redução do cansaço e prevenção do burnout, quando os processos repetitivos e cansativos são automatizados, os trabalhadores podem se concentrar em tarefas mais estimulantes e intelectualmente desafiadoras, resultando em aumento da satisfação no trabalho e melhor qualidade de vida, a automação pode reduzir a carga de trabalho excessiva e permitir que os profissionais tenham um equilíbrio adequado entre vida profissional e pessoal, promovendo uma maior felicidade no trabalho, um ambiente mais positivo e uma maior produtividade, no entanto, para maximizar os benefícios da automação do trabalho e minimizar os riscos de cansaço. 

Assim, é necessário um esforço conjunto entre os empregadores e os trabalhadores, os investimentos em estratégias de gerenciamento de mudanças oportunizando treinamento e desenvolvimento para que os funcionários possam se adaptar e aproveitar plenamente as novas tecnologias, promovendo a cultura de apoio e incentivo ao equilíbrio profissional e pessoal, por meio de políticas flexíveis de horário de trabalho e do estabelecimento de limites claros entre trabalho e vida pessoal, oferecendo programas de bem-estar e saúde mental, como sessões de aconselhamento e tempo de descanso adequado, e os trabalhadores, por sua vez, devem estar cientes dos sinais de cansaço e burnout, buscando ajuda e suporte quando necessário, o aprendizado de como gerenciar o estresse, estabelecer limites saudáveis e adoção de estratégias de autocuidado, com rotinas de atividades físicas, descanso adequado e tempo para lazer e relaxamento (MORGADO, 2023).  

Adicionalmente, é importante promover por meio de programas de apoio psicológico, treinamentos de mindfulness e conscientização sobre os efeitos da pressão constante do trabalho, em suma, a relação entre a automatização do trabalho, o cansaço e a síndrome de burnout é complexa e influenciada por diversos fatores (DEJOURS, 2008).  

A automação e a Síndrome de Burnout tem impactos significativos na saúde e no desempenho dos trabalhadores, razão pela qual é essencial compreender as interconexões e desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção, garantir um equilíbrio adequado entre a utilização de tecnologias avançadas e a promoção de um ambiente de trabalho saudável, será possível colher os benefícios da automação e permitir que os profissionais prosperem em um mundo em constante evolução com novas demandas e desafios (NOVAES et al, 2021). 

As interseções e conexões entre a automatização do trabalho, o cansaço e a síndrome de burnout abrangem áreas tão diversas quanto a sobrecarga de trabalho devido à implementação de novas tecnologias que demandam maior esforço dos funcionários, a falta de autonomia e controle sobre as tarefas realizadas, a perda de identidade profissional que ocorre quando os trabalhadores se sentem substituíveis pelas máquinas e a insegurança em relação ao emprego, diante da ameaça de serem substituídos por sistemas automatizados, é importante ressaltar que a constante exposição a esses sistemas automatizados e a pressão para atingir metas e prazos pode levar a níveis elevados de estresse e exaustão entre os funcionários, o que contribui ainda mais para a deterioração da saúde mental dos trabalhadores (MOREIRA, 2020).  

A pressão para produzir cada vez mais, em menos tempo, gera uma sobrecarga quase insuportável para muitos profissionais, soma-se a isso o fato de que a automatização do trabalho, embora seja considerada uma forma de otimizar processos e aumentar a eficiência, muitas vezes resulta em um maior número de tarefas para serem executadas em um menor espaço de tempo, acabando por gerar uma sensação de esgotamento e falta de controle sobre o próprio trabalho, contribuindo  significativamente para o surgimento do burnout (MORONTE et al, 2021).  

O investimento na qualidade de vida dos colaboradores e na conscientização sobre os riscos associados à automatização e ao cansaço é fundamental, não apenas para a saúde individual dos trabalhadores, mas também para o sucesso e o crescimento sustentável das organizações. 

4. DESAFIOS NA PREVENÇÃO E MITIGAÇÃO DA SÍNDROME DE BURNOUT 

Diante do desafio cada vez mais presente e complexo de prevenir e mitigar a síndrome de burnout, segundo santos (2022) é imprescindível considerar a extrema necessidade de promover um ambiente de trabalho verdadeiramente saudável e equilibrado para todos os profissionais envolvidos, é indispensável a implementação de políticas assertivas e efetivas, que visem reduzir de forma significativa a carga de trabalho excessiva, garantindo uma distribuição equânime das responsabilidades, garantindo o suporte emocional adequado aos colaboradores, criando espaços seguros para que eles possam expressar suas emoções, conflitos e dificuldades, sem medo de julgamentos ou represálias. 

Portanto, é fundamental incentivar a prática regular de atividades físicas, que contribuem não apenas para a saúde física, mas também para a saúde mental e emocional, necessário a  promoção do equilíbrio saudável entre a vida profissional e a vida pessoal dos colaboradores, criando políticas de flexibilidade de horários, permitindo que cada indivíduo possa conciliar suas responsabilidades profissionais com seus compromissos pessoais e familiares,  entender as individualidades  de cada pessoa suas necessidades (MOREIRA, 2020).. 

É imprescindível investir em programas de conscientização e educação, que abordem os sinais de alerta e os principais fatores de risco associados a essa síndrome, informar os colaboradores sobre os sintomas, consequências e formas de prevenção do burnout para que todos possam identificar possíveis casos e buscar ajuda precoce, em diversas situações a síndrome de burnout pode exigir um acompanhamento terapêutico especializado, encorajar os colaboradores a procurarem ajuda e fornecer recursos adequados valorizando o bem-estar e a saúde mental de cada membro da equipe, enfrentar o desafio do burnout exige um esforço coletivo, com a participação ativa de líderes, gestores e colaboradores (SANTOS et al, 2020).  

No que diz respeito às estratégias individuais, é extremamente importante que os colaboradores estejam plenamente conscientes da importância vital de estabelecer de forma consistente limites saudáveis tanto no âmbito profissional quanto no pessoal, como uma forma de garantir sua saúde física, emocional e mental de maneira integral, tornando-se conscientes dessa necessidade de autocuidado, os colaboradores podem então praticar o autocuidado de forma ativa, sendo proativos em relação às suas próprias necessidades e limites, necessário que os colaboradores reconheçam e busque apoio quando se sentirem sobrecarregados compreendendo não ser sinal de fraqueza, mas sim de força e inteligência emocional, entendendo que pedir ajuda é um ato corajoso e necessário para preservar tanto seu bem-estar mental quanto seu desempenho profissional, porque ao compartilhar seus fardos com colegas de confiança, líderes ou profissionais especializados, eles obtêm suporte adequado para lidar com o estresse e as demandas da vida profissional ( COSTA et al, 2023).  

É de vital importância que as empresas sejam flexíveis em relação aos horários de trabalho, permitindo que os colaboradores tenham tempo para cuidar de si mesmos e atender às suas necessidades pessoais, estabelecendo e implementando horários flexíveis, dias de folga extras para compensar períodos de trabalho intenso ou até mesmo a extensão de licenças remuneradas para cuidar de sua saúde mental, promovendo uma cultura de respeito, empatia e apoio mútuo no ambiente de trabalho com o objetivo de melhorar a saúde mental dos colaboradores (MOREIRA, 2020). 

Em relação aos líderes, devem agir como modelos a serem seguidos, demonstrando cuidado e interesse genuíno pelo bem-estar de seus colaboradores e fornecendo-lhes as ferramentas e recursos necessários para lidar com o estresse e as pressões do trabalho, sempre adotando abordagem inclusiva, holística e proativa, que reconheça a importância da saúde mental como um componente essencial do sucesso individual e organizacional a longo prazo, se faz crucial que haja um investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento de soluções inovadoras no campo da saúde mental, buscando soluções em diversos meios que podem incluir aplicativos e plataformas digitais que oferecem suporte psicológico, ferramentas de gerenciamento do estresse e programas de reabilitação pós-traumática para os colaboradores, implementado programas de treinamento e conscientização sobre saúde mental, tanto para os colaboradores quanto para os líderes, a fim de garantir que todos tenham o conhecimento e as habilidades necessárias para apoiar e auxiliar aqueles que estão passando por dificuldades relacionadas à saúde mental (LIMA et al, 2023).  

Ao criar uma cultura de saúde mental positiva e apoiadora, as empresas certamente reduzirá significativamente os níveis de estresse e aumentara a resiliência e o bem-estar de seus colaboradores, beneficiando os contribuindo para uma maior produtividade e desempenho no local de trabalho, a promoção da saúde mental deve ser uma prioridade para todas as organizações, independentemente de seu porte ou setor, certamente serão capazes de construir equipes mais engajadas, produtivas e resilientes, estabelecendo uma base sólida para o sucesso a longo prazo (LIMA et al, 2023). 

O processo de individualização do trabalho e a ruptura da solidariedade entre os funcionários são fenômenos interligados que têm contribuído significativamente para o aumento dos processos de adoecimento mental e, em casos extremos, para o suicídio no local de trabalho, é necessário analisar como essas mudanças afetam a saúde mental dos funcionários e a estrutura das relações laborais (MORGADO, 2023). 

O processo de individualização do trabalho, segundo Lima et al (2023) refere-se à tendência de priorizar a independência e as obrigações individuais no local de trabalho em detrimento do trabalho colaborativo e coletivo, a competitividade interna, a gestão por metas e a avaliação do desempenho individual são algumas das práticas organizacionais contemporâneas que impulsionam esse fenômeno, práticas que aumentar a eficiência e a produtividade, mas elas também tornam os lugares de trabalho mais competitivos e menos cooperativos. 

A individualização do trabalho faz com que os funcionários se isolem e se sintam sozinhos na busca por resultados e no enfrentamento de problemas, sendo prejudicial em situações de alta pressão e estresse, sobrecarregado, tornando ansiosos e desamparados, o que aumenta o risco de adoecimento psíquico (LIMA et al, 2023). 

Quando os laços de confiança e cooperação entre colegas de trabalho são enfraquecidos ou rompidos, ocorre a ruptura do tecido de solidariedade entre os trabalhadores, a solidariedade permite que os funcionários compartilhem suas dificuldades, troquem experiências e se apoiem mutuamente, o que é um importante fator de proteção contra o estresse e a doença mental, em situações extremas, podem levar ao desespero e ao risco de suicídio (MOREIRA, 2020). 

Sato (2003) discutiu a crescente individualização e adoecimento dos trabalhadores, identificou que uma das causas da maior incidência do processo de adoecimento, a diminuição gradual ou a falta de controle mínimo dos trabalhadores sobre o processo de trabalho, traz o desenvolvimento de vários tipos de adoecimento, incluindo “problemas osteoarticulares, distúrbios gastrintestinais, alterações cardiovasculares, distúrbios de saúde mental e acidentes de trabalho”.  

Com base nas tendências atuais e considerando a rápida evolução da tecnologia, é incontestável que as políticas públicas e as empresas precisam estar extremamente atentas aos impactos da automatização do trabalho e da síndrome de burnout. Compreender e lidar de forma efetiva com essas questões é fundamental para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo, promovendo assim o bem-estar dos trabalhadores (SATO, 2003).  

Um dos pontos-chave nessa abordagem é a implementação de políticas de saúde mental robustas, que abordem especificamente os desafios relacionados à sobrecarga de trabalho e ao estresse crônico. Investir em programas de apoio psicológico e emocional, bem como em treinamentos de gestão do tempo e estratégias de autocuidado, pode ser de grande valia para enfrentar esse cenário desafiador, considerar a importância de uma cultura corporativa que promova o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, incentivando o descanso adequado, o lazer, o tempo livre e a reconexão com atividades fora do ambiente de trabalho, a gestão de recursos humanos também precisa se adaptar às demandas laborais contemporâneas, adotando estratégias de recrutamento e seleção mais assertivas, focadas na identificação de profissionais que possuam habilidades não apenas técnicas, mas também emocionais e adaptativas, buscando o enfoque na capacidade de lidar com mudanças constantes, de se adaptar a novas tecnologias e de trabalhar de forma colaborativa são competências essenciais nesse novo contexto, ressaltando que a automação do trabalho não implica necessariamente na substituição total dos trabalhadores, mas sim em uma reconfiguração das funções e na necessidade de atualização constante das habilidades profissionais (RIBEIRO, 2022).  

O investimento em programas de desenvolvimento e educação continuada se torna primordial, a fim de garantir que os trabalhadores estejam preparados para lidar com as transformações do mercado de trabalho. O equilíbrio entre produtividade e bem-estar deve ser a prioridade, garantindo assim o desenvolvimento sustentável do mercado de trabalho (LIMA et al, 2023). 

As tendências e inovações no contexto laboral apontam para a crescente implementação de tecnologias de automação, o que exige uma atenção redobrada para a prevenção da síndrome de burnout, as práticas como o trabalho remoto, flexibilidade de horários, investimento em capacitação e desenvolvimento profissional, e a criação de espaços de diálogo e suporte emocional são estratégias eficazes para mitigar os impactos negativos da automatização do trabalho, evitando o esgotamento dos trabalhadores e garantindo sua saúde mental é importante considerar a importância do equilíbrio entre vida profissional e pessoal, promovendo uma cultura de bem-estar e um ambiente de trabalho saudável, que possibilite a adoção de práticas de autocuidado e o desenvolvimento de habilidades de resiliência (LIMA et al, 2023).  

A implementação de medidas de apoio, como programas de assistência psicológica e suporte profissional, também é essencial para garantir que os trabalhadores tenham acesso a recursos e cuidados adequados para lidar com as demandas futuras do mercado de trabalho, sendo fundamental que as organizações assumam a responsabilidade de criar condições de trabalho positivas e sustentáveis, promovendo a saúde física e mental de seus colaboradores, adotando estratégias, será possível enfrentar de maneira mais eficaz os desafios da automação e garantir o bem-estar e a satisfação dos trabalhadores, afinal, a saúde mental dos colaboradores é uma prioridade e deve ser cuidada com atenção e zelo, além das práticas mencionadas anteriormente, é essencial estar atento a outras possibilidades para promover o bem-estar no ambiente laboral (VIEIRA, 2022). 

Por exemplo, o incentivo a pausas regulares durante o dia de trabalho pode fornecer um alívio momentâneo do estresse e da pressão relacionados às tarefas profissionais, promovendo atividades de lazer e recreação no local de trabalho pode ajudar a criar um ambiente mais descontraído e propício para a interação social entre os colaboradores, outra medida que tem se mostrado eficaz na promoção do bem-estar é a implementação de políticas de reconhecimento e recompensa (VIEIRA, 2022). 

Reconhecer e valorizar o esforço e os resultados alcançados pelos trabalhadores é uma forma de incentivá-los e aumentar sua motivação, podendo ser feito por meio de premiações, elogios públicos, programas de incentivo financeiro, entre outras formas de reconhecimento. É importante que todos se sintam valorizados e ouvidos, independentemente de sua posição hierárquica na organização, implementar todas essas estratégias, as empresas estarão garantindo que seus colaboradores possam enfrentar os desafios da automação e encontrar um equilíbrio entre vida profissional e pessoal, priorizar a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores é uma responsabilidade de todas as organizações, e ao investir nessas medidas, os benefícios serão visíveis tanto para os colaboradores quanto para o sucesso e a produtividade da empresa (VIEIRA, 2022). 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Conclui-se que a automatização do trabalho e o cansaço nas relações laborais estão diretamente relacionados ao surgimento da síndrome de burnout, a sobrecarga de tarefas, a pressão por produtividade e a falta de autonomia têm impactado negativamente a saúde mental dos trabalhadores, portanto é fundamental a implementação de medidas preventivas e de promoção da saúde no ambiente de trabalho, visando mitigar os efeitos nocivos da síndrome, imprescindível  a reflexão sobre a organização do trabalho e a busca por práticas mais saudáveis e sustentáveis garantindo o bem-estar dos profissionais e a produtividade das empresas. 

Ao longo do estudo, foi possível identificar que a automatização do trabalho tem gerado aumento do cansaço nas relações laborais, resultando em um cenário propício para o desenvolvimento da síndrome de burnout, analisando os fatores contribuintes e dos impactos dessa interrelação permitiu compreender a complexidade do problema e a urgência de ações preventivas, a identificação de estratégias individuais e organizacionais para enfrentar esse desafio contribui para a construção de ambientes laborais mais saudáveis e sustentáveis. 

Este estudo contribui para a ampliação do conhecimento sobre a relação entre a automatização do trabalho, o cansaço nas relações laborais e a síndrome de burnout, bem como para a identificação de possíveis estratégias de enfrentamento, ao trazer à tona discussões sobre a saúde mental no contexto laboral, espera-se sensibilizar gestores e profissionais de Recursos Humanos para a implementação de políticas e práticas mais humanizadas e sustentáveis.  

Os trabalhadores têm sofrido de cansaço físico e mental como resultado da intensificação das atividades laborais, pressão por produtividade e uma cultura de hiperatividade. Isso leva a cansaço e esgotamento emocional. 

É essencial reconhecer a importância de garantir condições de trabalho dignas e saudáveis, respeitando os limites e necessidades dos funcionários. É necessário que os governos e as empresas desenvolvam políticas e programas para mitigar os efeitos prejudiciais da automação e da digitalização, a fim de humanizar as relações entre trabalho e funcionários. 

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1Mestrando, do Curso: Mestrado Stricto Sensu em função social do direito. FADISP – Faculdade Autônoma de Direito. São Paulo.