A ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA

THE ROLE OF THE PHARMACIST IN THE MULTIDISCIPLINARY TEAM FOR BREAST CANCER TREATMENT

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410060751


Ana Lúcia Gomes Pereira; Francicleide Meireles Guedes; Isabel Ketlheey Barbosa Fernandes; Luiz Henrique Da Costa Barbosa; Maria Alcineide Nunes Dutra; Rodrigo Queiroz de Lima.


Resumo

Câncer de mama é uma das principais causas de morte de mulheres no mundo, por isso a doença precisa ser abordada de forma responsável e cautelosa. No campo da oncologia, o farmacêutico possui um papel importante na equipe de prevenção, recuperação e promoção da saúde de pacientes diagnosticados com a doença. Assim o objetivo deste artigo é descrever as principais funções desse profissional dentro da equipe multidisciplinar e mostrar seu papel na adesão terapêutica, na promoção do uso racional de medicamentos e bem-estar do paciente. Para isso será realizada uma revisão bibliográfica utilizando as plataformas de bases PubMed, Scientific Eletronic Library, selecionando publicações de 2019 a 2024. Salientando a importância do profissional farmacêutico na equipe multidisciplinar de pacientes oncológicos.

Palavras-chave: Neoplasias. Tratamento Farmacológico. Assistência Farmacêutica. Neoplasias da Mama.

1 INTRODUÇÃO

O câncer é um significativo problema de saúde pública em todo o mundo, sendo uma das principais causas de morte e uma barreira ao aumento da expectativa de vida. É a primeira ou segunda causa de morte prematura antes dos 70 anos na maioria dos países. Taxas de incidência e mortalidade estão aumentando rapidamente em todo o mundo devido às mudanças demográficas e transições epidemiológicas (Santos et al, 2023).

De acordo com o instituto nacional de câncer (INCA), câncer é o nome dado a um conjunto de mais de cem variadas neoplasias malignas, onde todas apresentam em comum o desenvolvimento desorganizado de células e essas podem penetrar tecidos próximos ou distantes em qualquer parte do corpo (Oliveira; Santos, 2022).

O Ministério da Saúde afirma que são esperados 74 mil novos casos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025. O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%) com 74 mil casos novos previstos por ano até 2025, em mulheres (Brasil, 2023).

O câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre as mulheres e a segunda doença maligna mais incidente no mundo. Correspondendo a um risco estimado de 61,6 casos para cada 100 mil mulheres (Miranda et al, 2022).

Os sinais e sintomas do câncer de mama são diversos, podendo se apresentar por meio de nódulos únicos de consistência dura, irritação ou abaulamento de uma das regiões da mama e/ou mamilo, inchaço parcial ou completo da mama, inversão do mamilo, vermelhidão na pele (conhecido como eritema), edema, presença de secreção serosa ou sanguinolenta nos mamilos e os linfonodos aumentados. (Santos et al., 2022)

O objetivo geral da presente pesquisa é apresentar as funções do farmacêutico como parte da equipe multidisciplinar no tratamento da neoplasia maligna da mama. Além disso, objetivos específicos são:

  • Analisar as funções do farmacêutico na equipe multidisciplinar oncológica.
  • Descrever as técnicas utilizadas para promover o uso racional de medicamentos.
  • Evidenciar os benefícios que a presença do farmacêutico pode trazer para o paciente em tratamento oncológico.

Em sua fase inicial o câncer de mama tem grandes chances de cura e baixa morbidade em decorrência do tratamento. No entanto, em várias regiões do Brasil, o diagnóstico tardio da doença ainda é bem frequente, podendo ser explicado pela dificuldade da população em ter acesso aos serviços públicos de saúde, à má formação dos profissionais envolvidos no atendimento, a falta de capacidade do sistema público de atender a demanda e/ou falta de uma definição do fluxo de casos suspeitos nos diferentes níveis da atenção à saúde (Silva et al., 2022).

Souza et al. (2021) afirma que a presença do farmacêutico nos serviços de oncologia tem como funcionalidade, orientar, assegurar, executar, validar técnicas e processos dos medicamentos antineoplásicos, assim como avaliar os componentes da prescrição médica, quanto à dose, qualidade e interações, trabalhando junto à equipe multiprofissional de terapia antineoplásica e prestando orientação farmacêutica aos pacientes.

Batista et al. (2022) ressalta que cuidado farmacêutico pode ser descrito  por colocar em  prática  a  metodologia  que  permite  evitar, identificar e resolver, de maneira sistemática e documentada, todos os problemas de saúde relacionados com os medicamentos do paciente, realizando uma avaliação periódica de todo o processo. Neste processo deve haver participação ativa do paciente, do farmacêutico e de outros profissionais do sistema de saúde com objetivos concretos de melhorar a qualidade de vida do paciente.

O acompanhamento farmacêutico contribui para a melhoria dos resultados farmacoterapêuticos e a qualidade de vida dos pacientes hospitalizados, pois ajuda na segurança do paciente, efetividade do tratamento e uso racional dos medicamentos (Santos et al., 2020).

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

Segundo o Ministério da Saúde, no organismo, verificam-se formas de crescimento celular controlada e não controladas. A hiperplasia, a metaplasia e a displasia são exemplos de crescimento controlado, enquanto as neoplasias correspondem às formas de crescimento não controladas e são denominadas, na prática, de “tumores” (Brasil, 2022).

O Ministério da Saúde, através do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) afirma ainda que a definição mais aceita atualmente de Neoplasia é uma proliferação anormal do tecido, que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo e tende à autonomia e à perpetuação, com efeitos agressivos sobre o hospedeiro.

Oncologia pode ser descrita como a especialidade da medicina que estuda e trata a neoplasia; cancerologia. Contudo, o câncer não é de exclusiva responsabilidade dos oncologistas. Abrangem diversos profissionais da área de saúde, inclusive o profissional da área de farmácia, que atua no tratamento e nos cuidados com o paciente (Lobato et al., 2019)

A carcinogênese é definida como a cascata de eventos que ocorre na transformação de uma célula normal em câncer. É vista como um processo de múltiplos estágios, sendo 3 deles os principais: Iniciação, Promoção e Progressão (Figura 1).

Figura 1 – Representação dos estágios da carcinogênese

Fonte: Nucleo do Conhecimento (2017).

O primeiro estágio inicia-se nas células por meio de mutações genéticas decorrentes da exposição a carcinógenos, como radiação, vírus e compostos químicos. Estes são também chamados de agentes iniciadores e acredita-se que eles alterem de modo irreversível a estrutura básica do componente nuclear do DNA (ácido desoxirribonucleico) e, com isso, iniciem o desenvolvimento do câncer. A exposição aos agentes iniciadores do ambiente é inevitável e sabe-se que ao longo da vida de um indivíduo muitas células sofrem o processo de iniciação, porém não evoluem, ou morrem, ou são neutralizadas por mecanismos imunológicos (Silva et al., 2022).

A fase de promoção envolve a alteração da expressão do gene, a expansão clonal e a proliferação das células que sofreram a iniciação. Esta fase pode ser reversível, dependendo principalmente da idade do hospedeiro, da quantidade e frequência da exposição aos agentes de iniciação e composição da dieta (Silva et al., 2022).

A última fase, a progressão, é caracterizada por alterações moleculares, aumento da massa tumoral primária e ao aparecimento de metástases. Esta fase encerra a fase pré-clínica e dá início à fase clínica do câncer, quando geralmente é feito o diagnóstico (Silva et al., 2022).

O câncer da mama é um tumor maligno que começa nas células da mama. A doença ocorre quase exclusivamente em mulheres, mas os homens também podem obtê-lo. A maioria dos cânceres de mama começam nas células que revestem os ductos (câncer ductal) e em células que revestem os lóbulos (câncer lobular), enquanto um número pequeno de tumores inicia-se em outros tecidos. A mama feminina normal é composta principalmente de lóbulos (glândulas produtoras de leite), ductos (minúsculos tubos que transportam o leite dos lóbulos ao mamilo) e estroma (tecido adiposo e conjuntivo, os vasos sanguíneos e linfáticos). (Figura 2)

Figura 2 – Anatomia da mama

Fonte: Nucleo do Conhecimento (2017).

O sistema de estadiamento mais utilizado é o aceito pela União Internacional Contra o Câncer (UICC), intitulado Sistema TNM (tumor, comprometimento nodal e metástases) de Classificação dos Tumores Malignos. Esse sistema baseia-se na ampliação anatômica da doença, considerando as propriedades do tumor primário, as propriedades dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se encontra e a existência ou ausência de metástase a distância (Brito et al., 2022). (figura 3)

 Figura 3 – Estágio do câncer de mama

Fonte: Programa Faz Bem (2022).
  • Estágio 0: Esta fase descreve um câncer de mama em estágio inicial ou não invasivo denominado de carcinoma ductal in situ (CDIS). Nele, as células cancerígenas não invadem a membrana basal sub epitelial. Por isso, o tumor não atinge veias e vasos linfáticos, não gera metástases e pode ser considerado como um pré-carcinoma. Com a difusão da mamografia, o carcinoma ductal in situ corresponde entre 10 e 30% dos casos de câncer de mama. (Brito et al., 2022).
  • Estágio 1: Esse estágio descreve o câncer de mama invasivo inicial ou precoce, no qual o tumor mede não mais do que 2cm. Ele é subdividido em duas categorias (IA e IB). No estágio IA, o tumor tem 2cm ou menos, não se espalhou além da mama e não comprometeu nenhum linfonodo. Por sua vez, o estágio IB significa que o tumor na mama também tem até 2cm, mas com pequenos aglomerados de células de câncer encontrados nos gânglios linfáticos com uma invasão de até 2cm. (Brito et al., 2022).
  • Estágio 2: Esse estágio ainda indica a presença de um câncer de mama estágio inicial ou precoce. Ele também conta com subdivisões.  O estágio IIA representa um tumor na mama que ainda é pequeno. Pode não haver câncer nos gânglios linfáticos ou ser identificada uma disseminação que atingiu até três linfonodos. O estágio IIB indica que o tumor do seio pode ter até 5cm e ter atingido qualquer gânglio linfático (Brito et al., 2022).
  • Estágio 3: Esse estágio indica o desenvolvimento de um câncer de mama localmente avançado que: pode ser um tumor de mama grande (normalmente maior que 5cm); pode ter se espalhado para vários linfonodos axilares ou de outras áreas próximas à mama; pode ter se espalhado para outros tecidos ao redor da mama, como pele, músculos ou costelas (Brito et al., 2022).
  • Estágio 4: Esse estágio indica a presença de um câncer de mama avançado ou metastático. Nessa fase, a doença se disseminou para outros órgãos e tecidos do corpo, além das mamas e axilas. Os locais mais comuns para o aparecimento de metástases são ossos, fígado, pulmões e cérebro (Brito et al., 2022).

Em geral, o tratamento para os carcinomas da mama são realizados em etapas, iniciando-se com cirurgia, seguida de radioterapia, quimioterapia adjuvante e, ainda, de terapia hormonal, quando e como indicado, a depender das características do tumor. A escolha de cada tratamento é determinada pelo estadiamento da doença, risco de recidiva, a presença ou ausência da expressão de receptores de estrógeno (RE) e progesterona (RP) do tumor primário e o estado menopausal, pré- ou pós-menopausa (Brito et al., 2022).

A radioterapia está indicada para todas as pacientes submetidas à cirurgia conservadora e também àquelas submetidas à mastectomia que preencham um dos seguintes critérios:

a) tumor > 5 cm ou que invada pele ou músculo;

b) mais de três LN positivos;

c) LN com extravasamento extracapsular.

A morbidade associada à radioterapia decorrente da irradiação da mama é pequena, pois as técnicas mais modernas levam menos radiação externa para os órgãos adjacentes, como pulmões e coração. Porém, ainda é observado aumento da incidência de aterosclerose acelerada e mortes por problemas cardíacos associados à radioterapia na mama esquerda. Outros efeitos colaterais mais raros da radioterapia incluem pneumonite por radiação, edema no braço e hiperpigmentação. (Silva et al., 2022).

No regime quimioterápico adjuvante são utilizados esquemas baseados em antraciclinas e no esquema denominado ‘CMF’ (combinação de ciclofosfamida, metotrexato e 5-fluorouracil) ou, ainda, um destes dois esquemas associados a um taxano (paclitaxel ou docetaxel). (Silva et al., 2022).

A hormonioterapia adjuvante está indicada a todas as pacientes que apresentam tumor com expressão de receptores de estrogênio e/ou progesterona, para erradicação das micrometástases, que podem levar à recidiva da doença. O objetivo da terapia hormonal no câncer de mama é privar as células tumorais de estrógenos, os quais estão envolvidos no desenvolvimento e progressão tumoral. Os hormonioterápicos são medicamentos disponíveis para administração oral e injetável e os seus mecanismos envolvem a manipulação hormonal, seja antagonizando os efeitos do estrógeno, no caso do tamoxifeno, seja diminuindo as suas concentrações no organismo, como os inibidores da aromatase (IA) (Silva et al., 2022).

De acordo com as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Mama (DDT), o tratamento do câncer mama deve ser realizado em múltiplas etapas que envolvem diferentes modalidades terapêuticas como a cirurgia e radioterapia, para tratamento loco-regional, e a quimioterapia (incluindo a hormonioterapia, terapia-alvo e imunoterapia) para o tratamento sistêmico. O tratamento sistêmico pode ser prévio (neoadjuvante) ou adjuvante (após a cirurgia e a radioterapia). As modalidades terapêuticas combinadas podem ter caráter curativo ou paliativo, sendo que todas elas podem ser usadas isoladamente com o intuito paliativo (Santos, 2021)

A quimioterapia antineoplásica é aquela realizada através da administração de fármacos para o tratamento de câncer atuando em nível celular, porém sem especificidade, ou seja, os medicamentos não destroem exclusivamente as células tumorais. Esse tratamento é utilizado em doses o mais próximo possível das doses máximas individuais toleradas e devem ser administrados com a maior frequência possível para desestimular o novo crescimento do tumor (Brasil, 2023)

A atenção farmacêutica está intimamente voltada a orientação e acompanhamento ao paciente em sua terapêutica, essa prática propicia uma diminuição nas possíveis reações adversas e toxicidades indesejáveis durante o tratamento e caso elas venham a surgir, o farmacêutico é o profissional habilitado a solucionar esse tipo de problemática. Não esquecendo também do acompanhamento não medicamentoso o qual fortalece a autoconfiança do paciente e o vínculo do mesmo com o profissional (Calado et al., 2019)

A atenção farmacêutica é uma importante ferramenta para a redução de erros na medicação e no tratamento, tornando-o mais eficaz e melhorando a qualidade de vida, pois cada vez mais a tarefa do farmacêutico é garantir que a terapia medicamentosa dos pacientes esteja devidamente indicada e que é mais eficaz segura e conveniente para os pacientes (Rocha et al., 2019).

Em estudos realizados por Lobato et al. (2019), pode-se verificar que o acompanhamento dos pacientes em tratamento oncológico deve mencionar os efeitos dos citostáticos, as técnicas de administração, as reações adversas e os problemas relacionados aos medicamentos, de forma a minimizar os erros de medicação. Com este acompanhamento aos pacientes, o Farmacêutico é capaz de desenvolver um plano de intervenção oncológica, na qual, com base no tratamento, é possível fazer orientações simples para que o paciente minimize o impacto das reações anafiláticas e de hipersensibilidade causadas pela estimulação do sistema imunológico. Nesse sentido, os Farmacêuticos devem fornecer aos pacientes tratamento adjuvante para minimizar os efeitos adversos da quimioterapia.

O contato direto com o paciente possibilita a apresentação de todos os medicamentos em uso, orientando de maneira  sucinta  sobre  seus  possíveis efeitos indesejados, farmacocinética e farmacodinâmica sendo dinâmico ou até mesmo usando linguagem coloquial para melhor explicação. Com essas condutas o farmacêutico pode proporcionar maior conforto ao paciente, motivá-lo ao melhor engajamento nos tratamentos e conquistando a confiança na equipe que vem o acompanhando. Os cuidados farmacêuticos regem valores éticos e morais, comportamento e compromisso como restabelecimento da saúde, atento sempre as maiores prioridades. Embora os pacientes oncológicos em sua maioria apresentem queixas de dores graves existe a possibilidade segundo autores de ofertar ao profissional prescritor terapias analgésicas segura e que melhor se adequem a necessidade do paciente reduzindo interações ou possíveis níveis de janela terapêutica incompatível (Hazan et al., 2023).

Outro fator importante da inclusão do farmacêutico na equipe assistencial quer seja, no ambiente ambulatorial, hospitalar ou  comunitário,  pois  este detecta possíveis reações adversas e interações medicamentosas (Oliveira et al., 2021, apud Leão, 2023). Para   a   eficácia   do   tratamento   oncológico, além   dos antineoplásicos, a   terapia   requer   medicamentos   como antieméticos, analgésicos, antimicrobianos, entre outros,  os  quais  minimizam  os  efeitos  adversos  da  quimioterapia  e radioterapia, bem como os próprios sinais e  sintomas provenientes da  doença. Sendo assim necessário o uso contínuo de tais medicamentos e o acompanhamento farmacoterapêutico para orientação do acesso a esses medicamentos, bem como o correto uso domiciliar dos mesmos, a fim de garantir a melhor adesão e sucesso do tratamento (Marquez, 2023).

Segundo Nunes et al. (2022), o farmacêutico é responsável por toda medicação que chega até o paciente a partir de indicação médica, sendo este profissional responsável pela qualidade  e disponibilidades destes fármacos. Salienta-se que o farmacêutico o responsável  pela  qualidade  dos  medicamentos  e  disponibilidade  dos  medicamentos,  sendo, portanto, um profissional indispensável no tratamento oncológico.

O farmacêutico é responsável pela avaliação das prescrições de medicamentos antineoplásicos, identificando potenciais interações medicamentosas e contraindicações. Essa avaliação é crucial, pois os pacientes frequentemente utilizam múltiplos medicamentos, aumentando o risco de reações adversas (Iuchno e de Carvalho, 2019). A educação do paciente é uma das funções primordiais do farmacêutico. Ele fornece informações sobre a administração correta dos medicamentos, potenciais efeitos colaterais e a importância da adesão ao tratamento. Além disso, orienta sobre o que fazer em caso de reações adversas, como o extravasamento dos medicamentos, que pode ocorrer durante a infusão (Rezende, Lino e Morais, 2021).

Os tratamentos antineoplásicos estão frequentemente associados a uma variedade de efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e toxicidade hematológica. O farmacêutico desempenha um papel importante no manejo dessas toxicidades, sugerindo intervenções para minimizar os efeitos adversos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (Silva et al., 2022). O farmacêutico também pode oferecer suporte psicológico, ajudando os pacientes a lidar com os desafios emocionais e físicos associados ao câncer de mama e seus tratamentos. Isso é fundamental para garantir que os pacientes se sintam apoiados durante o tratamento.

3 METODOLOGIA

 O presente artigo trata-se de um estudo de revisão de literatura integrativa, utilizando estudos com abordagem descritivas e qualitativas que possuam foco no tema escolhido. Para o desenvolvimento da pesquisa será usado como base artigos científicos e periódicos disponíveis no google acadêmico, PubMed, Scientific Eletronic Library, com publicações nos últimos 06 anos que abordem o tema em questão, com base nos seguintes descritores em português: neoplasias, tratamento farmacológico, assistência farmacêutica, neoplasias da mama. Outras palavras-chave relacionadas também empregadas foram: bem-estar do paciente, importância do farmacêutico, funções do farmacêutico.

Os critérios de inclusão selecionados para o banco de dados foram artigos referentes aos anos de 2019 a 2024, nos idiomas português, inglês e espanhol relacionados ao objetivo da pesquisa. Critérios de exclusão são artigos repetidos e com insuficiência de dados. O presente artigo será um estudo de revisão de literatura com características descritivas e qualitativas baseado em artigos científicos e periódicos disponíveis em bases de pesquisa na internet datados dos últimos seis anos com conteúdos que abordem a importância do farmacêutico na equipe multidisciplinar de pacientes em tratamento do câncer de mama. Assim espera-se disponibilizar informações relevantes que permitam demonstrar para a sociedade a importância do farmacêutico no tratamento oncológico, assim oferecendo informações que auxiliam a correta busca por suporte profissional e o entendimento da gama de responsabilidades que o farmacêutico possui quando se tratando de tratamentos medicamentosos na oncologia.

A partir dos resultados obtidos na coleta, análise e revisão dos dados, espera-se abordar de forma inquestionável a importância do farmacêutico como parte da equipe multidisciplinar no tratamento do câncer de mama, além de elucidar para acadêmicos da profissão farmacêutica as possibilidades de atuação dentro do ramo oncológico, demonstrando como a presença desse profissional faz uma significativa diferença na qualidade de vida do paciente e no prognostico positivo da doença.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Quadro 1 – Citação, ano, objetivo e funções do farmacêutico

CitaçãoAnoObjetivoFunções do farmacêutico
DE ARAÚJO BATISTA, Angela Valéria et al.2022Propor um instrumento para cuidado farmacêutico em oncologia.Desenvolvimento de protocolos de atendimento e suporte ao paciente oncológico. O farmacêutico participa da elaboração de protocolos para o cuidado de pacientes em tratamento contra o câncer, contribuindo para o aprimoramento das práticas clínicas e para o bem-estar do paciente.
BRITO, Sílvia Oliveira de et al.2022Revisar ações de assistência farmacêutica para pacientes com câncer de mama.Avaliação e orientação sobre terapias medicamentosas e gestão de efeitos colaterais. Uma das funções mais importantes é garantir a segurança e a eficácia das terapias medicamentosas, orientando os pacientes sobre os medicamentos e os possíveis efeitos colaterais, além de ajustar as doses conforme necessário
CALADO, D. S.; TAVARES, D. H. C.; BEZERRA, G. C.2019Discutir o papel da atenção farmacêutica na redução de reações adversas em pacientes oncológicos.Monitoramento de reações adversas e ajuste de medicações. O farmacêutico é responsável por monitorar reações adversas aos medicamentos e ajustar as terapias conforme as necessidades dos pacientes, visando a minimizar os riscos e melhorar a eficácia do tratamento.
CARDOSO, Mayra do Carmo; MARQUEZ, Carolinne Oliveira2023Analisar a assistência farmacêutica na oncologia pediátrica.Educação sobre medicações e apoio emocional às crianças e suas famílias. Além da orientação técnica sobre os medicamentos, o farmacêutico também oferece apoio emocional aos pacientes e suas famílias, especialmente em oncologia pediátrica, ajudando-os a entender os tratamentos e a lidar com os desafios emocionais da doença.
HAZAN, Dos Santos Alexia et al.2023Revisar a importância da atenção farmacêutica em pacientes oncológicos.Acompanhamento e orientação sobre a terapia medicamentosa. O farmacêutico oncológico participa ativamente do processo de tratamento, assegurando que o paciente esteja seguindo o plano terapêutico corretamente. Isso inclui verificar a administração adequada das medicações, ajustar as doses quando necessário e monitorar a resposta do paciente aos tratamentos.
LEÃO, Rildo Miranda et al.2023Revisar a atuação do farmacêutico clínico na equipe multidisciplinar oncológica.Colaboração em planos de tratamento e suporte na escolha de terapias. O farmacêutico colabora diretamente com outros profissionais de saúde na elaboração de planos de tratamento, garantindo que as terapias sejam adequadas às necessidades específicas de cada paciente.
LOBATO, Laynara Cézar et al.2019Realizar uma revisão integrativa sobre cuidados farmacêuticos no tratamento oncológico.Gestão de medicamentos e aconselhamento sobre uso seguro de antineoplásicos. Além de orientar sobre o uso seguro de medicamentos antineoplásicos, os farmacêuticos também desempenham papel fundamental na gestão e no fornecimento seguro de medicamentos, assegurando que os pacientes recebam a terapia correta, na dose certa e no momento adequado
MIRANDA, Flávio et al.2022Desenvolver um aplicativo para educação de pacientes sobre o tratamento cirúrgico do câncer de mama.Facilitação do entendimento sobre o tratamento e interação com a equipe de saúde. Os farmacêuticos ajudam os pacientes a compreender melhor seus tratamentos, seja por meio de consultas diretas ou do desenvolvimento de aplicativos e outros recursos educacionais
NUNES, Luana Batista et al.2022Revisar o papel do farmacêutico em uma equipe multidisciplinar oncológica.Coordenação do cuidado e educação dos pacientes sobre terapias. Esse profissional é responsável por garantir que os pacientes entendam a importância do tratamento medicamentoso, além de ajudar a gerenciar possíveis efeitos adversos, promovendo um acompanhamento mais próximo e personalizado. Além disso, o farmacêutico participa de discussões terapêuticas com outros membros da equipe de saúde, contribuindo para uma abordagem integrada e segura do tratamento oncológico.
OLIVEIRA, Ana Paula Moreira; SANTOS, Jaqueline Rocha Borges dos.2022Analisar atividades e contribuições do farmacêutico no tratamento do paciente oncológico.Provisão de informações sobre medicamentos e suporte psicológico. Os autores ressaltam que o farmacêutico atua como um facilitador no entendimento do regime terapêutico, esclarecendo dúvidas sobre os medicamentos e suas interações. Além disso, o profissional oferece suporte emocional, ajudando os pacientes a lidarem com os desafios do tratamento e promovendo uma melhor adesão à terapia. Essa abordagem integral visa não apenas a segurança e eficácia do tratamento, mas também a qualidade de vida dos pacientes.
RECH, Adriana Beatriz Kovalski et al.2019Revisar a atuação do farmacêutico na oncologia.Assessoria na escolha de medicamentos e gerenciamento de terapias. Os autores enfatizam que o farmacêutico desempenha um papel crítico na avaliação das necessidades dos pacientes, contribuindo para a seleção adequada de terapias baseadas em evidências. Além disso, o farmacêutico participa ativamente no monitoramento da resposta ao tratamento, ajustando as terapias conforme necessário e garantindo a segurança dos pacientes.
ROCHA, Bruno Correia da et al.2019Explorar o papel do farmacêutico em oncologia.Implementação de cuidados e suporte ao paciente durante o tratamento. Os autores ressaltam que o farmacêutico atua como um elo fundamental na equipe de saúde, proporcionando orientações sobre a administração de medicamentos, monitorando possíveis reações adversas e assegurando a adesão ao tratamento. Além disso, o farmacêutico também desempenha um papel educativo, capacitando os pacientes e suas famílias a compreenderem melhor os medicamentos utilizados, as interações possíveis e a importância de seguir as orientações médicas.
 DOS SANTOS, Juliana Pereira et al.2020Analisar o cuidado farmacêutico em UTI oncológica.Gestão de medicamentos e monitoramento de reações adversas em ambiente crítico. O farmacêutico também é responsável por educar os pacientes sobre a importância do autocuidado durante o tratamento oncológico, promovendo hábitos de vida saudáveis e oferecendo aconselhamento sobre terapias e prevenção
SANTOS, Marcelo et al.2023Estimar a incidência de câncer no Brasil.Contribuição em estratégias de prevenção e educação em saúde. Os autores estimam a incidência de câncer no Brasil, destacando a contribuição em estratégias de prevenção e educação em saúde. Eles enfatizam a importância de dados epidemiológicos para a formulação de políticas públicas eficazes no combate ao câncer. Além disso, o estudo sugere que a conscientização e a educação da população são fundamentais para a detecção precoce da doença e a promoção de estilos de vida saudáveis.
DOS SANTOS, Mayara Barbosa et al.2022Avaliar a atenção farmacêutica no combate ao câncer de mama.Aconselhamento sobre tratamentos e apoio ao autocuidado. Nesta pesquisa, os autores avaliam a atenção farmacêutica no combate ao câncer de mama, oferecendo aconselhamento sobre tratamentos e apoio ao autocuidado. A análise revela que o farmacêutico desempenha um papel vital na orientação das pacientes sobre os efeitos colaterais dos medicamentos e na promoção de práticas de autocuidado que podem melhorar a qualidade de vida durante o tratamento.
SANTOS, Tuane de Lima dos; ANDRADE, Leonardo Guimarães de.2022Discutir a atuação do farmacêutico na prevenção do câncer de mama.Educação em saúde e promoção de hábitos saudáveis. Os autores discutem a atuação do farmacêutico na prevenção do câncer de mama, focando na educação em saúde e promoção de hábitos saudáveis. O trabalho enfatiza que a intervenção do farmacêutico pode aumentar a conscientização sobre fatores de risco e a importância do rastreamento, contribuindo assim para a redução da incidência da doença.
LVA, Ivan Pedro dos Santos et al.2022Analisar a atuação do farmacêutico no tratamento de câncer de mama.Supervisão de terapias e apoio à adesão ao tratamento. Neste estudo, os pesquisadores analisam a atuação do farmacêutico no tratamento de câncer de mama, destacando a supervisão de terapias e o apoio à adesão ao tratamento. A pesquisa demonstra que o acompanhamento contínuo por parte do farmacêutico pode melhorar a adesão dos pacientes às terapias prescritas, aumentando a eficácia do tratamento.
SOUZA, Adriana Franklin de et al.2021Avaliar a atuação do farmacêutico como integrante da equipe multidisciplinar no cuidado ao paciente oncológico.Integração em equipes de saúde e participação em decisões terapêuticas. Os autores avaliam a atuação do farmacêutico como integrante da equipe multidisciplinar no cuidado ao paciente oncológico, destacando a integração em equipes de saúde e a participação em decisões terapêuticas. A pesquisa sugere que a colaboração entre farmacêuticos e outros profissionais de saúde é importante para um cuidado abrangente e eficaz, contribuindo para melhores desfechos em pacientes oncológicos.
PEIXOTO, Kiarele Fernandes et al.2021Revisar a importância do farmacêutico na oncologia.Promoção da saúde e orientação sobre terapias oncológicas. Os autores realizam uma revisão sobre a importância do farmacêutico na oncologia, enfocando a promoção da saúde e a orientação sobre terapias oncológicas. O estudo evidencia que o farmacêutico não apenas fornece informações sobre o uso seguro e eficaz dos medicamentos, mas também desempenha um papel ativo na promoção de estratégias de saúde pública voltadas para a prevenção do câncer.
IUCHNO, Clarissa Weiss; DE CARVALHO, Gisele Pereira.2019   Revisar a toxicidade e os efeitos adversos dos tratamentos quimioterápicos em pacientes pediátricos.Avaliação dos riscos e monitoramento de reações adversas, além de orientação sobre a administração segura de medicamentos e intervenções para mitigar efeitos colaterais.
SILVA, Lívia Sanches et al.2022   Identificar boas práticas na infusão de quimioterápicos e destacar o papel da liderança da enfermagem.   Supervisão e orientação durante a infusão de quimioterápicos, colaboração com a equipe de saúde para garantir a segurança do paciente e educação sobre a terapia medicamentosa.
REZENDE, Gabrielle Moura Ribeiro; LINO, Alexandra Isabel de Amorim; MORAIS, Teresa Christine Pereira.2021   Discutir a assistência de enfermagem em casos de extravasamento de medicamentos antineoplásicos.Monitoramento e manejo de extravasamento, fornecimento de orientações sobre cuidados após o incidente e suporte na avaliação de danos ao tecido, além de orientar os pacientes sobre os efeitos colaterais.
Fonte: elaborado pelo autor (2024).

O câncer de mama é uma das principais preocupações de saúde pública em todo o mundo, sendo a segunda neoplasia mais comum entre as mulheres, de acordo com Miranda et al. (2022). No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde projetam cerca de 74 mil novos casos por ano, no período de 2023 a 2025, colocando o câncer de mama como uma doença de alta prevalência no país, especialmente entre as mulheres (Brasil, 2023). No presente estudo, observamos a importância do diagnóstico precoce e da atuação integrada de diferentes profissionais de saúde para melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes diagnosticados.

A crescente incidência de câncer no Brasil reflete uma transição epidemiológica que afeta não apenas a saúde, mas também os recursos e a infraestrutura disponíveis no sistema público de saúde. O fato de que o câncer de pele não melanoma e o câncer de mama são os mais prevalentes revela a necessidade de campanhas mais efetivas de prevenção e rastreamento, conforme sugerido por Silva et al. (2022). O diagnóstico tardio, comumente observado no país, é um dos fatores que contribui para a alta taxa de mortalidade associada ao câncer de mama, principalmente devido às dificuldades de acesso a exames preventivos e à carência de capacitação dos profissionais de saúde envolvidos no atendimento primário (Santos et al., 2022). Este cenário corrobora a observação de Souza et al. (2021), que apontam a necessidade de maior integração entre as equipes de saúde, especialmente com a inclusão do farmacêutico, que desempenha um papel fundamental no controle terapêutico dos pacientes oncológicos.

O cuidado farmacêutico vem ganhando destaque no contexto da oncologia como um aliado indispensável para garantir o uso racional de medicamentos, evitando erros e interações medicamentosas prejudiciais (Batista et al., 2022). A atuação do farmacêutico na equipe multidisciplinar contribui para a otimização da terapia antineoplásica, sendo importante para a redução de morbidades associadas ao tratamento do câncer de mama. A orientação contínua aos pacientes em relação à adesão ao tratamento e a prevenção de complicações é uma prática que melhora substancialmente os resultados clínicos, conforme sugerido por Santos et al. (2020). Os resultados deste estudo evidenciam que a presença do farmacêutico nos serviços de oncologia oferece benefícios tangíveis, como a melhora na segurança do paciente e o aumento da efetividade do tratamento. Em consonância com Souza et al. (2021), a análise indica que o farmacêutico pode contribuir para a personalização do tratamento e para a redução de complicações relacionadas à quimioterapia e radioterapia.

Os tratamentos do câncer de mama, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia, têm evoluído significativamente ao longo dos anos, com a implementação de técnicas mais modernas e menos invasivas. A radioterapia, em particular, tem sido uma ferramenta poderosa no controle local da doença. No entanto, apesar dos avanços, alguns efeitos colaterais ainda são prevalentes, como o risco de desenvolvimento de aterosclerose acelerada, especialmente em pacientes com tumores na mama esquerda (Silva et al., 2022). Esses efeitos adversos destacam a importância de uma avaliação criteriosa das opções terapêuticas, levando em consideração as características individuais de cada paciente e o estadiamento do tumor, como descrito por Brito et al. (2022).

A quimioterapia adjuvante, utilizada para diminuir a chance de recidiva, também apresenta uma série de complicações que devem ser monitoradas de perto. Os esquemas com antraciclinas e taxanos, apesar de eficazes, podem ser agressivos para o organismo, reforçando a necessidade de um acompanhamento contínuo e personalizado para minimizar os efeitos tóxicos e aumentar a qualidade de vida dos pacientes (Silva et al., 2022). A análise apresentada no artigo reforça a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e integrada para o manejo do câncer de mama, envolvendo não apenas oncologistas, mas também outros profissionais de saúde, como farmacêuticos, enfermeiros e psicólogos. O diagnóstico precoce continua sendo o maior desafio para o sistema de saúde, especialmente em países como o Brasil, onde as disparidades de acesso ao atendimento médico são evidentes.

A implementação de políticas públicas voltadas para o fortalecimento da atenção primária, aliada à capacitação profissional e à incorporação do cuidado farmacêutico, pode ser uma solução viável para melhorar os índices de sobrevivência e a qualidade de vida das pacientes com câncer de mama. Além disso, é necessário ampliar o acesso a exames de rastreamento, como a mamografia, e promover campanhas de conscientização sobre os sinais e sintomas da doença, permitindo um diagnóstico em fases mais iniciais, como destaca Brito et al. (2022).

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo reafirma a relevância e a complexidade do câncer como uma das principais causas de mortalidade no Brasil e no mundo. A análise dos dados discutidos ao longo deste trabalho, em especial sobre o câncer de mama, evidencia o impacto devastador dessa doença, não apenas do ponto de vista clínico, mas também sob uma perspectiva social e econômica, conforme apontado por Santos et al. (2023) e Silva et al. (2022). O aumento expressivo no número de novos casos previstos para o triênio 2023-2025, de acordo com o Ministério da Saúde, reforça a necessidade de um planejamento efetivo de políticas públicas voltadas à prevenção, ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado do câncer, com destaque para as neoplasias de pele e mama, que figuram entre as mais incidentes no país (Brasil, 2023).

O diagnóstico precoce do câncer de mama continua a ser uma das principais barreiras no Brasil, especialmente em áreas onde o acesso à saúde é mais limitado. A demora no diagnóstico, atribuída a fatores como a insuficiência de profissionais capacitados, a falta de equipamentos adequados e a burocratização do sistema público de saúde, contribui para a detecção tardia da doença, quando as chances de cura e sobrevida são consideravelmente reduzidas (Silva et al., 2022). Isso enfatiza a importância de um esforço conjunto entre os órgãos públicos e privados na criação de campanhas e ações que visem facilitar o acesso ao diagnóstico, especialmente para populações de maior vulnerabilidade socioeconômica.

No âmbito do tratamento, a presença do farmacêutico na equipe multidisciplinar de oncologia é cada vez mais valorizada, como demonstrado por Souza et al. (2021) e Batista et al. (2022). O papel do farmacêutico vai além da simples administração de medicamentos, abrangendo a garantia de segurança no tratamento, a otimização das terapias antineoplásicas e o acompanhamento contínuo dos pacientes, resultando em melhorias significativas na qualidade de vida e nos desfechos terapêuticos. Portanto, a integração e a valorização desse profissional dentro das equipes de oncologia têm o potencial de transformar a prática clínica, promovendo um tratamento mais seguro e eficaz.

Ademais, a complexidade do tratamento do câncer, incluindo a quimioterapia, radioterapia e os cuidados paliativos, exige uma abordagem multidisciplinar que considere as características individuais de cada paciente, como o estágio da doença, a resposta ao tratamento e os fatores genéticos e hormonais. O estadiamento do câncer de mama, baseado no sistema TNM, demonstra como a personalização do tratamento é crucial para alcançar melhores resultados, especialmente quando o diagnóstico ocorre em estágios iniciais (Brito et al., 2022).

Por fim, é imprescindível que as políticas de saúde pública no Brasil foquem não apenas na ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento, mas também na promoção de ações preventivas que reduzam a exposição aos fatores de risco associados ao desenvolvimento do câncer. A conscientização da população sobre a importância de hábitos de vida saudáveis e a realização regular de exames preventivos, como a mamografia, são medidas fundamentais na luta contra o câncer. Além disso, o fortalecimento das equipes multiprofissionais, com o farmacêutico desempenhando um papel central, é uma estratégia eficaz para melhorar a qualidade do atendimento e os resultados do tratamento, sobretudo em um cenário de crescente incidência da doença.

Diante de todos esses desafios, o estudo conclui que o combate ao câncer, especialmente ao câncer de mama, exige uma abordagem integral que inclua educação em saúde, diagnóstico precoce, tratamento personalizado e uma equipe de saúde qualificada e engajada. Somente com a implementação de políticas públicas robustas e uma abordagem clínica multidisciplinar será possível reduzir a morbimortalidade associada ao câncer, impactando positivamente a saúde pública no Brasil e no mundo.

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