A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO DO AUTISMO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: REVISÃO SISTEMÁTICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7117221


Autores:
Denira de Araujo Pereira
Ingrid Lorrany Santos Maia
Josiane da Silva Pimentel
Tarcisio Barbosa Mouzinho
Joice Lima


RESUMO

O transtorno do espectro autista (TEA) se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva. Esta revisão de literatura teve o objetivo de analisar a atuação do enfermeiro na identificação do autismo. Trata-se de uma revisão sistemática, orientada pelos descritores “autismo”, “enfermeiro”, “crianças” “adolescentes” verificados nos Descritores em Ciência da Saúde (DECS) de acordo com cada base de dados. Foram utilizadas as buscas bibliográficas nas bases de dados Scientific Electronic Library (SCIELO), e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Foram incluídos artigos com temática sobre a prevalência de tuberculose no estado do Pará, publicados entre 2018 a 2022, e foram excluídos artigos incompatíveis com o tema.Como resultado foi obtido um quantitativo de oito estudos. Após a análise destes trabalhos, foram encontrados estudos, principalmente, no SCIELO, que demostram a importância do enfermeiro em orientar as mães do paciente autista, na identificação desta patologia e o uso de ferramentas lúdicas, musical, desenvolvimento de vínculo e no processo de escuta do paciente infantil e juvenil. O presente estudo reafirma a necessidade de mais publicações com a temática autismo em crianças e adolescente. Os resultados mostram que o autismo continua sendo um problema de âmbito mundial. E, torna-se necessário elaborar e implementar políticas públicas direcionados a protocolos e diretrizes para o cuidado de pacientes autista, bem como intensificar o aprimoramento do profissional enfermeiro no cuidado, para que possibilite de fato uma atuação efetiva no acompanhamento e em diferentes ações direcionadas ao paciente com TEA.

Palavras-chave: “autismo”, “enfermeiro” “crianças” e “adolescentes”.

ABSTRACT

Autism spectrum disorder (ASD) refers to a series of conditions characterized by some degree of impairment in social behavior, communication and language, and by a narrow range of interests and activities that are unique to the individual and performed repetitively. This literature review aimed to analyze the role of nurses in the identification of autism. This is a systematic review, guided by the descriptors “autism”, “nurse”, “children” “adolescents” verified in the Descriptors in Health Science (DECS) according to each database. Bibliographic searches were used in the Scientific Electronic Library (SCIELO) and Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) databases. We included thematic articles on the prevalence of tuberculosis in the state of Pará, published between 2018 and 2022, and articles incompatible with the theme were excluded. As a result, a number of eight studies were obtained. After the analysis of these studies, studies were found, mainly, in the SCIELO, which show the importance of nurses in guiding the mothers of autistic patients, in the identification of this pathology and the use of playful, musical tools, development of bonds and in the process of listening to the infant and juvenile patients. The present study reaffirms the need for more publications with the theme autism in children and adolescents. The results show that autism remains a worldwide problem. And, it is necessary to elaborate and implement public policies aimed at protocols and guidelines for the care of autistic patients, as well as intensify the improvement of the nursing professional in care, so that it allows effective action in the follow-up and in different actions directed to patients with ASD. 

Keywords: “autism”, “nurse” “children” and “adolescents”. 

INTRODUÇÃO

O transtorno do espectro autista (TEA) se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva. O TEA começa na infância e tende a persistir na adolescência e na idade adulta. Na maioria dos casos, as condições são aparentes durante os primeiros cinco anos de vida. Indivíduos com transtorno do espectro autista frequentemente apresentam outras condições concomitantes, incluindo epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O nível de funcionamento intelectual em indivíduos com TEA é extremamente variável, estendendo-se de comprometimento profundo até níveis superiores (PAHO, 2020).

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que existam mais de 70 milhões de autistas no mundo. No Brasil acredita-se que existam um milhão de autistas, 90% deles não diagnosticados (PINTO et al., 2016; BRASIL, 2014).

O diagnóstico do TEA se faz rotineiramente na infância e, por isso, a Atenção Primária à Saúde (APS) ocupa um lugar importante no cuidado a essas pessoas, já que é nesse nível de atenção em que ocorre o acompanhamento do desenvolvimento infantil. Por ser essencialmente clínico, o diagnóstico é realizado a partir das observações da criança, entrevistas com os pais e aplicação de instrumentos de vigilância do desenvolvimento infantil, durante as consultas de avaliação do crescimento e desenvolvimento da criança realizadas em qualquer unidade da APS (BRASIL, 2021).      

Uma das ferramentas que podem ser consultadas tanto pelos profissionais quanto pela família é a Caderneta da Criança, que traz orientações quanto aos marcos do desenvolvimento esperados para cada idade. Brevemente, em sua nova edição, a Caderneta contará com um instrumento de rastreio para TEA a ser aplicado a partir dos 16 meses: a escala M-CHAT R/F. Por meio dessa escala, que se configura em um pequeno questionário aplicado junto aos cuidadores da criança, busca-se identificar sinais sugestivos de risco para TEA, como o baixo interesse por outras pessoas ou o chamado hiperfoco para objetos (BRASIL, 2021).

A partir daí, a depender das características do paciente, é selecionado o melhor tipo de intervenção isolada (psicológica, médica, educacional) ou conjunta. A intervenção precoce auxilia tanto os pacientes com TEA como seus familiares, no processo de superação das dificuldades (VIEIRA, 2019; COSSIO; PEREIRA; RODRIGUEZ, 2017).

Neste sentido, o enfermeiro entende-se que o profissional de enfermagem cabe colaborar de forma positiva o acompanhamento da criança durante a consulta, não se restringindo a análise do crescimento e desenvolvimento. Nessa perspectiva de acolhimento e integralidade do cuidado a equipe de enfermagem deve saber como atuar perante a criança, família e comunidade assim, este estudo tem como objetivo analisar as evidências científicas sobre a assistência de Enfermagem à criança autista (MAGALHAES et al., 2020).

A Enfermagem, nesse contexto promoverá o ensino do autocuidado e da promoção à qualidade de vida do paciente, fornecendo orientações e prestando um atendimento adequado na implantação das intervenções ao portador do espectro autista. Além disso, os profissionais de saúde precisam estarem constantemente contribuindo na busca por soluções que possam ser válidas para melhorar a qualidade de vida destes indivíduos e seus familiares (SOUSA et al., 2020).

Diante disso, a presente revisão sistemática da literatura terá como objetivo verificar a importância da assistência múltipla da enfermagem a crianças portadoras do espectro autista.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi utilizada a metodologia de revisão sistemática da literatura, que se baseia na síntese de resultados variados de diversas pesquisas do mesmo tema, a qual se trata de uma coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento bibliográfico. Para sistematizar a construção da revisão, algumas etapas foram realizadas, sendo elas: elaboração de uma pergunta de pesquisa, busca nas bases de dados, categorização dos estudos, avaliação, interpretação dos resultados e síntese do conhecimento (MELNIK; FINEOUT-OVERHOLT, 2005).

Assim, partindo da questão norteadora “como ocorre a atuação do profissional enfermeiro no transtorno do complexo autista em crianças e adolescentes está sendo abordada em artigos científicos sobre a temática da identificação e tratamento? ” Foram agrupados e discutidos por meio de artigos científicos com eixo central da temática “crianças e adolescentes autistas.

A busca dos estudos para o levantamento dos artigos na literatura foi realizada nas seguintes bases de informação: PUBMED (National Library of Medicine National Institutes of Health), LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências Sociais e da Saúde), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), Web of Science, Scopus, Elsevier e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e DECS (Descritores de Ciências em Saúde).

Foram utilizados, para busca dos artigos, os descritores e foi feito as diferentes combinações de palavras-chave nas línguas (português e inglês): “autismo”, “autismo infantil”, “transtorno do complexo autista”, “autismo+crianças” “autismo+ adolescência” “papel enfermeiro autismo”. Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos publicados em português, inglês e espanhol; artigos na íntegra que retratam a temática referente à revisão sistemática e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos onze anos.

A análise dos estudos selecionados, em relação ao delineamento de pesquisa, foi pautada na análise e síntese dos dados extraídos dos artigos de forma descritiva, possibilitando observar, contar, descrever e classificar os dados, com o intuito de reunir o conhecimento produzido a respeito do tema explorado na revisão. Os estudos incluídos na revisão foram avaliados e analisados com base na identificação da publicação (título, volume, número e ano), autoria, local de realização do estudo, objetivos da pesquisa, método, tipo de estudo e nível de evidência (Quadro 1) proposto por Melnik; Fineout-Overholt (2005).

QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE EVIDÊNCIA

Fonte: Melnik; Fineout-Overholt (2005)

A coleta foi realizada nos meses de maio a julho de 2022 e a análise dos artigos selecionados foi realizada de forma independente por dupla leitura, desta forma foi gerado um fluxo da seleção dos estudos primários incluídos na revisão sistemática de acordo com as bases de dados.

RESULTADOS

As produções científicas da presente pesquisa tiveram como objetivo selecionar artigos sobre o tema cuidado de enfermagem a criança com transtorno do espectro autista. Dos 8 artigos selecionados e identificados, 5 artigos pertenciam ao par de base SCIELO e 3 artigos ao LILACS. Não houve a necessidade de exclusão de artigos duplicados, assim, foi demonstrado que a quantidade de artigos encontrados de acordo com a temática estabelecida por periódicos apresentou a base de dados SCIELO com maior número de artigos selecionados, totalizando 62,5% (n= 5) (Tabela 01). 

TABELA 01 – RESULTADOS DE BUSCAS CONFORME TEMÁTICA ESTABELECIDA

Tais dados também puderam ser coletados, de estudos que não tiveram este título ou objetivo, o que possibilita, dessa forma, sistematizar as publicações sobre os casos existentes da atuação da enfermagem em casos de crianças com TEA. Este estudo contou com uma amostra final de 8 artigos primários dos quais foram caracterizados levando em consideração o Nível de Evidência (NE), objetivo e tipo de estudo das publicações incluídas nessa revisão. Quanto ao nível de evidência foi verificado o quantitativo final de sete artigos abrangem nível de evidência 6 (sendo seis estudos descritivos e um estudo qualitativo) e um artigo nível de evidência 5 (sendo revisão sistemática). Com relação ao local de realização dos estudos, todos os estudos foram realizados no Brasil (Tabela 02).

TABELA 02 – CARACTERIZAÇÃO METODOLÓGICA DOS ARTIGOS SELECIONADOS PARA REVISÃO SISTEMÁTICA CONSIDERANDO PUBLICAÇÕES DE 2015 A 2022

Em relação ao idioma, 87,5% (n=7) são publicações em português (MAGALHAES et al., 2022; PONTE et al., 2022; WEISSHEIMER et al., 2021; BONFIM et al., 2019; MAGALHAES et al., 2020; MAPELLI et al., 2018; SOUSA et al., 2018) e 10% (n=1) estão em inglês (SOELTL et al., 2021). Quanto ao tipo de estudo, 75% (n=6) são estudos descritivos, 12,5% (n=1) refere-se a estudo qualitativo; 12,5% (n=1) à revisão bibliográfica. Após a análise dos artigos, observou-se que o período de publicação variou entre o ano 2018 e 2022.

DISCUSSÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba condições identificadas por algum grau de dificuldade no convívio social, na comunicação verbal e não verbal e interesses característicos por ações realizadas de forma repetitiva. Essas condições surgem ainda na infância, tendem a continuar na adolescência e permanecem quando o indivíduo se torna adulto. Devido à sua capacidade de gerar dificuldades ao indivíduo e ao cuidado, é preciso que o enfermeiro esteja apto em facilitar a rotina dessas pessoas.

Neste sentido, o profissional de enfermagem acompanha o crescimento infantil para prevenir influências não favoráveis e problemas de origens multicausais da infância. As consultas de enfermagem visam priorizar a saúde e evitar a doença, assim, o enfermeiro pode ser o pioneiro na descoberta de sinais relacionados ao autismo infantil (DEL CIAMPO, 2006). O Diagnóstico do enfermeiro, consoante às características apresentadas pela criança englobam os critérios: risco de automutilação; interação social prejudicada e com incapacidade de participar dos contextos sociais; comunicação verbal prejudicada e notável incapacidade de modular a fala, pronunciar palavras e articular frases; distúrbio da identidade pessoal marcado por distúrbio do humor ou do afeto; desenvolvimento retardado; risco para estresse (CARNIELL et al., 2010).

Com relação ao ambiente familiar do portador de TEA, o enfermeiro ao entrevistar as famílias de portadores desta doença observou-se que no início, houve dificuldade da família na percepção dos primeiros sinais atípicos apresentados pelas crianças. As famílias vivenciam situações de vulnerabilidade, visto que redes de apoio são insuficientes. A escola teve papel significativo no reconhecimento de comportamentos inesperados (BONFIM et al., 2019).

Antes do diagnóstico de enfermagem, a família percebe sinais do Transtorno do Espectro Autista; entretanto, acredita que não existem comportamentos suspeitos, mas personalidades próprias da criança. Quando o diagnóstico é definido, a aceitação familiar é aflitiva. A mãe demonstra-se cuidadora principal, enquanto o pai permanece na retaguarda. Constata-se um significativo direcionamento da família para o cuidado/atenção/estímulo à criança autista (MAPELLI et al., 2018).

Ponte et al. (2022) ao estudar sobre a maternidade das mães de crianças com TEA perceberam o quanto elas necessitam de acolhimento e cuidado especializado que ajude a compreender as questões que envolvem a maternidade do filho neuroatípico e suas relações com o mundo, com os outros e, sobretudo, consigo mesmas.

Weissheimer et al. (2021) complementa que ao analisar o apoio institucional às famílias de criança com TEA, concluíram que as fontes de informações utilizadas pelas famílias demonstram uma nova demanda aos profissionais de enfermagem, de forma a integrar o uso de conhecimentos em diferentes fontes, no processo de cuidar em saúde, uma vez que as mães se informam sobre a doença com outras mães e por meio de whatsapp e blogs. O preparo dos familiares para exercer criticidade nos dados acessados torna-se importante para os profissionais e gestores em saúde considerarem os benefícios e as fragilidades que isso representa na saúde das pessoas. O acesso as informações em fontes não formais não substituem a orientação de um profissional habilitado na área do TEA. Cabe ao profissional enfermeiro preparar a família para adquirir o embasamento teórico para atuação profissional no cuidado e que inclua orientações quanto ao acesso a informações; contribui com suporte teórico envolvendo o suporte informacional; do mesmo modo, enseja novas perspectivas a serem exploradas em estudos futuros.

Quanto ao cuidado, Magalhães et al. (2020) explicam que no tratamento infantis voltados ao TEA, o profissional da enfermagem contribui com o acompanhamento durante a consulta com a análise do crescimento, do desenvolvimento, com o acolhimento e com a atuação baseada na integralidade do cuidado da criança e da família, isso possibilita que quer a prestação da assistência se dá de forma holística.

A enfermagem tem como característica o cuidado que oferece às pessoas em seus diferentes quadros clínicos, nisso a Teoria do Cuidado Humano é uma ciência que considera a individualidade de cada pessoa na promoção da assistência com qualidade, dignidade e personalizada. No caso do tratamento de criança com Transtorno autista, considera-se que para cada uma os transtornos se apresentam manifestam de uma maneira diferente, cabe ao profissional de enfermagem estar preparado com uma visão humanística e identificar as principais queixas de cada paciente (SOELTL, et al.,2020).

Sousa et al., (2018) ao observarem o cuidado de enfermagem durante o estágio da grade curricular a criança com TEA, notaram que o profissional contribuiu para promover a saúde biopsicossocial do paciente pediátrico, o qual desenvolveu atendimento humanizado, empatia, vínculo com o paciente e escuta qualificada. Após a intervenção de enfermagem, ocorreu a melhoria do desenvolvimento social da criança; aprimoramento da leitura e escrita, assim como participação durante a aula, melhora da linguagem e expressões e diminuição da irritabilidade. Vale ressaltar que faz se necessário a qualificação de professores e profissionais enfermeiros para estabelecer estratégias de adaptação da criança com TEA.

Dentre as intervenções, o estudo de Oliveira et al. (2021), enfatizam que o uso da musicoterapia é uma ferramenta que pode ser diferencial no tratamento de crianças com autismo, pois atua na socialização e interação, na comunicação, na psicomotricidade e na linguagem, assim aprimorando essas habilidades, a criança adquire mais independência dos seus cuidadores e diminui o isolamento social (BONFIM et al., 2018). 

A criança diagnosticada com TEA possui singularidades específicas, como a tendência ao isolamento, comprometimento de funções cognitivas e linguísticas, mas as intervenções precoces em instituições de saúde, no lar e na escola com estratégias aplicadas de forma sistematizada e com a participação do enfermeiro são substanciais ao progresso biológico, psicológico e social.

CONCLUSÃO

A ideia central desta revisão foi focar na pesquisa referente à atuação da enfermagem na identificação do transtorno do espectro autista. Verificou-se que esta patologia ainda permanece como um grave problema a nível mundial, principalmente devido a sua difícil identificação.

Assim, ficou evidente também que há a necessidade de mais estudos científicos sobre o tema, uma vez que, a atuação da enfermagem ao paciente pediátrico com TEA em é baseada na assistência holística realizada pela equipe possui uma postura humanizada, com empatia e escuta qualificada dos profissionais que visa considerar a inserção dos familiares/cuidadores como parte fundamental no cuidado à essas crianças.

Diferentes estratégias são empregadas no manejo da criança autista com a finalidade de promover resultados exitosos na assistência, tais como: a intervenção musical e o uso de recursos lúdicos, que são utilizados pelos profissionais de Enfermagem, de forma a permitir e ampliar na criança o desenvolvimento da sua autonomia, da comunicação e mudança de comportamentos através de uma interação criativa.

Contudo, foi também possível observar gargalos que podem comprometer a qualidade e eficácia da assistência a esse público nos cuidados primários, como: a falta de coordenação do cuidado, a falta de tempo e de diretrizes de prática, além do déficit na qualificação para cuidar de crianças autistas. Ainda como limitação deste estudo relata-se a escassez de produção científica da assistência à criança autista no contexto da prática de enfermagem, bem como a restrição da análise das publicações em apenas dois idiomas que pode ter dificultado o conhecimento de outras realidades publicadas.

Recomenda-se a realização de pesquisas com metodologia validada que retratem a prática assistencial de enfermagem no âmbito da atenção primária atualmente. Bem como, investimentos na qualificação profissional, planejamento e desenvolvimento de protocolos e diretrizes que orientem a prática clínica do cuidado a criança com transtorno do espectro autista.

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