A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE A ELABORAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM

THE NURSE’S PERFORMANCE FACING THE ELABORATION OF THE NURSING PROCESS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7970876

Ismael Fabricio Vaz¹
Beatriz de Souza Giuseppe Soares²
Orientadora: Viviane de Melo Souza³

RESUMO

Objetivo: Identificar nas evidências científicas a atuação do enfermeiro na elaboração do processo de enfermagem. Método: Trata-se de um artigo de revisão integrativa com abordagem qualitativa. Seguiu-se às fases: 1º Fase: elaboração de pergunta norteadora, 2º Fase: Busca ou amostragem na literatura; 3º Fase: Coleta de dados, 4º Fase: Análise crítica dos estudos incluídos, 5º Fase: Discussão dos resultados, 6º Fase: Apresentação da pesquisa. A coleta de dados nas bases de dados ocorreu em junho de 2022. As buscas foram realizadas por meio do cruzamento dos operadores booleanos AND e OR com os descritores: cuidados de enfermagem, diagnóstico de enfermagem e enfermeiro na Biblioteca Virtual da Saúde, elencando as bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos da América, Base de Dados da Enfermagem, Scientific Electronic Library Online e como critério de inclusão utilizou-se, artigos publicados nos últimos cinco anos, entre 2016 e 2021 em Português e Espanhol que se relacionassem com a temática. E como critério de exclusão considerou-se estudos em duplicidade e que fugisse do objetivo da revisão. As obras selecionadas passaram por uma leitura profunda. Resultados: A pesquisa evidenciou 36.742 artigos, que após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão associado a leitura acurada, restaram apenas 5 artigos que evidenciaram desafios como, a falta de adesão dos enfermeiros ao diagnóstico de enfermagem, sobrecarga de trabalho, desinteresse e dificuldade de aplicação na prática por falta de conhecimento, tempo e incentivos. Discussão: Embora a aplicação da sistematização da assistência de enfermagem seja uma ferramenta de trabalho do enfermeiro, percebeu-se uma incipiência de estudos sobre a temática, compreendendo a atuação do enfermeiro de forma empírica e subjetiva, já que o processo de enfermagem norteia o cuidado e melhora a assistência. Conclusão: A pesquisa em questão possibilitou atingir o objetivo proposto, evidenciando uma aplicabilidade limitada da sistematização da assistência de enfermagem pelos Enfermeiros em suas práticas diárias.

Palavras-Chave: Cuidados de Enfermagem. Diagnóstico de Enfermagem. Enfermeiro.

ABSTRACT

Objective: To identify in scientific evidence the role of nurses in the elaboration of the nursing process. Method: This is an integrative review article with a qualitative approach. Phase 1: elaboration of a guiding question, Phase 2: Search or sampling in the literature; Phase 3: Data collection, Phase 4: Critical analysis of the included studies, Phase 5: Discussion of the results, Phase 6: Presentation of the research. Data collection in the databases that occurred in June 2022. Searches were performed by crossing the Boolean operators AND and OR with the descriptors: nursing care, nursing diagnosis and nurse in the Virtual Health Library, listing the databases: Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences, National Library of Medicine of the United States of America, Nursing Database, Scientific Electronic Library

Online and as a criterion of inclusion used, articles published in the last five years, between 2016 and 2021 in Portuguese and Spanish there are related to the theme. And as exclusion criterion, studies were considered to be duplicated and to escape the objective of the review. The selected works underwent a deep reading. Results: The research showed 36,742 articles, which after applying the inclusion and exclusion criteria associated with accurate reading, there were only 5 articles that showed challenges such as lack of adherence of nurses to nursing diagnosis, work overload, lack of knowledge, time and incentives. Discussion: Although the application of the systematization of nursing care is a work tool of the nurse, it was noticed an incipience of studies on the subject, comprising the role of the nurse in an empirical and subjective since the nursing process guides care and improves care. Conclusion: The research in question made it possible to achieve the proposed objective, showing a limited applicability of the systematization of nursing care by nurses in their daily practices.

Keywords: Nursing Care. Nursing Diagnosis. Nurse.

INTRODUÇÃO

O Enfermeiro em sua plena atuação deve considerar todo o processo de atendimento, incluindo a elaboração de seu diagnóstico de enfermagem. Segundo o NANDA-I (2018) o diagnóstico é voltado para a vida e saúde do indivíduo, de sua família, de sua comunidade, bem como do processo de vida e vulnerabilidades de onde é possível ter um julgamento clínico sobre tal. No que diz respeito ao desenvolvimento deste julgamento clínico aplicado ao paciente é segmentado em focos diferenciados, sendo o primeiro relacionado com foco na problemática, o segundo com foco voltado para o risco e o terceiro e último direcionado à promoção da saúde do indivíduo.

Neste sentido, como aponta NANDA-I (2018) o Enfermeiro lida com a problemática de saúde que engloba não somente indivíduos, mas também famílias, grupos e comunidades. Desta forma, atua uma equipe multidisciplinar composta por Enfermeiros, Médicos, Fisioterapeutas, Assistente Social e Terapeuta Respiratório. O diagnóstico de enfermagem é evidenciado por um problema, risco ou promoção de saúde.

De acordo com NANDA-I (2018) existem diferentes tipos de diagnósticos, o diagnóstico com foco no problema onde se faz necessário um julgamento clínico sobre uma resposta humana, o diagnóstico de risco onde se tem um novo julgamento voltado para a suscetibilidade não somente do indivíduo, mas também de sua família, grupo e comunidade, e na sequência temos o diagnóstico direcionado à promover a saúde do indivíduo, pretendendo intensificar o bem estar e atingir maior potencial humano.

No que se refere a identificar nas evidências científicas a atuação do enfermeiro na elaboração do processo de enfermagem. Silva, Elisama et al. (2011) afirma que, para atender as necessidades do paciente se faz preciso fazer o uso do método o qual exige do profissional uma pensamento crítico, constante atualização e foco nos objetivos e resultados, onde deve ser direcionado com base na ética e padrões de conduta. Desta maneira, tantas regras para elaboração deste método, pode ser fator pelo qual o mesmo pode apresentar-se de maneira insatisfatória em ambientes hospitalares, o qual nos faz voltar o olhar possíveis falhas, desafios, no aprendizado ou na elaboração do mesmo.

Conforme Silveira, et al. (2021) a implementação da SAE a qual abriga o diagnóstico de enfermagem é dificultada por fatores como a sobrecarga de trabalho dos Enfermeiros, complexidade e individualidade do paciente, bem como sua rotatividade, uma vez que a implementação da SAE exige do profissional uma demanda de acompanhamento mais extensa.

A fim de vislumbrar e aplicar o diagnóstico de enfermagem se faz necessário ressaltar que o mesmo faz parte da sistematização de enfermagem (SAE). Silveira, et al. (2021) diz que,

a sistematização de enfermagem é indispensável para a prática do enfermeiro, pois ordena de forma científica e metodológica a prática do cuidado executado pelo mesmo, embora seja perceptível um distanciamento entre enfermeiro e a sistematização, onde os fatores para isso é desmotivação, excesso de múltiplas tarefas e também o desinteresse sobre a ferramenta.

O enfermeiro lida diretamente com diversos pacientes e tarefas, o que demanda um processo de gerenciamento deste cuidado a ser prestado, para tal se faz imprescindível que o mesmo busque sistematizar seu cuidado por meio das cinco etapas metodológicas que organizam o cuidado prestado ao paciente e o processo de enfermagem. A SAE é composta de acordo com COFEN 358/2009 pelas etapas: O histórico de enfermagem onde se investiga o indivíduo, família e comunidade, o diagnóstico é a junção dos dados e informações que culminará na decisão do enfermeiro, o planejamento refere-se ao produto dos resultados que se almeja atingir e consequentemente a etapa de implementação que é a execução das atividades planejadas, enquanto que a etapa de avaliação ou etapa final é o momento ao qual o profissional avalia as respostas e efetividade de suas ações e se seus resultados foram atingidos.

OBJETIVO

Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo identificar nas evidências científicas a atuação do enfermeiro na elaboração do processo de enfermagem.

JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

A escolha da temática abordada se deu por meio das práticas de estágio obrigatório da universidade em ambiente hospitalar, no qual observou-se um déficit de elaboração do diagnóstico de enfermagem o qual faz parte do processo de enfermagem. Esse projeto foi estruturado com foco em identificar nas evidências científicas a atuação do enfermeiro na elaboração do processo de enfermagem. Ao evidenciar tais fatores, será possível aprimorar e buscar intensificar o processo de ensino-aprendizagem.

Indo de encontro com Oliveira et al. (2019) que afirma, todavia é frequente ouvir enfermeiros ressaltando dificuldades ao executar a sistematização do cuidado. Neste sentido, as atividades realizadas pelos Enfermeiros passam de modo mais despercebidos e não se apresentam com sua relevância e importância devida. Outrossim, em consonância com Silva (2017) relata que procedimentos, bem como a assistência prestada torna-se rotineira, onde a preocupação maior é a insuficiência de respaldo científico, já que as ações são prestadas sem vinculação com a SAE.

Ante o exposto, é explícito que a prática de enfermagem quando realizada de forma sistematizada e embasada de modo metodológico por meio da SAE, é possível efetivar um cuidado melhor direcionado e completo ao paciente, além de possibilitar um amparo mais abrangente ao Enfermeiro em suas elaborações. Portanto, sua relevância está ancorada no fato de que ao evidenciar tais problemáticas é possível se aprofundar e intervir de modo a prevenir e desenvolver métodos para que o diagnóstico de enfermagem, bem como o processo de enfermagem sejam executados com maior responsabilidade e frequência, logo corroborando para um serviço em saúde mais qualificado, livre de danos ao cliente e intercorrências, mantendo não somente as condutas éticas e profissionais, como também possuindo total respaldo de suas atividades.

MÉTODO

Trata-se de um artigo de revisão integrativa com abordagem qualitativa, onde segundo Mendes; Silveira e Galvão (2008) trata-se de um modelo de pesquisa onde se faz viável a busca, análise crítica e concomitantemente a síntese da temática pesquisada, onde como resultado final tem-se o conhecimento. Para Minayo (1994, 2000) como abordagem qualitativa uma modalidade de pesquisa a qual busca responder questões particulares, tem foco em um nível de realidade a qual não se pode quantificar, trabalhando com uma gama de significados, crenças, atitudes e aspirações.

Deste modo uma revisão integrativa é composta por fases, onde as seis fases adotadas para trabalhos de revisão integrativa foram: 1º Fase: elaboração de pergunta norteadora, 2º Fase: Busca ou amostragem na literatura; 3º Fase: Coleta de dados, 4º Fase: Análise crítica dos estudos incluídos, 5º Fase: Discussão dos resultados, 6º Fase: Apresentação da revisão integrativa (SOUZA et al., 2010).

A fim de responder ao objetivo deste estudo, formulou-se a seguinte questão de pesquisa: Identificar nas evidências científicas a atuação do enfermeiro na elaboração do Processo de Enfermagem (PE)?

Desta maneira, na primeira fase elaborou-se a pergunta norteadora como principal fator direcionador do estudo, em sequência como segunda fase da revisão integrativa fez-se a busca na literatura por meio do cruzamento dos descritores: Cuidados de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem; Enfermeiro. Para verificar o quantitativo de produções científicas os descritores foram cruzados por meio dos operadores booleanos “AND e OR”, conforme quadro exemplificado abaixo:

Quadro 1 – Cruzamento dos Descritores

Cruzamento Dos Descritores	Totais De Artigos
Diagnóstico de Enfermagem AND (Cuidado de Enfermagem OR Enfermeiro)	185 Artigos

Fonte: Elaboração própria (2022)

Prosseguindo a terceira fase que se trata da coleta de dados nas bases de dados que ocorreu em junho de 2022. As buscas foram realizadas na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), elencando as bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos da América (MEDLINE), Base de Dados da Enfermagem (BDENF), Scientific Electronic Library Online (SCIELO).

A inclusão dos estudos se deu na quarta fase por meio dos seguintes critérios, artigos publicados nos últimos cinco anos, entre 2016 e 2021, estar disponível na forma completa em Português e Espanhol, que abordassem a temática importância da elaboração dos diagnósticos de enfermagem, concomitantemente aos desafios encontrados frente a elaboração do mesmo na assistência. E como critério de exclusão considerou-se estudos em duplicidade e que fugisse do objetivo da revisão. Os artigos pré-selecionados passaram por uma leitura profunda, considerando o título, resumo, análise metodológica e a relação com a temática abordada.

Figura 1 – Fluxograma

Fonte: Elaboração própria (2022)

Realizou-se uma análise de conteúdo para compor a quinta fase da revisão, onde segundo o pensamento de Bardin (2011) é definido como uma técnica de tratamento de dados organizada e metodológica onde se tem a aplicação de recursos de distintas maneiras e formas de comunicação. Por fim, e não menos importante, a sexta fase a qual corresponde à apresentação da obra de revisão integrativa finalizada.

RESULTADOS

Diante dos 5 artigos encontrados foi realizada uma análise crítica dos mesmos onde se avaliou as revistas, modelos de fluxo, a tipificação de trabalhos aceitos por cada uma, locais onde os estudos se deram, bem como a formação de cada autor e os focos das revistas. Por meio desta análise constatou-se que as obras designadas possuem uma totalidade de 30 autores onde destes, a categoria predominante é de Enfermeiros e apenas 1 médico o qual integra uma revista de teor estrangeiro, ressaltando ainda, a contribuição e participação de discentes de enfermagem em duas das obras selecionadas, o que nos remete a pensar sobre a falta de promoção deste modelo de estudo, assim como o incentivo ao mesmo por meio do ambiente acadêmico.

Ao que se refere, a categorização das revistas envolvidas destaca-se os manuscritos, que em sua maioria aceitam artigos originais, artigos de revisão, estudo de caso, estudo reflexivo. Ao que se refere ao foco e objetivo das revistas, de 5 apenas uma é aberta à receptividade de conteúdos mais amplos abrangendo uma área completa como, a ciências da saúde, por outro lado as demais revistas são voltadas somente à enfermagem em sua completude de forma exclusiva.

Visando compreender e correlacionar a dinâmica de publicação pelos periódicos evidenciou-se que dentre os 5 apenas 3 revistas possuem fluxo de publicação continuo, onde as demandas científicas chegam e são direcionadas para análises e consequentemente publicação, enquanto que as outras 2 revistas possuem demanda de fluxo bimestral, o que explicita que os artigos chegam e aguardam a data de publicação que acontece a cada 2 meses.

Ainda sobre a temática publicação, é notável uma diversificação das áreas onde os estudos aconteceram, o que aponta que grande massa dos artigos possui fundamentação e publicação em territórios como Pará – PA, Feira de Santana – BA e Paraíba – PB, o que nos mostra que o nordeste possui um índice de publicações mais elevado o justifica-se por ser um dos estados Brasileiros onde se tem um índice de leitura mais intenso, apesar da região ser considerada incipiente de ensino, quando comparado às demais regiões do Brasil como São Paulo – SP e por último e não menos importante o país Cubano.

Salienta-se ainda a taxa de publicação dessas pesquisas, pois embora o presente estudo possui um recorte temporal de 5 anos, as publicações envolvidas são de metodologias diversas, recentes e em quantidades deficientes, bem como constatou-se que as publicações referem-se ao ano de 2019 a 2021, logo, viu-se que embora haja um aumento quantitativo de publicações em anos sucessivos voltadas para a Sistematização de Assistência de Enfermagem – SAE, assim como a implementação do Diagnóstico de Enfermagem – DE, todavia a ciência carece deste assunto.

Quadro 2 – Detalhamento dos artigos supracitados incluídos na pesquisa.

Artigo Selecionado	Artigo Selecionado	Artigo Selecionado	Artigo Selecionado	Artigo Selecionado
Sistematização daAssistência deEnfermagem segundo o conhecimento de enfermeiros doambulatório de um hemocentro.	Habilidades de pensamento críticopara o processo de raciocíniodiagnóstico em estudantes de enfermagem.	Sistematização da assistência deenfermagem aopaciente com fratura de colo de fêmur.	Completudeinsatisfatória dos registros deenfermeiros nos prontuários dos usuários com tuberculose.	O processo de enfermagem nasconsultas de puerpério em unidades deAtenção Primária em Saúde.
Revista	Revista	Revista	Revista	Revista
REUFSM: Revista De Enfermagem DaUniversidade Federal de Santa Maria.	Revista Cubana de Enfermagem.	Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR.	REBEn – RevistaBrasileira deEnfermagem.	Revista Da Escola de Enfermagem da USP.
Tipos de Manuscritos Aceitos	Tipos de Manuscritos Aceitos	Tipos de Manuscritos Aceitos	Tipos de Manuscritos Aceitos	Tipos de Manuscritos Aceitos
Manuscritos em português, espanhol ou inglês, artigosoriginais, artigos derelato de experiência, artigos de reflexão eartigos de revisão.	Artigos originais, artigos de revisão, estudo de caso e estudo reflexivo.	Artigos Originais,Artigos de revisão, relato de caso e relato de experiência.	Artigos originais, reflexão, relato de experiência e revisão.	Artigo original, revisão sistemática, revisão de escopo, relato deexperiência, estudo teórico e relato deimplementação de evidências.
Local de Realização do Estudo	Local de Realização do Estudo	Local de Realização do Estudo	Local de Realização do Estudo	Local de Realização do Estudo
Pará – PA 2021	Camagüey – CUBA2019	Feira de Santana –BH2021	Paraíba – PB 2021	São Paulo – SP 2020
Formação dos Autores	Formação dos Autores	Formação dos Autores	Formação dos Autores	Formação dos Autores
Enfermeiros.	Enfermeiros e Médico.	Estudante deEnfermagem e Enfermeiros.	Enfermeiros.	Estudantes deEnfermagem e Enfermeiros.
Foco da Revista	Foco da Revista	Foco da Revista	Foco da Revista	Foco da Revista
Divulgar a produção científica daEnfermagem e áreas afins, destinada a acadêmicos,pesquisadores eenfermeiros, bem como profissionais e gestores da saúde.	Divulgar os resultados dainvestigação na área das ciências daEnfermagem através da publicação deartigos científicos com revisão por pares.	Trabalhos inéditos nas áreas dasCiências Biomédicas e da Saúde.	Manuscritos de distintas áreas dosaber que sejam deinteresse da categoria de enfermagem.	Publicar artigos empíricos ou teóricos que representem um avanço significativo para a práticaprofissional ou para os fundamentos da Enfermagem.

Fonte: Elaboração própria (2022)

DISCUSSÃO

Após a leitura crítica e analítica dos estudos evidencia-se a importância da SAE, em associação a isto a resolução do COFEN 358/2009 determina que a Sistematização da Assistência de Enfermagem seja executada em todos os ambientes de saúde, onde a mesma esteja presente.

Destarte, Silveira et al. (2021) afirma que a SAE é uma ferramenta trabalhista de extrema relevância, uma vez que é a responsável pela organização do trabalho do enfermeiro. Contudo, a análise dos estudos em concordância com outras pesquisas científicas, nesta de igual forma foi evidenciada uma incipiência de continuidade, execução e implementação da SAE bem como a elaboração do diagnóstico de Enfermagem o qual é parte do P.E.

Ainda em concordância com temática Silveira et al. (2021) aponta que a aplicabilidade da SAE se apresenta em grande porcentagem de maneira fragmentada e incompleta, sendo fatores associados à esta incompletude, desorganização, falta de interesse, falta de conhecimento ou carência da temática, números elevados de pacientes e execução de distintas atividades laborais, bem como sobrecarga trabalhista, concomitantemente as adversidades do plantão e por último não menos importante, registros inadequados de informações nos devidos prontuários.

Neste sentido, segundo Silva Júnior et al. (2021) aponta que os enfermeiros reconhecem a importância dos registros dos usuários, mas que percebe-se uma baixa predominação de anotações e registro nos prontuários dos pacientes, onde a ausência destas informações impossibilita uma melhor estratificação do caso e consequentemente a formulação do diagnóstico de enfermagem. Diante disso, Silva Júnior et al. (2021) declara que os enfermeiros possuem tendência a executar suas prescrições de enfermagem enfocando na patologia apenas, não levando em consideração os demais determinantes ao qual o paciente está cercado. A prática de registro das ações e cuidados de enfermagem é considerada uma importante etapa da assistência, incluído o pós cuidado já que este serve de respaldo tanto para o profissional, quanto para o paciente. Segundo o COFEN (2012) a resolução nº 429/2012 reforça a relevância e obrigatoriedade dos registros a serem feitos nos devidos prontuários dos pacientes assistidos. Assim sendo, quando o profissional não completa os devidos registros corrobora dificultando os demais processos de enfermagem, evidenciando fragilidades em processos formativos e qualificativos dos registros do processo de assistência de enfermagem, sendo importante ressaltar que deste modo é tendenciosa a prática de estilo assistencial hegemônico associado à ideologia do biomédico que confronta o processo de enfermagem.

Em consonância com o que diz Garcia (2021) que relata que as etapas da SAE que mais aparecem é o histórico de enfermagem, enquanto que o menos frequente é o planejamento, além de grande parte dos prontuários constar déficit de continuidade notando-se até três etapas do processo de enfermagem.

Oliveira (2016 apud SILVA JUNIOR J.N.B, 2021) diz que, se faz preciso intervir na prática do enfermeiro visando o fortalecimento e uma visão holística do paciente, vislumbrando as práxis de enfermagem diante da ferramenta metodológica e organizacional que classifica os diagnósticos de enfermagem com intuito de padronização de linguagem e melhor implementação e adesão dos cuidados de enfermagem.

Estrela (2021) reforça que a implementação da SAE proporciona visibilidade à enfermagem enquanto profissão, além de estimular o científico. Isto posto, é importante pararmos para refletir acerca do contexto histórico da SAE. Santos (2014) alega que, a sistematização da assistência de enfermagem teve início no Brasil com sua implementação voltada apenas para alguns serviços de Enfermagem por volta das décadas de 70 a 80, sendo influenciada por Wanda de Aguiar Horta.

Por outro lado, segundo Kletemberg (2006 apud SANTOS, 2014) assegura que tal metodologia teve sua introdução na década de 20 a 30, em cursos de enfermagem, mais especificamente em unidades de ensino voltados para estudos de casos e planejamentos do cuidado do indivíduo de forma individualizada. Isso nos remete a pensar que embora haja aproximadamente 200 anos de história de Enfermagem, o processo organizacional que torna sistematizado o cuidado é todavia, uma conquista recente, ao compararmos que o mesmo possui apenas 52 anos de implementação no Brasil, se tratando de uma conquista atual, mas que contempla inúmeras lacunas desafiadoras para sua plena aplicabilidade.

Nascimento (2018 apud SILVEIRA, 2021) expõe que as dificuldades encontradas pelos profissionais Enfermeiros durante a aplicação da SAE evidenciaram desmotivação entre os profissionais por dificuldades de liderança do time, resistência de adesão aos planos de cuidados por parte de profissionais técnicos em enfermagem, bem como a falta de tempo por sobrecarga de trabalho e equipe reduzida, sendo tais itens pontos chaves que descontinuam e deterioram a execução do método. Outros desafios podem ser detectados também na educação universitária, como “[…] a geração de novos conhecimentos, o fortalecimento das capacidades éticas, cognitivas, disciplinares, humanísticas e tecnológicas […] (Bonet et. al., 2019, tradução nossa).^[1]

Neste contexto, ao que se refere aos desafios e formação dos Enfermeiros abrange diversas temáticas, objetivando uma formação mais plena e eficiente. Salviano et al., (2016) considera que, um profissional Enfermeiro em seu verdadeiro significado tem relação com a capacidade desenvolvida de olhar desse profissional, sendo este um tipo de cuidado que vai além do físico, transpassando e enxergando o sujeito de forma biopsicossocial. Assim sendo, a Enfermagem se trata de uma prática científica e profissional onde o cuidado é foco, meta e sustentação para o processo de cuidado de saúde dos usuários, com enfoque principalmente no atendimento humanizado e integral ao paciente.

CONCLUSÃO

A pesquisa em questão possibilitou atingir o objetivo proposto, evidenciando uma aplicabilidade limitada da SAE pelos Enfermeiros em suas práticas diárias, onde foram detectados desafios como, a falta de incentivos institucionais, déficit de adesão ao método seja por sobrecarga de trabalho, dificuldades ou desinteresse. Se faz preciso que não somente mais pesquisas sejam desenvolvidas em relação a temática, como também incentivos pelos estabelecimentos de ensino e trabalho, considerando a deficiência exorbitante de estudos relacionados ao assunto.

Neste ínterim, destacamos a necessidade de envolvimento dos profissionais enfermeiros na elaboração e execução dos diagnósticos de enfermagem, haja visto que, se trata de uma metodologia norteadora do cuidado de enfermagem ao paciente. Nesta perspectiva, a revisão integrativa voltada ao diagnóstico de enfermagem identificou a carência de aperfeiçoamento das atividades envolvidas no processo de enfermagem, fazendo-se necessário que o Enfermeiro de posse de suas atribuições passe por treinamentos, participe de atividades de melhorias e implementação da SAE para aprimorar suas habilidades e consequentemente sua qualidade assistencial, uma vez que, o DE se tratar de uma atribuição privativa do enfermeiro.

O presente estudo contribuiu para os discentes trazendo o discernimento sobre os principais pontos desafiadores existentes, em meio às atividades laborais do Enfermeiro mostrando a importância de uma assistência sistemática. Ainda assim, sugere-se maior abordagem e pesquisas voltadas para o tema. Apesar da Sistematização da Assistência ser um

requisito legal conforme orienta o Conselho Federal de Enfermagem do Brasil, percebe-se ainda debates e impasses em sua aplicabilidade no meio assistencial.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L.(2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Resolução COFEN nº 358/2009, de 15 de outubro de 2009. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html>. Acesso em: 17 jun. 2022.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Resolução COFEN nº 429/2012. Dispõe sobre o registro das ações profissionais no prontuário do paciente, e em outros documentos próprios da enfermagem, independente do meio de suporte tradicional ou eletrônico. Disponível em: <www.cofen.gov.br/resoluocofen4292012_9263.html#:~:text=1%C2%BA%20%C3%89%20responsabilidade%20e%20dever,trabalho%2C %20necess%C3%A1rias%20para%20assegurar%20a> Acesso em: 17 jun. 2022.

DA SILVA, Manoel Carlos Neri. Sistematização da assistência de enfermagem: desafio para a prática profissional. Enfermagem em Foco, [S.l.], v. 8, n. 3, nov. 2017. ISSN 2357-707X. Disponível em: <http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/1534>. Acesso em: 17 jun. 2022.

ESTRELA, F. M. et al. Sistematização da assistência de enfermagem aplicada a um idoso com fratura de colo de fêmur. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 25, n. 3, 25 out. 2021. Disponível em: < https://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/7982/4136> Acesso em: 17 jun. 2022.

GARCIA, N. P.; VIANA, A. L.; SANTOS, F.; MATUMOTO, S.; KAWATA, L. S.; FREITAS, K. D. de. The nursing process in postpartum consultations at Primary Health Care Units. Revista da Escola de

Enfermagem da USP, [S. l.], v. 55, p. e 03717, 2021. DOI: 10.1590/S1980-220X2020005103717. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/reeusp/article/view/186122. Acesso em: 14 set. 2022.

LLUCH BONET, Adalberto et al . Habilidades del pensamiento crítico para el proceso de razonamiento diagnóstico en estudiantes de enfermería. Rev Cubana Enfermer, Ciudad de la Habana , v. 35, n. 3, e 2617, sept. 2019 . Disponível em: <http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S086403192019000300004&lng=es&nrm=iso>. Acesso em: 17 jun. 2022.

MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. DE C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto – Enfermagem, v. 17, n. 4, p. 758–764, dez. 2008. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/tce/a/XzFkq6tjWs4wHNqNjKJLkXQ/?lang=pt>Acesso em: 20 jun. 2022.

MINAYO, M. C. S. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social.In:. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 18. ed.Petrópolis: Vozes, 1994. p. 9-29.

NANDA INTERNATIONAL. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 20182020. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

RENATO DE OLIVEIRA, M. et al. Sistematização da assistência de enfermagem: percepção e conhecimento da enfermagem Brasileira Nursing care systematization: perceptions and knowledge of the Brazilian nursing Sistematización de la asistencia a la enfermería: percepción y conocimiento de la enfermería Brasileña ARTIGO ORIGINAL Thereza Maria Magalhães Moreira II. 2019. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/reben/a/ZWvwqvt3P7WGJ7yry9pVpxp/?lang=pt#> Acesso em: 17 jun. 2022.

SALVIANO, MÁRCIA ELLER MIRANDA et al. Epistemologia do cuidado de enfermagem: uma reflexão sobre suas bases. Revista Brasileira de Enfermagem. 2016, v. 69, n. 6, pp. 1240-1245. Disponível em: <www.scielo.br/j/reben/a/pzgdxv7Jk5v9LjDtftjXR9R/?lang=pt#>. Acesso em: 17 jun. 2022.

SANTOS, W. N.; SANTOS, A. M. S. dos; LOPES, T. R. P. S.; MADEIRA, M. Z. de A.; ROCHA, F. C. V. Sistematização da Assistência de Enfermagem: o contexto histórico, o processo e os obstáculos da implantação. JMPHC | Journal of Management & Primary Health Care | ISSN 2179-6750, [S. l.], v. 5, n. 2, p.

153–158, 2014. DOI: 10.14295/jmphc.v5i2.210. Disponível em: https://www.jmphc.com.br/jmphc/article/view/210. Acesso em: 9 nov. 2022 SILVA, ELISAMA GOMES CORREIA et al. O conhecimento do enfermeiro sobre a Sistematização da

Assistência de Enfermagem: da teoria à prática. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 2011, v. 45, n. 6, pp. 1380-1386. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0080-62342011000600015>. Acesso em: 17 jun. 2022.

SILVA JÚNIOR, J. N. DE B. et al. Completude insatisfatória dos registros de enfermeiros nos prontuários dos usuários com tuberculose. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 75, 29 nov. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/CR5hPjv4BYfZ7SbVT3qXbyt/?lang=pt#. Acesso em: 14 set. 2022.

SILVEIRA, A. C. D. A. DA et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem segundo o conhecimento de enfermeiros do ambulatório de um hemocentro. Revista de Enfermagem da UFSM, v. 11, p. e69–e69, 6 out. 2021. Disponível em: < https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/64111> Acesso em: 17 jun. 2022.

SOUZA, M. T. DE; SILVA, M. D. DA; CARVALHO, R. DE. Integrative review: what is it? How to do it? Einstein (São Paulo), v. 8, n. 1, p. 102–106, mar. 2010. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/eins/a/ZQTBkVJZqcWrTT34cXLjtBx/?format=pdf&lang=ptAcesso em: 20 jun. 2022.

[1] La educación universitaria en enfermería, por su parte, presenta actualmente grandes retos, tales son: la generación de nuevos conocimientos, el fortalecimiento de capacidades éticas, cognitivas, disciplinarias, humanísticas y tecnológicas […].

¹Enfermeiro. Especialista em Saúde da Família pela Faculdade Iguaçu (FI).
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1466-9392
E-mail: enfismaelvaz@gmail.com
²Graduanda de Enfermagem pela Universidade do Grande Rio Prof. José de Souza Herdy (UNIGRANRIO AFYA).
Orcid: https://orcid.org/0009-0001-7253-0348
E-mail: beatriz.souza@unigranrio.br
³Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7823-7356
E-mail: viviane.souza@unigranrio.edu.br