REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410071749
Daniela Da Costa De Oliveira
Izana Brasil De Carvalho
Orientador: Yara Thuanny Muniz da Silva Chú
INTRODUÇÃO
Na transfusão de sangue, a atuação do enfermeiro tem um papel fundamental, garanti a segurança do paciente em todas as etapas na terapia transfusional, por prestar uma assistência e o cuidado de forma integral.
Em 2006, o COFEN, através da Resolução 306, normatizou as atividades de enfermagem em hemoterapia, determinando as atribuições do enfermeiro, que consiste em planejar, executar e coordenar a assistência de enfermagem assegurando a qualidade do processo em todo procedimento.
A mesma resolução explicita que as atribuições dos profissionais de enfermagem de nível médio serão desenvolvidas de acordo com a Lei do Exercício Profissional, sob a supervisão e orientação do enfermeiro ou responsável técnico do serviço ou setor de hemoterapia.
A atuação desses profissionais de enfermagem, capacitados, pode minimizar significativamente os riscos aos pacientes que são submetidos a transfusões, se o gerenciamento do processo transfusional ocorrer de forma eficiente. Administração de hemocomponentes, e um procedimento muito comum nos hospitais, é tem sido essencial para salvar vidas.
É um procedimento de alta complexidade, que demanda uma série de conhecimentos, habilidades técnicas, educação continuada, capacitação e responsabilidade para intervir em complicações e reações adversas, o enfermeiro e a equipe de enfermagem são os profissionais que garanti a segurança e a integridade do paciente antes, durante e após transfusão a sanguíneas.
Não apenas em administrar transfusões, mas também devem conhecer suas indicações, providenciar a checagem de dados para a prevenção de erros, orientar os pacientes sobre a transfusão, detectar, comunicar e atuar no atendimento às reações transfusionais e documentar todo o processo (ARAUJO; BRANDÃO; LETA, 2007).
Por outro lado, profissionais sem conhecimentos em hemoterapia e sem habilidades suficientes podem causar complicações e danos importantes aos receptores de sangue (FERREIRA et al., 2007)
A segurança e a qualidade do sangue e hemocomponentes devem ser assegurados em todo o processo, desde a captação de doadores até sua administração ao paciente (REGAN; TAYLOR, 2002).
Por isso, com o enfermeiro atuante em âmbito hospitalar, pode minimizar os riscos ao paciente que irá receber transfusão, e evitar danos, isto inclui desde a elaboração até a execução de protocolos preconizados na instituição, que contribuirá para a segurança e benefício tanto do paciente, quanto a do colaborador.
Na legislação especifica Resolução nº 34 de 11 de junho de 2014, cada instituição passou a treinar e monitorar sua equipe para a realização do procedimentos hemoterapeuticos. (MINISTERIO DA SAÚDE, 2014).
Para uma transfusão segura, faz-se necessário a capacitação frequente dos enfermeiros e da equipe técnica em enfermagem, afim de minimizar riscos ao paciente.
Cuidados para segurança do paciente no ato transfusional, categorizados por etapa. Santa Maria, RS, Brasil, 2020.
Pré-transfusão: Preencher o formulário de requisição completo, obter consentimento informado do paciente, orientar o receptor ou responsável sobre o procedimento informando riscos, benefícios, sinais e
sintomas de reação, coletar amostra de sangue do receptor para testes de compatibilidade, transportar o hemocomponentes à unidade de transfusão em recipiente adequado, avaliar permeabilidade do acesso venoso pré-existente ou obter novo acesso, aferir sinais vitais: temperatura, frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial, antes de iniciar a transfusão, instalar a transfusão em no máximo 30 minutos após retirada do produto da refrigeração, utilizar equipo descartável, livre de pirógenos, com filtro capaz de reter coágulos e agregados, conferir os dados da bolsa do hemocomponentes, comparar a etiqueta da bolsa com o rótulo, prontuário do paciente e requisição da transfusão, observar o aspecto geral do hemocomponente, realizar identificação positiva do receptor comparando os dados referidos com a pulseira de identificação e com os dados da bolsa, realizar dupla conferência dos dados (bolsa e receptor) antes da instalação do hemocomponentes, avaliar necessidade de administração de medicamentos pré-transfusão, utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs).
Transfusão: Instalar transfusão em acesso venoso exclusivo, instalar hemocomponente em infusão lenta, acompanhar o receptor nos primeiros dez minutos da infusão, registrar no prontuário do paciente, observar rigorosamente o tempo máximo de infusão (4 horas), verificar e registrar os sinais vitais 10/15 minutos após instalação e durante a transfusão, monitorar o paciente identificando sinais e sintomas de reações transfusionais, suspeita de reação transfusional interromper a transfusão, comunicar o serviço de hemoterapia e realizar conduta juntamente com médico assistencial.
Pós-transfusão: Salinizar e manter acesso venoso, verificar sinais vitais, registrar no prontuário, descartar a bolsa do hemocomponentes, monitorar o paciente por 24 horas, notificar o evento adverso em caso de reação transfusional.
Nesse contexto, há cuidados de enfermagem nas três etapas do ato transfusional, durante todo o processo o paciente deve ser observado, com a finalidade de identificar e intervir precocemente eventuais reações adversas. A segurança do paciente é um aspecto fundamental.
É primordial que os profissionais de saúde estejam qualificados, capacitados e cientes dos cuidados que norteiam o ato transfusional.
Reações transfusional, ocorre durante (imediato ou em até 24h.ras), após (tardio, depois de 24 horas), e são fisiopatologicamente classificadas como imunes ou não imunesconsiderando, essas possibilidades, a maioria dos pacientes não apresenta reação á transfusão, mas a reação mais frequência são as alergias e febris. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).
Notificação de Reação Transfusional – notificação ao NOTIVISA, o NOTIVISA é o sistema informatizado disponibilizado pela ANVISA para registro das notificações de eventos adversos e queixas técnicas, previsto na Portaria nº 1.660, de 22 de julho de 2009. Por meio dessa normativa, o Ministério da Saúde (MS) instituiu o Sistema de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária (VIGIPOS), que visa monitorar, analisar e investigar eventos adversos e queixas técnicas relacionados aos produtos sob vigilância sanitária na pós-comercialização ou pós-uso. (Ministério da Saúde. Portaria nº 1.660, de 22 de julho de 2009)( Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde).
Em 2011, a ANVISA aprovou o Regulamento Sanitário – RDC nº 34, de 11/06/2014, que estabeleceu os requisitos de boas práticas para os serviços de hemoterapia que desenvolvem atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue e componentes e para serviços de saúde que realizam procedimentos transfusionais. Objetivando garantir a qualidade de todos os processos, dos produtos e a segurança na transfusão, com a finalidade de reduzir riscos sanitários.
Por meio desse normativo, ficou estabelecido que a notificação dos eventos adversos, ocorridos em quaisquer etapas do ciclo do sangue, deve ser feita, quando necessária, ao sistema de vigilância sanitária pelo serviço onde houve a ocorrência.
Partindo dessa premissa, o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), que objetiva contribuir para a qualificação do cuidado em saúde, trouxe, como uma das ações de promoção da melhoria da segurança do cuidado em saúde, a proposição e validação de protocolos, guias e manuais relativos à prescrição, transcrição, dispensação e administração de sangue e hemoderivados.
Considerando que a ANVISA recomenda que as equipes locais avaliem suas taxas de reação transfusional e promovam ações de melhoria na redução desses indicadores, faz-se necessário sistematizar, uniformizar e padronizar a comunicação, que é o processo de transmissão de informações sobre ocorrência de eventos adversos relacionados ao ato transfusional a ser feita ao serviço de hemoterapia; e a notificação, que consiste na informação eletrônica à Vigilância Sanitária.
Esse protocolo deverá ser adotado por todos os Hospitais – unidades assistenciais, Núcleos de Hematologia e Hemoterapia (NHH), Núcleos de Qualidade e Segurança do Paciente (NQSP) – e pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), com o objetivo de garantir o registro do histórico transfusional dos pacientes em seus prontuários, bem como a comunicação e a notificação de reações transfusionais e a sua devida investigação e tratamento.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL:
- Descrever as atribuição do enfermeiro durante a administração de Hemoderivados.
- Descrever, as etapas do ato transfusional, para garantir a segurança do paciente e uma transfusão segura e eficaz.
- Descrever os principais cuidados de enfermagem exercido pelo enfermeiro e equipe assistencial de enfermagem.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Elaborar com profissionais de enfermagem, um instrumento de monitorização do paciente submetido a transfusão sanguínea.
- Avaliar a prática clínica à beira do leito e promover as melhores práticas para a administração de sangue.
- Entender o processo de verificação pré- transfusão da perspectiva de quem administra os produtos derivados do sangue.
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata se de um estudo de revisão integrativa da literatura, realizado no período de maio a setembro de 2024. O levantamento dessa pesquisa foi realizado apartir de estudos selecionados na Biblioteca Virtual de Saúde, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e SciVerse Scopus (SCOPUS).
Foram utilizados como critérios de inclusão: artigos publicados no período de 2016 a 2023, disponíveis na íntegra, nos idiomas português, usado as seguintes palavras-chaves: Segurança do Paciente no Ato Tranfusional, Enfremeiro como Protagonista na Segurança Tranfusional e Atuação do Enfermeiro na Hemotransusão.
Após critérios de inclusão e exclusão, aplicação de filtros, leitura dos títulos, resumos e leitura na íntegra, 7 artigos atenderam aos objetivos propostos no presente estudo.
Consiste em entender o processo de boas práticas de cuidado antes, durante e após a transfusão sanguínea, ênfase da atribuição do enfermeiro e da equipe assistencial de enfermagem. No qual irá avaliar riscos e identificar medidas preventivas para reduzir os riscos na transfusão de sangue.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para proporcionar um atendimento seguro, as boas práticas do ato transfusional, devem ser cumpridas as normas e regulamento técnico.
Os estudos evidenciaram que as etapas do ato transfusional devem ser executadas por profissionais qualificados.
Para garantir assistência ao paciente com qualidade, e a identificação de eventos adversos, é primordial que a capacitação é especialização seja fornecida a todos os profissionais atuante na área de hemotransfusão, através da educação continuada e treinamentos.
É importante também a implantação de protocolos, manuais, procedimentos operacionais padrões, tipo check list e verificação, são essenciais no processo e monitoramento da hemotransfusão, bem como, o fornecimento de epi’s e materiais seguros e confiáveis.
3. CONCLUSÃO
Portanto, conclui- se, a importância da assistência do enfermeiro aos paciente submetido a transfusões, pois exercem um papel fundamental na segurança transfusional, no entanto devem estar capacitados e qualificados para manejar de forma segura, eficaz e de assumir esta responsabilidades, prestando uma assistência de enfermagem com excelência, afim de diminuir ou até mesmo eliminar riscos a vida dos pacientes.
Estando capacitado, este profissional estará habilitado a manusear, identificar e prevenir reações adversas, pois o acompanhamento dos cuidados de enfermagem é essencial para a segurança durante as transfusões de sangue e hemoderivados.
Para abordar essa questão, é necessário que novos estudos sejam realizados para aprofundar o conhecimento sobre a atuação do enfermeiro e a segurança do paciente no ato transfusional, para fomentar e desenvolver diretrizes para colocar em pratica de forma mais eficaz à assistência oferecida.
Cabe lembrar a responsabilidade as organizações de saúde, devem investir em programas educacionais para a educação continuada e capacitação aos profissionais de enfermagem, garantindo uma assistência cada vez melhor. Essa abordagem não apenas reforça a segurança e qualidade no atendimento aos pacientes, mas também contribui para a construção e consolidação desses profissionais, elevando a valorização profissional, frente à sociedade e as demais profissões.
REFERÊNCIAS
COFEN – Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN nº306/2006. Brasília, DF, 2006.
FERREIRA, O.; MARTINEZ, E. Z.; MOTA, C. A.; SILVA, A. M. Avaliação do conhecimento sobre hemoterapia e segurança transfusional de profissionais de enfermagem. Rev Bras Hematol Hemoter., v. 29, n. 2, p. 160-167, 2007.
REGAN, F; TAYLOR, C. Recent developments. Blood transfusion medicine, BMJ, v. 323, p. 43-147, 2002.
ARAUJO, K. M.; BRANDÃO, M. A. G.; LETA, J. Um perfil da produção científica de enfermagem em hematologia, hemoterapia e transplante de medula óssea. Acta Paul Enferm., v. 20, n. 1, p. 82-86, 2007.
Ministério da Saúde/ Anvisa. Resolução Nº 34, 11 de Junho 2014: dispõe sobre as boas práticas no ciclo do sangue. BRASÍLIA, 2014.
Revista Eletronica- UFTM (Rev Enferm Atenção Saúde [Online]. Jul/Out 2023; 12(3):e202396
Ministério da Saúde/ Anvisa. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 01, DE 17 DE MARÇO DE 2015
ANVISA para registro das notificações de eventos adversos e queixas técnicas, previsto na Portaria nº 1.660, de 22 de julho de 2009.
(Ministério da Saúde. Portaria nº 1.660, de 22 de julho de 2009) (Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde).