A ATUAÇÃO DA ENFERMEIRA OBSTÉTRICA NO PARTO NORMAL HUMANIZADO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202408092308


Ana Paula Borges Damasceno1,
Roberta Mayara Alves de Souza2


RESUMO 

A humanização é o processo de pensar no ser humano com respeito, cuidado e com condições benevolentes e gentis. Essa condição é fundamental na realização do parto, buscando promover assistência integral a mulher e ao seu filho. O presente trabalho teve como objetivo compreender a atuação da enfermeira obstétrica no processo de parto natural humanizado. Pautada em uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, por meio de uma revisão sistemática, buscou examinar os estudos e discussões realizadas por diversos autores referente ao papel da enfermagem no parto humanizado. Dessa forma, verificou-se, por meio dessa pesquisa, que para um parto normal humanizado eficiente e seguro é fundamental a presença de enfermeiras obstétricas que contribuem na atenção ao parto, no cuidado e valorização dos desejos das mães, bem como no cuidado ao pós-parto. 

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem. Humanização. Obstetra.

1 INTRODUÇÃO

A enfermagem desempenha um papel importante e multifacetado na sociedade, oferecendo cuidados essenciais que promovem a saúde, previnem doenças e ajudam na recuperação de pacientes. A atuação dos profissionais de enfermagem vai além do simples atendimento clínico; envolve uma abordagem holística que integra aspectos físicos, emocionais e sociais do cuidado. Os enfermeiros e enfermeiras são responsáveis por uma ampla gama de atividades, desde a administração de medicamentos e monitoramento de sinais vitais até a educação de pacientes e famílias sobre cuidados de saúde. Além de colaboram estreitamente com médicos e outros profissionais de saúde para garantir um atendimento integrado e eficaz. 

Dentre os diversos campos de atuação do profissional de enfermagem, tem-se destacado nos últimos anos, a enfermagem obstétrica, que é uma especialidade essencial dentro da profissão de enfermagem, focada na saúde da mulher durante a gravidez, o parto e o pós-parto. Esses profissionais desempenham um papel importante no acompanhamento e suporte à mulher grávida, proporcionando cuidados que vão desde a avaliação pré-natal até o acompanhamento no pós-parto. Assim, a enfermagem obstétrica auxilia no monitoramento da saúde materna e fetal, identificando possíveis complicações e intervindo quando necessário, sempre almejando a segurança e o bem estar tanto da mãe quanto do bebê. Além disso, oferecem orientação e apoio emocional, preparando as mães para o parto e ajudando-as a adaptar-se às mudanças que ocorrem após o nascimento. Essa orientação tem papel fundamental, principalmente, quando a via de parto é normal humanizado. 

O parto é considerado um evento fisiológico e a atenção e incentivo ao parto normal tem mudado ao longo do tempo, principalmente voltado a via de atenção pautada em um parto humanizado. Antigamente, os partos eram realizados por parteiras, com o passar do tempo e o avanço do conhecimento científico, as parteiras começaram a se especializar em enfermeiras obstétricas, as quais tem ganhado espaço nas discussões da área médica por contribuir na humanização dessa assistência.

Com isso, este artigo tem como objetivo compreender a atuação da enfermeira obstétrica no processo de parto natural humanizado. Além de discutir sobre as particularidades do trabalho de parto e suas etapas, e descrever as contribuições da enfermeira obstétrica na assistência antes, durante e depois do parto.  

Este estudo se justifica pela importância da atuação da enfermagem obstétrica no parto natural humanizado e como forma de divulgação desse importante e necessário trabalho realizado, sendo um meio de incentivar e informar as mães a se prepararem para essa via de parto que possibilita melhores condições de saúde para si e para os bebês. 

Para tanto, optou-se por uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, por meio de uma revisão sistemática que buscou examinar os estudos e discussões realizadas por diversos autores referente a atuação da enfermagem obstétrica. A pesquisa bibliográfica proporciona a coleta, compreensão, análise e síntese das fontes confiáveis de estudos encontradas em artigos, livros e publicações de sites acadêmicos. Assim, esse tipo de pesquisa permite “identificar, reunir e analisar as principais contribuições teóricas sobre um evento, assunto ou conceito específico” (Marconi; Lakatos, 2017, p.114).

Sendo assim, essa pesquisa se estruturou nas seguintes seções: introdução, apresentou o panorama da temática em discussão, os objetivos e metodologia da pesquisa; o desenvolvimento que discorreu sobre tópicos importantes para a compreensão da temática em pauta, como os fundamentos do parto normal humanizado, o papel da enfermeira obstétrica no parto, técnicas utilizadas por essa profissional que auxiliam nos estágio do trabalho de parto, a integração da enfermeira obstétrica com outros profissionais de saúde e os benefícios do parto normal humanizado para a saúde materna e neonatal, em seguida, nas considerações finais apresentaram-se as conclusões da pesquisa fundamentadas pela análise das discussões realizadas sobre a temática e sugerido pesquisas futuras para poderem expandir a discussão do tema, e por fim, as referências apresentaram as informações dos autores citados no decorrer da pesquisa.

2 DESENVOLVIMENTO

Para compreender a atuação da enfermeira obstétrica no processo de parto natural humanizado, é importante abordar diversos aspectos que contribuem para o desenvolvimento e contribuições dessa profissional na área da saúde, principalmente, os princípios de um parto normal humanizado que possibilita o respeito aos direitos da mulher, autonomia, privacidade e apoio as decisões para o trabalho de parto. 

O parto normal humanizado é um tipo que promove um ambiente de parto respeitoso e colaborativo, onde os direitos e a autonomia da mulher são valorizados, bem como o suporte emocional e as decisões informadas são priorizados. Essa via de parto visa proporcionar uma experiência de parto mais positiva e significativa, tanto para a mãe quanto para o bebê.

Para tanto, nas próximas seções são discutidos aspectos que envolvem os princípios do parto normal humanizado, o papel da enfermeira obstétrica nesse parto, as técnicas desenvolvidas nesse processo e a relação da enfermeira obstétrica com outros profissionais da saúde. 

2.1 Os fundamentos do parto normal humanizado 

O parto normal pode ser definido como aquele que acontece de forma espontânea e sem risco identificado no início do trabalho, em que a criança nasce em posição de vértice entre 37 e 42 semanas completas de gestação e que após sua realização, mãe e criança estejam em boas condições de saúde. 

O processo de trabalho de parto é geralmente dividido em três estágios, cada um com características distintas e importantes para a chegada do bebê, que se inicia desde as primeiras contrações até a expulsão do bebê. A figura 1 abaixo traz uma representação dos estágios de dilatação, expulsão e dequitação. 

Figura 1 – Etapas do parto normal/vaginal

Fonte: Google Imagens.

O primeiro estágio do parto é o mais longo e é dividido em duas fases: a fase latente e a fase ativa. A fase latente é marcada pelo início das contrações, que são geralmente leves e irregulares, em que o colo do útero começa a se amolecer e a dilatar lentamente. Esta fase pode durar várias horas, e a dilatação do colo do útero avança de 0 a cerca de 4 centímetros. Posteriormente, na fase ativa, as contrações tornam-se mais intensas, regulares e frequentes. O colo do útero continua a dilatar, agora de 4 a 7 centímetros. Durante esta fase, a intensidade das contrações e o desconforto aumentam, e é quando a mulher pode precisar de suporte adicional e estratégias para lidar com a dor. No final desse estágio, o colo do útero já dilatou de 7 a 10 centímetros, as contrações são muito intensas e frequentes, e a mulher pode experimentar uma sensação de pressão intensa, sendo o momento em que ela já está quase pronta para começar a fase de empurrar.

O segundo estágio começa quando o colo do útero está completamente dilatado (10 centímetros) e termina com o nascimento do bebê. Durante este estágio, a mulher sente uma forte vontade de empurrar devido à pressão da cabeça do bebê na pelve. As contrações continuam a ajudar na descida do bebê através do canal de parto. A duração deste estágio pode variar significativamente, desde alguns minutos até várias horas, especialmente para mães de primeira viagem. A posição da mãe e a técnica de empurrar podem ser ajustadas para facilitar o nascimento, e a equipe de saúde auxilia durante o processo, monitorando a saúde da mãe e do bebê. Quando a cabeça do bebê emerge, pode haver um momento de pausa antes do restante do corpo ser nascido.

Por fim, no terceiro estágio, a dequitação, ocorre após o nascimento do bebê e envolve a expulsão da placenta. A placenta se descola da parede do útero e é expelida através das contrações uterinas contínuas. Após a expulsão da placenta, a equipe de saúde verifica se há sangramentos e realiza a revisão do útero para garantir que não restaram fragmentos da placenta. Logo, a mãe e o bebê são então avaliadas, e a equipe de saúde ajuda a iniciar o processo de amamentação e adaptação pós-parto.

Essas fases do trabalho de parto evidenciam o quanto é importante que a mulher tem autonomia nesse processo e seja respeitada. A autonomia da mulher é um princípio fundamental do parto normal humanizado, pois ela tem o direito de tomar decisões informadas sobre seu parto, incluindo o tipo de parto desejado, as posições durante o trabalho de parto e as intervenções médicas. O parto normal humanizado é uma forma de possibilitar que esses direitos da mulher sejam respeitados ao longo de toda a experiência do parto, com privacidade e apoio emocional. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, humanizar o parto é proporcionar condutas e práticas que respeitam o processo natural e fisiológico da parturiente e do recém-nascido. Assim, o corpo feminino é tratado como um organismo que possui processos hormonais que envolvem o nascimento de uma criança, desvinculando a premissa que o corpo humano é uma máquina complexa (UNICEF, 2021).

Nesse sentido, Baldisserotto (2015) defende que o conceito da humanização ao trabalho de parto e ao parto remete a viabilização das práticas que respeitam os direitos humanos e reprodutivos da mulher. Logo, permite que autonomia da mulher gestante seja respeitada durante o processo de seu trabalho de parto, indo na contramão do processo de medicalização e institucionalização do corpo feminino que tem se instituído nos últimos anos. Ademais, evidencia que os altos índices de cesáreas eletivas sem indicação médica real das quais gestantes são submetidas na atualidade, desvaloriza os seus direitos e o processo biológico do seu corpo.

Desse modo, para que o parto normal seja humanizado é imprescindível que se obtenha no atendimento reconhecimento da individualidade de cada parturiente, tenha vínculo e confiança com a equipe que auxilia a mulher no trabalho de parto. Assim, a atuação de enfermeiras obstétricas auxilia no parto, buscam garantir que os direitos e desejos da mãe sejam respeitados e cumpridos, além de assumir um papel de coadjuvante no processo de parturição, promovendo um cuidado seguro onde a gestante torna-se a protagonista no momento.

2.2 O papel da enfermeira obstétrica no parto humanizado e as técnicas desenvolvidas nesse processo

A enfermeira obstetra desempenha um papel fundamental na implementação do parto normal humanizado, promovendo um ambiente de respeito, suporte e colaboração. Sua atuação é crucial para assegurar que o parto ocorra de maneira segura e alinhada com as preferências e necessidades da mulher.

A enfermeira obstétrica é a profissional qualificada para atuar na assistência do pré-natal, parto e pós-parto, em que além da formação em enfermagem, deve ter formação de especializações e/ou programas multiprofissionais de residência em saúde materno infantil e/ou saúde da mulher e de enfermagem obstétrica. Atualmente, esses cursos de especialização em enfermagem obstétrica têm foco na compreensão do fenômeno reprodutivo como natural, saudável e centrado na mulher, além de valorizar as habilidades técnicas do profissional, discutir sobre a importância da tomada de decisão, da autonomia e da valorização do trabalho em equipe interdisciplinar (Cassiano et al., 2021).

A enfermeira obstétrica é responsável pelo acompanhamento da gestante em todas as fases da gestação e estão preparadas e qualificadas para a identificar os problemas que venham a ocorrer, com manejo clínico rápido e adequado de acordo com as orientações da equipe médica parceira, proporcionando implementações dos cuidados a serem realizados de maneira a assegurar a vida da criança e da mãe (Aymberé; Oliveira; Guidi Júnior, 2020).

Essa profissional pode atuar em diversos aspectos no processo de parto, como fornecer educação contínua à mulher e sua família sobre o processo do parto, as opções de manejo da dor e as etapas do trabalho de parto. Assim, pode esclarecer dúvidas e preparar a mulher para as diversas fases do parto, ajudando-a a entender o que esperar e como se organizar para cada fase, permitindo que a gestante tome decisões mais seguras e confiantes sobre seu parto.

Com isso, a enfermeira obstétrica tem o papel de criar um ambiente que respeite a dignidade da mulher, garantindo privacidade e conforto durante todo o processo do parto. Buscando promover a autonomia e a participação ativa da mulher nas decisões sobre seu parto, oferecendo informações claras e completas sobre as opções disponíveis e as possíveis intervenções. Essas atitudes incluem a preparação do ambiente para que seja o mais confortável e íntimo possível, respeitando as preferências da mulher quanto à presença de familiares e amigos, e minimizando a intervenção de pessoas não autorizadas; além de incentivar a gestante a expressar suas preferências e desejos, e auxiliar na elaboração de um plano de parto, ajudando a esclarecer como suas preferências podem ser integradas ao plano de cuidados.

Além disso, a enfermagem obstetra atua como intermediária entre a mulher e a equipe médica, facilitando a comunicação clara e eficaz, possibilitando que as preocupações e desejos da mãe sejam ouvidos e considerados pela equipe de saúde, ajudando a coordenar as ações e a garantir que todos estejam alinhados com o plano de parto acordado. 

Desse modo, a enfermagem obstétrica pode implementar técnicas e procedimentos durante todo os estágios do parto, que buscam estimular as fases do parto normal humanizado, respeitando o processo fisiológico do nascimento da vida humana (Medeiros et al., 2016). Dentre a diversidade de técnicas utilizadas, destacam-se como mais utilizadas: 

acupuntura, acupressão, bola suíça, musicoterapia, técnicas de respiração, banho de aspersão, aromaterapia e as terapias térmicas. Os métodos de acupuntura e acupressão ajudam na subjetividade e nos aspectos fisiológicos da dor. O uso da bola suíça reduz a dor e ajudam na progressão do trabalho de parto, uma vez que ajudam o feto adotar a posição vertical. A musicoterapia, técnicas de respiração, banho de aspersão e aromaterapia proporcionam relaxamento e diminuição da ansiedade, já as terapias térmicas ajudam para analgesia das regiões que estão doloridas (Martins, et. al. , 2022, p. 53).

O desenvolvimento dessas técnicas e procedimentos é importante por serem métodos não farmacológicos para o alivio da dor e evolução do trabalho de parto, possibilitando que o parto seja um momento mais prazeroso para puérpera.

Outro papel importante que pode ser executado por esta profissional é a promoção do contato pele a pele entre a mãe e o bebê, logo após o nascimento. Esse contato imediato além de ser importante para o bem-estar emocional e físico de ambos, favorece o início do processo de amamentação, abrindo caminhos para que essa experiência de amamentar seja positiva e bem-sucedida.

Além disso, a enfermeira obstetra também desempenha um papel vital no acompanhamento pós-parto, ajudando a mãe a se adaptar às mudanças e oferecendo suporte na recuperação. Ela monitora a saúde física e emocional da mãe, oferece orientações sobre cuidados com o recém-nascido e aborda quaisquer preocupações que possam surgir após o parto.

Portanto, a enfermeira obstetra é um profissional fundamental no parto normal humanizado, promovendo um ambiente de respeito, suporte e autonomia. Sua atuação garante que a mulher tenha uma experiência de parto segura, informada e adaptada às suas necessidades e desejos, contribuindo para um parto mais positivo e satisfatório. É importante considerar que para sua atuação satisfatória é importante que a enfermeira obstétrica tem uma boa relação de trabalho coletivo com os demais profissionais da saúde envolvidos no processo de parto.

2.3 A relação da enfermeira obstétrica com outros profissionais da saúde

No contexto do parto humanizado, a enfermeira obstetra desempenha um papel crucial na coordenação e integração com outros profissionais de saúde para garantir uma assistência respeitosa e centrada na mulher. A colaboração entre enfermeiras obstétricas, obstetras, pediatras, doulas e outros profissionais é fundamental para proporcionar um atendimento integrado e seguro. 

Amaral et. al. (2019) ressalta que para que ocorra um parto normal humanizado efetivamente é necessária uma assistência colaborativa entre o médico, a enfermeira obstétrica e demais profissionais envolvidos no processo, para que todos os aspectos relacionados ao cuidado à mulher e ao neonato se concretizem. 

Desse modo, as enfermeiras obstétricas e obstetras devem trabalhar em estreita colaboração durante todo o processo do parto. A enfermeira obstétrica monitoriza o progresso do trabalho de parto e os sinais vitais da mãe e do bebê, e comunica qualquer alteração ou preocupação ao obstetra. Ela auxilia na implementação do plano de parto acordado com o obstetra e está envolvida na tomada de decisões sobre intervenções médicas, se necessário. A comunicação eficaz entre a enfermeira e o obstetra garante que o parto seja conduzido de acordo com as diretrizes clínicas e as preferências da mulher (Aymberé; Oliveira; Guidi Júnior, 2020).

Ademais, a relação da enfermagem obstetra com os pediatras é essencial para assegurar a saúde do recém-nascido após o parto. A enfermeira obstetra coordena a transição do bebê para os cuidados pediátricos, garantindo que a equipe de pediatria esteja preparada para a avaliação imediata do recém-nascido. Ela também colabora com os pediatras para monitorar a condição do bebê, oferecer cuidados neonatais adequados e garantir que quaisquer preocupações sejam tratadas prontamente. A comunicação entre a enfermeira obstetra e o pediatra ajuda a garantir que o bebê receba uma avaliação completa e que as necessidades neonatais sejam atendidas (Baldisserotto, 2015).

Outro profissional da saúde que se destaca no parto normal humanizado e precisa trabalhar em conjunto com a equipe são as doulas. Conhecidas como mulheres que servem, as doulas são profissionais que realizaram formação específica para tal, com conhecimento de anatomia e fisiologia do parto, aromaterapia, massagens, dentre outras técnicas. As doulas tem a função de amparar as gestantes e dar suporte ao trabalho de parto, de forma física, emocional e companheirismo.  A enfermeira obstétrica colabora com a doula para garantir que o plano de parto da mulher seja respeitado e que suas necessidades sejam atendidas. A doula pode fornecer técnicas de alívio da dor e suporte contínuo, enquanto a enfermeira obstetra cuida das necessidades clínicas. Essa colaboração promove um ambiente de parto mais acolhedor e centrado na mulher, combinando suporte emocional e cuidado médico (Barbosa et. al., 2018).

Além de obstetras, pediatras e doulas, outros profissionais, como fisioterapeutas especializados em saúde pélvica, psicólogos e nutricionistas, podem fazer parte da equipe de cuidados. A enfermeira obstétrica coordena com esses profissionais para atender a necessidades específicas da mulher, como o manejo de condições preexistentes, suporte psicológico e orientação nutricional. Essa abordagem multidisciplinar garante uma assistência holística e personalizada, abordando todos os aspectos do bem estar da mãe e do bebê. Ademais, uma comunicação aberta e a coordenação entre todos os profissionais de saúde são fundamentais para garantir uma assistência integrada, assegurando que todos os membros da equipe estejam bem informados e possam atuar de maneira coordenada e eficaz.

Portanto, a integração eficaz entre a enfermeira obstétrica e outros profissionais de saúde, como os citados anteriormente, é essencial para garantir um parto normal humanizado que seja seguro, respeitoso e centrado na mulher. A colaboração e comunicação contínuas entre todos os membros da equipe permitem uma assistência integrada e adaptada às necessidades específicas de cada parturiente, promovendo uma experiência de parto mais positiva e satisfatória.

3 CONCLUSÃO

No decorrer desse estudo foi discutido sobre a importância da enfermeira obstétrica no parto normal humanizado. Para tanto, teve como objetivos compreender a atuação da enfermeira obstétrica no processo de parto natural humanizado, discutir sobre as particularidades do trabalho de parto e suas etapas, e descrever as contribuições da enfermeira obstétrica e demais profissionais da saúde na assistência antes, durante e depois do parto.  

Ao longo da discussão ficou evidente que a enfermeira obstétrica desempenha um papel essencial e multifacetado no parto normal humanizado, sendo uma peça chave para garantir uma experiência de parto segura, respeitosa e centrada na mulher. Sua atuação vai além das tarefas técnicas e clínicas; sendo fundamental na criação de um ambiente acolhedor e de suporte, que respeita a dignidade e as preferências da parturiente. Ao promover a autonomia da mulher e facilitar sua participação ativa nas decisões sobre seu parto, a enfermeira obstétrica assegura que as escolhas da parturiente sejam respeitadas e integradas ao plano de cuidado.

Além disso, a enfermeira obstétrica colabora de forma estreita com outros profissionais de saúde, como obstetras, pediatras, doulas e fisioterapeutas, para oferecer uma assistência integrada e coordenada. Essa colaboração garante que todas as necessidades da mãe e do bebê sejam atendidas de maneira eficaz, respeitando as diretrizes clínicas e promovendo o bem-estar de ambos.

O suporte emocional contínuo, a educação informada e o cuidado personalizado oferecidos pela enfermeira obstétrica são fundamentais para uma experiência de parto mais positiva e satisfatória. Sua habilidade em equilibrar o cuidado técnico com a empatia e o respeito pelas preferências da mulher é o que define a essência do parto normal humanizado. Desse modo, o papel da enfermeira obstetra é crucial para transformar o processo de parto em um evento mais humano, significativo e centrado na mulher, contribuindo para uma experiência de parto que valoriza tanto a saúde quanto a dignidade.

Portanto, as discussões realizadas neste trabalho são relevantes para área da enfermagem e todos os profissionais envolvidos, pois populariza uma temática importante e que precisa se expandir no meio obstétrico para que cada vez mais o parto normal humanizado seja incentivado e indicado. Além disso, é importante que pesquisas futuras sejam realizadas, como pesquisas de campo e estudos de casos, para análises mais aprofundada da atuação da enfermeira obstétrica no parto normal humanizado.

4 REFERÊNCIAS

AMARAL, R. DA C. S. et al,. The insertion of the nurse midwife in delivery and birth: obstacles in a teaching hospital in the Rio de Janeiro state. Escola Anna Nery, v. 23, n. 1, p. 1-10, 2019. Doi: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2018-0218.

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LAKATOS, E. M; MARCONI, M.A. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2017.

MARTINS, G. A.; DEPIERI, M.; SILVA, L. S.; DANTAS, L. F. S.; ITIYAMA, A. F. A.; REBELATO, A. M. S.; MARCONI, C. B. O papel da enfermeira obstétrica no trabalho de parto normal de risco habitual. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, v. 41, p. 50-56, 2022. 

MEDEIROS, A. L., et al. Avaliando diagnósticos e intervenções de enfermagem no trabalho de parto e na gestação de risco. Porto Alegre: Revista Gaúcha de Enfermagem, v.37, n. 3, 2016. Doi: http://dx.doi.org/10.1590/19831447.2016.03.55316.

UNICEF. Assistência ao parto e nascimento: uma agenda para o século 21. 1ª Ed. Brasília: UNICEF, ReHuNa, 2021. 148 p.


1Especialista em Gestão de Bloco Cirúrgico: Recuperação Anestésica, Central de Material e Esterilização pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás; Graduada em Enfermagem pela Universidade Vale do Rio Verde; E-mail: ana21damasceno@icloud.com

2Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás; Graduada em Enfermagem pela Universidade Paulista; E-mail: robertaamayara@hotmail.com