A ATIVIDADE LÚDICA NO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PEDIÁTRICO EM UM HOSPITAL PÚBLICO

PLAYFUL ACTIVITY IN PEDIATRIC PHYSIOTHERAPEUTIC TREATMENT IN A PUBLIC HOSPITAL

LA ACTIVIDAD DE JUEGO EN TRATAMIENTO FISIOTERAPÉUTICO PEDIÁTRICO EN UN HOSPITAL PÚBLICO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12803072


Paula Regina Prates Leite1
Nayara Alves de Sousa2
Karine Orrico Góes3
Giovanna Porto dos Santos4
Geovana Sammea Felix de Brito Fernandes5


Resumo

Esse trabalho teve como objetivo verificar a presença e o perfil dos recursos lúdicos utilizados no tratamento fisioterapêutico pediátrico em um hospital público. Trata-se de um estudo transversal descritivo, desenvolvido em um hospital público do interior da Bahia. A amostra foi formada por conveniência e composta por 20 familiares de crianças até 11 anos internadas há, no mínimo, 24 horas no setor de pediatria desse hospital e que tivessem realizado pelo menos três sessões de fisioterapia. Foram excluídos os familiares com idade inferior a 18 anos. Aos acompanhantes, foi aplicado um questionário composto por questões referentes ao perfil das crianças e quanto à utilização da ludicidade durante o atendimento fisioterapêutico. Os dados coletados foram analisados de forma estatística descritiva em frequência, e posteriormente, apresentados como forma de números absolutos e percentuais.  Os resultados obtidos apontam que 25% dos atendimentos de fisioterapia analisados fizeram uso de recursos lúdicos, do tipo bola de soprar e de sabão, boneca, carrinho, pintura e desenhos. Todos esses atendimentos de fisioterapia que fizeram uso de recursos lúdicos estavam relacionados à atuação respiratória, e a maioria com idade pré-escolar. Assim, os recursos lúdicos ainda são escassos no tratamento fisioterapêutico pediátrico do hospital público.

Palavras-chaves: Fisioterapeutas; Crianças; Hospitalização; Jogos e brinquedos.

Abstract

This study aimed to verify the presence and profile of playful resources used in pediatric physical therapy treatment in a public hospital. This is a descriptive cross-sectional study, developed in a public hospital in the interior of Bahia. The sample was formed by convenience and consisted of 20 family members of children up to 11 years old who had been hospitalized for at least 24 hours in the pediatrics department of this hospital and who had undergone at least three physiotherapy sessions. Family members under 18 years of age were excluded. The companions were given a questionnaire consisting of questions regarding the profile of the children and the use of playfulness during physical therapy care. The collected data were analyzed in a descriptive statistical way in terms of frequency, and later presented as absolute numbers and percentages. The results obtained show that 25% of the physiotherapy consultations analyzed made use of playful resources, such as bowling balls and soap, dolls, carts, painting and drawings. All of these physiotherapy sessions that used recreational resources were related to respiratory performance, and most of them were preschoolers. Thus, recreational resources are still scarce in pediatric physical therapy treatment at public hospitals.

Keywords: Physiotherapists; Child; Hospitalization; Play and Playthings.

Resumen

Este estudio tuvo como objetivo verificar la presencia y el perfil de los recursos lúdicos utilizados en el tratamiento de fisioterapia pediátrica en un hospital público Se trata de un estudio descriptivo transversal, desarrollado en un hospital público del interior de Bahía… La muestra se formó por conveniencia y estuvo compuesta por 20 familiares de niños de hasta 11 años que llevaban al menos 24 horas hospitalizados en el servicio de pediatría de este hospital y que habían sido sometidos al menos a tres sesiones de fisioterapia. Se excluyeron los miembros de la familia menores de 18 años. A los acompañantes se les entregó un cuestionario compuesto por preguntas sobre el perfil de los niños y el uso de la alegría durante el cuidado de la fisioterapia. Los datos recolectados fueron analizados de forma estadística descriptiva en términos de frecuencia, y posteriormente presentados como números absolutos y porcentajes. Los resultados obtenidos muestran que el 25% de las consultas de fisioterapia analizadas hicieron uso de recursos lúdicos, como soplar pelotas y jabón, muñecos, carros, pintura y dibujos. Todas estas sesiones de fisioterapia que utilizaban recursos recreativos estaban relacionadas con el rendimiento respiratorio, y la mayoría eran preescolares. Así, los recursos recreativos aún son escasos en el tratamiento de fisioterapia pediátrica en los hospitales públicos.

Palabras clave: Fisioterapeutas; Niño; Hospitalización; Juego e Implementos de Juego.

1. Introdução

A hospitalização é uma vivência desconfortável, indesejável e, muitas vezes, traumática. Ela promove medo, ansiedade e estresse, tanto pelos sintomas da própria doença que motivou esse processo como pela ausência da rotina familiar, privacidade, liberdade e conforto (Costa & Morais, 2017; Rockembach et al., 2017). Além disso, é um ambiente desconhecido e agitado que submeterá o paciente a vários procedimentos, por vezes invasivos e dolorosos, e manipulações por diferentes profissionais da saúde (de Oliveira & Maia, 2015; Rockembach et al., 2017; Silva et al., 2019).

Uma das áreas de atuação no ambiente hospitalar é a fisioterapia pediátrica. Essa área previne e trata alterações cinesiofuncionais, reduz o tempo de internação e melhora as condições clínicas funcionais da criança (Gonçalves & Silva, 2017). Assim, é importante que os fisioterapeutas atuantes na pediatria desenvolvam habilidades e competências para tal, a fim de que tenham empatia e sensibilidade para atender às necessidades integrais de seus pacientes (Marques et al., 2015).

A terapia lúdica é a melhor forma de tratar crianças. Ela engloba atividades livres ou conduzidas, que geram contentamento, participação ativa e desenvolvimento (Ziegler et al., 2019). Com o lúdico, o ambiente se torna mais aconchegante e familiar, a comunicação do profissional com a criança é mais efetiva e o preparo dessa criança e de sua família para os procedimentos é facilitado (de Oliveira & Maia, 2015; Lima & Chahini, 2020). Isso favorece a adesão ao tratamento, otimiza o tempo de internação com melhores resultados e humaniza o ambiente hospitalar (Koukourikos et al., 2015; Marques et al., 2015).

A não utilização de recursos lúdicos durante a terapia está relacionada à agressividade e negação das crianças como empurrar, chutar, bater, morder e gritar. Também fica mais evidente a dependência dos pais através de atitudes como agarrar e solicitar colo, bem como a maior frequência de choro, rubor facial e transpiração (Pontes et al., 2015; Rockembach et al., 2017).

Apesar da literatura abordar a utilização da ludicidade no tratamento pediátrico, a maior parte dos artigos encontrados traz o lúdico na fisioterapia apenas ambulatorial ou retrata o lúdico no tratamento pediátrico em outras profissões da área da saúde, como enfermagem (de Oliveira & Maia, 2015; Marques et al., 2015; Pontes et al., 2015). Assim, o presente estudo propõe verificar a presença e o perfil das atividades lúdicas utilizadas no tratamento fisioterapêutico pediátrico em um hospital público.

2. Métodos

Trata-se de um estudo transversal descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), conforme parecer 3.050.213 em 30 de novembro de 2018, que advém do projeto maior intitulado: “O Cuidado Fisioterapêutico Humanizado à Criança na Pediatria”. A pesquisa foi desenvolvida no setor de pediatria de um hospital público do interior da Bahia entre dezembro de 2018 a março de 2019. 

A amostra da pesquisa foi formada por conveniência e composta por 20 familiares de crianças de até 11 anos internadas há, no mínimo, 24 horas no setor de pediatria e que tivessem realizado pelo menos três sessões de fisioterapia. Foram excluídos os familiares com idade inferior a 18 anos. Os dados sociodemográficos completos dos acompanhantes das crianças encontram-se em outro estudo que faz parte do projeto maior (Silva et al., 2020).

Os acompanhantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo aplicado um questionário elaborado pelas pesquisadoras composto por questões referentes ao perfil das crianças, características sociodemográficas dos familiares e quanto à utilização e o perfil dos recursos lúdicos durante o atendimento fisioterapêutico. A aplicação foi realizada no próprio quarto da criança ou na área externa do setor de pediatria, sem a presença dos profissionais de saúde que atuam no local para não comprometer os resultados dessa pesquisa.

O perfil das crianças foi apresentado a partir de questões referentes ao sexo, idade, diagnóstico de internação, tempo de internação e sessões de fisioterapia realizadas. As características sociodemográficas dos familiares foram expostas em gênero, faixa etária, grau de parentesco e estado civil. Já quanto à ludicidade, foi questionado se ela foi realizada durante as condutas fisioterapêuticas e quais recursos lúdicos foram utilizados. 

As crianças foram agrupadas e classificadas em: lactentes (LAC) – pacientes que apresentavam de 29 dias a 1 ano e 364 dias de vida, pré-escolares (PRE) – pacientes que apresentavam de 2 a 4 anos e 364 dias de vida e escolares (ESC) – pacientes que apresentavam de 5 a 11 anos e 364 dias de vida. Os dados coletados foram analisados de forma descritiva em frequência, e posteriormente, apresentados como forma de números absolutos e percentuais.

3. Resultados

95% dos acompanhantes eram do gênero feminino, com faixa etária de 18 a 39 anos e 90% era a mãe da criança. Sobre o estado civil, 40% eram solteiros (as), 35% eram casados (as) e 25% estavam em união estável.

Dentre os 20 atendimentos de fisioterapia analisados, 55% foram com crianças do sexo masculino e 40% eram lactentes. Em relação à internação, houve prevalência no diagnóstico de afecções respiratórias com 60% das crianças. 55% das crianças estavam internadas entre 4 a 7 dias no momento da pesquisa e 45% das crianças realizaram entre 6 e 9 sessões de fisioterapia (Tabela 1).

Tabela 1 – Perfil das crianças internadas em um hospital público do interior da Bahia, 2019.

VARIÁVEISn%
SexoFeminino0945
Masculino1155
Faixa EtáriaLactente0840
Pré-Escolar0735
Escolar0525
Motivo da InternaçãoSistema Respiratório1260
Sistema Cardiovascular0210
Sistema Nervoso0420
Sistema Osteomuscular0105
Sistema Urinário0105
Tempo de Internação (dias)1 a 30315
4 a 71155
Acima de 70630
Número de Sessões de Fisioterapia Realizadas3 a 50840
6 a 90945
Acima de 100215

Fonte: Dados da pesquisa.

Sobre o atendimento fisioterapêutico, 25% dos pacientes receberam tratamento fisioterapêutico aliado ao lúdico (Gráfico 1) e todos estavam relacionados à fisioterapia respiratória. Deles, 1 paciente era lactente e fez uso de boneca no atendimento, 3 eram pré-escolares e fizeram uso de bola de soprar e de sabão, carrinho, pintura e desenho e 1 tinha idade escolar e fez uso de bola de soprar e de sabão (Tabela 2).

Gráfico 1 – Quantidade de atendimentos fisioterapêuticos com uso de recursos lúdicos, 2019.

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 2 – Perfil dos atendimentos de fisioterapia em um hospital público do interior da Bahia, 2019

Área da fisioterapiaRecursos lúdicosTotal
Bola de soprar e de sabãoBonecaCarrinhoPintura e desenhoNenhum
n (%)n (%)n (%)n (%)n (%)n (%)
Respiratória2 (10%)1 (5%)1 (5%)1 (5%)7 (35%)12 (60%)
Cardiovascular2 (10%)2 (10%)
Neuromuscular4 (20%)4 (20%)
Ortopédica1 (5%)1 (5%)
Uroginecológica1 (5%)1 (5%)
Faixa etária da criança
Lactente1 (5%)7 (35%)8 (40%)
Pré-Escolar1 (5%)1 (5%)1 (5%)4 (20%)7 (35%)
Escolar1 (5%)4 (20%)5 (25%)
Total2 (10%)1 (5%)1 (5%)1 (5%)15 (75%)20 (100%)

Fonte: Dados da pesquisa

4. Discussão

Essa pesquisa demonstrou que apesar da importância da associação do lúdico ao tratamento fisioterapêutico pediátrico e da diversidade de recursos que podem ser aliados nesse processo, sua utilização no hospital público é escassa, visto que 25% dos pacientes estudados receberam o tratamento fisioterapêutico lúdico.

Estudos apontam para a prevalência do gênero masculino na hospitalização pediátrica (Barbosa et al., 2017; Granzotto et al., 2014; Olímpio et al., 2018; Silva et al., 2017), assim como ocorreu com essa pesquisa. Esse achado pode estar relacionado ao menor calibre das vias aéreas e diferença imunológica durante a infância dos meninos (Silva et al., 2017). Quanto à faixa etária, esse estudo apresentou prevalência de lactentes no serviço de fisioterapia hospitalar, que é explicada pela maior vulnerabilidade orgânica e preocupação da família e dos profissionais, assim como a maioria dos estudos que trata do assunto (Barbosa et al., 2017; Granzotto et al., 2014; Olímpio et al., 2018; Rocha et al., 2020).

As doenças do trato respiratório, principalmente pneumonia e bronquiolite, são as mais comuns na primeira infância. Além disso, estima-se que até o segundo ano de vida, as crianças experienciam patologias respiratórias cerca de 8 a 9 vezes (Caricchio, 2017), o que explica a prevalência de crianças com afecções respiratórias nesse estudo, bem como de lactentes.

Os atendimentos fisioterapêuticos respiratórios em crianças recém nascidas são passivos, já que não existe a compreensão e ação necessárias para uma terapia ativa (Caricchio, 2017). No entanto, ao se tratar de lactentes, pré-escolares e escolares, há a possibilidade e necessidade de aplicar métodos mais ativos para a terapia e, preferencialmente, lúdicos, pois elas são menos colaborativas (Caricchio, 2017). O sucesso da terapia respiratória pediátrica está intimamente relacionado com a participação ativa da criança, e esta, por sua vez, à brincadeiras e brinquedos (Ziegler et al., 2019). Nesse estudo, todas as crianças estavam na faixa etária que requer o tratamento fisioterapêutico associado ao lúdico e a maioria das que receberam o tratamento combinado tinha idade pré-escolar.

Brincar é fundamental para a criança pois é uma forma de linguagem e permite a estimulação da imaginação e o trabalho de funções motoras, cognitivas e psíquicas. A associação desses pontos colabora para o desenvolvimento neuropsicomotor saudável (Belém et al., 2017; Rockembach et al., 2017). É através da brincadeira que a criança se sente mais confortável para expressar seus sentimentos e emoções, elaborar melhor os períodos difíceis da vida e elimina o desconforto advindo das normas e rotinas hospitalares (de Oliveira & Maia, 2015; Koukourikos et al., 2015; Lima & Chahini, 2020; Marques et al., 2015; Rockembach et al., 2017). O lúdico também contribui para a redução do nível de ansiedade e do medo, estimula a tranquilidade e calma, aumenta a confiança no profissional e, consequentemente, reduz as chances de resistência quanto aos procedimentos (Caricchio, 2017; de Oliveira & Maia, 2015; Marques et al., 2015; Rockembach et al., 2017).

Crianças submetidas à assistência de fisioterapia respiratória associadas a recursos lúdicos apresentam maior estabilidade da frequência cardíaca comparada à que exibia antes da intervenção. Em contrapartida, crianças submetidas à mesma terapia, porém sem associação dos recursos lúdicos, apresentaram FC aumentada, corroborando a agitação e a não colaboração desde o início do tratamento (Costa et al., 2015).

A saturação de oxigênio (SPO2), do mesmo modo, apresenta melhores resultados quando o lúdico se faz presente na terapia (Costa et al., 2015). Crianças tratadas com brinquedos terapêuticos apresentam aumento significativo neste parâmetro e consequentemente melhora no nível de consumo de oxigênio, quando comparadas ao parâmetro pré-intervenção (Costa et al., 2015). Crianças tratadas sem o brinquedo terapêutico (BT) também apresentaram aumento na SPO2, porém não tão significativa quanto o outro grupo (Costa et al., 2015).

Logo, a presença do lúdico é fundamental durante qualquer terapia pediátrica, principalmente na fisioterapia hospitalar, por proporcionar uma adaptação mais adequada ao paciente internado em um local angustiante e hostil (Silva et al., 2019). Apesar disso, o hospital público em questão aplicou o lúdico no tratamento fisioterapêutico em 25% dos atendimentos. Um outro estudo, também feito em um hospital público, apresentou número insatisfatório de utilização de recursos lúdicos durante os atendimentos, onde 97,5% dos acompanhantes das crianças internadas responderam que a ludicidade foi pouco utilizada ou não foi utilizada (Santos et al., 2011).

Os principais fatores que dificultam a implementação metódica do BT são despreparo e falta de capacitação profissional (de Oliveira & Maia, 2015; Sá & Gomes, 2014), sobrecarga e longo turno de trabalho, falta de ambiente e materiais adequados e escassez de apoio institucional (Marques et al., 2015; Silva et al., 2019). Além disso, há profissionais inseguros quanto à prática, outros que julgam ser mais trabalhosa a terapêutica aliada à ludicidade e, assim, não apresentam interesse em aprender a aplicá-la (de Oliveira & Maia, 2015; Marques et al., 2015).

A escolha do recurso auxiliar depende da idade e do nível de compreensão da criança e da criatividade do terapeuta (Ziegler et al., 2019). É possível utilizar como recursos lúdicos ursos e bonecos para explicar procedimentos que serão feitos e possibilitar que a criança repita no brinquedo (Pontes et al., 2015), ou os próprios equipamentos de trabalho como estetoscópio, oxímetro, máscaras, luvas, além da música (Marques et al., 2015). Bolas de sabão, língua de sogra, balão, bola de pingue pongue sobre uma mesa e cata-vento são outros bons aliados no trabalho com o sistema respiratório (Belém et al., 2017; Schivinski et al., 2020).

Com o moinho de vento é possível trabalhar a inspiração profunda seguida de expiração lenta, enquanto que com a língua de sogra é possível trabalhar a inspiração profunda seguida de expiração forçada. A língua de sogra é bem aceita pois é assimilada a momentos festivos. Com canudo e bolas de algodão estimula-se o assoprar com o canudo uma bolinha de algodão e, assim, inspirar profundamente e expirar. Todos esses materiais lúdicos são ótimos aliados à fisioterapia respiratória pediátrica e permite também criar competições (Costa et al., 2015).

Outras formas de trabalhar a fisioterapia respiratória com o lúdico são através do rolo de espuma, combinando técnicas de fisioterapia respiratória e alongamento; copo com água e canudo é uma boa adaptação para exercícios de pressão expiratória positiva (PEP) em que a criança sopra e cria bolhas de água, e cano de PVC, para promover expirações forçadas. Dessa forma, as crianças não percebem que as brincadeiras são manobras fisioterapêuticas, ficam mais interessadas, colaborativas e alegres (Costa et al., 2015).

De igual forma, a bola suíça facilita o manuseio das crianças, possibilita a aplicação de movimentos de rotação de tronco como “serra-serra-serrador”, flexão e extensão e assim, favorece o trabalho dos sistemas proprioceptivo, tátil e vestibular. A drenagem postural também é facilitada com a criança em prono sobre a bola, potencializa as manobras de higiene brônquica e, consequentemente, melhora a capacidade pulmonar (Costa et al., 2015). A cinesioterapia também pode ter como aliados o “vai e vem”, a bola e a peteca, já que permitem o trabalho em grandes amplitudes de movimentos, coordenação motora, e, de forma indireta, o trabalho respiratório através do aumento ventilatório (Caricchio, 2017). Os atendimentos de fisioterapia do hospital em questão fizeram uso de boneca, carrinho, bola de soprar e de sabão e pinturas.

5. Conclusão

Apesar da importância da associação do lúdico ao tratamento fisioterapêutico pediátrico e da diversidade de recursos que podem ser aliados nesse processo, sua utilização ainda é escassa nesse hospital público (25% dos tratamentos fisioterapêuticos analisados durante o período da coleta dos dados). Todos os tratamentos fisioterapêuticos aliados ao lúdico estavam relacionados à fisioterapia respiratória e nenhum nas áreas cardiovascular, neuromuscular, ortopédica e uroginecológica. 

Esse estudo apresenta como limitação a quantidade reduzida de participantes da pesquisa, a qual não foi suficiente. Ainda assim, os dados estão em conformidade com os estudos de outros locais e com outras áreas profissionais da saúde. Isso valida a necessidade de mais incentivo em relação à implementação do lúdico no atendimento fisioterapêutico pediátrico de hospitais públicos. 

A partir dessa pesquisa foi possível identificar a baixa adesão do lúdico no tratamento fisioterapêutico pediátrico nesse hospital público do interior da Bahia. Os resultados apontados podem direcionar os gestores quanto à estratégias específicas voltadas para a identificação das causas da problemática e posterior correção. Uma das formas é através do incentivo à educação continuada, para que os profissionais fisioterapeutas sejam capacitados e atualizados quanto à utilização dos recursos lúdicos durante a prática clínica. 

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1ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2331-5203
2ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4746-0103
3ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5011-2148
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