A ASSOCIAÇÃO DAS TÉCNICAS RPG E ISOSTRETCHING NA CORREÇÃO POSTURAL EM ADOLESCENTE COM ESCOLIOSE IDIOPÁTICA

THE ASSOCIATION OF RPG AND ISOSTRETCHING TECHNIQUES IN POSTURAL CORRECTION IN ADOLESCENTS WITH IDIOPATHIC SCOLIOSIS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8009928


Andressa Danielle Pires Lima1;
Marcos Fernando de Andrade2.


RESUMO

A escoliose idiopática é uma deformidade tridimensional da coluna vertebral que geralmente se desenvolve durante a fase de crescimento, afetando principalmente adolescentes, afetando a aparência física do paciente e, pode comprometer a função respiratória e cardíaca. A fisioterapia e os exercícios específicos para a coluna vertebral podem ajudar a melhorar a postura e a fortalecer os músculos das costas, ainda assim, essas terapias também podem ajudar a reduzir os sintomas de dor associados à escoliose. O objetivo deste estudo foi descrever os benefícios das técnicas de Reeducação Postural Global (RPG) e a Isostretching, aplicadas pelo fisioterapeuta em adolescentes com escoliose idiopática. O método utilizado foi a revisão integrativa de literatura, um método descritivo, crítico, argumentativo e de abordagem qualitativa. As bases de dados utilizadas para a pesquisa foram: SCIELO, LILACS e PEDro. A pesquisa resultou em quinze artigos científicos que foram lidos na íntegra e depois de analisados foram citados em forma de discussão entre os autores. O isostretching é uma técnica elaborada para melhorar a flexibilidade muscular e articular, restabelecer o equilíbrio muscular e aliviar tensões e dores musculares. Já a RPG se baseia na abordagem de que a postura é afetada pelo equilíbrio entre diferentes cadeias musculares e que desequilíbrios nessas cadeias podem resultar em mudanças na postura e disfunções musculoesqueléticas. Conclui-se, portanto, que o fisioterapeuta é essencial na aplicação das técnicas de Isostretching e RPG ao adolescente com escoliose idiopática, para alívio de dores, desconfortos, melhoria da autoimagem, autoestima e qualidade de vida.

Palavras-chave: Escoliose. Adolescente. Modalidades de fisioterapia.

INTRODUÇÃO

A escoliose idiopática (EI) é uma deformidade tridimensional da coluna vertebral que geralmente se desenvolve durante a fase de crescimento, afetando principalmente adolescentes. A palavra “idiopática” significa que a causa exata da escoliose é desconhecida, embora acredite-se que fatores genéticos e ambientais possam desempenhar um papel. A EI pode ser dividida em três tipos, dependendo da idade em que se desenvolve: escoliose infantil; escoliose juvenil; e escoliose adolescente (ARAÚJO; ARAÚJO; AGUIAR, 2022).

A EI é caracterizada por uma curvatura lateral da coluna vertebral, acompanhada por uma rotação das vértebras em torno de seu próprio eixo. Essa deformidade pode afetar a aparência física do paciente e, em casos mais graves, pode comprometer a função respiratória e cardíaca. Esta doença, especialmente quando não tratada, pode levar a diversas desvantagens para os pacientes, pois a curvatura da coluna vertebral pode afetar a aparência física do paciente, resultando em baixa autoestima e ansiedade social, e em casos mais graves, pode levar a dor nas costas, dificuldades respiratórias e problemas cardíacos (VASCONCELOS, 2019).

A EI no adolescente é uma condição em que há uma curvatura lateral da coluna vertebral em uma pessoa com idade entre 10 e 18 anos, sendo a forma mais comum de escoliose e afeta cerca de 2 a 3% dos adolescentes em todo o mundo. A causa exata da EI ainda é desconhecida, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante para a presença da doença nesta faixa etária. A curvatura da coluna vertebral pode ser leve ou grave, e em muitos casos não apresenta sintomas, no entanto, em casos mais graves, a escoliose pode levar a dor nas costas, desigualdade dos ombros, deslocamento da caixa torácica e dificuldades respiratórias. Além disso, a deformidade pode afetar a autoestima e a qualidade de vida dos pacientes (PEREIRA; GOMES, 2021).

O diagnóstico da EI no adolescente geralmente é feito por meio de exames físicos e radiológicos, e o tratamento depende da gravidade da curvatura e da idade do paciente, que em casos leves, a pode ser monitorada com exames regulares. Em casos moderados, pode ser necessário o uso de um colete ortopédico para ajudar a controlar a progressão da curvatura, e em casos graves, pode ser necessária cirurgia para corrigir a deformidade (BRANDÃO, 2022).

A Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) destaca que a escoliose idiopática pode ser mais comum em algumas regiões do país. Por exemplo, um estudo realizado em Minas Gerais identificou uma prevalência de escoliose idiopática de 6,3% em uma amostra de estudantes de 10 a 14 anos. Outro estudo, realizado no estado de São Paulo, encontrou uma prevalência de 1,6% em uma amostra de estudantes de 10 a 17 anos (GONÇALVES; VENEZIANO, 2022).

O primeiro passo no diagnóstico da EI é uma avaliação clínica realizada por um profissional de saúde qualificado, como um médico ortopedista ou um fisioterapeuta. Durante a avaliação, o profissional irá realizar um exame físico e pedir informações sobre a história médica do paciente, incluindo antecedentes familiares de escoliose. Alguns dos sinais que o profissional pode observar durante o exame físico incluem a assimetria do tronco, ombros ou quadris, presença de gibosidade e rotação da coluna vertebral (FARIA et al., 2021).

Após a avaliação clínica, o profissional pode solicitar exames complementares para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da curvatura. Os exames mais comuns incluem radiografias da coluna vertebral em posição ortostática e em decúbito dorsal. As radiografias permitem medir o ângulo da curvatura da coluna vertebral, que é expresso em graus de acordo com o método de Cobb. Além disso, o profissional pode solicitar outros exames complementares, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, para avaliar a extensão da curvatura e verificar se há outras anomalias na coluna vertebral (SARAIVA, 2022).

Uma vez que o diagnóstico é confirmado, o profissional irá determinar o tipo e a gravidade da curvatura da coluna vertebral e estabelecer um plano de tratamento individualizado para o paciente. O tratamento da escoliose idiopática em adolescentes pode envolver o uso de coletes ortopédicos, fisioterapia, exercícios específicos para a coluna vertebral, ou em casos mais graves, cirurgia. O objetivo do tratamento é evitar a progressão da curvatura e minimizar os sintomas associados à escoliose (FARIA et al., 2021).

O tratamento da EI para adolescentes pode variar de acordo com a gravidade da curvatura e os sintomas apresentados pelo paciente. Em geral, o tratamento busca evitar a progressão da curvatura e minimizar os sintomas associados à escoliose, sendo assim, o tratamento pode envolver o uso de coletes ortopédicos, fisioterapia, exercícios específicos para a coluna vertebral e, em casos mais graves, cirurgia. O uso de coletes ortopédicos é para manter a coluna vertebral na posição correta e evitar a progressão da curvatura, e geralmente, os coletes são usados por um período prolongado, geralmente durante a fase de crescimento do paciente (HIGINO, 2021).

A fisioterapia e os exercícios específicos para a coluna vertebral podem ajudar a melhorar a postura e a fortalecer os músculos das costas, ainda assim, essas terapias também podem ajudar a reduzir os sintomas de dor associados à escoliose. O fisioterapeuta pode prescrever exercícios específicos para o paciente, dependendo da gravidade da curvatura e dos sintomas apresentados. As técnicas de isostreching e Reeducação Postural Global (RPG), são utilizadas para tratar problemas posturais, aliviar dores musculares, melhorar a mobilidade e promover o equilíbrio muscular (ASCIMANN, 2022).

A valorização do papel do fisioterapeuta na abordagem da escoliose idiopática é essencial para garantir um tratamento adequado e eficaz, pois o fisioterapeuta é capaz de identificar precocemente a escoliose idiopática e determinar o tipo e a gravidade da curva, o que é fundamental para o sucesso do tratamento. Além disso, ele pode auxiliar na prescrição de exercícios e na orientação postural dos pacientes, que são essenciais para a prevenção e a correção da curva escoliótica, contribuindo em uma equipe multiprofissional em saúde (SANTOS, 2021).

O impacto dos tratamentos fisioterapêuticos para a escoliose idiopática na sociedade é significativo, pois a escoliose idiopática é uma condição que pode afetar a vida dos adolescentes em diversos aspectos, desde o desempenho escolar até a prática de atividades físicas e sociais. O tratamento fisioterapêutico adequado e precoce pode minimizar esses impactos e permitir que os pacientes tenham uma vida mais saudável e ativa (PINTO, 2021).

O objetivo deste estudo foi descrever os benefícios das técnicas de Reeducação Postural Global (RPG) e a Isostretching, aplicadas pelo fisioterapeuta em adolescentes com escoliose idiopática. Já os objetivos específicos foram: apresentar as características da escoliose idiopática; enumerar os tratamentos fisioterapêuticos para a escoliose idiopática; salientar a importância do profissional de fisioterapia no tratamento de escoliose idiopática.

MÉTODO

Esta é uma pesquisa de revisão integrativa de literatura (RIL), de caráter descritivo, argumentativo e crítico, de abordagem qualitativa. A pesquisa bibliográfica pode ser denominada como um estudo de avaliação de obras publicadas em anos anteriores, para a reunião de opiniões, teorias e argumentos de autores especializados na temática que é abordada no estudo (GIL, 2022). Para isso, foram avaliados estudos que abordem a temática de Escoliose Idiopática na Adolescência e as principais características do tratamento fisioterapêutico com esse tipo de paciente e as técnicas necessárias.

Para pesquisa das obras de composição desta pesquisa, foram utilizadas as bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Banco de Dados de Evidências de Fisioterapia – PEDro (do inglês: Physiotherapy Evidence Database) e Biblioteca Eletrônica Científica Online – SCIELO (do inglês: Scientific Electronic Library Online). Os descritores utilizados serão: “Escoliose”, “Adolescente” e “Modalidades de fisioterapia” – “Scoliosis”, “Adolescent” and “Physiotherapy modalities”.

Os critérios de elegibilidade utilizados, são: artigos publicados entre os anos de 2019 e 2023, publicados em idiomas português e inglês, e que estivessem dentro da temática de escoliose idiopática em adolescentes.

Os critérios de inelegibilidade são: artigos incompletos, resumos, cartilhas, manuais de saúde, trabalhos de conclusão de curso e outras revisões de literatura.

A busca dos artigos resultou em inicialmente em 80 estudos, sendo 1 na base SCIELO, 5 na base LILACS e 74 na base PEDro, após a aplicação dos filtros de ano de publicação e idioma, restaram 0 estudos na base SCIELO, 1 estudo na base LILACS, e 29 na base PEDro, resultando assim em 30 estudos encontrados. Os títulos, e resumos destes estudos foram lidos para averiguar se estavam dentro da temática desta pesquisa bibliográfica, sendo assim, restaram 14 artigos para a leitura na íntegra, restaram assim 1 estudo da base LILACS e 13 provenientes da base PEDro. A amostra final desta pesquisa, resultou então em 8 obras incluídas, sendo 1 obra da base LILACS e 7 obras provenientes da base PEDro. As obras excluídas após a leitura íntegra, não tinham inclusas as técnicas de Reeducação Postural Global (RPG) e a Isostretching.

Após a leitura dos artigos, as opiniões e críticas dos autores puderam ser extraídas para que assim fosse elaborada a síntese de discussão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Isostreching é uma técnica de alongamento que combina conceitos do alongamento passivo e ativo, na qual foi desenvolvida por Bernadette de Gasquet, médica e fisioterapeuta francesa. O objetivo do desta técnica é melhorar a flexibilidade muscular e articular, restaurar o equilíbrio muscular e aliviar tensões e dores musculares. Nessa técnica, o paciente realiza movimentos de alongamento ativo e progressivo, controlando a respiração, e assim o fisioterapeuta auxilia e orienta o paciente, aplicando forças de resistência e facilitando o alongamento, fazendo com que trabalhe em sincronia com a respiração para ativar a musculatura profunda, promover o relaxamento muscular e estimular o alongamento progressivo dos grupos musculares envolvidos (LI; MIAO; ZHANG, 2021).

O Isostreching pode ajudar a melhorar a flexibilidade muscular, restaurar o equilíbrio muscular e aliviar tensões musculares associadas à escoliose. Por meio de exercícios de alongamento ativo e progressivo, a técnica busca promover o fortalecimento dos músculos fracos e o alongamento dos músculos encurtados, ajudando a corrigir desequilíbrios musculares e melhorar a postura. Entretanto, grande parte dos profissionais da fisioterapia ainda prefere utilizar as técnicas convencionais, a Reeducação Postural Global (RPG) e uso de órteses (ZHOU et al., 2021).

A RPG é uma abordagem terapêutica que visa a correção e o reequilíbrio da postura corporal por meio de alongamentos globais e exercícios específicos, sendo desenvolvida pelo fisioterapeuta francês Philippe Souchard, a RPG baseia-se na compreensão de que a postura é influenciada pelo equilíbrio entre diferentes cadeias musculares e que desequilíbrios nessas cadeias podem levar a alterações posturais e disfunções musculoesqueléticas (LOTAN; KALICHMAN, 2019).

Durante as sessões de RPG, o paciente é posicionado em posturas adequadas e o terapeuta aplica forças suaves e progressivas para alongar as cadeias musculares envolvidas, promovendo o realinhamento postural e o reequilíbrio muscular. A RPG é individualizada, considerando as necessidades e características de cada paciente, e pode ser utilizada no tratamento de diversas condições, como dores nas costas, desvios posturais, alterações respiratórias e disfunções articulares (BERMÚDEZ et al., 2021).

Na técnica de RPG, o fisioterapeuta realiza uma avaliação detalhada do paciente, que inclui a análise da curvatura da coluna, a identificação dos pontos de tensão muscular, a observação da postura e a verificação da amplitude de movimento, na qual ajuda a determinar o plano de tratamento específico para o paciente. O paciente é posicionado em uma postura específica, de acordo com a curvatura da escoliose, e o fisioterapeuta pode utilizar almofadas ou suportes para auxiliar no posicionamento adequado e confortável (LOTAN; KALICHMAN, 2019).

Ademais, a técnica de RPG permite que o fisioterapeuta realize alongamentos globais nas cadeias musculares afetadas pela escoliose, tais alongamentos são suaves e progressivos, sendo aplicados com uma força de alongamento na direção oposta à curvatura da coluna. Ainda assim, o profissional tem a liberdade de utilizar técnicas manuais ou acessórios, como elásticos, para auxiliar nos alongamentos. Durante os alongamentos, o fisioterapeuta estimula a consciência corporal do paciente, orientando-o a perceber as sensações de alongamento e relaxamento muscular, ajudando assim o paciente a entender a posição correta e a desenvolver um melhor controle postural (FAN et al., 2020).

Além dos alongamentos, o fisioterapeuta pode prescrever exercícios específicos para fortalecer os músculos enfraquecidos e alongar os músculos encurtados, tais exercícios podem ser realizados tanto durante as sessões de RPG como em casa, como parte do tratamento contínuo, na qual o fisioterapeuta também pode realizar no domicílio do paciente. Uma das principais vantagens da RPG é o seu enfoque global no tratamento das disfunções posturais e musculoesqueléticas, pois ao invés de focar apenas nos sintomas locais, a RPG considera o corpo como um todo, buscando identificar e tratar os desequilíbrios musculares e posturais que podem contribuir para as queixas do paciente, essa abordagem holística permite uma correção mais completa e duradoura da postura, proporcionando alívio dos sintomas e melhorando a qualidade de vida (BURGER et al., 2019).

Embora a RPG seja reconhecida como uma abordagem terapêutica eficaz para o tratamento da escoliose, outras opções também podem ser consideradas como primeira opção de tratamento no Brasil. Isso inclui a fisioterapia convencional, que envolve técnicas de fortalecimento muscular, mobilização articular e exercícios específicos para a correção postural. Além disso, em casos mais graves, o uso de órteses e, em alguns casos, os procedimentos cirúrgicos podem ser necessários para corrigir a curvatura da coluna (CORDEIRO et al., 2020).

É importante que o fisioterapeuta tenha conhecimento sobre as técnicas de Isostreching e RPG para a escoliose idiopática do adolescente, pois essas técnicas representam abordagens terapêuticas específicas que exigem conhecimento técnico e compreensão dos princípios subjacentes a elas. Além disso, um conhecimento aprofundado sobre essas técnicas permite ao fisioterapeuta oferecer uma abordagem mais completa e personalizada, maximizando os benefícios terapêuticos e a qualidade dos cuidados fornecidos aos pacientes com escoliose idiopática do adolescente (DAY et al., 2019).

Para Santos et al. (2021), o pilates, assim como outros tratamentos convencionais para a EIA, possibilita a melhoria da qualidade de vida do paciente, mas principalmente a partir de uma visão psicológica, esta modalidade permite que o paciente possua uma melhoria da sua autoimagem e autoestima, quando associada com outros métodos, como a RPG e o Isostreching. O método Schroth, tanto por si só quanto em combinação com outras técnicas terapêuticas, assim como o método Pilates, mostraram-se eficazes na redução dos ângulos da curvatura. Essas abordagens apresentam resultados ainda mais positivos quando são conduzidas sob supervisão de fisioterapeutas (BILAI, 2021).

Os principais tratamentos para a escoliose abrangem o uso de coletes, exercícios fisioterapêuticos específicos para a condição, e, em casos mais severos, a cirurgia, onde todas essas abordagens têm como objetivos reduzir a progressão da curva, melhorar a qualidade de vida e a estética dos pacientes. O uso de coletes tem como propósito estabilizar a coluna e direcionar o crescimento ósseo, enquanto os exercícios fisioterapêuticos focam na correção postural, fortalecimento muscular e aumento da flexibilidade. Já a cirurgia é geralmente considerada quando outras medidas não alcançam os resultados desejados ou quando a curva atinge um grau significativo, visando corrigir a deformidade e prevenir complicações futuras (BASTIANEL, 2021).

Linhares (2021), observou que os fisioterapeutas brasileiros enfrentam desafios significativos na prestação de um atendimento satisfatório aos pacientes com escoliose em sua prática clínica diária. Isso pode estar relacionado com a existência de lacunas na formação e no conhecimento específico necessário para lidar efetivamente com essa condição complexa. Essas deficiências podem ser relacionadas com a falta de familiaridade com abordagens terapêuticas atualizadas e comprovadas, como o método Schroth ou o uso de tecnologias e equipamentos especializados.

A gestão do tratamento da EIA é uma tarefa complexa que requer uma abordagem multidisciplinar, individualizada e integrada, baseada em evidências e recomendações científicas atuais. Portanto, é essencial adotar uma abordagem personalizada que leve em consideração fatores como a progressão da curva, idade, maturidade esquelética e impacto funcional. É importante destacar as principais estratégias de tratamento e terapias recomendadas, respaldadas pela evidência científica atual, pois é válido mencionar que as inovações em estudo, indicam que a pesquisa continua buscando novas abordagens e técnicas para aprimorar o manejo da EIA, e podem obter mais resultados promissores para os adolescentes (COSTA; SILVA, 2019).

Para Fatori e Mendes (2020), é necessário um enfoque proativo, com ênfase na conscientização e na educação sobre postura adequada, práticas de ergonomia, exercícios de fortalecimento e alongamento, bem como na importância da atividade física regular. O fisioterapeuta deve realizar avaliações regulares da postura e do desenvolvimento da coluna vertebral dos adolescentes, identificando possíveis desvios ou assimetrias precoces. Com base nessas avaliações, o fisioterapeuta pode recomendar exercícios específicos e intervenções terapêuticas individualizadas para fortalecer a musculatura, melhorar a flexibilidade, corrigir desequilíbrios musculares e promover a postura adequada.

O Isostretching envolve exercícios de alongamento isotônico, realizados de forma ativa e passiva, que visam promover a correção postural e o equilíbrio muscular. Por outro lado, a RPG utiliza posturas específicas e técnicas de alongamento global para reequilibrar as cadeias musculares e melhorar a postura. Em ambos os métodos, o fisioterapeuta desempenha um papel crucial, pois é responsável por avaliar a curvatura da coluna, identificar desequilíbrios musculares e estabelecer um plano de tratamento individualizado. O fisioterapeuta fornece orientações e instruções sobre a manutenção de uma postura adequada no dia a dia e implementa estratégias para melhorar a adesão ao tratamento. A presença e a supervisão do fisioterapeuta são essenciais para garantir a eficácia e a segurança dessas modalidades de tratamento, para suporte emocional e encorajamento durante todo o processo de reabilitação (SÁ et al., 2020).

Quadro 1 – Apresenta a análise dos artigos incluídos na amostra.

TítuloObjetivoResultadosAutor/ Ano
1A eficácia dos exercícios de Schroth em adolescentes com escoliose idiopática: uma revisão sistemática e meta-análiseIdentificar, avaliar criticamente e estabelecer a melhor evidência disponível para a eficácia dos exercícios de Schroth em comparação com o tratamento não cirúrgico para reduzir a progressão da EIA.Os resultados demonstraram que os exercícios de Schroth foram eficazes para o tratamento de pacientes com EIA, entretanto o efeito não foi suficiente para exzcluir o tratamento cirúrgico como uma das opções terapêuticas.Burger et al. (2019)
2Escoliose Idiopática do Adolescente: Diagnóstico e Tratamento ConservadorRealizar uma revisão bibliográfica de forma sistemática para verificação de materiais sobre a Escoliose idiopática no adolescente, abordando o diagnóstico e o tratamento conservador.A gestão do tratamento da EIA é complexa e requer assim uma abordagem multidisciplinar, individualizada e integrada assente na evidência e recomendações científicas atuais, destacandose as principais ao longo deste trabalho bem como algumas inovações em estudo.Costa e Silva (2019)
3Revisão dos métodos de exercícios específicos para escoliose usados para corrigir a escoliose idiopática do adolescenteComparar abordagem de tratamento conservador com ou sem órtese corretiva na prevenção de mais desvios da coluna vertebral.A utilização de órteses corretivas para o tratamento de EIA se mostra benéfica, entretanto os tratamentos conservadores são a primeira opção de escolha de tratamento pelo fisioterapeuta por se encaixar melhor na grande maioria dos casos, sendo necessárias mais pesquisas que possam tratar casos específicos.Day et al. (2019)
4Tratamento de terapia manual para escoliose idiopática do adolescenteAvaliar criticamente a literatura atual sobre a eficácia dos métodos de terapia manual usados para tratar a EIA.A literatura atual aponta os métodos manuais e convencionais como os mais utilizados para a EIA, onde o fisioterapeuta realiza uma avaliação detalhada do paciente, como a análise da curvatura da coluna e observação da postura.Lotan e Kalichman (2019)
5Cinesioterapia aplicada ao tratamento da escoliose em adolescentes: um estudo de qualidade metodológicaIdentificar e analisar os diferentes métodos cinesioterapêuticos no tratamento da EIA.Os estudos demonstraram a eficácia da cinesioterapia no tratamento da EIA com benefícios funcionais na correção da deformidade, como fortalecimento muscular, melhora da capacidade respiratória e consequentemente melhora da qualidade de vida dos pacientes.Cordeiro et al. (2020)
6Eficácia de exercícios específicos para escoliose para aliviar a escoliose idiopática do adolescente: uma revisão sistemáticaVisou estabelecer a eficácia do RPG para aliviar a EIA em termos de redução do ângulo de Cobb, melhorando a assimetria do tronco e a qualidade de vida.A utilização da técnica de RPG para alívio de dores e desconforto em pacientes com EIA, se mostra como uma das alternativas mais utilizadas pelos fisioterapeutas na atualidade, principalmente pela redução do ângulo de Cobb e melhora significativa da assimetria do tronco, contribuindo para uma melhor qualidade de vida ao paciente.Fan et al. (2020)
7Atuação da Fisioterapia na escoliose idiopática em crianças na idade escolarDescrever a atuação do fisioterapeuta no tratamento da EIA em crianças em idade escolar.As medidas preventivas devem ser tomadas, educando as crianças sobre as posturas adequadas ao realizar suas atividades de vida diária, para que se evite o comprometimento do sistema músculo esqueléticoFatori e Mendes (2020)
8Modalidades fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da escolioseAnalisar quais as principais técnicas fisioterapêuticas mais usadas no tratamento da escoliose bem como seus benefícios.Às modalidades utilizadas foram Isostretching, o Método Pilates, cinesioterapia e a Reeducação Postural Global (RPG), sendo que o RPG foi o mais utilizado no tratamento da escoliose na maioria dos estudos, melhorando a amplitude de movimento, reduzindo a dor e a curvatura da escoliose.Sá et al. (2020)
9Validação e reprodutibilidade de um questionário que avalia percepção do paciente em relação ao tratamento conservador de fisioterapia específica para escoliose idiopáticaPropor um questionário para pacientes adolescentes com escoliose idiopática (EI) que fazem o tratamento de EFEE e avaliar sua validade e reprodutibilidade.Os principais tratamentos são uso de coletes, exercícios fisioterapêuticos específicos para escoliose (EFEE) e cirurgia, cujos objetivos são diminuir a progressão da curva, aprimorar a qualidade de vida e a estética dos pacientes.Bastianel (2021)
10Terapia corretiva baseada em exercícios para escoliose idiopática do adolescente: revisão sistemática e meta-análiseAnalisar a eficácia da terapia baseada em exercícios corretivos na melhora da deformidade e qualidade de vida na escoliose idiopática do adolescente.Os estudos observados e analisados apontaram a melhoria da qualidade de vida dos pacientes com EIA, pois os exercícios corretivos auxiliam não somente para a diminuição de deformidades na coluna vertebral, como na autoestima do paciente.Bermúdez et al. (2021)
11Análise da eficácia dos métodos Schroth e Pilates na redução do ângulo de Cobb na escoliose idiopática do adolescente: revisão bibliográficaAnalisar a eficácia dos métodos Schroth e Pilates na redução do ângulo de Cobb na EIA.A aplicação do método Schroth, de um modo isolado ou associada a outras técnicas terapêuticas, assim como o método de Pilates, são efetivas na diminuição dos ângulos da curvatura. A sua efetividade aumenta quando são supervisionados por fisioterapeutas.Bilai (2021)
12Metanálise de rede dos efeitos de curto prazo de diferentes estratégias no tratamento conservador da EIAAvaliar os efeitos a curto prazo de diferentes tratamentos conservadores na escoliose idiopática do adolescente.Os tratamentos conservadores auxiliam o paciente em realizar movimentos de alongamento ativo e progressivo, controlando a respiração, onde o fisioterapeuta pode aplicar forças para aprimoramento do alongamento.Li, Miao e Zhang (2021)
13O impacto do tempo de formação no entendimento do tratamento da escoliose idiopática em adolescentes segundo as diretrizes internacionais da SOSORTCompreender a influência do tempo de experiência profissional sobre o conhecimento de fisioterapeutas brasileiros quanto às diretrizes internacionais no tratamento da EIA.A pesquisa identificou que os fisioterapeutas brasileiros estão mal equipados para fornecer um nível satisfatório de atendimento a pacientes com escoliose na prática clínica diária.Linhares (2021)
14Os efeitos do Pilates em adolescentes com escoliose idiopática diagnosticada – uma revisão de literaturaObjetivou verificar os principais efeitos e benefícios sobre a escoliose idiopática de adolescentes durante a intervenção do método de Pilates.As intervenções diversas beneficiam os portadores de escoliose, quanto ao Pilates, demonstrou entre outros benefícios, os psicológicos quanto a autoestima e imagem corporal, possibilitando obter melhores resultados se intervenções tradicionais forem associadas a tratamentos alternativos.Santos et al. (2021)
15Os efeitos da terapia de exercícios na escoliose idiopática do adolescente: uma visão geral de revisões sistemáticas e meta-análisesFornecer uma visão geral de revisões sistemáticas anteriores e/ou meta-análises sobre a eficácia da terapia de exercícios no tratamento da EIA,De forma geral, os exercícios elaborados pelo fisioterapeuta no tratamento de EIA são benéficos aos pacientes, pois promove uma sensação de o próprio paciente estar buscando pela melhoria de qualidade de vida, envolvendo toda a equipe multiprofissional em saúde e os familiares do paciente no processo de alívio de dores e desconfortos.Zhou et al. (2021)
Fonte: desenvolvido pelos autores (2023).

CONCLUSÃO

As características da escoliose idiopática no adolescente (EIA) apresentadas neste estudo expressaram que a doença é uma condição caracterizada pela curvatura anormal da coluna vertebral em um ou mais planos, e que geralmente se desenvolve durante o período de crescimento rápido na adolescência, afetando predominantemente meninas. A EIA não possui uma causa conhecida e é denominada idiopática, o que significa que não está associada a problemas estruturais subjacentes. Os tratamentos fisioterapêuticos abordados neste estudo foram o Isostretching e a Redução Postural Global (RPG), assim como as suas qualidades, formas de aplicação e os beneficios que são visíveis no paciente, entretanto, outros métodos como o Pilates, o Schroth e outras terapias convencionais também puderam ser vistas nos estudos de composição dos resultados.

O fisioterapeuta, ao estar familiarizado com essas técnicas, estará preparado para avaliar corretamente os pacientes, determinar quais técnicas são mais adequadas para cada caso, aplicar as técnicas de forma adequada e segura, monitorar a progressão do tratamento e fazer os ajustes necessários. Sendo assim é fundamental que os profissionais de fisioterapia recebam a educação adequada e tenham acesso a recursos atualizados para melhorar o atendimento e os resultados para os pacientes com EIA. Além disso, é importante promover a conscientização sobre a importância do tratamento interdisciplinar e da colaboração entre diferentes profissionais de saúde para abordar essa condição de forma abrangente e eficaz.

THE ASSOCIATION OF RPG AND ISOSTRETCHING TECHNIQUES IN POSTURAL CORRECTION IN ADOLESCENTS WITH IDIOPATHIC SCOLIOSIS

ABSTRACT

Idiopathic scoliosis is a three-dimensional deformity of the spine that usually develops during the growth phase, mainly affecting adolescents, affecting the physical appearance of the patient and may compromise respiratory and cardiac function. Physical therapy and specific spinal exercises can help improve posture and strengthen back muscles, yet these therapies can also help reduce pain symptoms associated with scoliosis. The objective of this study was to describe the benefits of the Global Postural Reeducation (GPR) and Isostretching techniques, applied by the physiotherapist in adolescents with idiopathic scoliosis. The method used was the integrative literature review, a descriptive, critical, argumentative method with a qualitative approach. The databases used for the research were: SCIELO, LILACS and PEDro. The research resulted in fifteen scientific articles that were read in full and after being analyzed, they were cited in the form of a discussion between the authors. Isostretching is a technique designed to improve muscle and joint flexibility, restore muscle balance and relieve muscle tension and pain. GPR is based on the approach that posture is affected by the balance between different muscle chains and that imbalances in these chains can result in changes in posture and musculoskeletal disorders. It is concluded, therefore, that the physiotherapist is essential in the application of Isostretching and RPG techniques to adolescents with idiopathic scoliosis, for pain relief, discomfort, improvement of self-image, self-esteem and quality of life.

Keywords: Scoliosis. Adolescent. Physical therapy modalities.

REFERÊNCIAS

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1 Discente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Nilton Lins, Manaus, AM – andressalimapires@gmail.com

2 Docente Especialista do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Nilton Lins, Manaus, AM