A ASSOCIAÇÃO DA ESTIMULAÇÃO COGNITIVA À ESTIMULAÇÃO MOTORA COMO PROPOSTA DE INTERVENÇÃO  NA PREVENÇÃO DO DECLÍNIO FUNCIONAL DO IDOSO

THE ASSOCIATION OF COGNITIVE ESTIMULATION WITH MOTOR ESTIMULATION AS AN INTERVENTION PROPOSAL TO PREVENT FUNCIONAL DECLINE IN THE ELDERLY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202410301529


João Gabriel Conrado Ignácio1
Patrícia Moraes Bruxellas2
Marcilene M. de A. Fonseca3
Walter Luiz Sampaio da Fonseca4


RESUMO

Diante dos avanços da medicina e do aumento da população idosa, é necessário aprofundar as pesquisas sobre o processo de envelhecimento, suas fases e possibilidades de intervenção, visando torná-lo o mais bem-sucedido possível. É importante diminuir o risco de doenças e de incapacidades funcionais, promovendo o melhor funcionamento físico e mental, assim como um envolvimento ativo com a vida. A ênfase na prevenção de eventos adversos se revela fundamental, justificando a busca por novas abordagens terapêuticas. A estimulação cognitiva e motora conjunta tem sido apresentada como método preventivo do declínio funcional do idoso. Este artigo é uma revisão bibliográfica narrativa, sobre a associação da estimulação cognitiva à motora como proposta de intervenção no declínio funcional do idoso. Para isso, foi realizada uma busca de artigos completos publicados entre os anos de 2010 a 2023, nas bases de dados SciELO, Google Acadêmico e PubMed. Por meio dessa revisão bibliográfica, objetivamos avaliar as repercussões dessas estimulações simultâneas, na prevenção do declínio funcional em idosos. Perante os artigos encontrados, foi evidenciado que a estimulação cognitiva e motora, em uma abordagem conjunta, pode ser efetiva como intervenção na prevenção do declínio funcional, contribuindo para promoção da saúde e autonomia da população idosa.

Palavras-chave: estimulação cognitiva; envelhecimento; exercício físico; cognição; idoso.

ABSTRACT

Given the advances in medicine, and the increase in the elderly population, there is a need for further research into the ageing process, its stages and the possibilities for intervention, with the aim of making it as successful as possible. It is important to reduce the risk of diseases and functional disabilities, promoting better physical and mental functioning, as well as active engagement with life. The emphasis on preventing adverse events is fundamental, justifying the search for new therapeutic approaches. Joint cognitive and motor stimulation has been presented as a method of preventing functional decline in the elderly. This article is a narrative literature review on the association of cognitive and motor stimulation as a proposed intervention in the functional decline of the elderly. To this end, a search was made for complete articles published between 2010 and 2023 in the SciELO, Google Scholar and PubMed databases. The aim of this bibliographical review was to assess the repercussions of these simultaneous stimulations in preventing functional decline in the elderly. The articles found showed that cognitive and motor stimulation, in a joint approach, can be an effective intervention in preventing functional decline, helping to promote the health and autonomy of the elderly population.

Keywords: cognitive stimulation; ageing; physical exercise; cognition; elderly.

RESUMEN

Dados los avances de la medicina y el aumento de la población anciana, es necesario seguir investigando sobre el proceso de envejecimiento, sus etapas y las posibilidades de intervención, con el objetivo de que sea lo más satisfactorio posible. Es importante reducir el riesgo de enfermedades y discapacidades funcionales, promoviendo un mejor funcionamiento físico y mental, así como un compromiso activo con la vida. Es fundamental hacer hincapié en la prevención de los acontecimientos adversos, lo que justifica la búsqueda de nuevos enfoques terapéuticos. La estimulación cognitiva y motora conjunta se ha presentado como un método de prevención del declive funcional en las personas mayores. Este artículo es una revisión narrativa de la literatura sobre la asociación de la estimulación cognitiva y motora como propuesta de intervención en el declive funcional del anciano. Para este propósito, se realizó una búsqueda de artículos completos publicados entre 2010 y 2023 en las bases de datos SciELO, Google Scholar y PubMed. El objetivo de esta revisión bibliográfica fue evaluar la repercusión de estas estimulaciones simultáneas en la prevención del declive funcional del anciano. Los artículos encontrados mostraron que la estimulación cognitiva y motora, en un abordaje conjunto, puede ser una intervención eficaz en la prevención del declive funcional, ayudando a promover la salud y la autonomía de la población anciana.

Palabras clave: estimulación cognitiva; envejecimiento; ejercicio físico; cognición; ancianos.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com a OMS, “o envelhecimento saudável é definido como o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar na idade avançada” (RUDNICKA et al, 2020), entendendo este bem-estar em suas diversas esferas, física, mental e social, não apenas como ausência de doença. Este complexo processo, que ocorre em cada indivíduo, é diretamente afetado pelo meio em que está inserido, recebendo influências de fatores econômicos, sociais, culturais e históricos. O envelhecimento normal, desde a maturidade à senescência é acompanhado por um grande número de mudanças fisiológicas, orgânicas, bioquímicas e moleculares (TAFFET, 2018). 

O processo de envelhecimento humano está associado com a sistemática  deterioração cognitiva e motora.Tais deteriorizações implicam em um declínio funcional, impactando a autonomia e a qualidade de vida, que estão diretamente ligados a um bom funcionamento cognitivo e motor. Os déficits na capacidade motora relacionados à idade e os sintomas de declínio cognitivo, como memória, atenção e problemas na função executiva, são os principais  fatores que contribuem para a perda da independencia funcional ( PODHERECKA, 2021). Considerando independência funcional, a preservação da autonomia e independência nas atividades básicas e instrumentais da vida diária. Sendo o indivíduo considerado autônomo, aquele capaz de tomar decisões e gerir a sua vida (FONSECA, 2012).  Tendo em vista que a plasticidade cerebral ainda ocorre ao envelhecer, uma abordagem terapêutica preventiva seria de extrema importância para retardar tais deteriorações.

Segundo o Relatório Social Mundial (ONU, 2023), a população idosa deverá dobrar em 2050, passando de 761 milhões em 2021 para 1.6 bilhão em 2050. O envelhecer de forma saudável significa desenvolver a habilidade de manter a independência, a vitalidade, o propósito e a qualidade de vida, apesar de condições de saúde ou determinantes sociais adversos (ECKSTROM et al, 2020).

Como um importante componente no envelhecimento saudável, o exercício ou atividade física previne e diminui a incidência de quedas, sarcopenia, osteoporose e o comprometimento cognitivo (ECKSTROM et al, 2020). A ênfase na prevenção de eventos adversos se revela fundamental, justificando a busca por novas abordagens terapêuticas preventivas.   

As estimulações cognitiva e motora conjuntas têm  sido apresentadas como método preventivo do declínio funcional do idoso. Revisões sistemáticas apontam efeito benéfico do exercício físico e o treinamento cognitivo na capacidade física e função cognitiva (BRUDERERHOFSTETTE et al, 2018). A associação de tarefas de estimulação multissensorial cognitiva a exercícios motores, aplicados simultaneamente a idosos, em um protocolo de atividades realizadas duas vezes por semana, trouxe significativa melhora na redução do declínio cognitivo e consequente melhora da qualidade de vida (JARDIM et al., 2021).

Para uma melhor compreensão da estimulação cognitiva e motora é importante conceituar cognição. Segundo SANT (2017), cognição é um processo consciente que visa a aquisição de conhecimentos que ocorrem através da percepção, da atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, criatividade, solução de problemas, pensamento e linguagem. É a capacidade do indivíduo de adquirir e utilizar informações a fim de adaptar-se às demandas do meio. Isto posto, a estimulação cognitiva busca através de múltiplas atividades aplicadas por meio de estratégias mnemônicas, aprimorar as funções cognitivas e sociais. Essas atividades podem ser realizadas individualmente ou em grupo.

Segundo KRIVANET (2021), há um crescimento substancial de artigos relacionando a saúde cognitiva à diminuição do risco de demência.  Na presente busca, confirmamos a escassa literatura abordando a terapêutica conjunta da estimulação motora e cognitiva em idosos na prevenção do declínio funcional. O que justifica o interesse em um conhecimento mais aprofundado dessa abordagem terapêutica.

Através dessa revisão bibliográfica, objetivamos avaliar as repercussões dessas estimulações realizadas simultaneamente, na prevenção do declínio funcional em idosos.

2. METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho é uma revisão bibliográfica narrativa, através da análise de artigos completos publicados entre os anos de 2010 a 2023, nas bases de dados SciELO, Google acadêmico e PubMed, utilizando os seguintes descritores: Estimulação cognitiva, Envelhecimento, Exercício físico, Cognição, Idoso, Cognitive stimulation, Aging, Physical Exercise, Cognition, Elderly, em português e inglês. Inicialmente foi realizada uma busca de artigos publicados nos últimos cinco anos, no entanto devido à escassez  de artigos relevantes, ampliou-se o intervalo para incluir artigos de 2010 a 2023, garantindo assim uma análise mais abrangente sobre a associação entre estimulação cognitiva e motora em idosos. Dos 30 artigos consultados, foram selecionados 14, que atenderam os seguintes critérios de inclusão: artigos completos, que abordavam em conjunto e separadamente a estimulação cognitiva e motora em idosos sem sequelas neurológicas. Dos 14 artigos selecionados, sete foram escolhidos para a construção do Quadro1, por apresentarem as estimulações cognitiva e motora de forma integrada, permitindo uma análise mais completa do tema. Foram excluídos , relatos de caso, resumos e artigos que abordavam neuropatias limitantes cognitivas e motoras. Houve a dispensa de consulta ao comitê de ética por se tratar de uma revisão bibliográfica sem levantamento de prontuários ou relato clínico.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

CHEN, NAKAGAWA, (2023),  em estudo recente no campo da neurociência atestam a  forte evidência da atividade física como um fator capaz de modificar o declínio cognitivo e a demência. Os autores  abordam de forma concisa em seu artigo, a relação direta entre os mecanismos fisiológicos desencadeados pelo exercício físico e suas repercussões neurobiológicas no funcionamento cerebral. 

Neste estudo foi demonstrado de que forma as adaptações fisiológicas ao esforço físico produzem mecanismos neurobiológicos capazes de beneficiar o funcionamento cerebral.  Os cincos mecanismos neurobiológicos destacados, incluem a liberação de fator de crescimento, essencial para o desenvolvimento e crescimento de neurônios, neurogênese e angiogênese; a produção de lactato, provendo energia para o cérebro e envolvido na síntese de glutamato e na potenciação de longa duração; a liberação de citocinas anti-inflamatórias que reduzem a neuroinflamação; o aumento na biogênese  mitocondrial e atividade enzimática antioxidante, que reduzem o estresse oxidativo e a liberação de neurotransmissores como a dopamina e a serotonina (5HT), que regulam a neurogênese e modulam a cognição. Entre as adaptações geradas para melhorar o desempenho do exercício, estão: a liberação de fatores de crescimento, como o fator neutrófilo derivado do cérebro (BDNF), o fator de crescimento semelhante a insulina-1 ( IGF-1) e o fator de crescimento derivado do endotélio vascular ( VEGF), fatores importantes para a neurogênese e angiogênese; a formação de lactato (durante exercícios de intensidade moderada e alta que ultrapassem o limiar anaeróbico) envolvida na produção de energia para o cérebro e na síntese de glutamato; a liberação da Interleucina-6 (IL-6) que reduz a neuro inflamação; aumento da biogênese mitocondrial; atividade de enzimas antioxidantes e liberação de neurotransmissores como dopamina e serotonina(5-HT) que regulam a neurogênese e modulam as funções cognitivas CHEN, NAKAGAWA, (2023).

A Figura 1 é constituída por  um mapa mental que foi construído, baseado no estudo citado acima, demonstrando os mecanismos neurobiologicos gerados pelas adaptações do corpo ao exercicio físico, promovendo benefícios para o funcionamento cognitivo.

Figura 1: Mapa mental dos mecanismos fisiológicos envolvidos no exercício físico.

Santos em 2015 , desenvolveu um programa denominado PROECO. Trata-se de um programa de estimulação cognitiva que trouxe resultados sólidos. O programa foi aplicado por 6 semanas e objetivou treinar as funções executivas (Abstração, Planejamento e Inibição de resposta), a Atenção e a Memória, por meio de jogos, utilizando para isso o formato informático. Contaram com a participação de 58 seniores saudáveis, que foram divididos em dois grupos, o de intervenção (29) e o grupo controle(29). Foram realizadas avaliações das funções executivas antes e depois da aplicação de diversos testes. O grupo de intervenção apresentou significativo desempenho em sua flexibilidade cognitiva e habilidade verbal (SANTOS,2015).

Segundo Jardim et al. (2021), a associação de tarefas de estimulação multissensorial cognitiva a exercícios motores, aplicados simultaneamente a idosos, em um protocolo de atividades realizadas duas vezes por semana por 75 minutos, durante 3 meses, trouxe significativa melhora na redução do declínio cognitivo e consequente melhora da qualidade de vida. Neste ensaio clínico,  os idosos foram submetidos a um programa de treinamento multimoldal, envolvendo exercícios físicos e estimulação multisensorial cognitiva, em duas tarefas realizadas simultânemente, em comparação ao grupo controle. O grupo que passou pelo treinamento apresentou melhora significativa na performance cognitiva, na memória episódica visual, na memória episódica verbal, na atenção visual sustentada, na mobilidade funcional, na resistencia muscular de membros superiores e inferiores e no condicionameto cardiorespiratório.

Considerando que o risco de quedas aumenta muito nos idosos acima de sessenta e cinco anos, foi realizado um estudo para avaliar se a combinação de um treinamento motor e cognitivo em idosos, realizado simultânea ou separadamente, trariam benefícios reduzindo o risco de quedas (BARBAN, F et al. 2017). O estudo investigou  a aplicação de um treinamento motor da marcha e  do equilíbrio  e o treinamento de funções executivas cognitivas, aplicados conjunta e saparadamente em idosos com risco de queda. Observaram que o treinamento motor melhorou o desempenho e reduziu o medo de queda e o treinamento cognitvo, melhorou a memória episódica. No entanto os resultados apresentados ao final do trabalho, demonstraram que o treinamento motor e cognitivo quando realizado conjuntamente, apresentou melhores resultados do que quando realizados separadamente. Porém enfatiza a necessidade de mais estudos para que se conheça melhor a causa.

Em estudo piloto observacional, sobre a estimulação cognitiva utilizando a realidade virtual, Pdhorecka, 2021, utilizou Grydsen software, no treinamento cognitivo motor, tendo como objetivo avaliar a aplicabilidade dessa ferramenta e obter o feedback dos participantes quanto à experiência vivida. As tarefas vivenciadas pelos participantes consistiam em um treinamento cognitivo-motor através de simulações virtuais  de atividades do dia-a-dia , como por exemplo fazer compras em supermercado, passear de bicicleta em um parque, dirigir em estrada desviando de outros carros. Os participantes apresentaram melhora nos testes executivos, na memória e funções de fluência verbal. As evidências sugerem que o treinamento cognitivomotor pode prevenir ou retardar o declínio cognitivo. (PODHODECKA, 2021).

Quadro 1: Resumos das principais obras que destacam a associação da estimulação cognitiva à estimulação motora como proposta de intervenção na prevenção do declínio funcional do idoso.

Autor/AnoTítuloLocal de publicação/ idiomaConteúdo
BARBAN, F. et al. (2017)Reducing Fall Risk with Combined Motor and Cognitive Training in Elderly Fallers  Brain Science. InglêsO estudo evidencia que o treinamento motor e cognitivo em idosos tem relação com a diminuição do risco de quedas. Consideraram ao final do trabalho, que o treinamento quando realizado em conjunto maximiza os resultados.
JARDIM, N. Y. V. et al. (2021)Dual-Task Exercise to Improve Cognition and Functional Capacity of Healthy Older Adults: Frontiers in AgingAging Neuroscience: EUA. InglêsFoi desmonstrado que a associação de tarefas de estimulação multissensorial cognitiva a exercícios motores, aplicados simultaneamente a idosos, trouxe significativa melhora na redução do declínio cognitivo.
PODHORECKA, M. et al. (2021)Virtual reality-based cognitive stimulation using GRYDSEN software as a means to prevent age-related cognitive-mobility disorders – a pilot observational studyHuman Technology: EUA. Inglês.Estudo piloto observacional sobre a estimulação cognitiva através de realidade virtual, usando GRYDSEN software se mostrou efetivo como treinamento na prevenção de desordens cognitivas e de mobilidade. 
SANTOS; DOS, M. M. L. T. R. (2015)PROECO: um Programa de Estimulação Cognitiva para um envelhecimento saudávelRepositório Institucional: Brasil. Português.O programa PROECO se mostrou efetivo ao contribuir para a prevenção do declínio cognitivo promovendo melhor qualidade de vida para a população sênior.  
BRUDERER- HOFSTETTER, M et al. (2018)Effective multicomponente intervention in comparison to active control and no intervention on physical capacity, cognitive funtion, and instrumental activities of daily living in elderly people with and without mild impared cognition – A sistematic review and network meta-analysis.  Ageing Research  Reviews. Switzerland. Inglês. Foram realizados ensaios clínicos randomizados que demonstraram que as intervenções quando aplicadas às pessoas sem distúrbios de cognição,  tanto os treinamentos simultâneos, quanto os separados, mostraram-se eficazes.    
CHEN, C; NAKAGAWA, S (2023)Physical activity for cognitive health promotion: An overview of the underlying neurobiological mechanisms.Ageing Research Reviews. EUA. Inglês.O artigo evidencia a relação direta entre os mecanismos fisiológicos desencadeados pelo exercício físico e suas repercussões neurobiológicas no funcionamento cerebral.            
WOLLEESEN, B et al.(2020)The effects of Cognitive Trainning Interventions on executive functions in older people.Eur Rev Aging GermanyO treinamento cognitivomotor convencional e através de tecnologia Exergame, em pessoas idosas apresentou melhora na cognição global e na atenção, assim como no controle motor inibitório.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca por um envelhecimento ativo e saudável vem ganhando força com o progressivo aumento da população idosa, no entanto, estudos e programas de estimulação cognitiva associada à estimulação motora no país ainda são escassos… 

O desempenho motor do idoso declina conforme o tempo em função da ineficiência do funcionamento do sistema nervoso central (SNC) e disfunções do sistema sensorial (visual, proprioceptivo e vestibular), mudando a forma como o ambiente é percebido. Também são comumente percebidas alterações no sistema músculo-esquelético, que levam a uma diminuição da força muscular e redução na capacidade de controle motor.

Nesta revisão bibliográfica constatamos através das evidências encontradas, que a estimulação cognitiva quando associada à motora  aplicadas conjuntamente, são efetivas como proposta de intervenção na prevenção do declínio funcional do idoso, apresentando melhores resultados do que quando realizadas separamente em indivíduos idosos saudáveis. Diante dos achados, recomenda-se a continuidade das investigações nessa área, especialmemte em relação a diferentes modalidades de exercícios e suas combinações com abordagens cognitivas e motoras. Mais estudos seriam importantes utilizando essa abordagem terapêudica em idosos com algum tipo de compromentimento. Em suma, a associação da estimulação cognitiva e motora representa uma promissora via para promover a saúde e a autonomia na população idosa.

5. REFERÊNCIAS

BARBAN, F. et al. Reducing fall risk with combined motor and cognitive training in elderly fallers. Brain Science, EUA, v. 7, n. 2, p. 1-14, jul. 2017. 

FONSECA, M. M. A; OLIVEIRA, M. D. F. A. D. Saúde do idoso: guia prático para avaliação funcional na atenção primária. 2012. Dissertação de mestrado em Ensino em Ciências das saúde e do Meio Ambiente – UniFOA, Volta Redonda, 2012.

OLIVEIRA, A.S.A.; SILVA, V.C.L.; CONFORT, M.F. Benefícios da estimulação cognitiva aplicada ao envelhecimento. Episteme Transversalis, Volta Redonda, v. 8, n. 2, p. 16-31, dez. 2017.  

SANTOS, M. M. L. T. R. PROECO: Um Programa de Estimulação Cognitiva para um envelhecimento saudável. Tese – (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Fernando Pessoa. Porto, 2015.  

TAFFET, George E. Normal and abnormal aging (General Perspective for the Oncologist). Geriatric Oncology, Califórnia, v. 1, n. 7, dez. 2018.

CHEN, C.; NAKAGAWA, S. Physical activity for cognitive health promotion: An overview of the underlying neurobiological mechanisms. Ageing Res. Rev., abr. 2023.  

KRIVANEK, T.J.; GALE, S.A.; MCFEELEY, B.M.; NICASTRI, C.M.; DAFFNER, K.R. Promoting successful cognitive aging: A ten-year update. J Alzheimers Dis., Estados Unidos, v. 81, n. 3, 2021. 

ECKSTROM, E.; NEUKAM, S.; KALIN, L.; WRIGHT, J. Physical  activity and health aging. Clin. Geriatr. Med., v. 36, n. 4, nov. 2020.

BRUDERER-HOFSTETTER, M.; OSTHOFF-RAUSCH, A.K.; MEICHTRY, A.; MUNZER, T.; NIEDERMANN, K. Effective multicomponente intervention  in comparison to active control and no intervention on physical capacity, cognitive funtion, and instrumental activities of daily living in elderly people with and without mild impared cognition – A sistematic review and network meta-analysis. Ageing Research Reviews, Switzerland, v. 45, p1-14, ago. 2018.

WOLLENSEN B,  WILBREDT A, VAN SCHO KS, LIM ML, DELBAERE K. The effects of cognitive-motor training interventions on executive funtions in older people: a systematic review and meta-analysis. Eur Rev Aging Phys Act 2020 Jul 17:9. Doi: 10.1186/s11556-020-00240-y. PMID:32636957;PMCI: PMC7333372.


¹Aluno do Curso de Medicina do UniFOA

²Aluna do Curso de Medicina do UniFOA

³Professora do Curso de Medicina do UniFOA

4Professor do Curso de Medicina do UniFOA