A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CUIDADO DE MULHERES COM PRÉ-ECLÂMPSIA 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11859167


Ana Carolina Cavalcanti Pereira
Giselia Tatiana Lima Ferreira
Leidianne Silva Cabral Marques
Maria Aparecida de Araújo Dias
Orientador: Prof. Esp.:. Gustavo Henrique


RESUMO

A gestação é um processo fisiológico pelo qual a mulher passa e se caracteriza por uma série de alterações orgânicas. Porém, quando essas alterações estão ligadas a determinados fatores de risco, podem causar efeitos materno-fetais desfavoráveis, como a pré-eclâmpsia. O objetivo desse estudo é investigar o papel da assistência de enfermagem prestada à gestante com pré-eclâmpsia no momento do parto. Para desenvolvimento deste trabalho, adotou-se o método de pesquisa bibliográfica em plataformas do SciELO, Pubmed e Google Acadêmico, além dos repositórios de Universidades. Atualmente, a qualidade de assistência pré-natal é garantida pelo avanço tecnológico na área da saúde. Contudo, algumas doenças causam morbilidade e mortalidade materna, particularmente síndromes hipertensivas que incluem pré-eclâmpsia e eclâmpsia, hipertensão crónica antes da gravidez e hipertensão crónica com toxicemia pós-parto. A busca pela identificação precoce de sinais e sintomas relacionados à pré-eclâmpsia e outras comorbidades gestacionais que tornam a gravidez de risco é primordial, e para isso, os enfermeiros necessitam de conhecimento sobre toxemias gravídicas, bem como a disponibilidade de recursos técnicos e estruturais para prestar assistência adequada às gestantes, de forma humanizada. A pesquisa demonstrou que os enfermeiros possuem conhecimento científico e tecnológico necessários para observar as gestantes de vários ângulos durante o acompanhamento. Isso permite processos mais eficientes de identificação, encaminhamento e retorno no ambiente de assistência pré-natal. 

Palavras-chaves: Pré-eclâmpsia. Atenção básica. Assistência pré-natal. Cuidados de enfermagem. Síndromes Hipertensivas. 

1  INTRODUÇÃO

A gestação é um processo fisiológico pelo qual a mulher passa e se caracteriza por uma série de alterações orgânicas. Porém, quando essas alterações estão ligadas a determinados fatores de risco, podem causar efeitos materno-fetais desfavoráveis, como a pré-eclâmpsia. Esta é a complicação clínica mais comum da gravidez e a principal causa de morbidade materna. É possível caracterizá-la como uma patologia específica da gravidez que é detectada pelo surgimento de hipertensão sistêmica após 20 semanas de gestação, acompanhada de proteinúria (SILVA et al., 2021). 

Embora a gravidez seja uma parte natural da vida das mulheres, para algumas pode ser vista como um risco que afeta não só elas, mas também as suas famílias e a sociedade a que pertencem. A maior probabilidade de evolução desfavorável de uma gestação com riscos de desenvolvimento de doenças, é observada em cerca de 20% das gestantes (BRASIL, 2008).

Um sério problema de saúde pública, a pré-eclâmpsia (PE) é responsável por um elevado número de mortes maternas nos países desenvolvidos, com mais de 50.000 mulheres morrendo em todo o mundo todos os anos. As mulheres grávidas são orientadas a interromperem a gestação antes da 34ª semana de gravidez em 1% dos casos de EP e em 10% dos casos de EP grave ((FERREIRA et al., 2016). 

Embora verifique-se diversos avanços na medicina, existem indicadores de óbitos maternos bastante elevados, sendo fundamental buscar meios eficazes na prevenção das complicações obstétricas. As mortes em questão ainda acontecem por complicações evitáveis, especialmente quando se leva em consideração a importância de uma triagem pré-natal de alta qualidade na detecção precoce e no manejo clínico adequado de sinais e riscos para desenvolvimento da doença 

O risco de mortalidade materna e perinatal aumenta quando a PE ocorre mais precocemente. Cerca de 10% de todas as gestações em todo o mundo são afetadas por algum tipo de síndrome de hipertensão, que pode ser classificada como préeclâmpsia, eclâmpsia, hipertensão gestacional ou doença pulmonar obstrutiva crônica (MORAIS et al., 2022).

Com base na necessidade de trabalhar em prol da diminuição do número de gestantes acometidas com determinadas complicações, a assistência de enfermagem deve deve ser desempenhada com autonomia e respaldo teórico. A enfermagem tem um papel crucial na identificação e prevenção da eclâmpsia e pré-eclâmpsia, além de orientar os pacientes para identificar e evitar os sinais e sintomas presentes, acompanha o desenvolvimento da gestação dia após dia.

Uma triagem pré-natal eficaz envolve a busca ativa das gestantes desde o início, educando-as sobre a importância da regularidade pré-natal para a identificação de doenças maternas e fetais e minimizando complicações por meio de intervenções precoces. 

Nesse viés, estudos como o de Silva et al. (2021), dedicam-se a apresentar sobre o trabalho do profissional de enfermagem deve ser realizado em conjunto com o médico, por meio de consultas de acompanhamento, exame físico, solicitação de exames para avaliação dos parâmetros hemodinâmicos e acompanhamento do desenvolvimento fetal, bem como orientações sobre cuidados gestacionais específicos, garantindo uma maior segurança para a gestante, assim como para o bebê.

1.1  Caracterização do Problema

Diante do risco que a pré-eclâmpsia trás a vida da gestante e do bebê, é fundamental desenvolver boas práticas de atendimento em saúde, de modo que seja realizado um acompanhamento rigoroso por uma equipe multiprofissional, incluindo enfermeiros e médicos, na maioria dos casos, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida à gestante. Sob essa perspectiva, a pergunta que norteia o presente estudo é: Qual o papel do profissional de enfermagem na promoção de saúde da gestante?

1.2  Justificativa 

A percepção do despreparo da equipe de enfermagem para emergências com pacientes que chegam com pré-eclâmpsia, bem como seu desconhecimento durante as interações com gestantes, são as questões que motivaram essa pesquisa, além disso, é possível ressaltar o interesse em adquirir um leque maior de conhecimentos sobre os cuidados que devem ser prestados às gestantes, de modo que seja possível fornecer um atendimento humanizado e eficiente nesses casos. 

Portanto, é necessário estabelecer uma melhor política, como uma avaliação primária da qualidade da atenção às gestantes durante o período do seu parto, e uma implementação de protocolos padrões para todos os profissionais, garantindo assim maiores chances de salvar a mãe e o bebê.

1.3  Hipótese

De uma forma geral, o primeiro contato da gestante com o serviço de saúde é proporcionado a partir do acompanhamento de pré-natal, o qual é realizado pela enfermagem. Dessa forma, o papel fundamental da equipe de enfermagem é atender as gestantes com máxima qualidade e preparo para um atendimento eficaz, portanto, é esperado que os profissionais estejam preparados para acolhimento e assistência humanizada à gestante. Em virtude disso, o profissional necessita não apenas de conhecimentos técnicos de patologia, mas também de protocolos internos padronizados para desenvolver habilidades com segurança e suporte, visando minimizar os erros existentes. 

2  OBJETIVOS
2.1  Geral 

Investigar o papel da assistência de enfermagem prestada à gestante com préeclâmpsia no momento do parto.

2.2  Específicos
  • Identificar as principais características do período gestacional;
  • Apresentar a importância da educação em saúde para as gestantes;
  • Analisar a importância do atendimento humanizado da equipe de enfermagem as gestantes com pré-eclâmpsia.
3  REFERENCIAL TEÓRICO 
3.1  Principais características do período gestacional

A gestação se configura por um período que provoca diversas transformações, sendo elas de caráter físico, hormonal e psicológico. Dessa forma, requerem atenção e cuidados durante a fase do pré-natal. De acordo com Codato et al. (2011), às diversas mudanças provocadas na gestação promovem a oportunidade de favorecer a promoção de saúde, incorporação e mudanças de hábitos, uma vez que desencadeia uma série de dúvidas e contradições, as quais levam a gestante buscar informações a fim de se preparar da melhor forma possível para a nova experiência de vida.

O período gestacional é uma fase de intensas descobertas, incertezas e experiências únicas e valiosas no ciclo de vida da mulher. Portanto, se caracteriza como favorável para que aconteça um perfeito desenvolvimento de ações que quebrem as crenças infundadas para que seja possível e harmonioso a promoção de saúde bucal. Para tanto, se faz necessário estar atrelado com as atividades do prénatal, visando o interesse por parte da gestante em adquirir melhores práticas de saúde (GOMES et al., 2019). 

De acordo com o Ministério da Saúde, há várias causas que podem resultar em uma gravidez com risco elevado. No entanto, as principais razões são divididas em quatro grupos: fatores individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis; história reprodutiva anterior; doença obstétrica durante a gravidez atual; e intercorrências clínicas. Nesse viés, a pré-eclâmpsia é uma das formas de hipertensão gestacional que se enquadra na categoria de doenças obstétricas.

Neste sentido, o período gestacional configura-se como um grande desafio em relação as orientações que devem ser passadas para gestantes através da educação em saúde, garantindo que tudo seja claro e objetivo em relação às alterações possíveis e rotineiras que ocorrem no corpo e na mente em função da gravidez e portanto, as consultas de pré-natal fazem parte da rotina da gestante (DIAS et al., 2018).

Durante o pré-natal, os profissionais de saúde que atendem a gestante podem detectar alterações que vêm a representar algum tipo de risco a saúde da mulher e do feto. A enfermeira obstétrica desempenha um papel privilegiado na identificação de sintomas, na execução de ações, na conduta terapêutica e no encaminhamento das mulheres acometidas com alguma doença, para tratamento específico. Este especialista está na vanguarda das emergências obstétricas e dos cuidados de urgência, com competências e conhecimentos para realizar exames pré-natais minuciosos e acompanhamento fetal (SANTOS; MOURA, 2019).

3.2  A importância da educação em saúde para gestantes

A atenção básica à saúde atua diretamente na promoção de saúde da mulher e acompanhamento do período de pré-natal, tendo em vista que este está condicionado ao exercício de cuidados, condutas e procedimentos que possam garantir a saúde da gestante e do feto, uma vez que as equipes de saúde trabalham de forma acentuada para que seja possível detectar, curar ou controlar doenças em estágios iniciais, além de prevenir riscos à saúde de ambos (GOMES et al., 2019). 

Tomando como base esse período, a equipe de atendimento multiprofissional, exerce um papel fundamental nas questões ligadas à saúde das gestantes, sendo sua atuação essencial para proporcionar assistência de pré-natal, bem como promover estratégias de promoção à saúde e prevenção de doenças através de um cuidado prestativo e humanizado (SANTOS; MOURA, 2019). 

Entretanto à medida que o pré-natal configura-se como um período delicado de mudanças, descobertas e inseguranças para gestantes e para o feto, existe a necessidade da elaboração de um plano de assistência de enfermagem nas consultas de pré-natal, o qual esteja de acordo com as necessidades de cada indivíduo, a fim de estabelecer intervenções, orientações e quando necessário, encaminhamento a outros serviços, como a odontologia, medicina, nutrição e psicologia (DIAS et al., 2018).

Nesse sentido, o pré-natal é identificado como um momento propício para que sejam promovidas e realizadas ações de cunho educativo através de ferramentas como o diálogo, o vínculo e a escuta das gestantes e seus familiares. Essas estratégias compõem os fatores que possibilitam a aproximação entre profissionais e gestantes, garantindo o fortalecimento do sentimento de segurança para que a paciente sinta-se acolhida e confortável tanto na prestação de serviços quanto no esclarecimento de dúvidas (SILVA et al., 2021).

O estudo de Gomes et al. (2019), assim como o de Dias et al., (2018), evidenciaram que a educação em saúde promove uma assistência de enfermagem com qualidade, desde o acolhimento do profissional de enfermagem para com a gestante, passando pela resolutividade da consulta, uma vez que existe a necessidade de avaliações presenciais periodicamente, assim como o exame físico proporcionando a escuta dos batimentos cardíacos fetais, seguido pelo entendimento sólido sobre o estado de saúde do bebê. 

Outro fator primordial configura-se pelas orientações sobre saúde, uma vez que na maioria dos casos identificam-se dúvidas em relação à alimentação e medicação, sendo diversos profissionais de saúde responsáveis por fornecerem informações úteis, práticas, seguras e cuidadosas, gerando um bem-estar coletivo, levando a gestantes a sentirem satisfação com a consulta (GOMES et al., 2019).

3.3  A importância do atendimento humanizado da equipe de enfermagem as gestantes com pré-eclâmpsia

No início da gestação, a paciente é encaminhada para sua primeira consulta com a equipe de enfermagem, uma vez que o profissional tem como atribuição buscar identificar possíveis fragilidades, riscos e potencialidades existentes na vida da gestante, garantindo melhor qualidade de vida e promoção de saúde para a mãe e o bebê, através de atividades educativas sejam elas individuais ou em grupos, promovendo o assistencialismo necessário a esse período repleto de mudanças (CAMPOS et al., 2016).

O desenvolvimento de pré-eclâmpsia na gestação é multifatorial, à medida que pode ser desencadeado por meio de fatores maternos, como histórico familiar, múltiplas gestações, obesidade, hipertensão crônica, entre outros. Dessa forma, na maioria dos casos, as principais causas bioquímicas da pré-eclâmpsia, são a hipóxia na placenta e o comprometimento da angiogênese. Além dos fatores fetais/maternóides e da disfunção endotelial, a ativação da inflamação em muitos órgãos contendo matriz desempenha um papel essencial no cenário da doença (SILVA et al., 2022). 

Nessa perspectiva, o início da hipertensão após a vigésima semana de gestação, acompanhado de proteinúria, é caracterizado como pré-eclâmpsia, sendo uma das Síndromes Hipertensivas Específicas da Gravidez (SHEG). Essa condição é resultado de um nível elevado de proteína na urina.  Nos casos de doença trombótica gestacional e hemorragia fetal acompanhada de proteinúria, pode surgir antes da quinta semana de gestação (DOS SANTOS et al., 2022).

Após ser identificada, a hipertensão arterial na gestante envolve melhorias na preparação e nas ações preventivas, desencadeando a necessidade de uma atenção maior voltada a condição materno-fetal e à importância da prevenção no campo prático e teórico. Dessa forma, a identificação dos diagnósticos de enfermagem e dos problemas interdependentes tem como fundamento o componente histórico do processo de enfermagem (MASNEI, 2014). 

A equipe de enfermagem deve utilizar habilidades de avaliação, defesa do cliente e orientação para prevenir complicações causadas pela hipertensão na gravidez. A avaliação começa com a determinação precisa da pressão arterial da paciente. Além disso, a equipe de enfermagem deve avaliar sinais subjetivos que possam indicar progressão da doença, alterações visuais, sangramento ou hematoma incomum ou dor epigástrica (MASNEI, 2014).

Portanto, o profissional de enfermagem encontra as necessidades dos pacientes em relação à cuidados de enfermagem quando a história e a avaliação de saúde são finalizadas, e ela organiza, analisa, sintetiza e sumariza os dados coletados, a fim de compreender as particularidades de cada caso, e promover a assistência de enfermagem adequada a cada realidade. 

4  METODOLOGIA

Para desenvolvimento deste trabalho, adotou-se o método de pesquisa bibliográfica em plataformas do SciELO, Pubmed e Google Acadêmico, além dos repositórios de Universidades que disponibilizaram de forma pública trabalhos/estudos nesta área. A pesquisa será realizada entre o período de outubro de 2023 à março de 2024, com artigos buscados nos idiomas inglês e português, por meio das palavras-chave: pré-eclâmpsia, gestantes, assistência de enfermagem.

Sobre o método de pesquisa bibliográfica, pode-se classificar em:

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferenciais seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, querem publicadas quer gravadas. (MARCONI; LAKATOS, 2008, p. 57).

Diante desse método, promoveu-se o desenvolvimento do estudo abordando aspectos qualitativos, tendo em vista que invariavelmente, uma pesquisa científica inicia-se com uma ideia que emerge do cotidiano do pesquisador que observa a realidade ao seu redor (NASCIMENTO; CAVALCANTE, 2018). O presente estudo tem como objetivo investigar o papel da assistência de enfermagem prestada à gestante com pré-eclâmpsia no momento do parto.

Para a realização da presente pesquisa foi utilizada a abordagem quantitativa. Esta abordagem caracteriza-se pela busca da enumeração e medição de um evento por meio da análise de variáveis e hipóteses definidas pelo pesquisador (PROETTI, 2017). 

Quanto aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva. Exploratória no sentido de que o objetivo é criar familiaridade com o problema e construir hipóteses e descritivo no que se refere a exposição de características de um fenômeno determinado e no estabelecimento de correlações entre as variáveis (GIL, 2002).

5  RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante a gestação, a mulher passa por um período que tem um impacto significativo e emocional no nascimento de um filho, além das alterações psíquicas e físicas. Enquanto a gestação é um processo natural, é fundamental que ela seja supervisionada por equipes de saúde multidisciplinar, através do acompanhamento pré-natal para garantir o bem-estar da gravidez e prevenir efeitos adversos (NUNES et al., 2020).

Dessa forma, a gravidez é uma fase que envolve uma transformação como um todo, uma mudança de identidade e uma nova definição de papel da mulher. Este é um momento de crise, em que estão presentes pontos conflitantes de tomada de decisão e crescimento emocional, fatores determinantes da saúde da mulher e da família. Afirma-se também que a gravidez altera significativamente o padrão de interação com a família biológica e toma o cerne da matriz reprodutiva feminina.

Autores como Cortinhas et al. (2019) e Fassarella et al. (2020), discutem que atualmente, a qualidade de assistência pré-natal é garantida pelo avanço tecnológico na área da saúde. Contudo, algumas doenças causam morbilidade e mortalidade materna, particularmente síndromes hipertensivas que incluem pré-eclâmpsia e eclâmpsia, hipertensão crónica antes da gravidez e hipertensão crónica com toxicemia pós-parto. Trazendo vários riscos a saúde materna, a pré-eclâmpsia é um problema importante que ocorre comumente na segunda metade da gravidez, depois da 20ª semana.

Nesse sentido, de modo a identificar a gravidade da doença, o estudo de Sousa (2020), apresenta que a pré-eclâmpsia é um problema que pode surgir após a quinta semana de gravidez, durante o parto e até 48 horas após o parto. É uma condição com rápida evolução que impacta entre 5 e 8% de todas as gestações e é caracterizada pelo aumento da pressão arterial (PA) e, portanto, pode ou não ter proteinúria. Alguns sintomas podem ser indicativos dessa condição, como inchaço – especialmente no rosto, ao redor dos olhos e nas mãos, rápido ganho de peso, náusea, dor epigástrica, dor de cabeça, distúrbios visuais, hiperreflexia, taquipnéia e ansiedade. Contudo, em alguns casos a doença progride de forma silenciosa, sem sintomas.

A pré-eclâmpsia é uma condição que pode acometer uma gestante classificada de alto risco, contudo, existes medidas de prevenção, devido a análise e constatação de alguns fatores de saúde que alteram durante a gravidez, como por exemplo, o diagnóstico de uma hipertensão gestacional. 

A gestação de alto risco é: “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido tem maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada” (BRASIL, 2010). No Brasil, a hipertensão e a hemorragia são consideradas as duas principais causas específicas de morte materna no Brasil são a hipertensão e a hemorragia.

Dessa forma, o diagnóstico precoce é fundamental para um prognóstico positivo, onde a assistência pré-natal de qualidade associada a médicos especializados possa minimizar e prevenir possíveis complicações mais graves, como a síndrome de Hellp e a morte materna. É fundamental que a enfermagem, como ciência do cuidado, esteja preparada para continuar o acompanhamento dessa gestante na rede básica de saúde, bem como nos hospitais e serviços de emergência. 

O estudo de Santana et al. (2019), discute sobre um assunto importante, acerca do nível de conhecimento que os profissionais de enfermagem devem ter para com as pacientes com risco de pré-eclâmpsia. 

Antes de garantir a qualidade da assistência, é crucial compreender o papel da assistência no manejo da pré-eclâmpsia. Inúmeros desconfortos emocionais são causados pela morbidade em muitas gestantes, e as alterações hormonais afetam muito mais ao sentir como se sentir. A natureza desconhecida dessa doença pode ser prevenida por meio de um pré-natal eficaz e de um acompanhamento contínuo, pois o pré-natal orientado envolve a gestante no autocuidado para proporcionar uma gravidez saudável.

As consultas de enfermagem na atenção primária à saúde seguem protocolo elaborado pelo Ministério da Saúde. Esta diretriz fornece orientações adequadas e apoia uma abordagem efetiva para atender às necessidades específicas das gestantes com as quais os profissionais realizam aconselhamento pré-natal em unidades básicas de saúde que devem servir como pontos de referência para gestantes (MORAIS et al., 2022).

Compreende-se que a equipe de enfermagem realiza um importante acompanhamento na vida das gestantes, tendo em vista que a triagem pré-natal é essencial para a detecção precoce e prevenção de doenças maternas e fetais, como por exemplo o risco de pré-eclâmpsia, também permite que o profissional de saúde e a gestante troquem informações e experiências. Esta conexão permite detectar enfermidades que aumentam de maneira silenciosa e que causa risco a saúde da gestante e do bebê. 

De acordo com o estudo realizado por Silva et al. (2021), sintomas como pressão arterial elevada, diminuição da função renal e cerebral são pré-requisitos para o diagnóstico de pré-eclâmpsia. Portanto, o pré-natal auxilia na detecção precoce e nas medidas de tratamento para uma gravidez saudável. Existe necessidade de até 6 consultas durante o pré-natal, conforme previsto pelo Ministério da Saúde. 

De um modo geral, cuidados baseados em abordagem científica são necessários para gestações de alto risco, elevando a saúde do paciente para o padrão superior de atendimento. Além de aumentar a confiança nas instituições de saúde e padrão de segurança, os resultados serão os melhores seguros que ocorrem quando uma abordagem adequada e humana é empregada, pois o paciente é o foco principal do cuidado. 

Além disso, é importante mencionar que condições como baixo peso ao nascer, parto prematuro e em casos graves a morte fetal, são riscos associados à préeclâmpsia. É importante realizar tratamento e precauções para reduzir riscos e agravamentos. Durante as visitas clínicas, devem ser identificadas quais as mulheres que necessitarão de uma vigilância mais cuidadosa. O número de consultas de prénatal deve aumentar de 4 a cada 4 semanas até 27 semanas, a cada 2 semanas entre 28 e 35 semanas e semanalmente a partir de 36 semanas (SILVA, 2021).

Pesquisas como a de Guimarães et al. (2022), elencam as responsabilidades profissionais e sociais que os enfermeiros precisam levar em consideração durante os atendimentos. Dessa forma, expressam que afim de criar confiança e capacitar as mulheres grávidas para assumirem a responsabilidade pelos seus próprios cuidados. 

Corroborando com os autores, Damasceno e Cardoso (2020), discutem sobre o fato de que os enfermeiros devem incorporar a educação para a saúde nos cuidados pré-natais, garantir que as mulheres grávidas recebam informações consistentes e claras com base no seu conhecimento sobre a toxemia da gravidez e a toxemia gravídica, manter um diálogo aberto e honesto com as pacientes e buscarem sanar quaisquer preocupações ou dúvidas que possam ter.

Nesse sentido, verifica-se que o conhecimento da enfermagem sobre as toxemias gravídicas e o acesso a recursos estruturais e técnicos são essenciais para a detecção precoce de sintomas associados à pré-eclâmpsia e outras comorbidades gestacionais que aumentam o risco na gravidez.

O estudo de Damasceno e Cardoso (2020), preza ainda em evidenciar que a busca pela identificação precoce de sinais e sintomas relacionados à pré-eclâmpsia e outras comorbidades gestacionais que tornam a gravidez de risco é primordial, e para isso, os enfermeiros necessitam de conhecimento sobre toxemias gravídicas, bem como a disponibilidade de recursos técnicos e estruturais para prestar assistência adequada às gestantes, de forma humanizada.

O acompanhamento eficaz das consultas de pré-natal auxilia na identificação de alterações orgânicas, fatores de risco e pré-disposições ao desenvolvimento de comorbidades relacionadas à gravidez, por isso o acompanhamento multidisciplinar é essencial para prevenir o desenvolvimento precoce de complicações gestacionais decorrentes da pré-eclâmpsia e outras comorbidades que podem representar risco ao binômio mãe-filho (ABRAHÃO et al., 2020).

Nesse contexto, compreende-se que o acompanhamento multidisciplinar durante as consultas de pré-natal é capaz de detectar alterações orgânicas, fatores de risco e predisposições a comorbidades relacionadas à gravidez. Isto ajudará a prevenir o aparecimento precoce de complicações gestacionais, como pré-eclâmpsia e outros problemas de saúde que possam prejudicar o vínculo mãe-filho.

6  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo o estudo, a pré-eclâmpsia é uma das complicações gestacionais mais comuns que levam à morte materna, ainda mais que a eclâmpsia e outras doenças hipertensivas. Nesse sentido, tornou-se de grande importância a presença efetiva do enfermeiro durante o acompanhamento pré-natal da gestante, a fim de prestar um cuidado integral e baseado no conhecimento científico, com o objetivo de detectar precocemente sinais e sintomas relacionados à pré-eclâmpsia, e promover o adequado atendimento e encaminhamento da gestante para serviços especializados.

Além disso, é importante evidenciar que a atuação do enfermeiro na atenção básica é de suma importância na promoção de saúde dos pacientes. Em relação ao atendimento de pré-natal, avaliam o estado clínico da gestante por meio de exames físicos e exames laboratoriais, promovem o cuidado humanizado, aumentam a garantia do cuidado integral, fortalecem o vínculo com a unidade básica de saúde e evitam que as gestantes desistam desse acompanhamento do pré-natal.

Com a realização da revisão da literatura, constatou-se que a maior parte da investigação em enfermagem sobre pré-eclâmpsia centrou-se em ambientes hospitalares e os prestadores de cuidados primários não foram extensivamente discutidos em relação aos esforços preventivos. Assim, a pesquisa serve como um apelo à ação para uma melhor compreensão do tratamento da pré-eclâmpsia durante a gravidez, com ênfase na prevenção começando pelos cuidados básicos e estendendo-se a toda a rede de saúde.

Por fim, a pesquisa demonstrou que os enfermeiros possuem conhecimento científico e tecnológico necessários para observar as gestantes de vários ângulos durante o acompanhamento. Isso permite processos mais eficientes de identificação, encaminhamento e retorno no ambiente de assistência pré-natal. 

REFERÊNCIAS

ABRAHÃO, Angela Caroline Martins et al.; Atuação do enfermeiro a pacientes portadoras de síndrome hipertensiva específica da gestação. Rev Cient Esc Estadual

Saúde Pública Goiás “Candido Santiago”, v.06, n.01, p.51-63, 2020. Disponível em https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/05/1095878/atuacao-do-enfermeiro-apacientesportadoras-de-sindrome-hiper_W0k9SYR.pdf. Acesso em: 05 jun. 2024.

BRASIL, Ministério da Saúde. Assistência Pré-natal. Manual Técnico. 3 ed.Brasília: Secretaria de Políticas Públicas, 2008.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Departamentos de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: Manual técnico/ Ministério da Saúde. 5ª ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.

CAMPOS, Mariana Lopes de; VELEDA, Aline Alves; COELHO, Débora Fernandes; TELO, Shana Vieira. Percepção das gestantes sobre as consultadas de prénatal realizadas pelo enfermeiro na atenção básica. Journal of Nursing and Health. 2016;6(3):379-90. Disponível em:https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/view/7949/6916.Acesso em: 05 jun. 2024.

CODATO, Lucimar Aparecida Britto et al. Atenção odontológica à gestante: papel dos profissionais de saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p.2297-2301, Apr.  2011.

CORTINHAS, A. B. B. et al. Pré-eclâmpsia e mortalidade materna. Revista Cadernos de Medicina, v. 2, n. 1, p. 63-73, 2019. 

DAMASCENO, Ana Alice de Araújo; CARDOSO, Marly Augusto; O papel da enfermagem nas síndromes hipertensivas da gravidez: Revisão Integrativa. Revista Nursing, v.25, n.289, p.7930-7934, 2020. Disponível em https://revistanursing.com.br/index.php/revistanursing/article/view/2544/3095. Acesso em: 05 jun. 2024.

DIAS, Ernandes Gonçalves et al. Ações do enfermeiro no pré-natal e a importância atribuída pelas gestantes. Revista Sustinere, [S.l.], v. 6, n. 1, p. 52 – 62, jul. 2018. ISSN 2359-0424. Disponível em: <https://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/31722/25719>. Acesso em: 05 jun. 2024.

DOS SANTOS, Isabella Beatriz et al. Assistência de enfermagem nas síndromes hipertensivas específicas da gravidez: revisão sistemática. Research, Society and Development, v. 11, n. 9, p. e51611932155-e51611932155, 2022.

FASSARELLA, B. P. A. et al. Cuidados de enfermagem direcionados à gestante portadora de doença hipertensiva específica da gravidez. Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e343996768, 2020.

FERREIRA, Maria Beatriz Guimarães; SILVEIRA, Caroline Freitas; SILVA, Sueli Riul da; SOUZA, Delvane José de; RUIZ, Mariana Torreglosa. Nursing care for women with pre-eclampsia and/or eclampsia: integrative review. Revista da Escola de Enfermagem da Usp, [S.L.], v. 50, n. 2, p. 324-334, abr. 2016. FapUNIFESP (SciELO).  

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GOMES, Celma Barros de Araújo et al. Prenatal Nursing Consultation: Narratives of Pregnant Women and Nurses. Texto & Contexto – Enfermagem [online]. 2019, v.

28. Epub 29 Abr 2019. ISSN 1980-265X. https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE2017-0544. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2017-0544>.Acesso em: 05 jun. 2024.

GUIMARÃES, Nicolle Oliveira et al.; Atuação do Enfermeiro na prevenção das toxemias gravídicas. Rev Enferm Atual In Derme, v.96, n.39, e-021271, 2022. Disponível em https://revistaenfermagematual.com/index.php/revista/article/view/1409/1442.Acesso em: 05 jun. 2024.

MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração e interpretação de dados. 7° ed. São Paulo: Atlas, 2008.

MASNEI, Letícia Teles de Abreu. Cuidados de enfermagem prestados a pacientes com pré-eclâmpsia e eclâmpsia em um serviço de pronto atendimento: proposta de intervenção. 2014. 23 f. Monografia (Especialização) – Curso de Linhas de Cuidado em Enfermagem – Urgência e Emergência, Departamento de Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Curitiba, 2014. Disponível em:https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/173584/LET%C3%8DCIA%20TELES%20DE%20ABREU%20MASNEI%20-%20Emg%20-%20Tcc.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 05 jun. 2024.

MORAIS, Renata Gatto. A atuação da enfermagem na assistência realizada ao paciente com pré-eclâmpsia: revisão de literatura. Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 10, p. 67007–67021, 13 out. 2022.

NASCIMENTO, Leandra Fernandes; CAVALCANTE, Maria Marina Dias.Abordagem quantitativa na pesquisa em educação: investigações no cotidiano escolar. Revista Tempos e Espaços em Educação, v. 11, n. 25, p. 249-260, 2018.

NUNES, F. J. B. P. et al. Cuidado clínico de enfermagem a gestante com préeclâmpsia: estudo reflexivo. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 4, p.10483-10493, 2020.

PROETTI, Sidney. As pesquisas qualitativa e quantitativa como métodos de investigação científica: Um estudo comparativo e objetivo. Revista Lumen-ISSN:2447-8717, v. 2, n. 4, 2018.

SANTANA, Rosane da Silva et al. Importância do conhecimento sobre sinais e sintomas da pré-eclâmpsia para implementação dos cuidados de Enfermagem.Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 11, n. 15, p. e1425-e1425, 2019.

SANTOS, N. F. S.; MOURA, S. G. Diagnósticos de enfermagem em pacientes com doença hipertensiva específica da gestação no período gravídicopuerperal: uma abordagem quantiqualitativa. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Enfermagem) – Centro Universitário de Anápolis-GO, Anápolis, 2019.

SILVA, Quéren Gabriele Cunha; SANTANA, Samylly dos Santos; RAMOS, Rafael Ribeiro; TAVARES, Paula Paulina Costa; VIANA, Anne Eugênia Lêdo Gonçalves. Assistência de enfermagem í s mulheres com pré-eclampsia: revisão integrativa. Saúde Coletiva (Barueri), [S.L.], v. 11, n. 61, p. 4930-4941, 1 fev. 2021.MPM Comunicacao. 

SILVA, William Pinheiro da. Pré-eclâmpsia-síndrome hipertensiva gestacionaluma revisão. 2022. 123 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2023.

SOUSA, Marilda Gonçalves de et al. Epidemiology of artherial hypertension in pregnants. Einstein (São Paulo), v. 18, 2020. Disponível em: https://journal.einstein.br/article/epidemiology-of-artherial-hypertension-in-pregnants/.Acesso em: 05 jun. 2024.