REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7211708
Autora:
Rafaela Couto Lima1
Orientador:
Leonardo Squinello Nogueira Veneziano2
RESUMO
Este artigo tem como tema a assistência de enfermagem na prevenção da violência obstétrica. Assim, o questionamento que se responder com esta pesquisa é: de que forma a enfermagem contribui para à prevenção? Deste modo, se tem como hipótese, que a enfermagem pode influenciar de forma ampla, abordando temas que trarão impacto na vida das gestantes, para se evitar a violência obstétrica. Como objetivo geral, este trabalho quer contribuir para a qualidade de vida das gestantes, para se evitar a violência obstétrica e como objetivos específicos: realizar o monitoramento da atuação do médico na hora do parto, analisar a gestante e investigar com que frequência os enfermeiros vivenciam essa situação e qual sua conduta diante dela. Como metodologia este estudo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, através das seguintes bases de dados: Scielo e também com a inclusão de artigos publicados de 2015 até 2022, bem como, livros, teses, dentre outros. Conclui-se que, a enfermagem se caracteriza como uma especialidade que vem se consolidando, a partir do final do século, como uma das principais profissões existentes que diariamente vem conquistando o seu espaço, principalmente na prevenção da violência obstétrica.
Palavras-chave: Enfermagem. Saúde. Gestante. Parto.
ABSTRACT
This article has as its theme the nursing care in the prevention of obstetric violence. Thus, the question to be answered with this research is: how does nursing contribute to prevention? Thus, it is hypothesized that nursing can influence widely, addressing issues that will impact the lives of pregnant women, to avoid obstetric violence. As a general objective, this work wants to contribute to the quality of life of pregnant women, to avoid obstetric violence and as specific objectives: to monitor the doctor’s performance at the time of delivery, analyze the pregnant woman and investigate how often nurses experience this situation and what your conduct in front of it. As a methodology, this study was carried out through an exploratory bibliographic research, through the following databases: Scielo and also with the inclusion of articles published from 2015 to 2022, as well as books, theses, among others. It is concluded that nursing is characterized as a specialty that has been consolidating, from the end of the century, as one of the main existing professions that has been conquering its space daily, mainly in the prevention of obstetric violence.
Keywords: Nursing. Health. Pregnant. Childbirth.
INTRODUÇÃO
Este artigo tem como tema a prevenção da violência obstétrica, sendo sua área de concentração: enfermagem obstétrica.
Assim, o questionamento que se quer responder com esta pesquisa é: de que forma a enfermagem contribui para à prevenção a violência obstétrica? E como hipótese se tem que, um ambiente em que há treinamento e capacitação do profissional de enfermagem pode se mostrar efetivo no combate a violência obstétrica trazendo benefícios mãe/bebê e menor incidência de morte neonatal, promoção de um parto seguro e principalmente assegurar a autonomia da mulher que é dona do seu corpo no momento do parto.
Deste modo, o parto é visto e tratado apenas em sua forma mecânica, em que profissionais da área da saúde deixam a parturiente em um segundo plano no momento, assim ela passa a ser apenas mais um componente daquele ato. Atrelado a este contexto, a mulher passou a sofrer alguns danos, que nos dias atuais é denominada de violência obstétrica.
Como objetivo geral, este trabalho quer contribuir para a qualidade de vida das gestantes, para se evitar a violência obstétrica e como objetivos específicos: realizar o monitoramento da atuação do médico na hora do parto, analisar a gestante e investigar com que frequência os enfermeiros vivenciam essa situação e qual sua conduta diante dela.
Com tudo isso, este trabalho se justifica em analisar que, nesse contexto, torna- se relevante a presente pesquisa para trazer à tona a importância da assistência de enfermagem na promoção de um ambiente seguro na hora do parto em que haja acolhimento, segurança, respeito e autonomia da mãe visando que a mesma seja a protagonista de seu momento.
Portanto, de modo particular, a enfermagem se caracteriza como uma especialidade que vem se consolidando, a partir do final do século, como uma das principais profissões existentes, que diariamente vem conquistando seu espaço maior dentro da área da saúde.
1. METODOLOGIA
Como metodologia este estudo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório. A pesquisa bibliográfica é aquela que procura explicar um problema através de referências teóricas já publicadas em teses, dissertações, artigos e livros, e pesquisar, conhecer as contribuições científicas do passado sobre determinado assunto (CERVO, BERVIAN e SILVA, 2007).
Com inclusão de artigos publicados entre o período de 2015 a 2022 com as seguintes palavras-chaves: prevenção e enfermagem do trabalho. A elaboração deste trabalho seguiu as normas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) conforme determinação do manual de trabalho de conclusão de curso da Faculdade Unibrás do Estado de Goiás.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A segurança do paciente
Em 1991, iniciaram-se os estudos que levantaram a discussão sobre a importância da segurança do paciente. Diante da preocupante problemática que circunda os erros e eventos adversos, que de alguma forma afetam a saúde dos pacientes, o Harvard Medical Practice Study criou um estudo, com o objetivo principal em desenvolver estimativas mais atuais e confiáveis da incidência de eventos adversos e negligência em pacientes hospitalizados, principalmente em se tratando sobre a violência obstétrica (ALMEIDA et.al., 2017).
A busca por oferecer cada vez mais um serviço de saúde de qualidade, fez com que a temática da segurança do paciente passasse a ser de extrema relevância e reconhecida internacionalmente nos anos 2000. Países desenvolvidos como Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, Austrália, Canadá, Espanha, França, Nova Zelândia e Suécia, passaram a ver a segurança do paciente como prioridade, com isso foram criados institutos aos quais o foco central foi voltado diretamente para a segurança do paciente (ANDRADE e FERNANDES, 2016).
Com um fomento cada vez maior sobre a temática segurança do paciente, iniciaram também diversos estudos aos quais contribuíram significativamente para a criação e aperfeiçoamento de práticas seguras, favorecendo então a melhoria na comunicação, coletividade positiva e difusão de conhecimentos entre as equipes dos centros de saúde (DIAS et.al., 2015).
No Brasil, a segurança do paciente ganhou grande notoriedade a partir da criação da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente-REBRAENSP no ano de 2008. Tal rede apresentava como principal objetivo, apoiar a cooperação entre instituições de saúde e educação, enfatizando a importância da segurança do paciente e fortalecendo assim a ideia de uma enfermagem segura e com qualidade (DE SOUSA et.al., 2021).
A segurança do paciente pode ser caracterizada como um termómetro em relação a qualidade de cuidados com a saúde. A constante busca pela elevação da qualidade dos serviços prestados ao paciente, vem sendo cada vez mais priorizada por muitos hospitais em todo mundo, de modo que existe um reconhecimento por parte dos usuários dos serviços de saúde quanto a qualidade dos serviços prestados, isso faz com que os centros hospitalares deem mais importância a cultura da segurança ao paciente. (ALMEIDA et.al., 2017).
A segurança do paciente depende inteiramente da constituição de uma cultura de segurança interna em cada instituição. A cultura de segurança sólida e bem estruturada, permite ao profissional o entendimento dos valores, crenças e normas essenciais, para o bom funcionamento de uma organização, além de induzir o profissional ao bom comportamento (DO PRINCÍPIO, 2015).
De modo geral, muitos estudos correlacionam a ocorrência da falta de segurança com a deficiência em partes do sistema de prestação de cuidados com a saúde, principalmente em relação as organizações, uma vez que, estas em sua maioria buscam responsabilizar os profissionais separadamente, focando apenas no problema e não nas causas (MOURA et.al., 2018).
Com base na ideia de uma constituição de cultura da segurança do paciente nos centros de saúde, é essencial que o trabalho em equipe, seja visto como o alicerce para o estabelecimento de uma cultura sólida. É de extrema importância que os profissionais absorvam a ideia da responsabilidade coletiva e compartilhada. Outro fator importante a ser mencionado é a responsabilidade instituições em desenvolver e aprimorar ações de transmitam educação em saúde, uma vez que, esta se faz crucial para que os profissionais se mantenham em constante capacitação seja teórica ou prática, através de palestras e conferências paciente (MOURA et.al., 2018).
3. A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a violência obstétrica como qualquer atitude desrespeitosa, desumanizada, negligência e maus tratos contra a parturiente ou o recém-nascido que possa acarretar danos ou sofrimentos psíquico e físico. Dessa forma, ela pode ser definida como maus-tratos físicos, psicológicos, verbais ou ainda pelo uso de intervenções desnecessárias como o uso de manobras invasivas, dentre elas: episiotomia, crisler, tricotomia, ausência do acompanhante no momento do parto e cesariana sem indicação (MOURA et.al., 2018).
Nos anos de 1990, mulheres e feministas da américa latina e do Caribe já engajadas nas lutas por justiça reprodutiva e pela violência de gênero, deram nome a um fenômeno que, apesar de antigo e generalizado, permanecia invisível para a sociedade, as instituições e as leis: A Violência obstétrica (DO PRINCÍPIO, 2015).
O processo do parto é um acontecimento repleto de possíveis equívocos, condutas dolorosas e negligências, que podem gerar a violência obstétrica causando traumas físicos e psicológicos irreversíveis. (SOUSA et al.,2021).
Na obra de Zanardo et al. (2017), constata-se que não existe um consenso sobre o termo violência obstétrica no Brasil. Ainda assim, os dados apontam que ocorre esse tipo de prática nas instituições. A obra também aborda sobre a necessidade da conceituação do termo, para que haja definição e criminalização, assim, auxiliando a identificar e enfrentar essas situações.
3.1 Fatores Relacionados a Violência Obstétrica
Uma pesquisa aponta acerca dos fatore relacionados a violência obstétrica traz à tona fatores como omissão de informações (onde muitas instituições não utilizam sequer um partograma para facilitar acompanhamento da gestante, além de ser contra as normas), preconceito racial e de gênero, sadismo, abandono e descaso. Fatores como padrões sociais e classe social também aparecem entre os mais relacionados a esse tipo de prática. O referido estudo também traz a reflexão acerca da violência contra mulheres em situação de abortamento, onde quando adentram uma instituição profissionais pressupõe que foi induzido sem considerar a incidência de abortos espontâneos que acontecem no país (DE SOUSA et al., 2021).
Considera-se que, a violência psicológica é também um dos fatores que ocasionam a violência obstétrica. É considerada cruel e a que mais ocorre no ambiente hospitalar, sendo caracterizada pela privação de informações dos procedimentos a serem realizados, comentários ofensivos, discriminatórios ou humilhantes, tratamentos grosseiros, agressivos e falta de empatia por parte da equipe (VIEIRA, 2015).
Acredita-se que outros fatores atrelados a violência obstétrica sejam questões hierárquicas entre o profissional e a paciente, em pode se perpetuar a prevalência da opinião do profissional por seu conhecimento científico, desconhecimento das gestantes acerca dos seus direitos, superlotação e a chamada peregrinação em busca de leitos nas maternidades. Também foi pontuado falta de recursos e sobrecarga na demanda dos profissionais (FERREIRA et al., 2021).
4. HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA COMO PRINCIPAL FERRAMENTA DE PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Segundo De Sousa et al. (2021), a utilização de boas práticas de enfermagem acaba contribuindo para a humanização do trabalho de parto e assim incentivar a mulher a retomar seu papel como protagonista, tendo ela o conhecimento sobre seus direitos, reduzindo assim, as intervenções realizadas por profissionais de saúde que são consideradas violência obstétrica.
Ferreira et. al. (2021), fazem uma associação sobre os fatores relacionados a essa prática e destacou-se a formação humanizada dos profissionais de saúde, onde haja essa humanização na formação profissional. Que as instituições busquem pela empatia e não somente pelo “modelo excessivamente biológico da medicina.”
Moura et al., (2018) discutem sobre a necessidade de medidas preventivas na assistência, para que haja a promoção da humanização no cuidado da parturiente. Destaca ainda que o enfermeiro deve trabalhar a valorização da essência humana e respeitar as emoções da parturiente, dando a ela a oportunidade de conhecer o ambiente em que vai ocorrer o parto, e assegurar que ela tenha conhecimento e atendimento humanizado em todos os estágios da sua gravidez.
Para Dias et al., (2015), se trata de importante modificação na estrutura física para que se faça um ambiente acolhedor e favorável para a implantação da prática humanizada na assistência, respeitando a fisiologia de seus aspectos e não haja interferência sobre ele. Deve-se reconhecer também aspectos sociais e culturais do parto e pós-parto.
Através de um estudo realizado por Andrade e Fernandes (2016), 70% dos profissionais entrevistados consideravam que nunca tinham cometido violência obstétrica, contudo, quando foram questionados sobre sua a percepção acerca do colega de trabalho, 80% disseram já ter presenciado algum tipo de violência obstétrica. Ainda sobre o estudo, foi levantado que aqueles que presenciaram tal ato consideravam errado e desumano, mas não interferiram na conduta.
Com tudo isso, considera-se que, para diminuir o índice de violência obstétrica, precisa-se investir em uma assistência humanizada e disseminar o conhecimento da mulher para se preparar e poder assegurar seus direitos e autonomia diante do parto.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da pesquisa realizada com este trabalho chegou-se à conclusão de que a enfermagem se caracteriza como uma especialidade que vem se consolidando, a partir do final do século, como uma das principais profissões existentes que diariamente vem conquistando o seu espaço, principalmente na prevenção da violência obstétrica.
Assim, o profissional da enfermagem passa a ser visto como essencial, mas constata-se que não existe um consenso sobre o termo violência obstétrica no Brasil. Ainda assim, os dados apontam que ocorre esse tipo de prática nas instituições.
Depreende-se que, a utilização de boas práticas de enfermagem acaba contribuindo para a humanização do trabalho de parto e assim incentivando a mulher a retomar seu papel como protagonista, tendo ela o conhecimento sobre seus direitos, reduzindo assim, as intervenções realizadas por profissionais de saúde, que são consideradas violência obstétrica.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. M., CARDOSO, F. J.C, DA COSTA, A. C. M., DOS SANTOS, T. S., & OLIVEIRA, F. B. M. 2017. Violência obstétrica institucional no parto: percepção de profissionais da saúde. Revista de Enfermagem UFPE on line, 11(9), 3346-3353. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem%20/article/viewFile/110232/22159. Acesso em: 25 de Agosto de 2022.
ANDRADE, Roberta Coimbra Velez de E FERNANDES, Rita de Cássia Pereira Hipertensão arterial e trabalho: fatores de risco. 2016. Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/rbmt.org.br/pdf/v14n3a11.pdf. Acesso em: 20 de Agosto de 2022.
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DIAS, R. L., SILVA, A. A., PEREIRA, B. B., PEREIRA, J. D. S. C., DE AZEVEDO, M. B., & GOMES, S. K.C (2015). Violência obstétrica: perspectiva da enfermagem. Revista Rede de Cuidados em Saúde. Disponível em: http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/rcs/article/view/2686. Acesso em: 25 de Agosto de 2022.
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1Acadêmica do 10º Período do Curso de Enfermagem do Instituto de Ensino Superior de Rio Verde.
2Professor do curso de Enfermagem da Faculdade Unibras e orientadora da pesquisa.
Artigo Científico apresentado à Faculdade Unibras de Goiás, como requisito parcial para à obtenção do título de Enfermeiro.