A ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA DA POSIÇÃO PRONA E DA MANOBRA DE RECRUTAMENTO ALVEOLAR EM PACIENTES COM SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA) EM UTI – UMA REVISÃO INTEGRATIVA. 

THE PHYSIOTHERAPEUTIC APPROACH OF PRONE POSITIONING AND ALVEOLAR RECRUITMENT MANEUVER IN PATIENTS WITH ACUTE RESPIRATORY DISTRESS SYNDROME (ARDS) IN ICA – AN INTEGRATIVE REVIEW. 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202412081110


Manoel José de Oliveira Neto1
Carlos Hoegen2


RESUMO 

A Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) é uma condição clínica  grave que afeta pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Ela é  caracterizada por uma inflamação pulmonar difusa que resulta em insuficiência  respiratória aguda. A fisioterapia respiratória tem sido frequentemente utilizada como  intervenção terapêutica para melhorar a oxigenação e reduzir o desconforto  respiratório nesses pacientes. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão  integrativa para avaliar a efetividade da abordagem fisioterapêutica em pacientes  com SDRA, submetidos a posição prona e ao recrutamento alveolar. Buscou-se  identificar os principais benefícios dessa abordagem terapêutica, bem como  possíveis limitações. Foi conduzida uma revisão integrativa da literatura, utilizando  como critérios de seleção artigos acadêmicos publicados nos últimos treze anos, nas  bases de dados SciELO, PubMed, MEDLINE e LILACS. As palavras-chave  utilizadas foram síndrome do desconforto respiratório agudo, fisioterapia respiratória, recrutamento alveolar, terapia intensiva e UTI, além de seus respectivos descritores  na língua inglesa. Estudos que não abordavam diretamente o tema de interesse  foram excluídos. A revisão integrativa constatou que principalmente o uso da  posição prona tem gerado efeitos benéficos e positivos e, a manobra de  recrutamento alveolar também tem colaborado no tratamento da SDRA, bem como  em pacientes com SDRA que não foram submetidos à UTI. Com base nos  resultados obtidos, pode-se concluir que as abordagens fisioterapêuticas  “especialmente a posição prona”, trazem resultados significativos no tratamento da  SDRA. Essa revisão integrativa fornece uma visão geral das evidências científicas  disponíveis até o momento e destaca a importância de futuras pesquisas de campo para aprimorar e determinar a melhor conduta terapêutica para cada paciente. 

Palavras-chave: Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo. Fisioterapia Respiratória. Recrutamento alveolar. Terapia intensiva. UTI. 

ABSTRACT 

Acute Respiratory Distress Syndrome (ARDS) is a severe clinical condition that  affects patients admitted to Intensive Care Units (ICU). It is characterized by diffuse  pulmonary inflammation, resulting in acute respiratory failure. Respiratory  physiotherapy has often been used as a therapeutic intervention to improve  oxygenation and reduce respiratory discomfort in these patients. This study aimed to  conduct an integrative review to evaluate the effectiveness of physiotherapeutic  approaches in patients with ARDS who underwent prone positioning and alveolar  recruitment maneuvers. The study sought to identify the main benefits of these  therapeutic approaches as well as potential limitations. An integrative review of the  literature was conducted using academic articles published in the past thirteen years  from databases such as SciELO, PubMed, MEDLINE, and LILACS. The keywords  used were acute respiratory distress syndrome, respiratory physiotherapy, alveolar  recruitment, intensive therapy, and ICU, along with their respective descriptors in  English. Studies that did not directly address the topic of interest were excluded. The  integrative review found that prone positioning has mainly shown beneficial and  positive effects, while alveolar recruitment maneuvers have also contributed to the  treatment of ARDS, even in patients with ARDS who were not admitted to the ICU. Based on the results obtained, it can be concluded that physiotherapeutic  approaches, particularly prone positioning, provide significant outcomes in ARDS  treatment. This integrative review offers an overview of the scientific evidence  available to date and highlights the importance of future field studies to enhance and  determine the best therapeutic approach for each patient. 

Keywords: Acute Respiratory Distress Syndrome. Respiratory Physiotherapy.  Alveolar Recruitment. Intensive Therapy. ICU.

1° INTRODUÇÃO 

A Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) é uma condição clínica  grave e potencialmente fatal caracterizada por inflamação pulmonar difusa,  hipoxemia refratária e dificuldade respiratória aguda. O tratamento adequado e  eficaz é de extrema importância para melhorar os desfechos clínicos desses  pacientes (GALHARDO; MARTINEZ, 2003). Dentre as opções terapêuticas  utilizadas na abordagem fisioterapêutica de pacientes com SDRA em unidades de  terapia intensiva (UTI), estão a posição prona e a manobra de recrutamento alveolar  (GUÉRIN et al., 2020). 

Sendo assim, o objetivo principal deste trabalho foi avaliar a abordagem  fisioterapêutica da posição prona e da manobra de recrutamento alveolar em  pacientes com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) em UTI. O  problema investigado analisou qual abordagem fisioterapêutica (posição prona ou  manobra de recrutamento alveolar) traz mais benefícios na melhora da oxigenação  em pacientes com SDRA. A resposta a essa pergunta é crucial para orientar a  prática clínica e proporcionar melhores resultados aos pacientes. 

Com base em revisões da literatura, foi possível formular hipóteses de que  as abordagens podem melhorar a oxigenação, reduzir o tempo de ventilação  mecânica e diminuir a mortalidade em pacientes com SDRA. O objetivo principal do  trabalho foi avaliar a efetividade dessas abordagens fisioterapêuticas em pacientes  com SDRA em UTI e realizar uma revisão integrativa da literatura sobre o tema. 

O material e método utilizado foi uma revisão ampla e sistemática de estudos  publicados sobre o tema, com análise crítica e síntese dos resultados obtidos. A  busca foi realizada em bases de dados eletrônicas, utilizando-se termos de busca  específicos. A revisão de literatura apresentada neste trabalho selecionou oito artigos que avaliaram a posição prona e a manobra de recrutamento alveolar em  pacientes adultos com SDRA. 

Os antecedentes que justificam esta pesquisa incluem a alta morbidade e  mortalidade associadas à SDRA em pacientes hospitalizados em UTI bem como a  carência de mais evidências sobre os benefícios da posição prona e da manobra de  recrutamento alveolar como abordagem terapêutica nesses pacientes. 

A delimitação do assunto deste trabalho se concentra na avaliação da  efetividade dessa abordagem em pacientes com SDRA, com foco na revisão  integrativa da literatura. Os objetivos propostos incluem comparar a eficácia da  posição prona e da manobra de recrutamento alveolar na melhora da oxigenação  em pacientes com SDRA em UTI, avaliar os efeitos adversos associados a cada  uma das intervenções e identificar os fatores que podem influenciar a resposta do  paciente às intervenções fisioterapêuticas. 

Por meio dessa revisão, espera-se fornecer evidências que contribuam para  um protocolo de atendimento mais embasado e eficaz no tratamento de pacientes  com SDRA, visando aprimorar os desfechos clínicos e proporcionar uma melhor  qualidade de vida a esses indivíduos. 

2° DESENVOLVIMENTO 

A Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) foi definida pela  primeira vez em 1967 em um estudo com pacientes submetidos à ventilação  mecânica, e posteriormente, em 1994, foram publicados critérios diagnósticos pela  American-European Consensus Conference on ARDS (AECC) (PINHEIRO et al., 2007). No entanto, a definição mais recente e amplamente reconhecida da SDRA é  a “Definição de Berlim”. Essa definição foi estabelecida em 2012 por um grupo de  especialistas reunidos na cidade de Berlim para propor uma nova classificação e  critérios para a SDRA (RANIERI et al., 1994). 

De acordo com a “Definição de Berlim”, a SDRA é classificada em três níveis  de gravidade: leve, moderada e grave. A classificação é baseada na relação entre a  pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2) e a fração inspirada de oxigênio (FiO2)  em condições específicas de pressão expiratória final positiva (PEEP). Os critérios  clínicos para o diagnóstico incluem o início da insuficiência respiratória dentro de  uma semana após uma lesão conhecida ou o agravamento de sintomas respiratórios  novos, além de exames de imagem que mostram opacidades bilaterais não  totalmente explicadas por outras condições, como efusões, colapso lobar ou  pulmonar, ou nódulos. É importante ressaltar que a origem do edema pulmonar na  SDRA não pode ser totalmente explicada por insuficiência cardíaca ou sobrecarga  hídrica (SIMÕES et al., 2018).

A lesão pulmonar acarreta várias consequências, entre elas estão o prejuízo  na troca gasosa, a diminuição da complacência pulmonar e o aumento da pressão  arterial pulmonar (FIORETTO; CARVALHO, 2013). Neste contexto, a fisioterapia  desempenha um papel essencial no manejo desses pacientes, visando melhorar a  oxigenação e reduzir o desconforto respiratório. Duas abordagens fisioterapêuticas  frequentemente utilizadas em pacientes com SDRA em UTI são a posição prona e a  manobra de recrutamento alveolar (SANTOS, 2011). 

2.1 Posição Prona 

A posição prona consiste em colocar o paciente em decúbito ventral, ou seja,  com o abdome voltado para baixo. Esta abordagem busca promover uma  distribuição mais homogênea de gases ao longo do eixo dependente-não  dependente do pulmão e melhorar a correspondência de ventilação/perfusão.  Estudos têm demonstrado que a posição prona pode resultar em uma melhora  acentuada na oxigenação arterial e na redução da mortalidade em pacientes com  SDRA (GUÉRIN et al., 2020). 

A posição prona, no entanto, requer uma equipe treinada e habilidosa para a  realização segura da manobra, uma vez que podem ocorrer complicações, como  pressão excessiva nas vias aéreas, lesões de pele, entre outras (CULBRETH;  GOODFELLOW, 2016). Portanto, é essencial seguir protocolos padronizados e  monitorar de perto o paciente durante o posicionamento para minimizar o risco de  eventos adversos. 

2.2 Manobra de Recrutamento Alveolar 

A manobra de recrutamento alveolar é outra estratégia utilizada pela  fisioterapia em pacientes com SDRA. Essa abordagem visa reabrir áreas alveolares  colapsadas, melhorando a oxigenação e a relação ventilação/perfusão (GUÉRIN et  al., 2020). A manobra é realizada com o uso de pressões positivas nas vias aéreas e  pode ser particularmente útil em pacientes com áreas pulmonares colapsadas. 

Contudo, a manobra de recrutamento alveolar também requer uma  abordagem cuidadosa e adequada para evitar danos adicionais ao pulmão e a ocorrência de barotrauma (GUÉRIN et al., 2020). Assim como na posição prona, o  conhecimento técnico da equipe e o monitoramento contínuo são fundamentais para  a segurança e eficácia dessa intervenção. 

Como podemos observar, estudos têm demonstrado benefícios tanto na  posição prona quanto na manobra de recrutamento alveolar na melhora da  oxigenação e redução de complicações decorrentes da hipoxemia refratária e do  desconforto respiratório em pacientes com SDRA. No entanto, como qualquer  intervenção médica, essas técnicas podem ter efeitos adversos associados, quando  não abordados cuidadosamente e, vários fatores podem influenciar na resposta do  paciente, incluindo a gravidade da doença, o tempo de início da intervenção e as  complicações associadas. Por isso, é de suma importância estar atento aos  problemas e as soluções de cada abordagem, junto a evidências científicas que  fundamentam sua utilização. 

3ª REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 

“A SDRA é caracterizada por inflamação difusa do capilar alveolar, em  resposta a vários fatores de risco pulmonares ou extrapulmonares” (SOUZA e SILVA, 2015 p.34). 

De acordo com Figueiredo (2008), dentre as principais causas da SDRA,  destacam-se a pneumonia, a sepse, a aspiração, a lesão pulmonar induzida por  ventilação mecânica e a contusão pulmonar. O diagnóstico da SDRA é baseado em  critérios clínicos, radiográficos e gasométricos, incluindo presença de hipoxemia  grave e bilateralidade radiográfica. O tratamento da SDRA consiste em medidas de  suporte respiratório, além de terapia farmacológica direcionada para o controle da  inflamação pulmonar e prevenção de complicações.  

Um estudo randomizado realizado por Galvão et al. (2011) avaliou o impacto  da fisioterapia respiratória em pacientes com SDRA em UTI. Os autores concluíram  que a fisioterapia respiratória melhorou significativamente a oxigenação e reduziu a  mortalidade em pacientes com SDRA em UTI. Além disso, os pacientes que  receberam fisioterapia respiratória tiveram um tempo menor de ventilação mecânica  e de permanência na UTI.

Thomas et al. (2020) esclarece que a fisioterapia respiratória em pacientes  com SDRA tem como objetivo aperfeiçoar a função respiratória, prevenindo e  tratando as complicações pulmonares, favorecendo o desmame da oxigenoterapia e  equilíbrio da função muscular respiratória. As principais técnicas utilizadas incluem  manobras de recrutamento alveolar, posicionamento adequado e ventilação  protetora. O tratamento que demonstrou ser capaz de diminuir a mortalidade em  pacientes com SDRA é a ventilação mecânica que utiliza uma pressão de platô  limitada e um volume corrente baixo. 

Segundo Barbas (2003), altas pressões nas vias aéreas podem abrir os  pulmões colapsados e abrir parcialmente pulmões edematosos de pacientes com  SDRA. Além disso, níveis elevados de PEEP e ventilação com baixo volume  corrente reduzem os mediadores inflamatórios broncoalveolares e plasmáticos,  melhorando a sobrevida em comparação com baixa PEEP/ventilação com alto  volume corrente. 

De acordo com Schreiter et al. (2004), em uma análise retrospectiva,  avaliando 17 pacientes com SDRA oriunda de contusão pulmonar em unidade de  terapia intensiva cirúrgica de um hospital universitário, o recrutamento pulmonar, em  combinação com pressão positiva expiratória final suficiente, aumentou a  oxigenação arterial, o volume pulmonar normalmente aerado e o volume pulmonar  total, ao mesmo tempo em que diminuiu a quantidade de tecido colapsado em  pacientes com trauma torácico grave. Esses resultados indicam que o conceito de  pulmão aberto é um modo razoável de ventilação para pacientes nessa condição. 

Piehl e Brown (1976) afirmam que em um estudo com cinco pacientes com  Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) que necessitavam de  ventilação mecânica com PEEP (Pressão Positiva Expiratória Final), todos os  pacientes apresentaram reduções documentadas na PaO2 (pressão parcial de  oxigênio no sangue arterial). Após 4-8 horas na posição ventral (prona), os valores  de PaO2 diminuíram gradualmente. No entanto, foi possível demonstrar uma  melhora modesta da PaO2 após a mudança da posição prona para supina. Além  disso, em três dos cinco casos, foi observado que era muito mais fácil aspirar as  secreções após a mudança da posição supina para prona. 

Douglas et al. (1977), durante um estudo para determinar os benefícios da  posição prona na troca gasosa em pacientes com insuficiência respiratória aguda, seis pacientes foram movidos de uma posição supina para uma posição prona. Foi  observado que a posição prona trouxe benefícios significativos para a troca gasosa  nesses pacientes. A manobra permitiu reduzir a concentração inspirada de oxigênio  em 4 dos 5 pacientes que necessitavam de ventilação mecânica pulmonar e adiar a  intubação em um paciente que respirava espontaneamente. 

4ª METODOLOGIA 

Na Revisão integrativa da literatura foi adotado como critério para a seleção  dos artigos um levantamento nas bases de dados: SciELO, PubMed, MEDLINE e  LILACS, empregando como descritores as palavras-chaves: Síndrome do  Desconforto Respiratório Agudo, fisioterapia respiratória, recrutamento alveolar,  terapia intensiva, UTI. além de seus respectivos descritores na língua inglesa Acute  Respiratory Distress Syndrome, respiratory physiotherapy, alveolar recruitment,  intensive care, ICU. 

A seleção de artigos acadêmicos buscou citações dos últimos onze anos, nas  línguas portuguesa e inglesa. Mil oitocentos e setenta e sete (1877) estudos foram  encontrados. Realizou-se uma triagem de títulos e resumos com o intuito de  identificar artigos potencialmente pertinentes para a revisão. Os estudos foram  selecionados e em seguida avaliados de forma mais detalhada, sendo incluídos  aqueles que preenchiam os critérios de inclusão e excluídos aqueles que não  atendiam aos critérios estabelecidos.  

Os artigos selecionados precisavam conter evidência de aplicabilidade da  abordagem fisioterapêutica em pacientes com SDRA, o período de publicação dos  estudos que foram selecionados foi de 2010 a 2023. Foram excluídos estudos que  não abordaram diretamente o tema desta revisão.  

Os dados coletados foram organizados e apresentados de forma descritiva,  com o objetivo de facilitar a compreensão dos resultados obtidos.

5ª ANÁLISE DOS RESULTADOS 

Utilizando as bases de dados previamente estabelecidas e as palavras-chave  mencionadas, foram identificados 1.877 artigos, distribuídos entre SciELO (116),  PubMed (140), MEDLINE (1.530) e LILACS (91). Entre esses, foram excluídos  aqueles em que não apresentavam uma aplicabilidade prática e selecionados ao  final oito artigos com conteúdo potencialmente relevantes a revisão, que seguem  apresentados por meio de fluxograma e da tabela a seguir: 

Figura 1. Fluxograma de coleta dos estudos para a revisão de literatura 

Referência (Autor/ano) Título Participantes Objetivo Resultados
XI et al.  (2010)Clinical efficacy and  safety of  recruitment  maneuver in  patients with  acute respiratory  distress syndrome  using low tidal  volume  ventilation: a multicenter  randomized  controlled  clinical trial.110 pacientes Avaliar a eficácia  clínica e a  segurança da RM em pacientes  com síndrome do  desconforto  respiratório agudo (SDRA)  usando ventilação com baixo volume  corrente.A manobra de recrutamento  (RM) foi eficaz e segura para  melhorar a oxigenação em  pacientes com SDRA que  estavam sendo ventilados  com baixo volume corrente,  tendo um impacto positivo na  evolução clínica.
Matos et al.  (2012)How large is  the lung recruitability in  early acute  respiratory  distress  syndrome: a  prospective  case series of  patients monitored by computed tomography.51 pacientes Avaliar a eficácia  de uma  estratégia de  Recrutamento  Máximo (CRM)  de curto/médio  prazo em  pacientes com  Síndrome do  Desconforto  Respiratório  Agudo (SDRA)  grave em estágio  precoce.A abordagem de  Recrutamento Pulmonar  Eficiente (ERM) demonstrou  eficácia em reverter a  hipoxemia e colapsar a maior  parte do tecido pulmonar  durante o curso da Síndrome  do Desconforto Respiratório  Agudo (SDRA). Essa técnica  mostrou-se compatível com  uma alta capacidade de  recrutar áreas pulmonares em  pacientes com SDRA em  estágios iniciais e graves,  mesmo que não sejam  selecionados previamente.
Guérin et al.  (2013)Prone  positioning in  severe acute  respiratory  distress  syndrome466 pacientes avaliar o efeito  da aplicação  precoce de  sessões de  posicionamento  prono prolongado  em pacientes  com Síndrome  do Desconforto  Respiratório  Agudo (SDRA)  grave.A mortalidade em 28 e 90 dias  foi significativamente reduzida  em pacientes com SDRA  grave que receberam sessões  prolongadas de  posicionamento prono  precocemente.
Yun et al.  (2016)Assessment of Lung  Recruitment  by Electrical  Impedance  Tomography and Oxygenation  in ARDS Patients.20 pacientes avaliar o efeito  da manobra de  recrutamento  (RM) em  pacientes com  síndrome do  desconforto  respiratório  agudo (SDRA)  por meio da combinação da  tomografia de  impedância  elétrica (TIE)  com medições de  oxigenaçãoDez pacientes responderam e  dez não responderam a  análise. Mesmo observada  uma discrepância entre a  reabertura do tecido pulmonar  houve a melhora da  oxigenação após a manobra  de recrutamento (RM) em  pacientes com síndrome do  desconforto respiratório agudo, bem como que a  tomografia de impedância  elétrica (EIT) tem o potencial  de avaliar a eficácia da RM ao  combinar medidas de  oxigenação.
Ruste et al.  (2018)Hemodynamic  effects of  extended  prone position sessions in  ARDS107 pacientes Estimar a taxa de  sessões de PP  associadas à  melhora do  índice cardíaco e O estudo mostrou que a  posição prona está associada  a um aumento do índice  cardíaco (IC) e do volume  diastólico final do ventrículo  esquerdo indexado (GEDVI)  em uma proporção  significativa das sessões de  posição prona (PP). Esses  aumentos são reversíveis  após o retorno à posição  supina (SP). Isso sugere que  a PP pode melhorar o IC ao  aumentar a pré-carga  cardíaca em pacientes com  capacidade de resposta à pré carga. No entanto, o retorno  de PP para SP pode estar  associado a um leve  comprometimento  hemodinâmico, pelo menos  em parte relacionado à  diminuição da pré-carga  cardíaca.
Mancebo et  al. (2018)A multicenter trial of prolonged prone ventilation in severe acute respiratory  distress  syndrome136 pacientes Avaliar o efeito  da ventilação em  decúbito ventral  na mortalidade  em pacientes  adultos com  SDRAA ventilação prona é viável e  segura, e pode diminuir a  mortalidade em pacientes com  SDRA grave quando aplicada  precocemente e durante a  maior parte do dia.
Paternoster  et al. (2022)Awake pronation with helmet continuous  positive  airway pressure for COVID-19 acute respirator distress  syndrome  patients  outside the  ICU: A case series.11 pacientes Avaliar a  frequência  
respiratória e o  estado dos  pacientes em 28  dias de seguimento.
Na Pronação 
acordada com  capacete de  pressão positiva  contínua CPAP
O estudo mostrou que o  tratamento com CPAP de  capacete e posição prona foi  viável e eficaz em melhorar a  oxigenação em pacientes com  insuficiência respiratória  aguda. 
Giani, et al.  (2023)Timing of  Prone  Positioning During  VenovenousExtracorporeal  Membrane  Oxygenation  for Acute  Respiratory  DistressSyndrome 223 pacientes Avaliar a  associação do  tempo para a posição prona  (PP) durante a  oxigenação por  membrana extracorpórea venovenosa 
(ECMO VV)
O estudo mostrou que, em  pacientes com Síndrome do  Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) em  oxigenação por membrana  extracorpórea (ECMO), o uso  precoce de posição prona  (PP) durante a ECMO foi  associado a uma maior  probabilidade de receber alta  com vida da UTI em 90 dias e  a uma maior melhora da  complacência do sistema  respiratório (Cpl,rs). 

Tabela 1. Artigos incluídos na revisão de literatura em ordem definida pelo ano de publicação. 

Todos os estudos incluídos nesta revisão de literatura apresentaram resultados  significativos nos desfechos em relação à abordagem fisioterapêutica aplicada. XI et  al. (2010), em um estudo realizado com 110 pacientes com SDRA em 14 unidades  de terapia intensiva (UTIs) chinesas de hospitais universitários terciários, avaliou a  eficácia clínica e segurança da manobra de recrutamento, onde os pacientes foram  divididos aleatoriamente em dois grupos: grupo controle e grupo RM. A conclusão foi  que a manobra de recrutamento (RM) foi segura e eficaz para melhorar a  oxigenação em pacientes com SDRA que estavam sendo ventilados com baixo  volume corrente, tendo um impacto positivo na evolução clínica. 

Matos et al. (2012), realizaram um estudo prospectivo em uma UTI clínica  geral/cirúrgica de um hospital em São Paulo, Brasil, com 51 pacientes com SDRA  grave precoce que receberam CRM e foram acompanhados até a alta ou óbito, entre  janeiro de 2003 e junho de 2009. Eles verificaram que a ERM foi capaz de reverter a  hipoxemia e a maior parte do colapso pulmonar durante a evolução da SDRA,  indicando uma alta capacidade de recrutamento pulmonar em pacientes não  selecionados com SDRA grave precoce. E, sugeriram que essa estratégia deveria  ser testada em um ensaio clínico randomizado prospectivo. 

Guérin et al. (2013), fizeram um ensaio com 466 pacientes recrutados em 26  UTIs, para avaliar o efeito da posição prona precoce nos desfechos de pacientes  com SDRA grave. Eles randomizaram 237 pacientes para o grupo prono e 229  pacientes para o grupo supino e observaram que a posição prona precoce e  prolongada reduziu significativamente a mortalidade em 28 e 90 dias nos pacientes  com SDRA grave. 

Yun et al. (2016), conduziram um estudo prospectivo com 20 pacientes com  SDRA submetidos à ventilação mecânica entre janeiro de 2014 e dezembro de 2014 e avaliaram o efeito de um RM de 2 minutos nesses pacientes e monitorar a  distribuição de ventilação e perfusão com EIT. Eles observaram que dos vinte  pacientes com SDRA incluídos no estudo, 10 responderam positivamente à manobra  de recrutamento, o RM melhorou a oxigenação em metade dos pacientes. E, uma  diferença significativa no índice relativo de ventilação-perfusão foi observada entre  os pacientes com reabertura notável e insuficiente do tecido pulmonar no grupo não  responsivo. 

Ruste et al. (2018), realizaram um estudo observacional retrospectivo de centro  único em 107 pacientes com SDRA submetidos a pelo menos uma sessão de PP  sob monitoramento por termodiluição transpulmonar. Foi observado que alterações  no índice cardíaco entre T1 e T2 e entre T1 e T3 apresentaram uma correlação  significativa de 85%. Durante as sessões de PP, houve um aumento significativo do  índice cardíaco em 25% das sessões, uma diminuição significativa em 23% e  estabilidade em 52% dos casos. O índice de volume diastólico final global aumentou  levemente durante o PP e retornou aos valores basais após a sessão. Os pacientes  que apresentaram aumento no índice cardíaco durante o PP tinham índice cardíaco  e GEDVI significativamente mais baixos no início do estudo e receberam mais  fluidos em comparação com aqueles que não apresentaram aumento. Os resultados  indicaram que a ventilação prona é factível e segura, podendo reduzir a mortalidade  em pacientes com SDRA grave quando iniciada precocemente e aplicada durante a  maior parte do dia. 

Mancebo et al. (2018), realizaram um estudo entre dezembro de 1998 e  setembro de 2002 com o objetivo de comparar o efeito da ventilação em decúbito  ventral contínua por 20 h/d com a ventilação em decúbito dorsal em 136 pacientes  com SDRA grave (60 randomizados para supino e 76 para prono). Eles registraram  que o grupo prono teve uma menor mortalidade na UTI do que o grupo supino. O  estudo sugeriu que a ventilação prona pode ser uma estratégia benéfica para  pacientes com SDRA grave, se iniciada precocemente e aplicada na maior parte do  dia. O estudo também demonstrou que a ventilação prona é viável e segura, com  poucas complicações reversíveis. 

Segundo Giani et al. (2023), em uma análise de dados individuais agrupados  de cinco estudos de coorte observacionais originais de pacientes com síndrome do  desconforto respiratório agudo (SDRA) em oxigenação por membrana extracorpórea venovenosa (ECMO VV), foi observado que a pronação precoce durante a ECMO foi  associada a uma maior probabilidade de receber alta com vida da unidade de  terapia intensiva (UTI) em 90 dias e a uma maior melhora da complacência do  sistema respiratório (Cpl,rs). 

Os resultados obtidos demonstraram que as abordagens fisioterapêuticas em  estudo têm se mostrado eficazes no tratamento da SDRA, porém há uma maior  quantidade de subsídios relacionados à posição prona, até mesmo em pacientes  que não chegaram a ser entubados. Corroborando com isso, Aternoster et al.  (2022), descreveram a experiência de 11 pacientes com SDRA por COVID-19  tratados com capacete CPAP na posição prona em uma unidade de alta  dependência. Eles mostraram que o CPAP de capacete na posição prona foi factível  e seguro, melhorando a oxigenação e reduzindo a frequência respiratória dos  pacientes. A sedação com dexmedetomidina foi usada em alguns casos para  aumentar o conforto dos pacientes. O estudo sugeriu que o CPAP de capacete na  posição prona pode ser uma alternativa à intubação e internação em UTI para  pacientes com SDRA por COVID-19, porém há a necessidade de mais estudos  sobre o tema. 

6ª CONSIDERAÇÕES FINAIS 

De acordo com estudos, apesar dos avanços no entendimento da  fisiopatologia da síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), essa condição  ainda apresenta alta taxa de mortalidade. Observou-se que a utilização  principalmente da posição prona bem como as manobras de recrutamento alveolar  em pacientes com SDRA resultou em melhorias significativas na oxigenação e na  mecânica respiratória, especialmente quando aplicada precocemente e mantida por  períodos prolongados.  

Embora sejam necessários resultados mais conclusivos, a recomendação de  utilizar a posição prona em pacientes com SDRA, visando melhorar a oxigenação e  permitir a redução da concentração de oxigênio, parece ter uma base teórica  adequada e acarreta poucos riscos ou custos associados. 

É possível inferir que a abordagem fisioterapêutica em pacientes com SDRA  é fundamental para a manutenção da oxigenação e colabora para a prevenção de complicações pulmonares e diminuição do tempo de internação em UTI. Os  resultados obtidos fornecem dados para a prática clínica e para a realização de  estudos mais abrangentes. Pois, é importante destacar que este trabalho não esgota  o tema e sugere o incentivo a execução de mais “pesquisas de campo” que possam  avaliar de forma mais ampla essa temática. 

7ª REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  

BARBAS, Carmen Silvia Valente. Lung recruitment maneuvers in acute respiratory distress syndrome and facilitating resolution. Critical care medicine,  v. 31, n. 4, pág. S265-S271, 2003. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov /12682451/. Acesso em: 15 jun. 2023. 

CULBRETH, Rachel E.; GOODFELLOW, Lynda T. Complications of prone  positioning during extracorporeal membrane oxygenation for respiratory  failure: a systematic review. Respiratory Care, v. 61, n. 2, p. 249-254, 2016.  Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26464520/. Acesso em: 27 mai.  2023. 

DOUGLAS, William W. et al. Improved oxygenation in patients with acute  respiratory failure: the prone position. American Review of Respiratory Disease, v.  115, n. 4, pág. 559-566, 1977. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/ 322557/. Acesso em: 19 jun. 2023. 

FIGUEIREDO, Ana Raquel Gomes. Síndrome de Dificuldade Respiratória Aguda.  2008. Tese de Doutorado. Universidade da Beira Interior (Portugal). Disponível em:  https://www.proquest.com/openview/95b7d72fed4eae8720a7693e7a17fa1c/1?pq origsite=gscholar&cbl=2026366&diss=y. Acesso em: 20 abr. 2023. 

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1Fisioterapeuta graduado pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (Recife/PE). Especialização  em Fisioterapia em Terapia Intensiva e em Reabilitação Cardiopulmonar pelo Centro Universitário  UNIBF. Formação em Administração de Empresas pela Universidade Norte do Paraná. MBA  Executivo em Gestão Empresarial pelo Centro Universitário UNIBF. Email: manoeljonetofisio@gmail.com 
2Orientador, docente pelo Centro Universitário UNIBF e Bacharel em Direito pela UNIDAVI – Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí. Email: secretaria@unibf.com.br