FISIOTERAPIA NO TREINAMENTO DA MUSCULATURA RESPIRATÓRIA E FORTALECIMENTO PERIFÉRICO DE MMII NO DESEMPENHO FUNCIONAL DE IDOSOS COM DPOC.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10034186


Andressa Silva Lopes1
Pamela Camila Pereira2
Marta Maria Delfino Soares Pinto3


RESUMO

A DPOC é caracterizada pela obstrução do fluxo aéreo, com sintomatologia que afeta a qualidade de saúde, tendo o tabagismo como fator principal. Com prevalência em idosos, impacta na capacidade muscular respiratória e de periférica, afetando a funcionalidade dos idosos. O Treinamento da Musculatura Respiratória (TMR) e periférica torna-se fundamental, tanto no tratamento, quanto no prognóstico dos pacientes após o tratamento. O estudo objetiva revisar a eficácia do TMR e periférico de MMII no desempenho funcional de idosos com DPOC. Tratou-se de uma revisão de literatura com buscas realizadas nas bases de dados U.S. National Library of Medicine (PUBMED), EMBASE e Scientific Electronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), entre os anos de 2018 a 2023. Foi possível observar por meio desse estudo, a importância da intervenção fisioterapêutica no TMR e periférico em portadores de DPOC, melhorando os sintomas de DPOC como a dispneia, tolerância ao exercício, capacidade funcional, fadiga e a funcionalidade após o treinamento muscular, com consequente aumento de força muscular respiratória e periférica. Conclui-se que as intervenções fisioterapêuticas apresentam grandes benefícios no tratamento de DPOC, melhorando a intolerância ao exercício, capacidade funcional, reduzindo o risco de quedas, colaborando assim, em sua funcionalidade e na qualidade de vida.

Palavras-chave: Idoso fragilizado. Fisioterapia. DPOC.

ABSTRACT

COPD is characterized by airflow interference, with symptoms that affect the quality of health, with smoking as the main factor. With prevalence in the elderly, it impacts respiratory and specific muscle capacity, affecting the functionality of the elderly. Respiratory Muscle Training (RMT) and peripheral training is essential, both in the treatment and in the prognosis of patients after treatment. The objective study reviewed the effectiveness of TMR and peripheral lower limbs on the functional performance of elderly people with COPD. This was a literature review with searches carried out in the databases U.S. National Library of Medicine (PUBMED), EMBASE and Scientific Electronic Library Online (Scielo), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Library Virtual Health System (VHL), between the years 2018 and 2023. It was possible to observe through this study, the importance of physiotherapeutic intervention in the TMR and peripheral areas in patients with COPD, improving COPD symptoms such as dyspnea, exercise tolerance, functional capacity, fatigue and functionality after muscle training, with a consequent increase in respiratory and peripheral muscle strength. It is concluded that physiotherapeutic interventions have great benefits in the treatment of COPD, improving exercise intolerance, functional capacity, reducing the risk of falls, thus contributing to functionality and quality of life.

Keywords: Fragile elderly. Physiotherapy. COPD.

1. INTRODUÇÃO

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo mundo, caracterizando um grande problema de saúde pública na atualidade (SANTOS et al., 2020). De acordo com a Global Initiative For Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD), a DPOC pode ser determinada como uma doença evitável e tratável, caracterizada pela presença de obstrução de vias aéreas que não é totalmente reversível, e sim progressiva, que está associada com uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, principalmente causados pelo tabagismo. Em resumo, é uma combinação de bronquite crônica e enfisema pulmonar (CHEN et al., 2021; SILVA; SOUZA, 2022). O sintoma mais comum da DPOC é a falta de ar durante aos esforços físicos, fadiga, pigarro, tosse secretiva e infecções respiratórias de repetição (AMARAL, 2019).

A DPOC é mais comum em idosos, onde as alterações subsequentes do envelhecimento no sistema imunológico são conhecidas como imunossenescência e envolvem alterações fisiológicas com impacto direto no aumento da incidência (LIMA et al., 2019; VILAÇA, 2019). A incidência aumentou significativamente nos últimos anos, sendo classificada como a quarta principal causa de morte no mundo. Estima-se que mais de 200 milhões de pessoas tenham DPOC, com mais de 3 milhões morrendo a cada ano (KALIL-FILHO, 2019; O’NEILL, 2020).

1.1 Funcionalidade em idosos com DPOC

A senescência é um processo natural do envelhecimento que pode ocasionar em alterações fisiológicas e conduzir a limitações funcionais, deficiências, piora do equilíbrio e redução da qualidade de vida (WANG et al., 2020). Sendo assim, um dos sistemas mais afetados durante o envelhecimento é o sistema musculoesquelético, com perda significativa de massa, força e potência muscular (LOPES et al., 2020; ARDELJAN; HUREZEANU, 2022). O sedentarismo ou a inatividade física influenciam na resposta ao tratamento, visto que a disfunção muscular periférica e a intolerância ao exercício são comorbidades importantes em idosos com DPOC, pois provocam redução da força muscular de membros inferiores (MMII), como consequência, ocorre redução da capacidade ventilatória, aumento da carga respiratória e obstrução do fluxo aéreo (LOPES et al., 2020).

A decadência de quedas é alta no idoso e esse número só aumenta com o avançar da idade, com isso o envelhecimento e os sistemas neuromusculares e nervosos são comprometidos, causando redução da marcha, equilíbrio e consequentemente, as quedas frequentes (SANTOS; MANIESO; LIMA, 2023).

1.2 Diagnóstico

O diagnóstico baseia-se primeiramente pela sintomatologia e normalmente é confirmado pelo exame de função pulmonar para determinar a gravidade da restrição do fluxo aéreo, através da espirometria, e outros exames complementares como a radiografia de tórax (NAGAMINE; MACIEL, 2021). É recomendado analisar se o paciente é tabagista ou ex-tabagista, seu tempo estimado de uso, ou se ficaram em exposições a fumaças nocivas (ALMEIDA; SCHNEIDER, 2019).

1.3 Abordagem Fisioterapêutica

A fisioterapia oferece recursos e técnicas para reduzir os sintomas de DPOC, proporcionando fortalecimento de MMII, melhora da capacidade funcional, intolerância ao exercício e consequentemente a redução do risco de quedas. A fisioterapia envolve técnicas para auxiliarem no bem-estar do paciente, dentre elas abrange a Reabilitação Pulmonar (RP) através do Treinamento Muscular Respiratório (TMR), treinamento de força muscular esquelética de MMII e treinamento aeróbico (BURGE et al., 2022; NASCIMENTO et al., 2022).

O TMR é um método de treinamento que tem por finalidade de melhorar a funcionalidade da musculatura respiratória e a capacidade pulmonar, aumentando a força pulmonar, resistência muscular respiratória, reduzindo assim a dispneia e principalmente conseguindo fortalecer a musculatura respiratória (SIQUEIRA, 2018; O’NEILL, 2020).

O Threshold IMT é um dos métodos fisioterapêuticos de TMR, sendo um dispositivo de estimulação respiratória. Para sua realização, é fundamental uma avaliação para obter o valor da resistência dada pelo manovacuômetro, na qual, é um aparelho realizado para mensurar as pressões respiratórias máximas, onde avalia a força dos músculos respiratórios através da Pressão Inspiratória Máxima (Pimáx) e Pressão Expiratória Máxima (Pémax) (SANTOS; SENA; COSTA, 2019).

Figura 1Threshold IMT®.

Fonte: SILVA et al., (2020).

O PowerBreathe é outro dispositivo de treinamento respiratório que consiste em um dispositivo compacto com uma válvula ajustável que estabelece uma resistência variável durante a inspiração. A ideia é que o paciente respire profundamente pelo dispositivo, trabalhando os músculos respiratórios contra a resistência da válvula. Ele pode ser realizado com carga de 30 cmH20, realizando três séries de 10 repetições, 2 vezes na semana (MORTARI; MANZANO, 2022; GOLÇALVES; SILVA, 2021).

Figura 2 PowerBreathe.

Fonte: SILVA et al., (2020).

A RP com exercícios resistidos em MMII e a cinesioterapia periférica são abordagens terapêuticas utilizadas em pacientes com DPOC (NAGAMINE; MACIEL, 2021). Esses exercícios envolvem o uso de pesos, faixas elásticas ou outras formas de resistência durante o treinamento dos músculos como isquiotibiais, iliopsoas, glúteos, quadríceps e tríceps sural. Os principais benefícios da RP compreendem a redução do risco de hospitalizações, sintomas de dispneia, desconfortos de MMII, melhora da força muscular, intolerância ao exercício e capacidade funcional, prevenindo assim, as limitações das AVD’s e o risco de quedas (CASADO et al., 2022).

Figura 3 – Exercício de fortalecimento de iliopsoas e glúteos.

Figura 4 – Fortalecimento de tríceps sural.

Fonte: Autoria própria.   

Figura 6 – Agachamento com bola suíça associado aos movimentos bilaterais do braço para ganho de força muscular de MMII.

Fonte: Autoria própria.

Os exercícios de fortalecimento devem ser praticados três séries de dez repetições do membro bilateral e o peso de acordo com o paciente (OLIVEIRA; VIEIRA, 2021).

Os exercícios no cicloergomêtro, esteira e bicicleta por 20 minutos são bem efetivos na reversão de agravos funcionais, reduzindo as disfunções ocasionadas pela DPOC, permitindo um treinamento cardiovascular específico para MMII que podem ser executadas com carga e resistência progressiva, de acordo com a tolerância e capacidade do paciente, objetivando melhorar a capacidade funcional e a resistência aeróbica (TORRES, 2022).

Figura 7 – Exercício na bicicleta.

Fonte: Autoria própria.

O exercício com treinamento de equilíbrio tem se demonstrado uma intervenção efetiva para reduzir o risco de quedas nos idosos. Com isso, destaca-se o treino de marcha lateral como um dos métodos fisioterapêuticos de prevenção importante na melhora do equilíbrio e principalmente no risco de quedas (SANTOS; MANIESO; LIMA, 2023).

Figura 8 – Treino de marcha lateral com faixa elástica.

2. METODOLOGIA

O presente estudo trata-se em uma revisão de literatura. A busca por artigos científicos foi realizada nas seguintes bases de dados eletrônicas: National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciElo), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google acadêmico, por meio dos Descritores em Saúde (DEC’s): “Idoso fragilizado”; “Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica” e “Fisioterapia”. Foram incluídos 34 artigos científicos aleatorizados publicados entre os anos de 2018 a 2023 nos idiomas português e inglês sobre a fisioterapia respiratória e periférica em idosos com DPOC, sendo 32 em português e 2 em inglês. Como critérios de exclusão, foram descartados os artigos que não tinham relação com o tema, não abordando um método de reabilitação fisioterapêutica, totalizando 56. Devido a metodologia do estudo, dispensou-se a submissão ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP).

3. RESULTADOS

Foram selecionados 32 estudos, 8 incluídos atendendo os parâmetros selecionados. Todas as produções foram submetidas à leitura, na íntegra de seus conteúdos. Os estudos abordaram após a fisioterapia, a melhora dos sintomas de DPOC como a dispneia, tolerância ao exercício, capacidade funcional e fadiga após o treinamento muscular com consequente aumento de Força Muscular (FM) respiratória e periférica. Dentre os métodos fisioterapêuticos, destacam-se a espirometria, bioimpedância elétrica, Teste de Caminhada de 6 Minutos (TC’6), Teste do Degrau de 6 minutos (TD’6), Teste de Sentar e Levantar 1 Minuto (TSL1), Treinamento Resistido (TR), exercício aeróbico e treino de equilíbrio estático e dinâmico. A Tabela 1 apresenta características dos estudos selecionados e os resultados.

Tabela 1 – Informações dos estudos selecionados.

AUTOR/ANOAMOSTRAMETODOLOGIARESULTADOS
ROCHA et., (2018).Estudo experimental.
Nº= 18 voluntários.
13 homens e 1 mulher com DPOC.
Idade média: 60 a 80 anos.
Variável avaliada: nível de esforço quantificada pela EPBM para realizar exercício aeróbico na esteira e bicicleta para melhorar a tolerância ao exercício quantificado pelo TC’6, FM de ombro, joelho e quadril utilizando PNF associado aos movimentos das diagonais do Método Kabat quantificado pelo TMM.Melhorou a tolerância ao exercício e a FM.
KERTI et al., (2018).Ensaio clínico.
Nº= 327 pacientes com DPOC.
Ambos os gêneros.
Idade: entre 64 e 80 anos.
Variável avaliada: tolerância
ao exercício avaliada pelo TC’6 para realizar o treinamento aeróbico na bicicleta e esteira e força de preensão no dinamômetro para realizar a FM periférica de quadríceps.
Melhorou a tolerância ao exercício e a FM periférica.
TARIGAN et al., (2018).Estudo quase experimental.
Nº= 20 pacientes com DPOC.
Ambos os sexos.
Idade: 40 a 80 anos.
Variável avaliada: teste de função pulmonar mensurados pela espirometria para realizar o treinamento de resistência de MMII na bicicleta por 5 a 20 minutos realizando 2 sessões por semana durante 1 mês para melhorar a dispneia que foi mensurada pelo índice mMRC.Melhorou a dispneia.
STEIDL et al., (2020).Estudo quase-experimental.
Nº= 18 indivíduos.
Ambos os sexos.
Idade: entre 60 e 74 anos.
Variável avaliada: dispneia mensurada pela Escala MRC, força dos músculos respiratórios através do manovacuômetro digital graduando de – 500 a + 500 cmH2O e a qualidade de vida avaliada através do SGRQ verificando dispneia, atividade e impacto. Foi realizado um protocolo de TM realizado 2 vezes na semana, com duração de 40 minutos durante 6 semanas.Melhorou a FM respiratória, dispneia e a qualidade de vida.  
ANDRADE et al., (2020).Ensaio clínico.
Nº= 5 pacientes com DPOC.
Ambos os gêneros.
Idade média: 70 anos.
Variável avaliada: capacidade funcional mensurado pelo TC’6 após a RP, FM através de treinamento de MMII na bicicleta ergométrica para melhorar FM e a dispneia que foi quantificada através da EMB.Melhorou a capacidade funcional, FM de MMII e a dispneia.
BASSI et al., 2019).Relato de caso.
Nº= 1 paciente.
Sexo feminino.
Idade: 56 anos
Variável avaliada: dispneia mensurada pela EMB, força muscular respiratória quantificada através da manovacuometria calibrado com máximo de 120 cmH2O para realizar treinamento muscular através do Threshold PEP iniciando com 30% e evoluindo para 75% da PEmáx, capacidade funcional quantificada pelo TC’6 para realizar exercício aeróbico contínuo na bicicleta ergométrica por 30 minutos e treinamento muscular periférico para fortalecer o quadríceps quantificado pelo teste de 1RM e elevação de MMSS com bastão nos ombros.Melhorou a dispneia, FM respiratória e periférica e a capacidade funcional.
CHUATRAKOON et al., (2022).Ensaio clínico.
Nº= 48 pacientes com DPOC.
Ambos gêneros.
Idade: acima de 40 anos.
Variável avaliada: FM e resistência de MMII e MMSS por meio do Theraband quantificado pelo TMM, treino de equilíbrio no disco de equilíbrio para melhorar o desempenho de equilíbrio mensurado pelo TUG, dispneia por meio do mMRC e capacidade de exercício quantificado pelo TC’6.Melhorou a FM e a resistência, desempenho de equilíbrio estático e dinâmico e a dispneia.
CRUZ et al., (2019).Ensaio clínico.
Nº= 9 pacientes com DPOC.
Ambos sexos.
Idade: entre 60 e 85 anos.
Variável avaliada: equilíbrio postural mensurado através do BESTest para verificar o desempenho de equilíbrio, realizando exercício em Semi estático solo instável e estável por 30 segundos e treino de marcha lateral com faixa elástica realizando 10 repetiçõesMelhorou o equilíbrio postural.

Legenda: Balance Evaluation Systems Test (BESTest); Escala Modificada de Borg (EMB); Escala de Percepção de Borg Modificada (EPBM); Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF); Escala de Dispneia Modificada do Medical Research Council (mMRC); Força Muscular (FM); Membros Inferiores (MMII); Medical Research Council (MRC); Membros Superiores (MMSS); Pressão Expiratória Máxima (PEmáx); Reabilitação Pulmonar (RP); Questionário do Hospital Saint George na Doença Respiratória (SGRQ); Terapia Manual (TM); Teste de Caminhada de 6 Minutos (TC’6); Teste de Função Pulmonar (TFP); Teste Muscular Manual (TMM); Timed Up And Go (TUG);

Fonte: Autoria Própria.

4. DISCUSSÃO

O programa de RP nos idosos com DPOC, focou-se em promover independência, sobretudo, capacidade funcional, tolerância ao exercício, fortalecimento muscular respiratório e periférico e consequentemente redução do risco de quedas.

Kerti et al., (2018) mencionaram a importância da RP de alta intensidade por meio de alongamentos da parede torácica, TR, força muscular, técnica de respiração controlada e treinamento aeróbico na bicicleta e esteira na melhoria da tolerância ao exercício e na função muscular respiratória e periférica, visto que os pacientes com DPOC são capazes de alcançar um efeito de treinamento fisiológico, apontados por uma diminuição no lactato sanguíneo e na ventilação em um estabelecido nível de exercício.

Couto et al., (2020), ressaltam que o Treinamento Físico Combinado (TFC) que se constitui em um treinamento aeróbico e resistido possui benefícios na melhora da tolerância ao exercício, força muscular periférica de MMII, além de ser mais tolerável em idosos acometidos pela DPOC, uma vez que o envelhecimento proporciona um processo natural de declínio de força dos músculos esqueléticos e respiratórios que acomete a capacidade funcional e leva a intolerância ao exercício. TFC é muito eficaz porque identifica um aumento de 15% da abundância de capilares por fibras e de 38% na atividade do citrato sintase, significativa enzima que participa do metabolismo oxidativo.

Gomes et al., (2020) concluem que devido a redução de contração de fibras musculares do tipo I (contração lenta), o paciente perde força e endurance muscular, fazendo com que o músculo fadigue mais rápido. Sendo assim, a disfunção muscular é designada pela fraqueza, diminuição da resistência e existência de fadiga muscular.

Segundo Couto e Melo (2019) os pacientes com DPOC apresentam disfunção generalizada dos músculos esqueléticos, manifestando fraqueza muscular principalmente de MMII, redução de massa muscular e presença de fadiga aos pequenos esforços, onde levam à redução do nível e da capacidade ao realizar as AVD’s, limitação da tolerância ao exercício e capacidade funcional. Eles destacam então que a RP e o TR vêm trazendo um papel importante na melhora da tolerância ao exercício, capacidade funcional e redução da dispneia e fadiga.

Andrade e colaboradores (2020) menciona que a DPOC possibilita inatividade que ocasiona em danos na capacidade de exercício através da redução de massa muscular, onde causa efeitos sistêmicos como perda involuntária de peso e disfunção muscular. Através disso, ressaltam-se que a RP, por meio de exercícios de intensidade moderada com treinamento de MMII na bicicleta ergométrica e o TR através da caminhada em um ambiente externo desempenha um papel bastante eficaz na capacidade funcional e na capacidade de exercício, aumentando a tolerância ao exercício, amenizando os sintomas de dispneia, fadiga e reduzindo as complicações da doença, por meio do TC’6 ser uma ferramenta competente para se estabelecer a eficácia de intervenções terapêuticas na capacidade funcional.

Chuatrakoon et al., (2022) enfatiza que as quedas levam à redução da independência funcional e aumento da morbidade e mortalidade, com isso, menciona que o programa de equilíbrio por meio de exercícios de apoio em diferentes bases de superfícies através da a RP tem como objetivo na promoção da adesão a longo prazo, tornando-se eficientes na melhora do equilíbrio, reduzindo o risco de quedas e dispneia, proporcionando assim, melhora na capacidade de exercício e na qualidade de vida nos idosos com DPOC.

Santos et al., (2020) complementa que o número de evidências tem provocado um déficit significativo no equilíbrio postural em pacientes com DPOC, resultando em aumento do risco de quedas. Eles ressaltam que a RP através de treinamento muscular periférico, exercícios aeróbicos e resistidos melhoram o equilíbrio, alivia os sintomas de dispneia e fadiga, reduzindo o risco de quedas, pois o tratamento clínico pretende restaurar funções físicas e psicossociais por meio da RP.

Teoricamente, os autores citados demonstram o poder da RP e as possíveis melhorias existentes entre os pacientes e as técnicas escolhidas. Desse modo, a RP representa um papel importante no manuseio respiratório de pacientes com DPOC, com aumento na independência e na função pulmonar.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A RP em pacientes com DPOC por meio de TMR, fortalecimento periférico de MMII e exercícios aeróbicos resultam em efeitos positivos na função pulmonar e na força muscular respiratória, impactando a redução dos principais sintomas como dispneia, fadiga e limitações funcionais, melhorando assim, a intolerância ao exercício, capacidade funcional e reduzindo o risco de quedas.

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¹Graduanda do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Itajubá – FEPI.
²Doutora em Engenharia Biomédica – UAM; Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Itajubá – FEPI.
³Fisioterapeuta. Mestre em Ciências Biológicas (UNIVAP); Docente do curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Itajubá – FEPI.