ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA EM IDOSOS COM SÍNDROME DE IMOBILIDADE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10033393


Rithiele Ferreira dos Santos1 
Ronney Jorge de Souza Raimundo2 
Keite Oliveira de Lima3 
Bruna da Silva Sousa4 


RESUMO 

O artigo aborda o envelhecimento como sendo um período que acontece várias alterações no organismo do indivíduo em seus diferentes aspectos e como uma abordagem fisioterapêutica pode proporcionar maior qualidade a esses indivíduos quando se encontram com síndrome de imobilidade. Desta maneira, o estudo tem o intuito de investigar sobre a Síndrome de Imobilidade, apresentando o conjunto de sinais e manifestações clássicas e seus impactos negativos ao organismo dos idosos e propondo uma abordagem fisioterapêutica em relação ao tratamento desse público. Os procedimentos utilizados deram-se por meio de revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa, do tipo exploratória. Diante do que foi exposto, foi possível perceber que a fisioterapia é indicada para diferentes indivíduos e por meio dela podem alcançar vários resultados, de acordo com as prescrições e intervenções propostas. Portanto, pode-se inferir que a as abordagens fisioterapêuticas promovem efeitos na saúde dos idosos com Síndrome de Imobilidade, porém é importante ressaltar que essa deve ser feita de forma planejada e direcionada, de modo a seguir propor intervenções que sigam recomendações médicas.  

Palavras-chave: Envelhecimento; Alterações; Síndrome; Imobilismo; Tratamento. 

ABSTRACT 

The article addresses aging as a period in which various changes occur in the individual’s body in its different aspects and how a physiotherapeutic approach can provide greater quality to these individuals when they experience immobility syndrome. In this way, the study aims to investigate Immobility Syndrome, presenting the set of classic signs and manifestations and their negative impacts on the body of the elderly and proposing a physiotherapeutic approach in relation to the treatment of this population. through a bibliographic review, with a qualitative, exploratory approach. In view of the above, it was possible to see that physiotherapy is indicated for different individuals and through it various results can be achieved, according to the prescriptions and interventions proposed. Therefore, it can be inferred that physiotherapeutic approaches promote effects on the health of elderly people with Immobility Syndrome, however it is important to emphasize that this must be done in a planned and targeted way, in order to propose interventions that follow medical recommendations. 

Keywords: Aging; Changes; Syndrome; Real estate; Treatment. 

1. INTRODUÇÃO 

O processo de envelhecimento ocorre de forma natural, neste os indivíduos passam gradativamente por alterações no seu funcionamento, afetando sua autonomia e independência. Com base nisso, a Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estipulam que são consideradas idosas os pessoas de 60 anos ou acima disso, e essa fase é acompanhada por uma série de modificações, Inclui alterações fisiológicas, psicológicas, funcionais e socioeconômicas (PINHEIRO; BARRENA; MACEDO, 2019). 

Silva (2019) explica que o processo de envelhecimento é universal e se caracteriza por alterações, aumento da vulnerabilidade a fatores que determinam a redução das reservas fisiológicas e acúmulo de defeitos em múltiplos sistemas.  Para Santos et al (2018) essa vulnerabilidade é um dos fatores que contribui para fazer com que idosos fiquem acamados. 

Segundo as pesquisas conduzidas por Peixoto e Barros (2020), entre 25% e 50% dos pacientes submetidos a internações hospitalares prolongadas permaneceram restritos ao leito. Consequentemente, esses autores destacaram que o repouso prolongado na cama acarreta consequências adversas tanto em termos fisiológicos quanto psicológicos, tendo um impacto negativo na saúde dos idosos, em seu bem-estar físico e na qualidade de vida (SOUZA; BERTOLINI, 2019). 

A condição de imobilidade em idosos pode ser denominada como Síndrome da Imobilidade (SI), que é uma condição pouco compreendida, caracterizada por um conjunto de manifestações e sintomas decorrentes de alterações em múltiplos sistemas do corpo devido à falta de atividade musculoesquelética. Isso inclui, entre outros, o declínio cognitivo avançado, a disfagia, a necessidade de sonda gastrointestinal ou enteral, contraturas musculares, incontinência dupla e lesões cutâneas (SILVA, 2019). 

Esses sintomas e manifestações tendem a ocorrer em idosos que permanecem acamados por um intervalo de tempo que ultrapasse 15 dias. Na síndrome em questão, observa-se uma acentuada atrofia muscular, o que resulta na perda de sarcômeros e de força, além do aumento do tecido conjuntivo, prejudicando a perfusão das fibras musculares. As mudanças nos músculos podem levar a deformações nas articulações, o que resulta em contraturas que limitam a amplitude de movimento. 

Além disso, a perda óssea também pode contribuir para o desenvolvimento de condições como osteoporose e osteomalácia (GODINHO et al., 2019). 

A Síndrome da Imobilidade (SI) resulta em alterações no indivíduo decorrentes do prolongado período de imobilização. Como mencionado anteriormente, os indícios e sintomas podem progredir para complicações significativas nos sistemas circulatório, dermatológico, respiratório e até mesmo no estado mental, incluindo o surgimento de sintomas como depressão, apatia, déficits cognitivos e ansiedade. Diante disso, é fundamental que os profissionais de saúde se familiarizem com a SI, compreendam as condições que levam à perda de mobilidade e ampliem suas capacidades de assistência aos idosos. Isso contribuirá para evitar abordagens terapêuticas inadequadas que possam agravar a situação e, por fim, promover uma qualidade de vida aprimorada para a população idosa (GODINHO et al., 2019). 

O processo de envelhecimento exige uma atenção direcionada para o fomento da saúde da população em geral, com especial ênfase na faixa etária mais avançada, envolvendo equipes multidisciplinares que têm como objetivo principal preservar a autonomia, o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas idosas por meio de uma abordagem interdisciplinar (SILVA et al., 2019). Dessa forma, este trabalho se justifica pela relevância e amplitude do tema, além de contribuir com o acúmulo de conhecimento tanto no âmbito acadêmico da saúde quanto no social. 

Quanto à síndrome de imobilidade, ela não responde ao tratamento com fins curativos. Portanto, o tratamento é essencialmente de caráter paliativo, concentrando-se não na busca pela cura da doença, mas na melhoria do bem-estar dos indivíduos idosos e no alívio de possíveis complicações. A abordagem terapêutica deve se concentrar na minimização dos sintomas, incluindo o alívio da dor e o tratamento de distúrbios gastrointestinais, como náuseas, vômitos, boca seca, diarreia, falta de apetite, constipação e problemas urinários (NUNES et al., 2018). 

Nesse contexto terapêutico, a fisioterapia se revela altamente benéfica para esse grupo de pacientes, uma vez que oferece uma abordagem com o objetivo de restabelecer a capacidade motora necessária para a realização das atividades cotidianas da pessoa afetada. A fisioterapia pode ser aplicada de modo eficaz em indivíduos que permanecem imóveis por longos períodos, por meio da promoção da estimulação motora, promovendo padrões respiratórios mais eficientes; alívio da dor, entre outros benefícios, especialmente em situações de incapacidade (ALENCAR; ANDRADE, 2019). 

O presente estudo tem como propósito realizar uma revisão da literatura acerca da Síndrome do Imobilismo, delineando os sinais e sintomas característicos e os efeitos adversos que ela pode provocar no organismo dos idosos. Além disso, busca-se apresentar uma perspectiva fisioterapêutica no que tange ao tratamento desse grupo de pacientes. 

2. METODOLOGIA  

Foi utilizada a pesquisa bibliográfica, visto que foi feita uma exploração do tema em seu cunho teórico sobre o contexto da problemática abordada. A pesquisa foi executada por meio de um análise e documentação bibliográfica, pela consulta da literatura, por meio de artigos acadêmicos, livros, revistas, banco de dados como Lilas, Scielo, Pubmed Compreendendo principalmente entre o período de 2019 ao ano atual. Os títulos usados para busca foram: idosos, imobilidade, fisioterapia e intervenção. 

O método de abordagem da presente pesquisa é qualitativo, abordagem que Gil (2007), define como a pesquisa que se alimenta essencialmente em análises qualitativas, onde não se tem a preocupação com apresentações numéricas, mas sim, com a investigação e compreensão do objeto de estudo. 

Dentro dos vários métodos de pesquisa, quanto aos fins à execução deste trabalho foi utilizada a pesquisa exploratória, que se caracteriza em procurar observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os fatos ou fenômenos (GIL,2007).  

3. REFERENCIAL TEÓRICO 

O ENVELHECIMENTO  

De acordo com as disposições do Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741, de 1º de outubro de 2003), o indivíduo idoso é aquele com idade igual ou superior a 60 anos. Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define o idoso como alguém com 60 anos ou acima disso, em países em desenvolvimento, como o Brasil, e a partir dos 65 anos em países desenvolvidos (BRASIL, 2019). 

A população idosa constitui um conjunto diversificado quando comparado entre seus membros e com outros grupos etários, pois está sujeita às influências das condições sociais, demográficas e epidemiológicas(VERAS; OLIVEIRA, 2018). 

Em concordância, Silva (2019) diz que o envelhecimento é um fenômeno que afeta toda a população humana. Ele é definido como um processo contínuo, progressivo e irreversível, que está intrinsecamente relacionado com o estilo de vida e as influências culturais. É importante ressaltar que os idosos têm vulnerabilidades e características distintas, sendo mais propensos a desenvolver doenças crônicas. 

Nesse contexto, o processo de envelhecimento pode resultar em perdas funcionais, o que torna essencial a prestação de cuidados estruturados aos idosos, diferentemente dos cuidados destinados aos adultos mais jovens (DARDENGO; MAFRA, 2018). Esse processo de envelhecimento é intrincado e varia de indivíduo para indivíduo, englobando uma ampla gama de alterações nas capacidades, incluindo equilíbrio, mobilidade, aspectos fisiológicos, articulares e psicológicos (PINHEIRO; BARRENA; MACEDO, 2019). 

Para Macena, Hermano e Costa (2018), o envelhecimento é um processo complexo e não patológico. Ele é caracterizado como uma evolução natural na qual alterações funcionais, morfológicas, bioquímicas, psicológicas conduzem a um comprometimento na adaptação e autonomia do organismo. Com o passar do tempo, isso resulta em uma menor capacidade de enfrentar o ambiente externo e, consequentemente, em um aumento de sua vulnerabilidade e suscetibilidade a doenças, o que por sua vez amplia o risco de mortalidade. 

É evidente que o processo de envelhecimento humano é fundamentado por diversas teorias, que podem ser subdivididas em dois grupos principais: teorias estocásticas e teorias programadas. As teorias estocásticas buscam identificar os fatores causadores de danos à saúde, que têm uma ligação direta com o processo de envelhecimento, causando danos moleculares e celulares progressivos de forma aleatória. Por outro lado, as teorias programadas funcionam como relógios biológicos, regulando os processos de maturação, crescimento, senescência e morte (NASCIMENTO, 2020). 

Dessa forma, o envelhecimento se caracteriza por mudanças progressivas que são esperadas e relacionadas ao aumento da vulnerabilidade, e não é um processo uniforme entre as pessoas. Existem duas categorias de alterações: senescência e senilidade (FREITAS, 2018). A senescência refere-se a uma resposta natural das células que limita a proliferação das células danificadas ou envelhecidas, fazendo parte de um processo antagônico. Embora desempenhe papéis fisiológicos importantes durante o desenvolvimento normal e seja necessária para a manutenção da homeostase dos tecidos, a senescência também representa uma resposta ao estresse causado por fatores relacionados ao envelhecimento, Como variações genômicas instáveis e redução no comprimento dos telômeros, que são características fundamentais do processo de envelhecimento (MCHUGH; GIL, 2018). 

A senescência é o resultado da soma de mudanças orgânicas, psicológicas e funcionais inerentes ao processo natural de envelhecimento. Durante a senescência, a capacidade de manter a homeostase no corpo é reduzida em comparação com indivíduos mais jovens (DINIZ et al., 2020). 

Em contrapartida, a senilidade está intrinsecamente relacionada aos efeitos adversos à saúde que se acumulam ao longo do tempo, resultando em uma condição de sobrecarga. Essa sobrecarga é devido a condições de saúde debilitantes e comportamentos de vida prejudiciais, levando ao surgimento de condições patológicas. A senilidade está associada tanto a fatores genéticos quanto ambientais, e, no que diz respeito a esses últimos, quanto maior for o impacto sobre o processo de envelhecimento saudável, maior será o impacto na vitalidade e na saúde na velhice (DINIZ et al., 2020). 

Durante o processo de envelhecimento, mudanças significativas levam a alterações nas capacidades fisiológicas e ao enfraquecimento das respostas do corpo. Essas mudanças diferem em qualquer idade e estão particularmente relacionadas aos impactos sociais e ambientais específicos de cada pessoa que influenciam o processo de desenvolvimento subsequente relacionado à saúde (PERRACINI, 2019). As alterações nas células e tecidos durante o envelhecimento ocorrem quando as alterações proteicas levam à disfunção celular; a disfunção tecidual ocorre quando os lipídios e o DNA não estão adequadamente protegidos (NASCIMENTO, 2020). 

A diminuição da eficiência da atividade funcional das células leva ao declínio na capacidade de recuperação de danos à medida que envelhecimento progride.Com o passar dos anos, as células gradualmente perdem sua capacidade de se reproduzir de forma eficaz, tornando-se desreguladas e incapazes de se proliferar normalmente. Além disso, as células envelhecidas demonstram uma menor capacidade de absorver nutrientes e reparar danos cromossômicos (NASCIMENTO, 2020). 

No decorrer do processo de envelhecimento, cada tecido no corpo sofre mudanças, incluindo o tecido conjuntivo, que desempenha um papel crucial na conexão e suporte entre células e órgãos, desempenhando uma função estrutural significativa. Seus componentes, como células, substâncias amorfas e fibras, desempenham diferentes funções, incluindo funções estruturais, patológicas e funcionais. No entanto, durante esse processo, há uma diminuição na eficiência das funções do tecido conjuntivo. Isso resulta em um aumento da rigidez do colágeno e uma redução gradual das fibras elásticas que compõem o tecido, levando a uma perda de força, bem como a uma menor flexibilidade, deformações e menor elasticidade no tecido (NASCIMENTO, 2020). 

No processo de envelhecimento, as alterações relacionadas à estrutura corporal incluem uma diminuição da altura a partir dos 40 anos, resultando em uma redução de aproximadamente 1 centímetro a cada década. Isso ocorre devido ao estreitamento dos discos intervertebrais e à compressão das vértebras. Em termos de peso, a gordura corporal aumenta e a massa corporal magra diminui gradualmente. Esse aumento de peso é mais evidente em mulheres com 75 anos ou mais, enquanto nos homens inicia-se aos 65 anos, diminuindo novamente por volta dos 80 anos. Essa variação de peso está ligada a vários elementos, incluindo mudanças hormonais e funcionais (NASCIMENTO, 2020). 

As mudanças na composição corporal durante o envelhecimento incluem uma diminuição da quantidade de gordura corporal e seus componentes, como proteínas, potássio, minerais e água, que representam cerca de 52% do corpo do idoso. A gordura corporal tende a se acumular na região abdominal, surgindo em mulheres após a menopausa e em homens após a meia-idade. Essas alterações indicam o aumento da adiposidade e estão associadas a riscos de doenças do metabolismo e cardiovasculares.Além disso, há um aumento na amplitude das orelhas, nariz e no diâmetro do tórax, caracterizando o chamado “tórax senil”, e também na circunferência craniana (NASCIMENTO, 2020). 

Com o envelhecimento, as fibras elásticas da derme e nos tecidos subjacentes diminuem, o que resulta na perda de elasticidade da elastina, tornando-a mais porosa. Isso leva ao surgimento de rugas e sulcos na pele, devido à redução do tecido subcutâneo. Além disso, a pele tende a ficar mais ressecada devido à diminuição da produção de água pelas glândulas sudoríparas e sebáceas. A quantidade de pelos diminui em todo o corpo, sendo mais evidente nas sobrancelhas, narinas e orelhas em homens, e no queixo e buço em mulheres. O bulbo capilar também passa por alterações, resultando no embranquecimento dos cabelos, e a diminuição de sua funcionalidade pode levar à calvície, especialmente em homens (NASCIMENTO, 2020). 

Os sistemas funcionais experimentam alterações ao longo do processo de envelhecimento, incluindo sistemas nervoso, muscular e osteoarticular, cardiovascular, respiratório, geniturinário, gastrointestinal, endócrino e imunitário.  

Com o avançar da idade, o sistema nervoso passa por modificações cerebrais, com uma redução no volume e peso do cérebro, seguida de perda de neurônios e neurotransmissores. Isso resulta no alargamento dos ventrículos cerebrais, diminuição da atividade colinérgica das enzimas metabólicas, bem como na velocidade de transmissão e na utilização de oxigênio, além de uma diminuição das proteínas no cérebro. A maior parte das doenças degenerativas que ocorrem na terceira idade tende a aumentar devido aos danos causados pela oxidação, afetando lipídios, proteínas e DNA (NASCIMENTO, 2020). 

A musculatura experimenta mudanças notáveis a partir dos 60 anos de idade, manifestando uma diminuição na massa muscular. As fibras musculares começam a perder tamanho, resultando em uma redução da força muscular máxima, que pode chegar a 30% a 40%, com um declínio de aproximadamente 10% a cada ano. Esse decréscimo na força e na massa muscular impacta negativamente na mobilidade e pode levar à atrofia muscular, tornando o idoso mais dependente (NASCIMENTO, 2020). 

No contexto das particularidades que afetam os idosos, merecem destaque as síndromes geriátricas, como a imobilidade, que afeta pessoas com doenças incapacitantes. Isso resulta na restrição dos movimentos articulares e pode levar a complicações de saúde subsequentes. As causas predominantes que comprometem a mobilidade são de natureza neurológica e musculoesquelética (GODINHO et al., 2019). 

Assim, a síndrome mencionada anteriormente torna-se mais comum entre os idosos, uma vez que a vulnerabilidade a que estão predispostos devido ao processo natural de envelhecimento resulta em desgaste progressivo do organismo à medida que o tempo avança (SANTOS et al, 2018). 

A síndrome da imobilidade apresenta uma visão negativa do envelhecimento saudável e da qualidade de vida, pois engloba uma série de problemas que afetam os idosos que ficam acamados por longos períodos, resultando em uma imobilidade extrema. Independentemente da causa que levou ao repouso prolongado, essa condição evolui para complicações psicológicas, circulatórias, dermatológicas e respiratórias (GODINHO et al., 2019). 

O mero fato de um idoso permanecer acamado por um longo período não é suficiente para caracterizar o diagnóstico da síndrome do imobilismo. Para fazer esse diagnóstico, são necessários dois critérios maiores: um déficit cognitivo moderado a grave e a presença de múltiplas contraturas articulares. Além disso, é preciso que sejam observados dois critérios menores, que podem incluir afasia, disfagia, úlceras de pressão e/ou dupla incontinência (SILVA, 2019). 

SÍNDROME DE IMOBILIDADE 

A Síndrome do Imobilismo (SI) é caracterizada por uma série de mudanças que ocorrem em indivíduos que permanecem acamados por longos períodos. Não importa qual tenha sido a razão por trás da permanência prolongada na cama, essa condição pode progredir e afetar os sistemas musculoesquelético, gastrointestinal, urinário, cardiovascular, respiratório e cutâneo (GUEDES, 2018). 

Como mencionado, a Síndrome do Imobilismo (SI) pode ser definida como um estado na qual um indivíduo permanece por um longo período com extrema imobilidade, limitado ao leito e incapaz de mudar de posição por conta própria. No entanto, é importante observar que estar acamado por si só não é suficiente para diagnosticar a síndrome do imobilismo. Existem critérios específicos para essa condição, como a presença de múltiplas contraturas articulares e algum grau de comprometimento cognitivo, que pode variar de moderado a grave. Além disso, há critérios menores que não são necessariamente obrigatórios, como úlceras de pressão, incontinência dupla e afasia (PEREIRA et al., 2021). 

Os critérios para o diagnóstico da Síndrome do Imobilismo podem ser categorizados em maiores e menores. Os critérios maiores incluem a presença de déficit cognitivo e a ocorrência de múltiplas contraturas. Quanto aos critérios menores, são mencionadas úlceras de pressão, disfagia, incontinência urinária e fecal, bem como afasia (GODINHO et al., 2019). 

A classificação da imobilização está relacionada à duração do período em que o idoso fica restrito ao leito. Um período de 7 a 10 dias é classificado como repouso, enquanto 12 a 15 dias são considerados como imobilização, e acima de 15 dias é categorizado como decúbito de longa duração (GODINHO et al., 2019). 

Assim, existem alguns testes disponíveis para avaliar a gravidade e o grau de comprometimento causado pela imobilização. Entre eles, incluem-se a Escala de Equilíbrio de Berg, o Teste Timed Up and Go, o Teste de Inclinação Lateral e o Teste de Shober (COSTA, 2022). 

Essa síndrome, independentemente de sua origem, desencadeia uma série de alterações no indivíduo que permanece acamado por um longo período. Essas mudanças podem afetar os sistemas musculoesquelético, urinário, cardiovascular, respiratório, gastrointestinal e tegumentar. Muitas das complicações causadas pela síndrome do imobilismo são reversíveis. No entanto, quanto menor for o tempo de imobilização, será mais eficiente o processo de reabilitação.Entre todos os danos provocados pela imobilidade, o sistema locomotor é o mais impactado, resultando em redução da amplitude de movimento, contraturas musculares, perda de massa muscular e, consequentemente, diminuição da força muscular (PEREIRA et al., 2021). 

Dentre os efeitos prejudiciais dessa síndrome, o impacto no sistema musculoesquelético é particularmente significativo, podendo ser considerado o mais afetado. Os membros inferiores são os mais vulneráveis quando se trata de um período prolongado de repouso. Isso ocorre porque os músculos antigravitacionais desses membros perdem o tônus quando não são submetidos à carga de peso, resultando em alterações na dimensão muscular. A imobilidade leva à diminuição da massa e da força muscular, o que, por sua vez, afeta o equilíbrio. O sistema esquelético e as articulações dependem da mobilidade para se manterem saudáveis, e a falta de uso desse sistema pode resultar em contraturas, rigidez, fraqueza e atrofia. Essas limitações afetam as atividades de vida diária (AVDs) e devem ser prevenidas por meio de movimento e posicionamento funcional no leito (SOUZA; BERTOLINI, 2019). 

Como mencionado anteriormente, a imobilização prolongada tem um impacto significativo no sistema locomotor, resultando na diminuição da amplitude das articulações devido ao acúmulo de tecido fibroso denso que se opõe ao alongamento. Além disso, há uma diminuição da elasticidade muscular e o desenvolvimento de contraturas musculares devido à proliferação de tecido conjuntivo. Em casos de imobilização completa, a massa muscular pode diminuir pela metade em menos de duas semanas, e a força muscular pode ser perdida em até 50% em um período de três a cinco semanas (PEREIRA et al., 2021). 

Além dos efeitos adversos observados no sistema musculoesquelético, o imobilismo também afeta o sistema urinário, resultando na ocorrência de incontinência urinária (IU). A IU pode ser entendida como uma condição que provoca consideráveis impactos na qualidade de vida e na saúde dos indivíduos que a sofrem, aumentando a morbidade, especialmente em idosos. Isso pode ocorrer devido ao uso de sondas vesicais, fraldas geriátricas e à redução da função muscular abdominal e do desempenho urinário. A infecção urinária é outra complicação que pode ser causada pelo imobilismo e é classificada em dois tipos: IU estabelecida e IU transitória ou reversível. As IU estabelecidas são geralmente resultantes de distúrbios funcionais, obstruções na via de saída, enfraquecimento da musculatura pélvica e aumento da pressão uretral. Já as causas de IU transitória incluem o uso de certos medicamentos, uretrite, restrição de mobilidade, inflamação do trato urinário e vaginite atrófica. É importante observar que uma parcela significativa das pessoas acamadas sofre com a incontinência urinária (SANTOS, 2022). 

A imobilização prolongada também pode ter impacto no sistema cardiovascular, manifestando-se por um aumento da frequência cardíaca, diminuição da capacidade de reserva cardíaca, edema e distúrbios tromboembólicos. Durante a imobilidade, o sistema circulatório enfrenta desafios para desempenhar adequadamente suas funções, o que pode resultar no acúmulo de sangue nos membros inferiores. Períodos prolongados de repouso na cama podem resultar em uma redução progressiva do volume sanguíneo, atingindo seu nível mínimo em cerca de seis dias, aumentando assim o risco de doenças tromboembólicas (SOUZA; BERTOLINI, 2019). 

A síndrome do imobilismo também pode afetar o sistema respiratório, levando a diversas complicações em indivíduos que permanecem acamados. Estas complicações incluem o acúmulo e congestionamento de secreções, alterações no padrão respiratório, redução da oferta de oxigênio e diminuição da capacidade de tossir. A permanência prolongada em posição supina pode resultar em alterações pulmonares, uma vez que o peso do corpo restringe os movimentos da caixa torácica, diminuindo o volume corrente e causando mudanças na distribuição sanguínea nos pulmões devido à influência da gravidade. Além disso, a dificuldade em eliminar secreções aumenta o risco de infecções respiratórias (SOUZA; BERTOLINI, 2019). 

No sistema digestivo, existe um aumento significativo do risco de desenvolvimento de anorexia, que pode ser resultado dos efeitos de medicamentos, alterações psicológicas e redução na ingestão de alimentos. Além disso, a desidratação é uma preocupação devido à diminuição da ingestão de líquidos. Em pacientes restritos ao leito, há um maior risco de aspiração pulmonar devido ao refluxo, associado à posição deitada, bem como engasgos e tosse que podem levar ao refluxo intestinal. Isso resulta em alterações no peristaltismo intestinal, prejudicando a absorção de nutrientes e sobrecarregando o sistema devido à redução do volume plasmático e à desidratação (SOUZA; BERTOLINI, 2019). 

Com o avançar da idade, a pele e sua elasticidade natural enfraquecem, resultando em uma redução da flexibilidade da elastina e tornando-a mais porosa, devido à diminuição do tecido subcutâneo, o que leva à desidratação cutânea. Entretanto, em indivíduos que permanecem acamados, esse processo ocorre de maneira mais acentuada. No sistema tegumentar, é importante destacar a ocorrência de úlceras de pressão e a atrofia cutânea, que são condições frequentes em decorrência do imobilismo prolongado (SANTOS, 2022). 

Todas as informações apresentadas até agora indicam que a Síndrome do Imobilismo (SI) é caracterizada pela combinação de sintomas e sinais que resultam na restrição dos movimentos articulares, dificultando as mudanças de postura, levando a uma perda de independência e, por fim, causando incapacidade, fragilidade e até mesmo óbito. Ela faz parte de um grupo de síndromes geriátricas que, uma vez estabelecidas, tendem a ser irreversíveis e causam grande sofrimento tanto para os pacientes quanto para seus familiares. Vários elementos de risco contribuem para o surgimento da Síndrome de Imobilidade (SI), incluindo idade avançada, presença da síndrome da fragilidade, internações frequentes, iatrogenia (efeitos adversos causados por tratamentos médicos), presença de múltiplas comorbidades, permanência prolongada no leito e até mesmo a institucionalização do paciente em ambiente de cuidados de longa duração (TOMMASO, 2021). 

A imobilidade é uma das principais síndromes geriátricas que afetam indivíduos com doenças debilitantes, levando à limitação dos movimentos articulares. Suas causas são variadas, mas predominam as de origem neurológica e musculoesquelética. O estado prolongado de imobilização resulta em alterações nas estruturas cartilaginosas, articulares e musculares. Isso inclui a formação de aderências entre as articulações sinoviais, o desenvolvimento de tecido fibroso na superfície cartilaginosa, a obstrução das articulações, a desarranjo das fibras e células do tecido ligamentar, o enfraquecimento das inserções ligamentares e a absorção osteoclástica (TOMMASO, 2021). 

Portanto, é de extrema importância realizar intervenções precoces, uma vez que de acordo com pesquisas, quanto mais tempo o indivíduo permanece imobilizado no leito, maiores são os impactos negativos na capacidade funcional dos vários sistemas do organismo, muitos dos quais podem ser irreversíveis. Diante desse cenário, é responsabilidade do fisioterapeuta atuar proativamente para evitar que o idoso alcance o estado de imobilidade, promovendo a manutenção da atividade e funcionalidade do paciente sempre que possível (GUEDES et al., 2018). 

Muitas das consequências provocadas por essa síndrome são passíveis de reversão, portanto, intervenções realizadas em pacientes que se encontram restritos ao leito têm o potencial de mitigar as alterações fisiológicas prejudiciais e os problemas decorrentes da imobilidade (PEREIRA et al., 2021). 

O  FISIOTERAPEUTA 

A fisioterapia, por definição, é uma disciplina da área da saúde que se dedica ao estudo, prevenção e tratamento dos distúrbios de movimento e função que afetam órgãos e sistemas do corpo humano, resultantes de fatores genéticos, lesões ou doenças adquiridas (COFFITO, 2018). 

Dentre as responsabilidades do fisioterapeuta estão a avaliação e diagnóstico de distúrbios cinéticos funcionais, a prescrição de intervenções fisioterapêuticas e o acompanhamento da progressão do estado clínico e funcional do paciente, bem como a determinação das condições para a alta do serviço de saúde (COFFITO, 2018). 

Dessa forma, os fisioterapeutas são profissionais habilitados com autonomia e competência para efetuar tanto a avaliação cinético-funcional desses pacientes quanto para conduzir intervenções fisioterapêuticas apropriadas. Eles têm a capacidade de avaliar a saúde de cada paciente e determinar as necessidades de atendimento, desempenhando um papel fundamental na prevenção, promoção e reabilitação da saúde (RIZZI et al., 2020). 

Portanto, a fisioterapia se integra por meio de suas ferramentas e métodos em equipes multidisciplinares com o principal propósito de mitigar perturbações na função corporal, preservar ou melhorar a qualidade de vida dos pacientes e restabelecer a funcionalidade. Os profissionais de fisioterapia fornecem assistência a indivíduos, independentemente de serem programas de tratamento individuais ou em grupo, promovendo a saúde de forma inclusiva e sem discriminação (MENDES et al., 2020). 

A fisioterapia colabora estreitamente com a equipe multidisciplinar, desempenhando um papel vital ao realizar avaliações neurológicas que contribuem para o diagnóstico clínico e funcional. O fisioterapeuta desempenha um papel fundamental em todas as fases do tratamento, desde a prevenção até a reabilitação do paciente (OLIVEIRA et al., 2020). Este profissional possui conhecimentos especializados e recursos que são aplicados no tratamento de úlceras, na prevenção de deformidades e amputações, no fortalecimento muscular, bem como na orientação e preparação para lidar com as novas condições físicas decorrentes das diversas manifestações clínicas da doença, resultando em uma melhoria significativa na qualidade de vida dos indivíduos afetados por essa enfermidade (OLIVEIRA et al., 2020). 

Conforme destacado por SOUZA et al. (2019), ao fazer parte da equipe multidisciplinar, o fisioterapeuta tem como meta desempenhar um papel crucial no diagnóstico precoce das limitações motoras e neurológicas, empregar recursos terapêuticos para promover a reabilitação e desempenhar um papel ativo nas iniciativas de educação em saúde. 

Verificou-se que a fisioterapia desempenha um papel significativo na prevenção dos problemas relacionados à síndrome em questão, tanto antes de sua manifestação quanto após seu desenvolvimento. 

 A FISIOTERAPIA E A SÍNDROME DE IMOBILIDADE EM IDOSOS  

O envelhecimento naturalmente resulta no declínio da força muscular, particularmente nos membros inferiores, o que tem um impacto direto na amplitude e eficácia dos movimentos. Portanto, em idosos que sofrem com a síndrome do imobilismo, é crucial prestar atenção extra, pois a diminuição da força muscular tende a ser ainda mais acentuada (SILVA, 2019). 

Pacientes idosos que enfrentam complicações da síndrome do imobilismo muitas vezes estão em situações graves e debilitantes, podendo ser comparados a casos em que um membro do corpo está imobilizado por gesso ou talas devido a fraturas, ou até mesmo a estágios avançados de patologias que resultaram em lesões. No passado, a estimulação precoce da movimentação dos membros era recomendada, minimizando o repouso e sendo considerada fundamental para evitar a perda de massa muscular (ABRANCHES E CAVALLETI, 2020). 

A fisioterapia é uma disciplina que desempenha um papel fundamental na promoção do restabelecimento e na preservação da funcionalidade, contribuindo para a redução das complicações associadas à síndrome do imobilismo. O profissional de fisioterapia desempenha um papel essencial no tratamento de indivíduos afetados por essa síndrome. Através de intervenções como mobilização no leito, gerenciamento da dor, prevenção de encurtamento muscular e atrofia, manutenção da força e amplitude de movimento, promoção da independência nas atividades diárias, estímulo à deambulação e outros aspectos igualmente relevantes, a fisioterapia pode contribuir significativamente para melhorar a qualidade de vida desses pacientes (PEREIRA et al., 2021). 

Através da fisioterapia, é possível aprimorar a qualidade de vida desses pacientes, reduzindo a dor, implementando estratégias de posicionamento adequado no leito, prevenir atrofias musculares e encurtamentos, aumentando a amplitude de movimento e a força, estimulando o desenvolvimento motor e promovendo a maior independência possível nas atividades de vida diária (PEREIRA et al., 2021). 

Uma ferramenta altamente eficaz para avaliar a mobilidade de idosos hospitalizados é o teste de Timed Up and Go (TUG), que não só mede a mobilidade, mas também avalia a capacidade de transição do estado sentado para em pé, o equilíbrio, a velocidade e a estabilidade da marcha. O O teste Timed Up and Go (TUG) é uma ferramenta simples de utilizar e pode ser replicada com facilidade. Ele oferece informações valiosas sobre a funcionalidade dos idosos. Para conduzir o teste, é necessário uma cadeira com uma altura aproximada de 45 cm e braços com cerca de 65 cm de altura, bem como uma fita métrica para demarcar um percurso retilíneo de 3 metros no chão. Além disso, um cronômetro é utilizado para registrar o tempo necessário para a realização do teste (RODRIGUES et al., 2018). 

O tempo necessário para a conclusão do teste TUG pode variar. Um desempenho normal é geralmente alcançado em menos de 10 segundos. Entre 10 e 20 segundos, o desempenho é considerado comprometido, indicando possíveis problemas de mobilidade. Quando o tempo ultrapassa 20 segundos, isso sugere um comprometimento significativo da mobilidade e aumenta o risco de quedas. Além disso, os resultados do TUG são classificados em diferentes faixas etárias. Para pessoas com idades entre 60 e 90 anos, os valores considerados normais variam de 7,1 a 9 segundos. Para a faixa etária de 70 a 79 anos, o intervalo é de 9,8 a 10 segundos, e para aqueles entre 80 e 89 anos, o intervalo normal é de 10,2 a 12,7 segundos (RODRIGUES et al., 2018). 

A mobilização precoce constitui uma estratégia fisioterapêutica amplamente empregado em pacientes hospitalizados como medida preventiva e para mitigar os efeitos da imobilidade. Seus benefícios se estendem a vários sistemas do corpo, incluindo o sistema locomotor, cardiovascular e respiratório. Essa abordagem visa preservar a massa muscular e a força, prevenir o desenvolvimento de outras condições patológicas, reduzir o tempo de internação e, em última análise, melhorar a qualidade de vida dos pacientes hospitalizados (SANTOS et al., 2021). 

A mobilização precoce não apenas melhora a oxigenação celular e a nutrição dos órgãos, mas também reduz significativamente o risco de fenômenos tromboembólicos. Considerando a condição clínica individual de cada paciente, é recomendado iniciar a mobilização de forma passiva o mais cedo possível e, à medida que o paciente progride, avançar para a mobilização ativa. Atualmente, a tarefa mais desafiadora para o profissional de fisioterapia nesse contexto é retirar o paciente do leito, o que reduz consideravelmente a probabilidade de que ele desenvolva incapacidade funcional (SANTOS et al., 2021). 

A intervenção fisioterapêutica, com foco na prevenção, fortalecimento e estabilização desses pacientes, incorpora métodos de transferência com o objetivo de reduzir a dependência e melhorar a realização das tarefas cotidianas. Inicialmente, são realizados exercícios para o controle do tronco, visando melhorar a estabilidade e mobilidade corporal, ao mesmo tempo em que trabalham o equilíbrio e a consciência corporal, promovendo a restauração da capacidade funcional total (THIELO; QUITANA; RABUSKE, 2021). 

Já Furtado et al. (2020) propõe a utilização de um ciclo ergômetro que para pacientes em estado crítico possibilita a realização de exercícios ativos assistidos e passivos, mesmo quando o paciente está em decúbito dorsal. Isso contribui significativamente para a preservação da massa muscular, da amplitude de movimento e da força muscular. O uso desse equipamento pode ser complementar à mobilização ativa e passiva. Além disso, é importante ressaltar a relevância do posicionamento funcional no leito, aliado a um protocolo de cinesioterapia individualizado, como medida preventiva contra contraturas musculares, atrofias e úlceras de pressão. 

A realização de exercícios diários com o cicloergômetro para os membros inferiores no leito é uma abordagem segura e eficaz para prevenir e minimizar a perda funcional. Em particular, os exercícios de fortalecimento do músculo quadríceps desempenham um papel crucial na neutralização das forças rotacionais, quando combinados com um posicionamento adequado, ajudam a evitar posições que colocam o quadril em rotação e extensão lateral extrema (FURTADO et al., 2020). 

A estimulação elétrica é outro recurso fisioterapêutico que vem sendo utilizado para preservar e aumentar a força muscular. Embora não haja parâmetros, quantidade de aplicações e duração totalmente definidos para esse recurso, ele é considerado benéfico e seguro. Um exemplo desse tipo de estimulação é a estimulação elétrica funcional (FES), que é uma ferramenta terapêutica aplicada para preservar e restaurar a capacidade funcional, amplitude de movimento e força muscular. É importante destacar que o uso da corrente elétrica em conjunto com exercícios físicos aumenta progressivamente a força muscular em comparação com o uso de protocolos que envolvem apenas exercícios separadamente (BOARON et al., 2022). 

A aplicação de estimulação elétrica de baixa frequência, quando combinada com um programa de cinesioterapia, resulta em melhorias significativas na força muscular em comparação com o uso exclusivo de exercícios (BOARON et al., 2022). 

Sob a perspectiva das diretrizes do departamento de fisioterapia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a estimulação elétrica neuromuscular deve ser empregada como uma ferramenta no tratamento de pacientes críticos que não conseguem realizar contrações musculares, com o objetivo de aprimorar a função muscular através de contrações passivas e aumento da capacidade muscular oxidativa (PLENTZ; SBRUZZI, 2020).  

Dessa forma, a fisioterapia desempenha um papel crucial na busca pela melhor qualidade de vida possível para seus pacientes, retardando os efeitos secundários da síndrome do imobilismo por meio de uma série de intervenções. Isso inclui estimular a movimentação, promover a transição da posição deitada para a posição sentada no leito e, posteriormente, para a posição de pé, incentivar a deambulação e a independência nas atividades de vida diária. Além disso, a fisioterapia respiratória é aplicada para evitar complicações pulmonares e promover um padrão respiratório eficaz. Outras abordagens englobam a redução da dor, a preservação da amplitude de movimento, massa muscular e força muscular por meio de exercícios, a prevenção de edemas, escaras e doenças tromboembólicas, bem como a prevenção de contraturas, atrofias e encurtamentos musculares, além de proporcionar reeducação postural e conscientização corporal. Em resumo, o principal objetivo da fisioterapia é minimizar o tempo de repouso no leito e reintegrar o paciente o mais rapidamente possível às suas tarefas diárias (PEREIRA et al., 2021). 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Com tudo que foi estudado por meio de uma revisão bibliográfica, com material extraído em artigos acadêmicos, livros e revistas da área, serão apresentados, analisados e discutidos os dados encontrados. O motivo da escolha do tipo de pesquisa do presente artigo deu-se pela possibilidade da análise de um problema por meio de referências teóricas publicadas, permitindo as próprias considerações. 

O artigo começa por abordar o conceito de envelhecimento. Em resumo, conforme Silva (2019), o envelhecimento é um fenômeno que impacta todos os indivíduos, caracterizando-se como um processo dinâmico, progressivo e irreversível. 

Em seguida, foi discutida a Síndrome de Imobilidade, que, de acordo com vários autores, é uma condição na qual o indivíduo permanece por um período prolongado com extrema imobilidade, limitado ao leito e com dificuldade em realizar mudanças posturais. 

Posteriormente, foram abordadas de forma concisa e geral as abordagens fisioterapêuticas, destacando como o fisioterapeuta pode contribuir para a promoção da saúde. De acordo com as diretrizes do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (2018), esse profissional tem a capacidade de prevenir distúrbios cinéticos funcionais que ocorrem nos órgãos e sistemas do corpo humano, seja por causas genéticas, traumáticas ou adquiridas. 

Por último, abordou-se a fisioterapia em relação à Síndrome de Imobilidade. Esse último tópico destacou as intervenções que podem ser realizadas com idosos para minimizar ou tratar as complicações decorrentes da SI, visando promover a mobilidade e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. Dessa forma, pode-se afirmar que o fisioterapeuta desempenha um papel fundamental na reversão das alterações e complicações decorrentes da SI. Suas intervenções visam estimular a mobilização precoce desde o leito, reduzir a dor, empregar métodos preventivos contra o encurtamento e a atrofia muscular, restaurar e preservar a força muscular e a amplitude de movimento, promover o controle corporal e, consequentemente, incentivar a deambulação, tornando o paciente cada vez mais independente e proporcionando uma melhor qualidade de vida. 

Portanto, é possível afirmar, com base na pesquisa e na análise realizadas, que o objetivo proposto foi alcançado com sucesso. Esta revisão de literatura abordou a Síndrome de Imobilidade em idosos e ofereceu uma visão detalhada da abordagem fisioterapêutica no tratamento desse grupo de pacientes. Entretanto, é importante mencionar que este estudo também enfrentou algumas limitações, especialmente em relação aos materiais disponíveis atualmente na literatura eletrônica. Notou-se também uma significativa semelhança nos dados.  

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

É válido destacar que o envelhecimento é o processo  universal e se caracteriza por mudanças, pelo aumento  da vulnerabilidade de fatores que determinam a diminuição de reservas fisiológicas e pelo acúmulo de déficits em múltiplos sistemas.  

Desta forma, com a população idosa cada dia maior, acendeu-se um sinal vermelho, despertando assim um maior interesse da comunidade acadêmica no desenvolvimento de pesquisas científicas voltadas para o estudo dessa população. 

Foi evidenciado através das pesquisas que o fisioterapeuta pode desempenhar  um papel vital na prevenção e promoção da saúde dos idosos. Isso pode ser alcançado tanto através do atendimento individual quanto da colaboração com uma equipe multidisciplinar. A intervenção fisioterapêutica se destaca, especialmente, no contexto da síndrome do imobilismo e nas consequentes alterações por ela causadas. Nesse cenário, o fisioterapeuta desempenha um papel importante na prevenção e na restauração das funções, promovendo a funcionalidade e a independência dos pacientes idosos. 

As pesquisas científicas apresentadas ao longo deste estudo basearam-se em pesquisas e na revisão de obras publicadas, tais como artigos e livros. Uma limitação identificada foi a escassez de estudos específicos sobre a intervenção fisioterapêutica para essa condição. Portanto, este estudo é relevância tanto para a comunidade acadêmica e científica quanto para a sociedade em geral, uma vez que aborda uma questão premente relacionada à população idosa.  

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1Graduada do Curso de Fisioterapia das Faculdades Integradas IESGO. E-mail:rithyferreiradossantos@gmail.com. Lattes: https://lattes.cnpq.br/575206822653336 OrcID: https://orcid.org/0009-0003-0706-8200.

2Graduado em fisioterapia pela faculdade UNOESTE- SP, mestrado e doutorado em ciências da saúde pela UnB, professor  da faculdade IESGO-GO. Contato email.ronney.jorge@gmail.com

3Graduado em fisioterapia pela faculdade UNOESTE- SP, mestrado em ciências da saúde pela UnB, professora  da faculdade IESGO-GO

4Graduada em fisioterapia pela UnB, mestrado pela UnB e professora da faculdade IESGO