O GERENCIAMENTO EM SAÚDE PELA PERSPECTIVA DA GESTÃO DA CLÍNICA

HEALTHCARE MANAGEMENT FROM THE PERSPECTIVE OF CLINIC MANAGEMENT

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10026587


Nelma de Jesus Nogueira Machado1, Dociana Erica Cabral Formigosa2, Amanda Nogueira Salheb3, Karina Pinheiro da Silva3, Benedita leida Martins Rodrigues3, Waylla Emanuely Olegária da Luz3, Álvaro Sousa de Almeida3, Richer Praxedes Maia3, Sara Braga Abucater3, Kenis Mourão Araújo3


RESUMO

A interseção entre os avanços na gestão de saúde, especificamente por meio da gestão clínica, representa uma realidade no contexto do cuidado ao paciente. Essa conexão estabelece a base para uma abordagem holística à saúde, integrando os processos de aprendizagem concebidos no trinômio saúde-gestão-educação. O objetivo deste estudo é explorar a progressão da gestão em saúde à luz das novas tendências em gestão clínica, enfocando particularmente na criação de uma atenção abrangente à saúde. A pesquisa foi conduzida por meio das bases de dados SciELO, PUBMED e Google Acadêmico. Os resultados destacam a relevância da simulação clínica no processo de ensino-aprendizagem dos futuros profissionais de saúde, estabelecendo uma ponte sólida com a prática clínica no ambiente de trabalho. Isso não apenas prepara os profissionais de saúde para a gestão da clínica conectada ao cuidado à saúde, mas também influencia positivamente o gerenciamento da saúde como um todo. As áreas focalizadas incluem a prática clínica no ambiente de saúde, a integração da Gestão da Clínica com a atenção à saúde e o uso de indicadores de qualidade no gerenciamento de saúde. Entre esses indicadores estão a Taxa de Ocupação, Tempo Médio de Permanência e a implementação de práticas baseadas em evidências. Os avanços são evidenciados através do aprimoramento dos indicadores de qualidade, atestando o progresso na gestão de saúde associada à prática clínica. Esses resultados fornecem uma base sólida para o contínuo desenvolvimento e implementação de estratégias de gerenciamento em saúde, proporcionando benefícios tangíveis tanto para os profissionais de saúde quanto para os pacientes.

Palavras-Chave: Gerenciamento em Saúde. Gestão da Informação em Saúde. Clínica em Saúde. Prática Clínica Baseada em Evidências.

ABSTRACT

The intersection between advances in health management, specifically through clinical management, represents a reality in the context of patient care. This connection establishes the basis for a holistic approach to health, integrating learning processes conceived in the trinomial health-management-education. The aim of this study is to explore the progression of healthcare management in light of new trends in clinical management, focusing particularly on creating comprehensive healthcare. The research was conducted using the SciELO, PUBMED and Google Scholar databases. The results highlight the relevance of clinical simulation in the teaching-learning process of future health professionals, establishing a solid bridge with clinical practice in the workplace. This not only prepares healthcare professionals to manage the healthcare-connected clinic, but also positively influences healthcare management as a whole. Areas of focus include clinical practice in the healthcare environment, the integration of Clinic Management with healthcare, and the use of quality indicators in healthcare management. Among these indicators are Occupancy Rate, Average Length of Stay and the implementation of evidence-based practices. Advances are evidenced through the improvement of quality indicators, attesting to progress in health management associated with clinical practice. These results provide a solid foundation for the continued development and implementation of healthcare management strategies, providing tangible benefits for both healthcare professionals and patients.

Keywords: Health Management. Health Information Management. Health Clinic. Evidence-Based Clinical Practice

INTRODUÇÃO

A criação dos sistemas integrados de saúde ganhou destaque a partir da segunda metade do século XX, notadamente com o surgimento do National Health Service (NHS). No Brasil, a concepção do Sistema Único de Saúde (SUS) foi profundamente influenciada por esse modelo, implicando mudanças significativas no financiamento, na cobertura assistencial, no acesso aos serviços e na integralidade do cuidado (MARTINS et al., 2012).

Nesse contexto, uma das iniciativas de alcance sistêmico foi a introdução da governança clínica, que emergiu nos anos 1990 no âmbito do NHS. Voltada para a qualidade, essa abordagem foi delineada como um sistema pelo qual as organizações de saúde se comprometem a aprimorar continuamente seus serviços e manter padrões elevados de cuidados. Ela cria um ambiente propício à excelência clínica (SCALLY; DONALDSON, 1998).

Atualmente, reconhece-se que a gestão clínica é propícia para a aprendizagem, sendo uma estrutura que impulsiona a compreensão da clínica no ambiente prático onde os alunos estão inseridos (ISBA; BOOR, 2011). Esse modelo de ensino e aprendizagem é concebido como um conjunto de pressupostos implícitos, normas e práticas que guiam a interação entre professores e alunos no contexto do gerenciamento de saúde, influenciado pela clínica (TROWLER; COOPER, 2002).

Assim, o gerenciamento em saúde está intrinsecamente ligado à gestão clínica, pois o planejamento, coordenação, avaliação, controle e auditoria das ações e serviços de saúde podem ser eficazes apenas quando orientados e organizados a partir dos resultados práticos da clínica. Esses resultados, por sua vez, direcionam o gerenciamento social e econômico, com o propósito fundamental de prestar serviços de saúde de alta qualidade aos pacientes (OLIVEIRA et al., 2011).

Portanto, considerando que as organizações de saúde baseiam seus serviços na aplicação do conhecimento de seus profissionais em decisões clínicas, o grau de autonomia e controle desses profissionais no processo decisório emerge como um elemento altamente sensível. Isso é válido tanto na governança clínica quanto na atenção gerenciada, sendo fundamental para alcançar uma gestão clínica eficaz e, consequentemente, avançar no gerenciamento dos espaços de saúde (MINTZBERG, 2003).

Para enfrentar esse desafio, a abordagem de gestão clínica, que defendemos, enfatiza os sujeitos envolvidos nas interações estabelecidas no cuidado integral à saúde e nos processos de aprendizagem resultantes. Isso está intrinsecamente ligado ao trinômio atenção à saúde, gestão e educação (MORIN, 2008).

Assim, o objetivo deste estudo é estabelecer uma correlação entre o avanço do gerenciamento em saúde e as novas tendências da gestão clínica, destacando a produção de uma atenção integral à saúde, marcada por qualidade e segurança. Esta abordagem visa atender às necessidades de saúde das pessoas e das populações, por meio da transformação das práticas de atenção, gestão e educação.

METODOLOGIA

Este estudo consiste em uma revisão narrativa da literatura com abordagem descritiva sobre o gerenciamento em saúde e os avanços na prática clínica por profissionais de saúde. As pesquisas foram conduzidas no ano de 2022, abrangendo as bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), PUBMED e Google Acadêmico.

A seleção dos artigos foi feita mediante o uso de termos provenientes dos Descritores de Ciências da Saúde (DeCS) e palavras-chave da literatura científica relacionadas ao tema, incluindo Gerenciamento em Saúde, Gestão da Informação em Saúde, Clínica em Saúde e Prática Clínica Baseada em Evidências.

Foram estabelecidos como critérios de inclusão os artigos originais ou de revisão publicados entre os anos de 2010 a 2021, nos idiomas português e/ou inglês. Estudos provenientes de anais de congressos, monografias, dissertações, teses e boletins informativos foram excluídos desta revisão. Após a aplicação dos critérios de elegibilidade, foram identificados oito artigos relevantes.

A análise crítica dos estudos selecionados e a síntese dos dados bibliográficos foram realizadas de maneira descritiva, agrupando os temas pertinentes ao assunto estudado para facilitar a compreensão da evolução do conhecimento na área de gestão clínica e avanços no gerenciamento de saúde. Este método permitiu observar, descrever e classificar os dados, com o objetivo de contribuir para a compreensão da temática central deste trabalho. Posteriormente, foi realizada uma leitura interpretativa e elaboração do texto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Uso de simulação clínica no processo de ensino-aprendizagem

O uso da simulação clínica no processo de ensino-aprendizagem é amplamente reconhecido como uma estratégia pedagógica fundamental na formação de profissionais de saúde, abrangendo desde o nível graduado até a pós-graduação e a educação continuada, com impacto significativo em várias áreas, desde a satisfação do estudante até a segurança do paciente (MARTINS, 2017).

Ao vivenciar situações simuladas, os estudantes são incentivados a reinterpretar seus conhecimentos, construindo novas compreensões. Eles interagem com pacientes simulados, proporcionando uma oportunidade para aprender fazendo, errar e construir conhecimento a partir de seus próprios enganos (MARTINS, 2017).

Refletir sobre os erros permite que o aprendizado seja construído, identificando lacunas no conhecimento e fundamentando cognitivamente suas habilidades. Nesse processo, os professores desempenham papéis variados, atuando ora como avaliadores, ora como facilitadores e consultores. Essa estratégia pedagógica emerge como um instrumento poderoso para o desenvolvimento de competências na área clínica (VARGA et al., 2010).

A simulação não apenas amplia e consolida o conhecimento do estudante, mas também estabelece conexões práticas, conferindo valor e relevância à aprendizagem (FORONDA et al., 2013; MARTINS et al., 2012). Esta abordagem educacional valida o conhecimento adquirido e sua consolidação, sendo aplicada com sucesso em diversas áreas clínicas. Atualmente, existem evidências suficientes que atestam a eficácia dessa metodologia, especialmente entre os estudantes da área da saúde.

À medida que a prática da simulação se integrou às atividades diárias dos alunos e aos projetos de ensino dos professores, houve um aumento significativo nos benefícios para o desenvolvimento das competências clínicas. Isso inclui a capacidade de discernir prioridades para a tomada de decisões, colaborar eficazmente em equipe e corrigir erros sem os impactos adversos que poderiam ocorrer em um cenário envolvendo pacientes reais. Além disso, essa abordagem tem aprimorado a perícia e as habilidades técnicas dos estudantes (LEE; OH, 2015).

Prática da clínica no ambiente de saúde

A prática clínica no ambiente de saúde ocorre principalmente em Hospitais-escolas, Unidades Básicas de Saúde (UBS), Pronto Socorros e Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Nesses locais, os alunos têm a oportunidade de adquirir experiência por meio de interações dinâmicas e colaborativas, estabelecendo seu primeiro contato com a aprendizagem clínica e sua gestão no contexto do gerenciamento da saúde (KAUFMAN; MANN, 2010; TEUNISSEN; WILKINSON, 2011).

Nesse cenário, os estudantes têm a chance de desenvolver habilidades e conhecimentos em diversos contextos, o que amplia seu entendimento clínico e os prepara para aplicar essas habilidades em novos cenários. Esse processo, conhecido como transferência de aprendizado, é um dos objetivos essenciais da educação (AMBROSE et al., 2010). Ao ingressar nesses ambientes de saúde, os alunos trazem consigo conhecimentos e habilidades prévias que podem ou não se alinhar com os objetivos do currículo existente ou com as práticas clínicas recomendadas atualmente (TEUNISSEN; WILKINSON, 2011).

Como aprendizes em ambientes de saúde, os alunos aspiram a assumir mais responsabilidades e realizar uma transição mais aprofundada para atividades clínicas complexas. Isso requer a aplicação de habilidades e conhecimentos de acordo com as melhores práticas clínicas, demonstração de trabalho em equipe, comunicação eficaz, apresentação de instruções e execução eficiente do trabalho, minimizando ao máximo qualquer dano ao paciente (PICHARDO-LOWDEN et al., 2017).

Observa-se, portanto, que à medida que os estudantes avançam em suas práticas clínicas e se familiarizam com o contexto em que estão inseridos, torna-se mais fácil para esses futuros profissionais compreenderem o gerenciamento em saúde. Esse entendimento é orientado por competências alinhadas à missão, visão, valores e modelos de gestão das organizações no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). Para efetuar esse gerenciamento de forma eficaz, é crucial a integração entre o conhecimento clínico sobre os pacientes e as práticas de gestão em saúde. Assim, o avanço conjunto desses dois pilares, a clínica e o gerenciamento em saúde, revela-se fundamental para o sucesso nesse campo.

Gestão da clínica conectada a atenção à saúde

A gestão na clínica, conforme delineada por Padilha et al. (2018), é fundamentada em sete princípios essenciais que orientam a efetividade do processo. Em primeiro lugar, destaca-se a necessidade de uma abordagem voltada para as demandas de saúde e a integralidade do cuidado, reconhecendo a complexidade dos pacientes e de suas condições. Além disso, a qualidade e a segurança no atendimento de saúde são pilares fundamentais, assegurando um ambiente confiável para os pacientes.

A gestão clínica também enfatiza a importância da articulação e valorização dos diversos saberes e práticas em saúde, visando enfrentar os desafios complexos que surgem no contexto da saúde. É vital promover o compartilhamento de poder e a corresponsabilização entre gestores, profissionais de saúde e cidadãos na produção dos serviços de saúde, criando uma parceria colaborativa para melhorar os resultados.

A educação, tanto para os indivíduos como para as organizações, é um componente crucial da gestão clínica. Ela não apenas capacita os profissionais de saúde, mas também fortalece as instituições, proporcionando uma base sólida para a prática clínica e administrativa. A orientação aos resultados, com um foco específico em agregar valor à saúde e à vida dos pacientes, é um imperativo, impulsionando a busca contínua por melhores desfechos e experiências para os pacientes.

Por fim, a transparência e a responsabilização perante os interesses coletivos são princípios orientadores que garantem a confiança da comunidade e promovem uma gestão ética e eficaz. A gestão da clínica conectada à atenção à saúde, guiada por esses sete princípios, não apenas melhora a qualidade do cuidado, mas também fortalece a confiança no sistema de saúde, estabelecendo uma base sólida para um atendimento centrado no paciente e baseado em evidências.

Cada um desses princípios é acompanhado por suas descrições específicas. O primeiro princípio destaca a importância de atender às demandas de saúde da população considerando todos os aspectos do paciente, incluindo sua dimensão humana, psicológica e social. A integralidade do cuidado é fundamental nesse contexto, sendo a base essencial para a prestação de cuidados de saúde abrangentes.

O segundo princípio concentra-se na redução de falhas no processo de cuidado ao paciente, promovendo a melhoria contínua da qualidade e segurança. Isso se traduz em realizar estudos clínicos individualizados para cada paciente, baseados nas melhores evidências disponíveis na literatura médica.

O terceiro princípio destaca a importância das equipes multiprofissionais, adaptando-se às características específicas do grupo de pacientes atendidos. Estimula o diálogo entre diversas práticas e conhecimentos na área da saúde, reconhecendo os valores e preferências tanto dos pacientes quanto de suas famílias, com o objetivo de aumentar a efetividade do cuidado.

Complementando o terceiro princípio, o quarto princípio enfoca a participação ativa dos serviços e profissionais de saúde no gerenciamento conjunto. Isso implica diversificar as articulações em diferentes ambientes e níveis de cuidado. Para alcançar esse objetivo, é crucial que cada ponto da rede de atenção à saúde leve em consideração o princípio da integralidade, visando o bem-estar coletivo. Além disso, deve-se adotar a tomada de decisão compartilhada por meio de sistemas de informações eficazes, promovendo a cooperação entre todas as instituições envolvidas. Estimula-se a criatividade de cada profissional para planejar novos planos de cuidado, incentivando o trabalho em equipe e respeitando as áreas de especialização de cada membro da equipe. A responsabilidade pelo cuidado é compartilhada entre os profissionais, os pacientes, suas famílias, a comunidade e os gestores, solidificando um ambiente de cuidado colaborativo e centrado no paciente.

No quinto princípio, a educação continuada deve ser adaptada ao contexto sociocultural do indivíduo, considerando seus conhecimentos prévios, valores, desejos e interesses. Os problemas e desafios de saúde são oportunidades de aprendizado que levam em conta as experiências anteriores dos envolvidos. As ações clínicas, o gerenciamento em saúde e as informações sobre a realidade do paciente possibilitam a criação de novas práticas de cuidado.

Em seguida, o sexto princípio enfatiza a necessidade de usar indicadores para aumentar a eficiência e eficácia do cuidado, reduzindo o uso desnecessário de recursos. Organizar o cuidado em saúde, inovar por meio de equipes multiprofissionais e promover a educação continuada são passos fundamentais antes de aplicar esses indicadores.

Por fim, o último princípio destaca a importância da transparência na comunicação entre a população e a sociedade. Isso inclui a prestação de contas dos serviços envolvidos no gerenciamento em saúde e na gestão clínica. A responsabilidade compartilhada pelos interesses coletivos é evidente no compromisso com as diretrizes do sistema de saúde, considerando diversas perspectivas e promovendo o controle social.

Indicadores de qualidade no gerenciamento em saúde

Para validar os avanços no gerenciamento em saúde associados à prática clínica, é fundamental estabelecer indicadores que possam avaliar o cotidiano desse ambiente. Esses indicadores de qualidade representam ferramentas de gestão essenciais que direcionam o caminho para a excelência no cuidado, permitindo aos profissionais de saúde analisar atividades, monitorar aspectos específicos da realidade e avaliar os resultados obtidos com os pacientes. Eles revelam a eficiência e eficácia dos processos, bem como os resultados organizacionais (JANUÁRIO et al., 2017; GABRIEL et al., 2017).

No contexto clínico, é imperativo contar com um profissional responsável por organizar esses indicadores. Esta prática não apenas reduz riscos e danos, mas também incorpora as melhores práticas em saúde. Além disso, é essencial manter atualizados esses registros de indicadores de qualidade por meio de um sistema adequado. Isso não apenas favorece a efetividade dos procedimentos, mas também aprimora o gerenciamento da assistência e promove mudanças positivas no meio organizacional (OLIVEIRA et al., 2017).

A gestão hospitalar deve estar alinhada com estratégias de monitoramento e avaliação dos compromissos e metas estabelecidos nos contratos governamentais. É crucial avaliar de maneira sistemática a qualidade das ações e serviços, em colaboração com as autoridades do Sistema Único de Saúde (SUS), fornecendo informações valiosas para o processo de planejamento e gestão do cuidado, com base nos resultados dos indicadores (BRASIL, 2013).

A avaliação clínica, por meio de indicadores de qualidade, desempenha um papel fundamental no diagnóstico, na definição de índices de conformidade, no estabelecimento de metas e no planejamento de atividades. Um estudo que analisou os indicadores assistenciais antes e depois de ajustes na quantidade de pessoal revelou melhorias significativas em indicadores relacionados a quedas, infecções do trato urinário e úlceras (QUADROS et al., 2017).

Dentre os principais indicadores de qualidade em ambientes de saúde, destacam-se os seguintes, conforme Oliveira et al. (2011):

  • Taxa de ocupação: Indica a média diária de pacientes atendidos em relação à disponibilidade de leitos de observação, berçário, pré-parto e recuperação de anestesias em um período específico.
  • Tempo médio de permanência: Reflete a rotatividade dos leitos, calculando o total de pacientes que ocuparam os leitos e foram liberados durante o período analisado, incluindo aqueles que receberam alta, foram transferidos ou faleceram.
  • Prática baseada em evidências: Esta prática é essencial para os resultados dos pacientes. Profissionais de saúde que buscam melhorias fundamentadas para a clínica contribuem significativamente para os resultados gerenciais, garantindo uma abordagem sólida e eficaz.

Portanto, o gerenciamento do ambiente de saúde e os avanços clínicos são dois aspectos interligados que devem ser avaliados em conjunto, proporcionando um cuidado mais eficaz e abrangente para os pacientes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo proporcionou uma análise aprofundada do gerenciamento em saúde, estabelecendo uma conexão vital com a gestão da clínica, englobando a administração das unidades de saúde, a atenção à saúde e a educação continuada. Ao entrelaçar a gerência e a gestão clínica, surgem oportunidades significativas para inovações e transformações, pois o sistema de saúde é adaptável e flexível, moldando-se conforme as necessidades em constante mudança da sociedade. Esse processo visa aprimorar tanto os resultados econômicos quanto os clínicos e humanísticos, garantindo uma utilização eficiente dos recursos dedicados ao cuidado da saúde.

A integração harmoniosa entre gerência e gestão clínica não apenas otimiza a qualidade dos serviços oferecidos aos pacientes, mas também abre portas para novas abordagens inovadoras e soluções personalizadas. Isso permite uma abordagem dinâmica, em constante evolução, em resposta às demandas variáveis da comunidade. Através dessa sinergia, é possível criar um ambiente de cuidado que não apenas responde eficazmente às necessidades de saúde, mas também promove a promoção da saúde e a prevenção de doenças, abrangendo todo o espectro do atendimento.

A verdadeira essência da atenção à saúde revela-se quando a gestão e a clínica se unem de forma contínua e integrada. Somente assim é possível oferecer intervenções eficazes de promoção da saúde, prevenção de condições de saúde e gerenciamento eficiente das condições já estabelecidas. Esse enfoque holístico não só valoriza a experiência do paciente, mas também garante que cada interação no sistema de saúde seja uma oportunidade para melhorar a saúde, promovendo um ciclo de cuidado contínuo e significativo.

Portanto, a interconexão entre gerência e gestão clínica não só representa um passo fundamental para aprimorar a eficácia dos cuidados de saúde, mas também consolida um compromisso mais amplo com a excelência clínica, o bem-estar dos pacientes e a integridade do sistema de saúde como um todo. Através dessa abordagem integrada e dinâmica, é possível alcançar uma saúde de qualidade que ressoa em todos os aspectos da vida das pessoas, garantindo uma jornada de cuidados de saúde verdadeiramente impactante e compassiva.

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1Médica da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA).
2Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pela Universidade do Estado do Pará (UEPA).
3Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA).