HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA COMO RISCO OBSTÉTRICO EM GESTANTES INDÍGENAS

SYSTEMIC ARTERIAL HYPERTENSION AS NA OBSTETRIC RISK FOR INDIGENOUS PREGNANT WOMEN

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10020302


Raynara Melo da Conceição¹
Iara Vieira Almeida2
Lázaro da Silva Moura3
Ana Caroline Machado Costa Castro4
Danielle Rosa Evangelista5
Poliana Guerino Marson6


Resumo

A maioria das gestações acompanha modificações fisiológicas sem repercussões clínicas, porém algumas comorbidades devem ser investigadas e tratadas. Dentre elas, as síndromes hipertensivas representam um relevante fator de risco gestacional e exigem o entendimento das suas especificidades nos diversos contextos populacionais e culturais, como no tocante à população indígena, carente de pesquisas nessa área. Assim, objetivou-se analisar gestantes indígenas com síndromes hipertensivas classificadas como alto risco. Trata-se de um estudo com delineamento transversal de abordagem quantitativa e documental. A amostra contou com 451 fichas de gestantes de alto risco obstétrico extraídas do Sistema Nacional de Regulação do Estado do Tocantins. Dessas, 77 foram consideradas aptas para a pesquisa por se enquadrarem nas definições de síndromes hipertensivas. Os dados foram organizados nas seguintes categorias: perfil sociodemográfico das participantes, perfil de comorbidades e antecedentes gestacionais relacionados a síndromes hipertensivas e sugestão de intervenções. Concluiu-se que o perfil de gestantes indígenas com síndromes hipertensivas do estado do Tocantins, entre os anos de 2013 e 2021, foi de pacientes encaminhadas para o acompanhamento de alto risco por Hipertensão gestacional, HAC e Pré-eclâmpsia, em idade fértil, multíparas, residentes de aldeias, e tendo como comorbidades mais prevalentes a Obesidade e o Diabetes mellitus.

Palavras-chave: Gestação. Hipertensão. Indígenas.

1 INTRODUÇÃO

A gravidez na mulher engloba uma gama de fenômenos e alterações fisiológicas, físicas, hormonais e psicossociais, majoritariamente sem intercorrências. Entretanto, algumas mulheres, no curso da sua gestação, podem desenvolver agravos que acarretam complicações e evoluções desfavoráveis materno-fetais, sendo elencadas como preditores de alto risco gestacional, devendo, portanto, serem identificados precocemente, permitindo assim um acompanhamento especializado, que envolve procedimentos e monitoramento contínuos, de forma a evitar fatores agravantes (BRASIL 2012; SILVA, 2010).

A gestação de risco envolve, além de condições clínicas e obstétricas, um conjunto de fatores socioeconômicos, culturais e demográficos que abarcam hábitos de vida, raça, etnia, condições financeiras, idade, escolaridade e até o acesso a condições de saúde e de qualidade de vida dessas gestantes. Elementos esses que se manifestam de maneiras distintas, variando entre populações e indivíduos, e que, quando agrupados, podem modificar os desdobramentos da gravidez. Apesar de todos esses contextos envolvidos, ainda há poucos estudos com enfoque em composições étnico-raciais específicas, ou conjunturas econômicas e culturais de inserção das mulheres nessa fase da vida (BRASIL, 2012; COIMBRA, 2003).

A partir dessa percepção sobre os riscos gestacionais, e analisando os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-2023), há uma maior possibilidade de mortalidade e de condições desencadeantes de adoecimento nas populações indígenas quando comparadas com diferentes populações. Evidencia-se, portanto, a necessidade de políticas públicas voltadas à identificação precoce dos riscos, bem como à monitorização constante das populações indígenas, que estão geralmente inseridas em um cenário de desfavoráveis condições econômicas e questões gestacionais próprias. Assim, visa-se a redução de complicações gestacionais e da mortalidade materno-infantil, por meio de diferentes metodologias, como acompanhamento pré-natal, anamnese, exames físico, ginecológico, laboratoriais e de imagem, mas sempre preservando as particularidades sociais e culturais desses povos (BRASIL, 2002; MARCOLINO, 2012; SAMPAIO, ROCHA, LEAL,2018).

Um primeiro passo para o enfrentamento dos fatores de vulnerabilidade dessa população foi dado com a criação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (2002), objetivando a promoção e o acesso integral dessas pessoas aos serviços de saúde. A partir disso, outros órgãos, planos, políticas e sistemas foram criados, como a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), em 2010, e do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS) (FERRERA, 2013; IGANSI; ZATTI, 2018).

Dessa maneira, busca-se a resolução em todos os possíveis níveis de atenção, preconizando a primária, bem como a orientação e educação continuada em saúde na população indígena, visando a redução da mortalidade fetal e materna (BRASIL, 2002; BRASIL, 2012; PIO, 2014). Consonante a isso, faz-se necessária a capacitação dos profissionais de saúde e a monitorização frequente dos indicadores dos serviços e de condições de vida e saúde dessas populações (CARVALHO, PELLANDA, DOYLE, 2018). Assim, são muitos os desafios em relação à saúde indígena, em especial no que se refere à redução da mortalidade, que ganhou enfoque no Pacto Nacional Pela Redução da Mortalidade materna e neonatal (2004), embora ainda represente um grande desafio ao Sistema Único de Saúde (SOUSA, 2017).

Nessa perspectiva, faz-se necessária a avaliação dos principais agravos preditores da gravidez de alto risco na população geral, de forma a identificar as similaridades e contrastes quando comparadas à população indígena. Nesse âmbito, os indicadores brasileiros destacam as síndromes hipertensivas como um dos mais relevantes fatores de risco para a mortalidade Materna e infantil, quantificando 8.186 óbitos maternos no períodos de 1996 a 2018, sendo a principal das causas obstétricas diretas (complicações obstétricas que ocorrem durante a gravidez, parto ou puerpério, causadas por intervenções desnecessárias, omissões, tratamento incorreto ou ocorrências consequentes desses agentes), seguida por hemorragia (5.160 óbitos), infecção puerperal (2.624 óbitos) e aborto (1.896 óbitos) (BRASIL, 2020).

Atualmente, a hipertensão arterial é definida como uma doença crônica de caráter não transmissível, possuindo relação com elementos genéticos, epigenéticos e socioambientais. Na gestação, ela consiste na elevação da pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) ≥ 90 mmHg.

Assim, quanto a sua classificação, o American College of Obstetrician and Gynecologists (ACOG), classifica as síndromes hipertensivas da gestação em Hipertensão arterial crônica (hipertensão arterial prévia à gestação ou detectada antes de 20 semanas), Hipertensão Gestacional (aumento dos níveis pressóricos após vigésima semana de gestação, em mulher anteriormente normotensa, sem disfunção de órgão alvo, proteinúria e com retorno de normotensão após puerpério), Pré-eclâmpsia (hipertensão arterial após vigésima semana de gestação em mulher previamente normotensa mais proteinúria ou disfunção de órgãos alvo, ou disfunção uteroplacentária), Pré-eclâmpsia sobreposta a HAC (hipertensão arterial antes da vigésima semana de gestação ou gestante previamente hipertensa e piora dos níveis pressóricos após vigésima semana ou proteinúria ou disfunção de órgãos-alvos ou disfunção uteroplacentária), Eclâmpsia (convulsões tônico-clônicas na gestação na ausência de outras causas e Síndrome HELLP, que consiste em quadro de plaquetopenia, hemólise e aumento das enzimas hepáticas.

A hipertensão arterial nas gestantes está associada a complicações que elevam os riscos na gravidez na população brasileira. Dessa forma, faz-se necessário analisar o problema em questão no tocante à saúde indígena, a fim de compreender qual a prevalência desse agravo nas gestantes indígenas de alto risco, no Sistema de Regulação do Estado do Tocantins.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

A mortalidade materno-fetal, ainda se apresenta como uma adversidade a ser superada no que tange a saúde no Brasil. Dessa forma, o Ministério da Saúde define as populações mais vulneráveis como as principais impactadas nessa questão. Visando mitigar esse dano, através de estudos extensos na área, que avaliam que 90% dos óbitos maternos no Brasil são evitáveis, foi lançada a 6ª edição do Manual da Gestação de Alto Risco, que classifica as síndromes hipertensivas como a intercorrência mais comum na gestação e a mais relacionada a morbimortalidade materna no mundo (BRASIL, 2022).

Assim, a saúde gestacional das populações vulneráveis no Brasil, em especial da população indígena, se configura como um dos principais desafios atuais, permeando a necessidade de estudos na área. Sabe-se que, atualmente, os indígenas representam 0,83% da população brasileira (aproximadamente 1,7 milhão), com maior parcela (51,2%) residindo na Amazônia Legal (IBGE/CENSO, 2022), sendo que no Tocantins, objeto deste estudo, são 20.023 indígenas inseridos em 205 aldeias e 12 etnias (IBGE/CENSO, 2022).

Entretanto, mesmo que esses números retratem uma minoria étnica, quando se trata de morbimortalidade materna, fetal e infantil, esse número se inverte. Por exemplo, o estudo de SANTOS et al., no estado do Pará, mesma região do Brasil que o Tocantins se encontra, aponta a notificação de 884 óbitos maternos, correspondendo a Razão de Mortalidade Materna de 60,7 por 100 mil nascidos vivos para as mulheres não indígenas e 135,8 por 100 mil nascidos vivos para as indígenas. Observou-se que o edema, a proteinúria e transtornos hipertensivos na gravidez, no parto e puerpério corresponderam a 30,5%.

Desse modo, a assistência pré-natal a essa população, coordenada pelos Distritos Especiais Sanitários Indígenas (DSEI) e Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI), configura um importante mecanismo de prevenção e minimização de possíveis complicações relacionadas à gestação, sendo os Distúrbios Hipertensivos da Gestação (Hipertensão Gestacional, Pré-eclâmpsia, Hipertensão Arterial Crônica, Eclâmpsia, Síndrome HELLP) um dos principais causadores desses quadros. (AGOC, 2019; BRASIL, 2022)

A ferramenta inicial a ser utilizada nesse contexto é a estratificação de risco obstétrico no pré-natal – utilizada através do SISREG no presente trabalho. Esse instrumento constitui uma janela de oportunidade para hierarquizar o cuidado obstétrico às gestantes indígenas de acordo com o risco gestacional, para que esse grupo receba a atenção de acordo com as suas demandas, por equipes de nível especializado e de qualificação apropriados. (BRASIL, 2022). Levando isso em consideração, observa-se uma inadequação ao que se diz respeito à essa assistência, já que na região Norte a oferta é ineficaz, com baixo número de consultas pré-natais realizadas, além da não solicitação de exames fundamentais para diagnóstico e prognóstico da gestação de risco da população indígena. (GARNELO et al., 2019).

A partir da compreensão das particularidades e da forma da organização próprias dos povos indígenas, percebeu-se a necessidade de organização do SUS em se adequar às exigências dessa população. Tornou-se evidente que as gestantes pertencentes a essa etnia iniciam mais tardiamente o acompanhamento pré-natal e atingem uma quantidade menor de consultas quando comparadas às gestantes não indígenas. (BRASIL, 2022). É necessário, portanto, que as equipes de saúde reconheçam as peculiaridades dessas comunidades, como as altas taxas de natalidade associadas a intervalos interpartais curtos e ao início da vida sexual em idades extremas, assim como as diversas doenças associadas a um estilo de vida antes não existente, como a mudança de hábitos alimentares, alcoolismo e drogadição. (BRASIL, 2022).

A estratificação de risco gestacional, portanto, consiste em predizer quais mulheres têm maior probabilidade de apresentar eventos adversos à saúde, sendo iniciada logo na primeira consulta de pré-natal e, também, revisada nas subsequentes. É importante lembrar que os critérios de predição não são imutáveis, devendo ser avaliados segundo o perfil epidemiológico das gestantes de determinado contexto, se constituindo, portanto, como uma das bases referenciais teóricas do presente trabalho. (BRASIL, 2022).

3 METODOLOGIA

Trata-se de estudo com delineamento transversal de abordagem quantitativa e documental. Os documentos analisados foram os formulários da consulta especializada em pré-natal de alto risco que constava na Central de Consultas e Exames – Macro Centro Sul e Norte via Sistema de Regulação (SISREG), sob gestão e gerência da Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES/TO) englobando todas as gestantes indígenas no intervalo temporal dos anos de 2013 a 2021.

As macrorregiões Norte e Centro Sul, definidas como os locais de estudo do presente estudo, englobaram 06 regiões de saúde: Capim dourado, Ilha do Bananal, Norte Médio Araguaia; Cerrado do Tocantins; Cantão; Bico do Papagaio, sendo dessas, elencadas 14 unidades solicitantes: Tocantínia; Formoso do Araguaia; Araguaçu; Lagoa da Confusão; Sandolândia; Pium; Pedro Afonso e da Macrorregião Norte (07): Tocantinópolis; Santa Fé do Araguaia; Goiatins; Itacajá; Maurilândia; Cachoerinha e São Bento. Essas regiões se encontram sob responsabilidade do DSEI- Tocantins (Distrito Especial de Saúde Indígena), que possui atualmente a população de 20.023 indígenas inseridos em 205 aldeias e 12 etnias principais: Ava Canoeiro, Guarani, Canela de Tocantins, Apinajé, Funi-ô, Krahô, Karajá-Xambioá e Santana, Xerente, Javaé, Karajá da Ilha, Kraho-Takaiyra. Nessa conjuntura, dois hospitais são responsáveis pelo atendimento das Gestantes de alto risco desse local de estudo, o Hospital Maternidade Dona Regina e o Hospital Dom Orione.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Fundação Universidade Federal do Tocantins, por meio do parecer consubstanciado pelo nº 4.796.978 e pelo Distrito Sanitário Especial Indígena do Tocantins – DSEI-TO.

Em relação a inclusão das gestantes com síndromes hipertensivas, foram utilizados como critérios, com base nas fichas do SISREG, as seguintes justificativas: Hipertensão arterial crônica, Hipertensão Gestacional, Pré-eclâmpsia, Toxemia gravídica (antiga nomenclatura dada a pré-eclâmpsia, mas ainda utilizada por alguns profissionais), Histórico Familiar de HAS e antecedentes de pré-eclâmpsia em gestações anteriores. Não foram encontrados encaminhamentos com os seguintes marcadores: Síndrome HELLP, eclâmpsia, Pré-eclâmpsia sobreposta a HAC.

Os dados foram coletados e tabulados no Excel®, versão 2010, e as análises desses dados foram realizadas no programa estatístico Statistical Package for the Social Science (SPSS) versão 22.0. Utilizou-se a estatística descritiva simples, os resultados foram expressos em frequência absoluta, frequência relativa (porcentagens), médias, desvio padrão. Para as variáveis categóricas, utilizou-se o Teste do Qui-quadrado ou Fisher para estimar o nível de significância.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

A coleta dos dados via SISREG, no período de janeiro de 2013 a agosto de 2021, permitiu o encontro de 451 fichas de gestantes indígenas de alto risco, validadas pelos critérios de inclusão e exclusão (sendo excluídos os dados duplicados, formulários não devidamente preenchidos e encaminhamentos de 2ª e 3ª gestações posteriores). Dessas, 77 fichas (17,1%) foram caracterizadas como elegíveis para o presente estudo através das justificativas de encaminhamento para acompanhamento de gestação de alto risco, por se inserirem, conforme metodologia definida, como síndromes hipertensivas ou fatores de risco, como: Hipertensão arterial crônica, Doenças hipertensivas específicas da gestação (Pré-eclâmpsia/Hipertensão gestacional, Toxemia gravídica), histórico familiar de HAS e antecedentes obstétricos de DHEG. As divisões metodológicas da amostra estão presentes na tabela 1.

Tabela 1: Distribuição das fichas do SISREG de pacientes gestantes indígenas de acordo com justificativa de síndromes hipertensivas como critério de encaminhamento para acompanhamento de gravidez de alto risco no DSEI-Tocantins. (n=77)

Os dados de uma pesquisa de coorte de 2001, apontam que a prevalência das síndromes hipertensivas em gestantes no Brasil é de 7,5% e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia aponta a prevalência entre 1,2% a 4,2% para pré-eclâmpsia e de 0,1% a 2,7% para eclâmpsia, e que as maiores taxas foram encontradas em populações socioeconomicamente vulneráveis (GAIO, et al, 2001; FEBRASGO, 2020). O número expressivo (17,1%) dos encaminhamentos de alto risco de pacientes gestantes indígenas estarem relacionadas às síndromes hipertensivas corroboram com esses dados, embora haja a necessidade de mais pesquisas sobre a prevalência dessas síndromes no contexto brasileiro, pois há poucos estudos para comparações mais assertivas (FIARO, et al, 2018).

Dentre as síndromes hipertensivas caracterizadas nas justificativas de alto risco das fichas do SISREG entre os anos de 2013 e 2021, elencadas para a discussão da presente pesquisa, predomina-se em porcentagem a Hipertensão Gestacional (29.9%), Hipertensão Arterial Sistêmica Crônica (28,6%) seguida pela Pré-eclâmpsia (14,3%), histórico familiar (14,2%), Toxemia gravídica (9,1%) e antecedentes de Pré-eclâmpsia (3,9%). Ressalta-se que a Toxemia gravídica representa a primeira nomenclatura atribuída à Pré-eclâmpsia e, embora tenha caído em desuso, ainda pode ser encontrada eventualmente em alguns registros médicos, portanto foi tabulada exatamente como encontrada nas fichas (ARAUJO, 2007).

A Pré-eclâmpsia, uma das principais condições encontradas nessa pesquisa, consiste em um agravo patológico multifatorial e multissistêmico, diagnosticado pela associação entre hipertensão arterial e proteinúria e/ou disfunção de órgão alvo, que se manifesta em gestante previamente normotensa após a 20ª semana de gestação. Essa doença é responsável por um dos maiores números de óbitos maternos por causas diretas atualmente no Brasil, conjuntamente à sua complicação mais frequente, a eclâmpsia (FEBRASGO, 2020; GOMES et al 2020). Dessa forma, evidencia-se a necessidade da boa coleta da anamnese, exames complementares e um pré-natal adequado para um desfecho favorável das pacientes. Essa necessidade também é favorável no que tange à construção da história familiar e obstétrica pregressa das pacientes, uma vez que a Pré-eclâmpsia e suas complicações se associam ao histórico familiar de HAS e à presença de outras gestações em que as elevações pressóricas estiveram presentes, como visto nos encaminhamentos para o acompanhamento de alto risco (GONÇALVES et al, 2008; SOUSA et al, 2020).

As síndromes hipertensivas na gravidez, assim como diversas outras condições patológicas relacionadas à gestação, perpassam o perfil epidemiológico e sociocultural, e entender essas relações na saúde indígena se faz importante para a busca de propostas de resolução de possíveis problemáticas encontradas. A tabela 2 apresenta os dados da caracterização da amostra.

De acordo com os dados analisados, o perfil das mulheres apresentou o intervalo etário mais frequente dos 20 aos 34 anos (32, 4%), podendo ser justificada pela elevada taxa de fecundidade nessa faixa etária (GOMES et al, 2020) e a gestação precoce.

Tabela 2: Distribuição das fichas dos SISREG de pacientes indígenas gestantes de alto risco por síndromes hipertensivas segundo características sociodemográficas (n=77)

Segundo a OMS, a gravidez precoce caracteriza-se pelo intervalo correspondente a gestações ocorridas entre os 10 a 19 anos de idade, que se somadas corresponderiam nesse presente estudo à 44,2% das gestações. Entretanto sabe-se atualmente que a faixa etária de 10 a 14 anos é por si só um fator de risco gestacional, podendo as síndromes hipertensivas se apresentarem de forma mais frequentes e com maiores complicações devido a fatores como nuliparidade e falta de adesão ao pré-natal (MAGALHÃES et al, 2006).

No que tange ao outro extremo etário, mulheres com idade igual ou superior aos 35 anos (23,4%), classificadas como gestantes tardias, que também são elencadas pelo Ministério da Saúde como um fator de risco obstétrico, precisam também de um acompanhamento mais constante, por serem observados maior risco de óbitos nesse perfil (DIAS, et al 2015).

Em relação ao local de residência das pacientes do presente estudo, identificou-se que 96,1 residem em aldeias dentro do DSEI – Tocantins, sendo as etnias Krahô (48,1%) e Xerente (42,9%) as com maiores prevalência de síndromes hipertensivas, fato esse extremamente relevante para que políticas públicas sejam criadas e fortalecidas de forma a permitir que o acesso à saúde em geral, e especialmente ao pré-natal, seja assegurado, uma vez que a distância ou a falta de serviços de saúde nas localidades pertencentes à essas etnias podem diminuir a qualidade dos serviços ofertados.

Sendo asas síndromes hipertensivas fontes de risco gestacional, cabe também uma avaliação sobre outras comorbidades e antecedentes gestacionais que com frequência podem estar associadas a essas condições, posto que, tais relações podem servir como preditores das doenças hipertensivas ou ainda, o seu conhecimento pode elucidar desfechos, melhores tratamentos, possíveis complicações e até mesmo a prevenção. A Tabela 3 mostra as comorbidades e antecedentes gestacionais de risco mais frequentes na população analisada.

A partir dos dados coletados, a multiparidade evidencia-se como o principal antecedente gestacional de risco obstétrico associado às síndromes hipertensivas aqui discutidas, estando presente em 28,6% das 77 mulheres indígenas desse campo amostral, assim como cesáreas (9,1%) e abortos (5,2%) em gestações pregressas, evidenciando, portanto, a necessidade de um acompanhamento pré-natal adequado, de modo a analisar a vida reprodutiva dessas mulheres e diagnosticar precocemente possíveis complicações provenientes dessas síndromes (SANTOS, 2007).

As condições multissistêmicas como obesidade e diabetes são constantemente associadas ao aumento de risco para o desenvolvimento de síndromes hipertensivas na gestação (RAPOSO, et al., 2011). Na amostra, as altas porcentagens dessas condições podem estar relacionadas às mudanças de hábitos e dos padrões alimentares da população indígena, com a inserção de produtos industrializados, embutidos e processados, sendo necessária portanto medidas de educação em saúde em relação ao consumo desses alimentos e políticas públicas visando a garantia da segurança alimentar de qualidade a essas comunidades (BRASIL, 2002; FRANCO, 2019).

Tabela 3: Presença e distribuição das fichas dos SISREG de pacientes indígenas gestantes de alto risco por síndromes hipertensivas segundo comorbidades e antecedentes gestacionais de risco mais frequentes (n=77)

Outras comorbidades encontradas nas gestantes indígenas desse estudo não parecem ter relação ou estar associadas às síndromes hipertensivas, como sífilis e toxoplasmose. Vale destacar que o período englobado no presente trabalho atravessou a epidemia de COVID-19, tendo uma das gestantes sendo diagnosticada com o vírus.

Assim, é importante suscitar, através dessa pesquisa, a necessidade constante da atualização dos dados sobre gravidez de alto risco em gestantes indígenas por síndromes hipertensivas visando sua ampla divulgação científica, para que estratégias sejam incorporadas visando a mitigação desses agravos. A partir disso, entende-se que para formar esse conhecimento e garantir desfechos favoráveis, é necessário – no momento do diagnóstico e do preenchimento das fichas de encaminhamento – entender a sua gravidade, complicações e comorbidades associadas.

Espera-se que os resultados apresentados contribuam para a criação de novas ações que permitam o acompanhamento preventivo e resolutivo dos agravos dessas gestantes, além de auxiliar na concretização de um processo continuado de educação em saúde e elevação da qualidade de vida dessas pacientes.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que as síndromes hipertensivas são relevantes implicadores de riscos de óbitos materno-fetais nos processos gestacionais, Assim, o entendimento da sua gravidade permite a prevenção de desfechos desfavoráveis. principalmente em populações mais vulneráveis como a indígena, que é mais acometida por essas complicações gestacionais que a população não indígena e que conta, ainda, com escassez de trabalhos e pesquisas que abordam essa temática. Vale destacar também, a necessidade visível através da presente pesquisa, da constante atualização em saúde dos profissionais da área de forma a reconhecer e encaminhar gestantes de alto risco por síndromes hipertensivas.

Diante disso, o perfil de gestantes indígenas com síndromes hipertensivas do estado do Tocantins, entre os anos de 2014 e 2021, encaminhadas para o acompanhamento de alto risco principalmente pela Hipertensão Gestacional (29,9%), seguida pela HAC (28,6%) e Pré-eclâmpsia (14,3%). A etnia indígena Krahô (48.9%) foi a mais frequente, seguida da etnia Xerente (42,9%), sendo que 96,1% residiam em aldeias. A idade média foi de 24,92±9,71anos, com idade mínima de 11 anos e a máxima de 46 anos, ou seja, a maioria possuindo gravidez em idade fértil. Em relação aos antecedentes gestacionais, a multiparidade (28,6%) foi a mais prevalente, seguida de cesáreas anteriores (9,1%). Já em relação às comorbidades, destacaram-se a Obesidade (24,7%) e a Diabetes mellitus (5,2%).

Nesse contexto, o presente trabalho poderá servir de base para a compreensão do perfil sociodemográfico das gestantes indígenas do Estado do Tocantins que foram encaminhadas para o acompanhamento de alto risco devido a síndromes hipertensivas, servindo assim de base comparativa também para trabalhos futuros com a mesma temática, visando a possibilidade de criação e fortalecimento de políticas públicas com o objetivo de diminuir o desenvolvimento dessas condições.

REFERÊNCIAS

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¹Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Federal do Tocantins Campus Palmas e-mail: raynaramelo@uft.edu.br
²Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Federal do Tocantins Campus Palmas e-mail: almeida.iara@uft.edu.br
³Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade Federal do Tocantins Campus Palmas e-mail: lazaro.moura@uft.edu.br
4Mestre em Ciências da Saúde na Universidade Federal do Tocantins. Enfermeira da SESAI/MS, no Distrito Sanitário Especial Indígena do Tocantins e-mail: anacarolinem.to@hotmail.com
5Docente do Curso Superior de Enfermagem e do PPG Ciências da Saúde da Universidade Federal do Tocantins. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará e-mail: daniellerosa@uft.edu.br
6Docente do Curso Superior de Medicina e do PPG Ciências da Saúde da Universidade Federal do Tocantins. Farmacêutica-bioquímica. Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal do Tocantins e-mail: polianamarson@uft.edu.br