THE USE OF ALOE VERA FOR HEALING AND IN COSMETOLOGY
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10020261
Débora Costa dos Santos 1
Esther Cassiane Ribeiro Jardim1
Carlos Klinger Rodrigues Serrão2
Resumo
A cicatrização de feridas é um assunto relevante e um desafio na saúde pública, sendo utilizadas diferentes métodos para auxiliar nesse processo, entre eles: técnicas médicas como laserterapia, ozônioterapia, uso de medicamentos adequados, pomadas, unguento, além de práticas complementares de recursos naturais terapêuticos como a fitoterapia. O presente trabalho aborda uso da Aloevera como ativo fitoterápico no processo de cicatrização de feridas e na cosmetologia, tendo como principal objetivo evidenciar a atividade farmacológica e terapêutica da A.vera, além de entender sua aplicação no processo de cicatrização e utilização como cosmético. A metodologia utilizada para este trabalho foi baseada na revisão narrativa de literaturas científicas, com a seleção de artigos, teses dissertações e livros publicados no período de 2010 a 2023, nos idiomas português e inglês, buscados nas plataformas Pubmed, Google Acadêmico e Scielo.
Palavras-chave: Aloevera, Cicatrização, Cosmetologia, Fitoterapia.
ABSTRACT
Wound healing is a relevant subject and a challenge in public health, and different methods are used to assist in this process, among them: medical techniques such as laser therapy, ozone therapy, use of appropriate medications, ointments, ointment, in addition to complementary practices of therapeutic resources natural such as phytotherapy. The present work addresses the use of Aloe vera as a herbal active in the wound healing process and in cosmetology, with the main objective of evidencing the pharmacological and therapeutic activity of A. vera, in addition to understanding its application in the healing process and use as a cosmetic. The methodology used for this work was based on the narrative review of scientific literatures, with the selection of articles, theses dissertations and books published in the period from 2010 to 2023, in the Portuguese and English languages, searched on the Pubmed, Google academic and Scielo platforms.
Keywords: Aloe vera, Healing, Cosmetology, Phytotherapy.
1 Introdução
A utilização de plantas medicinais nas artes curativas é um método de tratamento com origem muito antiga, ligada à origem da medicina e baseada na acumulação de informações das gerações posteriores. Ao longo dos séculos produtos de origem vegetal constituíram as bases para tratamento de diferentes doenças, porém, somente nos últimos anos vem sendo realizado estudos sobre seus efeitos terapêuticos e sendo reconhecida como uma das melhores vertentes para a descoberta de novas drogas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é denominado como medicina tradicional ou complementar alternativa as práticas que estimulam uso de recursos naturais para a promoção de cura e/ou prevenção do agravamento do estado de saúde. (BRASIL, 2015).
Fatores como a dificuldade de acesso aos centros de atendimento médico e hospitalar para as pessoas mais pobres, o alto custo dos exames básicos e necessários e a falta de medicamentos nas farmácias públicas têm levado ao uso de plantas medicinais como forma de tratamento alternativo para doenças. Nesse sentido, surgiu no país o conceito de Farmácia Viva, que visa utilizar plantas medicinais para garantir seu correto uso e preparo de remédios caseiros. (PRADO, et al, 2018)
A RDC 14/2010 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), define como planta medicinal a “espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos”. Já a fitoterapia é definida como a “terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal”. (BRASIL, 2010; BRASIL, 2015)
A Aloe vera, conhecida popularmente no Brasil como “Babosa” pertence à família Aloaceae e demora cerca de 4 a 5 anos para alcançar sua maturidade. Na parte interna da planta pode ser encontrado um gel viscoso constituído por água, vitaminas A, B, C, E, e cálcio, além de polissacarídeos, magnésio, zinco, aminoácidos, carboidratos e enzimas. Porém, a sazonalidade alterada pode afetar a disponibilidade desses compostos. Essas propriedades presentes no gel de A. verapossibilita o uso desta planta medicinal na prática de medicina tradicional assim também como na indústria cosmética, por possuir atividade anti-inflamatória, cicatrizante, eficácia no tratamento de psoríase, dermatite, hiperglicemia e dislipidemia. (SANCHEZ et al, 2020)
De acordo com a Farmacopeia Brasileira, a A. veraatua como cicatrizante nos casos de ferimentos leves, desordens inflamatórias na pele, incluindo queimaduras de (1º e 2º grau), (BRASIL, 2021). Seu efeito cicatrizante se dá devido à presença de muitos bioativos existentes na planta, além disso, ela também atua na resposta inflamatória, possui efeito antioxidante e antimicrobiano.
Com base nesse contexto, dentre milhares de plantas utilizadas para fins terapêuticos no dia a dia da população, neste trabalho será destacada a utilização da espécie Aloe vera como coadjuvante no processo de cicatrização e seu uso na cosmetologia, baseado nas evidências científicas disponíveis atualmente, no sentido de fornecer uma base sólida de conhecimento para uma orientação precisa e segura dos profissionais da saúde, especialmente o farmacêutico. Essa abordagem visa aprimorar a compreensão sobre os benefícios terapêuticos e cosméticos da Aloevera, permitindo que os farmacêuticos orientem os pacientes de maneira adequada.
2. Metodologia
O trabalho trata-se de uma revisão narrativa de literaturas, seguindo com a seleção dos artigos, teses, dissertações e livros correspondentes à área. Estes materiais foram separados por assunto conforme a relevância do tema que se propõe a investigar. Feito isso, procedeu a leitura dos resumos e selecionados aqueles que atenderam ao critério de seleção para a elaboração do projeto no período de 2010 a 2023, com idiomas em português e inglês.
Foram utilizados os seguintes descritores: Aloeverae Cicatrização. Farmacotécnica. Importância do farmacêutico na fitoterapia. Aloe vera mecanismo de ação. Cosmetologia. Propriedades da AloeVera. Os critérios utilizados para inclusão no trabalho foi a afinidade com tema e com o objetivo proposto, enquanto os critérios de exclusão foi os artigos publicados antes do ano de 2010.
A pesquisa foi realizada em banco de dados da área da Saúde como: Electronic Library Online(SCIELO),Google acadêmico, National Library of Medicine (PubMed), além de livros periódicos nacionais e internacionais. Foram selecionados 20 artigos e livros com as palavras Aloevera, cicatrização, cosmetologia e fitoterapia, porém apenas 14 foram classificados como relevante para a elaboração deste trabalho.
3 Resultado e discussões
De acordo com o Formulário da Farmacopeia Brasileira (2021), a Aloe verapossui propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias, sendo inclusive utilizada para tratamento de queimaduras de graus 1 e 2. Isso pode ser explicado devido a presença de polissacarídeos no gel de A. vera, como o glucomanano que possui a capacidade de se ligar a receptores de fibroblastos nas membranas celulares aumentando sua proliferação e induzindo a produção de colágeno. Também pode-se relacionar ao fato da presença do acemanano, que tem a capacidade de acelerar o tempo de cicatrização, reduzir danos causados por radiação e ter ação anestésica. (CHELU, 2020; LIU C., 2019)
Além disso, estudos realizados mostram que o extrato do gel de Aloe vera é rico em polifenóis e quando aplicada em feridas por via tópica reduz a infiltração de células por meio do aumento da proporção de linfócitos e favorece a sua cicatrização, melhorando a espessura epidérmica e disposição de colágeno. Sendo assim, os polifenóis são em parte responsáveis pela atividade farmacológica exercida pela planta. O gel extraído da Aloe vera serve como matriz natural para fabricação do hidrogel, que é uma das formas mais utilizadas pela população na atualidade. (SANCHEZ et al 2020)
Teplicki, et al (2018), realizou análise in vitro com o objetivo de avaliar os efeitos da A. vera na cicatrização de feridas, os autores concluíram que a planta medicinal teve efeitos significativos na proliferação celular e migração de fibroblastos e queratinócitos, o que sugere que a A.vera acelera a cicatrização de feridas.
Um estudo de comparação foi realizado em relação à AloeVerae a Sulfadiazina de prata no tratamento de cicatrização de queimadura de pele. Nesse estudo realizado por Levin, et al (2022), foram analisados 33 artigos do Pubmed, demonstrando-se que a A. vera acelera o processo de cicatrização em comparação com a sulfadiazina de prata.
Na cosmetologia foram realizados ensaios clínicos com a ingestão de Aloe esterol, que é encontrado nas folhas da babosa, constatou-se que este exerce inúmeros benefícios para manter a pele saudável. A ingestão oral diária de 40ug de Aloe esterol (cicloartenol elofenol), por pelos menos 12 semanas, melhorou a elasticidade da pele em homens com menos de 46 anos expostos a luz solar, mas que não usam protetor solar, também reduziu as rugas faciais em mulheres japonesas com mais de 40 anos estimulando a produção de ácido hialurônico e colágeno, (SANCHEZ, 2020). No entanto, no Brasil não há evidências do uso de Aloevera oral.
A presença de polissacarídeos é fundamental na Aloe vera, visto que é muito importante na aceleração da cicatrização de feridas e na regeneração do tecido, pois estimula a produção de colágeno na pele. Eles também são os responsáveis em ativar a barreira protetora da pele, possuem propriedades bactericidas, virucidas e fungicidas, também são fortes imunomoduladores de origem vegetal, além de inibirem a absorção de toxinas no organismo, (HÉS, et al, 2019). Os compostos fenólicos presentes na folha da Aloe Vera possuem grande significância na sua atuação farmacológica, os flavonoides presentes na babosa possuem atividade oxidante e tem capacidade de eliminar radicais livres do organismo humano, além de ser potentes anti-inflamatórios eficazes no tratamento de queimaduras solares induzidas por raios ultravioleta B. Além disso, a Aloe vera possui enzimas como fosfatase alcalina, amilase, catalase, lipase, creatina fosfoquinase, protease, entre outras. A enzima superóxido dismutase é a mais importante enzima ativa encontrada em tal planta, atuando contra o processo de envelhecimento precoce da pele pela defesa contra a oxidação das células. (HÉS, et al, 2019)
Na indústria farmacêutica é frequentemente encontrado a A.verana fabricação de produtos tópicos como pomadas e gel, devido uma melhor absorção do produto, essas formas farmacêuticas são bem mais comuns e mais utilizadas pela população, embora seja possível encontrar formas para administração por via oral também, (SANCHEZ, ET AL 2020). Existem muitas diferenças na composição da A. vera que ocorre devido ao período sazonal em que é plantada, localização geográfica, métodos de extração e técnicas de preparação da amostra. De acordo com a RDC 67/ 2007 o farmacêutico é o profissional responsável pela manipulação de produtos fitoterápicos, e este deve ter total conhecimento das características físico-químicas dos insumos farmacêuticos ativos vegetais (IFAV).
É importante enfatizar certos cuidados no tratamento de feridas. Hekmatpou, et al (2019) afirmam que cobrir a ferida com pano ou gaze é por vezes uma prática na população em geral e é sabiamente desaconselhável. Os autores sugerem que a Aloeverapode ser usada como cobertura de ferida, uma vez que manteria a queimadura úmida, o que pode melhorar a cicatrização.
Chelu, et al (2023), destaca que a melhor forma de utilização da Aloe vera é através do gel que é extraído da folha da planta, esse gel pode ser usado como matriz para a produção do hidrogel em larga escala e que ainda, o uso do gel de A.verase generalizou globalmente e tem ajudado muitas indústrias a se desenvolverem pelo mundo.
É comum o pensamento de que as plantas medicinais foram testadas e aprovadas, levando ao uso inadequado e indevido, especialmente entre a população mais carente que muitas vezes não possuem condições financeiras de arcar com o custo de medicamentos, não levando em consideração que o uso dessa alternativa possa mascarar os sintomas e atrasar o tratamento levando a uma complicação da patologia. (MARQUES, et al, 2019)
Um projeto que nasceu na Universidade Federal do Ceará e tem se estendido por várias regiões do Brasil denominada Farmácia Viva visa prestar assistência social farmacêutica a comunidades carentes com base nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). É um serviço de saúde que se dedica, entre outras atividades, ao cultivo, colheita, processamentos, manipulação e dispensação do produto final. (PRADO, et al, 2018)
Dessa forma, a orientação do farmacêutico é necessária para auxiliar no tratamento após o diagnóstico de feridas, pois este profissional possui a qualificação necessária para exercer as boas práticas de manipulação que asseguram o padrão de qualidade destes manipulados, desde a obtenção da matéria prima até sua dispensação, seguindo os critérios exigidos na RDC 67/2007. O acompanhamento farmacêutico é essencial para o paciente desde o início do tratamento, passando pela aplicação, orientação, formas de uso e duração do tratamento.
4 Conclusão
Perante o que foi exposto ao longo do trabalho, é importante destacar o valor da Aloeverae o quanto ela é significativa nos dias atuais, no entanto, mais pesquisas são necessárias no que diz respeito ao desenvolvimento de produto à base da A. vera, que sejam eficazes e que comprovem seu efeito terapêutico na cicatrização e na cosmetologia, uma vez que existem poucas formas farmacêuticas a base de A.vera e também não há um padrão de tratamento eficaz.
É importante também destacar que o papel do farmacêutico na manipulação das plantas medicinais é indispensável, pois o conhecimento das propriedades físico-químicas, dos bioativos presentes na planta é fundamental, bem como as boas práticas de manipulação que devem ser respeitadas evitando possíveis interferentes que afetem a qualidade desses manipulados, bem como a umidade, pH, estabilidade, recipientes adequados, interações com excipientes, conservação do insumo e farmacêutico e do produto final, assim como deve estabelecer o tempo de estabilidade conforme o formulário de boas práticas de manipulação.
O farmacêutico também se torna indispensável no ato da dispensação desses manipulados visto que é o responsável pela orientação quanto a possíveis interações com outros medicamentos ou produtos fitoterápicos de uso no cotidiano do paciente além de possíveis reações adversas que possam ocorrer durante o seu uso.
5 Referências
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¹Discentes do Curso de Farmácia. Universidade Nilton Lins CampusParque das Laranjeiras, AV. Prof. Nilton Lins, 3259 – Flores, Manaus – AM, 69058-030 e-mail: debohacosta@live.com
²Professor Mestre do Curso Superior de Farmácia. Universidade Nilton Lins CampusParque das Laranjeiras, AV. Prof. Nilton Lins, 3259 – Flores, Manaus – AM, 69058-030.