A ATUAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA POR COVID-19

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10019184


Roberta Nobre da Silva1
Suellen Silva Vaz2


Resumo: Objetivou-se revisar os estudos relacionados a atuação da equipe de enfermagem da atenção primária para o enfrentamento da pandemia COVID-19. Trata-se de um estudo descritivo, tipo Revisão Integrativa de Literatura, com abordagem qualitativa. O levantamento dos artigos aconteceu no período de janeiro a março de 2023. A busca contabilizou um número de 53 artigos e após a clivagem excluíram-se 41 trabalhos visto que não respondiam aos critérios de inclusão. Desse modo, foram mantidos 12 artigos para compor esse estudo. A partir dos estudos encontrados, podemos observar que os enfermeiros desempenham funções fundamentais, como planejar e executar ações de saúde, além de atender às necessidades da comunidade. Essa atuação ampla dos enfermeiros contribui de forma substancial e inquestionável para fortalecer a Estratégia de Saúde da Família (ESF) e, consequentemente, a eficácia do Sistema Único de Saúde. 

Palavras-chave: Enfermagem; Atenção Primária à Saúde; COVID-19.

Abstract: The objective was to review studies related to the role of the primary care nursing team in combating the COVID-19 pandemic. This is a descriptive study, type Integrative Literature Review, with a qualitative approach. The survey of articles took place from January to March 2023. The search counted a number of 53 articles and after the cleavage, 41 works were excluded as they did not meet the inclusion criteria. Therefore, 12 articles were maintained to compose this study. From the studies found, we can observe that nurses perform fundamental functions, such as planning and executing health actions, in addition to meeting the needs of the community. This broad role of nurses contributes substantially and unquestionably to strengthening the Family Health Strategy and, consequently, the effectiveness of the Unified Health System.

Keywords: Nursing; Primary Health Care; COVID-19.

Introdução

Dentre os trabalhadores que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS), os profissionais de enfermagem, sobretudo os enfermeiros, têm se destacado como os principais protagonistas na linha de frente no enfrentamento da pandemia por COVID-19. 

Nesse contexto, vale destacar que esses profissionais têm exercido o protagonismo na APS, visto que estes exercem com autonomia sua profissão para a garantir um cuidado eficiente a clientela adscrita ao território (FERREIRA et al., 2020). 

No âmbito da APS, muitas são as competências necessárias ao enfermeiro na sua prática profissional dentre elas planejar, gerenciar e executar ações de saúde individuais e coletivas, supervisionar a assistência direta à população, realizar ações de promoção, prevenção e reabilitação, articular ações intersetoriais, gerenciar os serviços de saúde, desenvolver educação em saúde e educação permanente, bem como conduzir essas equipes (LIRA, et al; 2022; MATTOS, BALSANELLI; 2019). 

Fica incumbido ao enfermeiro pela Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) a realização de atenção as demandas de saúde ao indivíduo e sua família em todos os ciclos da vida, realização de consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo, solicitação de exames e prescrição de medicamentos conforme protocolo, conduzir atividades relativas à demanda espontânea, gerenciar as ações desenvolvidas pela equipe e insumos, bem como participar de estratégias de educação permanente (BRASIL, 2017).

No contexto da pandemia, esse profissional tem desenvolvido seu papel de forma inovadora, já que a APS é um campo amplo para o exercício da atividade do profissional. Com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre a temática proposta, o objetivo geral deste estudo foi revisar os estudos relacionados a atuação da equipe de enfermagem da atenção primária para o enfrentamento da pandemia COVID-19.

Método

Trata-se de um estudo descritivo, tipo Revisão Integrativa de Literatura, com abordagem qualitativa. O levantamento dos artigos aconteceu no período de janeiro a março de 2023. A busca dos artigos foi realizada no portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), e na base de dados da ScientificElectronic Library Online (SciELO). 

Para a busca dos artigos foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) previamente estabelecidos e suas combinações na língua portuguesa, juntamente com o operador booleano “AND”. Assim, no momento da busca dos estudos nas respectivas bases de dados foi usada a seguinte combinação: “Enfermagem” AND “COVID-19” AND “Atenção Básica” AND “Atenção Primária”.

Para busca dos estudos foram levados em consideração os critérios de inclusão e exclusão. Estes poderão ser observados na figura 01.

Figura 01 – Critérios de inclusão e exclusão da amostra.

Fonte: Elaborado pelas autoras

De início, a busca contabilizou um número de 53 artigos e após a clivagem excluíram-se 41 trabalhos visto que não respondiam aos critérios de inclusão. Desse modo, foram mantidos 12 artigos para compor esse estudo. Para chegar a esse resultado, primeiro foi realizada uma análise dos resumos, posteriormente foi feita uma segunda apreciação, por meio da leitura minuciosa dos artigos pré-selecionados para assim determinar quais foram de fato incluídos na pesquisa. 

Além disso, foram verificados nos títulos e resumos dos artigos se respondem à pergunta norteadora da pesquisa. Com a seleção dos artigos, foi realizada a organização destes por meio de um formulário, adaptado para a condução da leitura e extração dos dados. Depois do mapeamento e organização dos artigos selecionados, os dados serão analisados através da análise de conteúdo proposta por Bardin.

A partir da análise, os dados foram divididos em duas categorias temáticas que foram nomeadas da seguinte forma: a importância da APS no combate da COVD-19; a atuação da equipe de enfermagem da APS no enfrentamento à COVID-19.

Resultados:

Os 12 artigos selecionados que corresponderam aos critérios de inclusão e exclusão foram organizados na tabela 01:

Tabela 01 – Artigos selecionados:

TítuloAnoBase de dados
Assistência de enfermagem aos casos leves da COVID-19.2021BVS
O papel da Atenção Primária na rede de atenção à saúde no Brasil: limites e possibilidades no enfrentamento da COVID-19.2020SciELO
O papel da atenção primária no combate ao Covid-19: impacto na saúde pública e perspectivas futuras.2020BVS
A consulta de enfermagem no enfrentamento da COVID-19: vivências na atenção primária à saúde.2021SciELO
Prevenção relacionada à exposição ocupacional do profissional de saúde no cenário de COVID-19.2020BVS
Telessaúde durante a pandemia da Covid-19 no Brasil e a Enfermagem.2020SciELO
Coordenação do cuidado, vigilância e monitoramento de casos da COVID-19 na Atenção Primária à Saúde.2020BVS
Atuação do Enfermeiro na Atenção Primária à Saúde no contexto de pandemia por COVID-19.2022BVS
Impacto da COVID-19 sob o trabalho da enfermagem brasileira: aspectos epidemiológicos.2020BVS
Trabalho de enfermagem na pandemia da COVID-19 e repercussões para a saúde mental dos trabalhadores.2022BVS
Atenção primária à saúde frente à COVID-19 em um centro de saúde.2020SciELO
Como treinar o pessoal de saúde para se proteger da infecção por SARS-CoV-2 (novo coronavírus) ao cuidar de um paciente ou caso suspeito.2020SciELO
Fonte: Elaborado pelas autoras.

Discussão: 

A) A importância da Atenção Primária à Saúde no combate da COVD-19:

A Atenção Primeira à Saúde configura-se como a principal “porta de entrada” dos usuários nos sistemas de saúde, ou seja, é o local onde o sujeito tem o primeiro atendimento. Além disso, a APS é a ordenadora das Redes de Atenção à Saúde (RAS) e a coordenadora do cuidado (BRASIL, 2017). 

A APS é definida por um conjunto de ações de saúde, ofertadas de modo individual e coletivo, desenvolvida por meio de práticas gerenciais, sanitárias, democráticas e participativas. O objetivo da APS, consiste em orientar a população acerca da prevenção de doenças, buscar solução paro os possíveis casos de agravos, assim como, encaminhar os casos mais graves para atendimento em níveis de maior complexidade. Assim, a APS funciona como um filtro, capaz de organizar o andamento dos serviços nas RAS, partindo do mais simples aos mais complexos (BRASIL, 2017).

A APS tem se constituído de forma estratégica na agenda da saúde, e além disso, por meio de sua capilaridade vem sendo empregada no combate a COVID-19, apesentando por principal objetivo, promover o acesso da população às informações e atenção à saúde.

Diante da pandemia provocada pela COVID-19, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou em vários países do mundo a adoção de medidas restritivas mais precisas, como o isolamento e distanciamento social (RIOS et al., 2020).

Nesse contexto, a Atenção Primária à Saúde (APS) tem por finalidade os cuidados essenciais à saúde, apoiados em tecnologias que dirigem os serviços de saúde o mais perto possível dos lugares onde os indivíduos vivem e trabalham. No Brasil, o modelo de APS é constituído pelas equipes de saúde da família e territorialização, apresentando papel fundamental dentro da rede de cuidados (TEODOSIO et al., 2020).

Nesta mesma linha de raciocínio, Medina et al. (2020) apontam que a atuação da APS pode ser sistematizada em quatro eixos: vigilância em saúde nos territórios; atenção aos usuários com COVID-19; suporte social a grupos vulneráveis; e continuidade das ações próprias da APS. 

Esses elementos em conjunto, mostram como o trabalho da APS pode ser estratégico e efetivo no combate à Covid-19, assim como, pode direcionar e orientar as ações realizadas pelos profissionais da APS durante a pandemia.

Diante desse novo cenário, a APS, por meio das equipes de ESF, tem desempenhado um papel fundamental para a prevenção e controle de Covid-19, sendo capaz de contribuir taticamente com a diminuição do risco de disseminação do novo coronavírus, com base no diagnóstico precoce, acompanhamento e monitoramento da pessoa, família e comunidade.

A APS é responsável pela realização do processo de identificação de casos sintomáticos respiratórios, e a partir de então, passa a orienta e monitora o isolamento do paciente em seu domicilio. Também é responsabilidade da APS o acompanhamento da evolução dos sintomas de um paciente, assim como, é quem articula junto aos postos de coleta de exames, a realização do RT-PCR, e do teste rápido, visando a detecção do novo coronavírus. As equipes da ESF são responsáveis pelo acompanhamento de sua população de abrangência e, caso identifiquem a necessidade de compartilhar os cuidados com a RAS, realizam a comunicação e diálogo com os serviços de atenção especializada (XIMENES NETO et al., 2020).

Segundo Daumas et al (2020), com a pandemia provocada pelo novo coronavírus, a APS teve que resgatar a vocação de atividade comunitária, e a partir disso, foi possível aumentar a capacidade de resposta local não só para diminuir a transmissão da COVID-19, mas, também, para amenizar os efeitos econômicos e, sobretudo, os sociais trazidos pelas medidas de distanciamento social. 

Assim, como exemplo dessas ações comunitárias, encontram-se as orientações fornecidas pelas equipes de ESF, por mediação das mídias sociais e rádios comunitárias, levando informações a população acerca das formas de contágio. Além disso, o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), tem ajudado, e muito, na identificação de 24 pessoas e famílias que se encontram em situação de maior vulnerabilidade social, assim como, tem auxiliado na entrega de alimentos e outros itens necessários (DAUMAS et al., 2020).

No mais, dentre os trabalhadores que atuam na APS, os profissionais de enfermagem, sobretudo os enfermeiros, têm se destacado com um dos principais protagonistas na linha de frente contra o novo coronavírus. 

No contexto da APS, a atuação da enfermagem frente a situação da pandemia da COVID-19, tem se dado através de muita competência, principalmente por seu papel educativo, de promoção da saúde e prevenção de patologias e agravos. Com o novo contexto, os profissionais enfermeiro tiveram que (re) inventar seu processo de trabalho, desenvolver e implementar novos fluxos e rotinas, visando a realização de atenção à saúde de forma segura pra si e para a população. Além disso, precisaram (re) organizar a gestão do cuidado. De fato, a enfermagem brasileira, tem se mostrado comprometida com vida de cada indivíduo, famílias, grupos e comunidades dos territórios em que atuam (FERREIRA et al., 2020). 

Desse modo, se faz necessário refletir acerca do processo de cuidado de enfermagem frente a pandemia da COVID-19 no contexto da APS, para assim entendermos os desafios impostos diante dessa grave crise sanitária. 

B) A atuação da equipe de enfermagem da Atenção Primária à Saúde no enfrentamento à COVID-19:

Neste panorama, os estudos evidenciaram que, o profissional enfermeiro como integrante da equipe de saúde na atenção básica é responsável por realizar a consulta de enfermagem, receber os pacientes e fazer a triagem dos casos suspeitos, orientar como vai ser tratamento, desenvolver e implementar ações de cuidado segundo a gravidade do caso, solicitar exames complementares, fazer a prescrição de medicamento e promover ações educativas (NASCIMENTO, et al; 2020). 

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) tem se configurado como uma ferramenta fundamental, para a realização do gerenciamento e prestações do cuidado. A partir da utilização da SAE o enfermeiro consegue promover um direcionamento holístico ao paciente, acarretando a melhoria de qualidade de assistência. Além disso, é usada como instrumento para a categoria, mostrando-se essencial para o fortalecimento da atenção à saúde no Brasil, visando a qualidade de vida do paciente de forma integral (ANDRADE et al., 2021).

No que se refere à assistência direta oferecida pelos enfermeiros, a Consulta de Enfermagem se configura como a principal ferramenta utilizada para fomentar a saúde. Ela permite o diagnóstico e a prescrição de cuidados de enfermagem, conferindo autonomia para avaliar e planejar o cuidado de maneira independente. Isso proporciona ao profissional a competência técnico-científica necessária para atuar na linha de frente do atendimento aos pacientes afetados por essa doença (FERMO, et al; 2021).

De acordo com Pessalacia, (2020) umas das ações realizada pelo profissional de enfermagem nessa pandemia, e quem tem facilitado a assistência a população é a telessaúde, através da mesma o profissional pode fazer atendimento telefônico, assim como monitoramento o paciente, além da possibilidade de o paciente enviar imagens e vídeos ao profissional.

Com a crise da pandemia da COVID-19, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) faz a publicação da Resolução 634/2020 normatizando as ações da teleconsulta de enfermagem, objetivando abrir novas possibilidades da enfermagem no combate ao coronavírus no Brasil (COFEN, 2020).

Contudo, vale ressaltar que durante a pandemia da COVID-19 no Brasil, a reestruturação administrativa apresentou falhas relacionadas com a demora na aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs) e na realização de testes para detecção da doença, dificuldade na comunicação das orientações e na distribuição de informações para a população, gerando desinformação e falta de adesão às medidas de prevenção, e falta de planejamento para lidar com a demanda dos atendimentos (GALLASCH, et al; 2020).

Segundo Farias et al., (2020) a falta de EPIs coloca os profissionais da saúde, seus familiares e a população geral em perigo, além de contribuir com a disseminação do vírus e, com a insegurança na atuação. 

Para as equipes de enfermagem surgiram novas realidades no período de pandemia que, na maioria das vezes, não eram positivas. Vale destacar que a alta demanda de pacientes, a sobrecarga de trabalho e o medo da contaminação também foram obstáculos enfrentados pelos profissionais da área (SOUZA et al., 2021).

Huh (2020), destaca em sua pesquisa que, a segurança dos profissionais da saúde é essencial para que estes ofereçam os melhores serviços possíveis para as pessoas infectadas pela COVID-19. Além disso, o autor aponta que, com o a pandemia houve o aumento da carga de trabalho entre enfermeiros por meio do prolongamento das jornadas laborais, e que essa sobrecarga se desencadeou em decorrência da insuficiência de profissionais de saúde para cuidar do grande volume de pacientes.

É de suma importância que o profissional em exercício demonstre rapidez nas tomadas de decisão, criatividade, capacidade de inovação e aptidão para garantir cuidado integral para os usuários de forma individual e coletivamente. Essas qualidades devem ser aliadas à habilidade para resolver problemas e a um empenho em manter-se atualizado a fim de acompanhar as mudanças tecnológicas e práticas emergentes (LIRA, et al; 2022).

A exaustão é um dos problemas acentuados relatados por enfermeiros no período de pandemia COVID-19, pois muitos enfermeiros foram infectados, o que gerou uma escassez de pessoal e aumento da carga de trabalho para aqueles que ainda estavam em serviço.

As rotinas dentro e fora das instituições de saúde foram amplamente alteradas, sendo que dentro das instituições tiveram que se readaptar às novas demandas, bem como aos novos processos de trabalho formulados para elevar a efetividade dos serviços e reduzir os riscos para usuários e colaboradores (SOUZA et al., 2021). 

Desse modo, durante a pandemia os profissionais de enfermagem vivenciaram impactos tão relevantes sobre sua atividade profissional e sobre as condições de vida pessoais que muitos precisarão de um longo tempo para se recuperar fisicamente e emocionalmente do desgaste, estresse, limitações e demais impactos sobre suas vidas. 

No contexto da APS, a atuação da enfermagem frente a situação da pandemia da COVID-19, tem se dado a partir de muitas competências, principalmente por seu papel educativo, de promoção da saúde e prevenção de agravos. Com o novo cenário, os enfermeiros reinventaram seus processos de trabalhos, sendo necessário desenvolver e implementar novos fluxos e rotinas, visando a realização de atenção à saúde de forma segura para si e para a população. 

Verifica-se que a enfermagem, durante a pandemia de COVID-19, vivenciou mudanças em suas rotinas de trabalho que não apenas envolveram horários, sobrecarga, recursos, mas tiveram que rapidamente encontrar formas de entender novos protocolos e processos de trabalho para que pudessem acompanhar a evolução do cenário no perpassar do tempo.

Além disso, os enfermeiros precisaram reorganizar a gestão do cuidado, tendo as suas práticas fundamentadas por protocolos e manuais técnicos que norteiam seus procedimentos e ações em todas as linhas de cuidado (FERREIRA et al., 2020).

Miranda et al (2020), descrevem que, a habilidade de agregar cuidados, integrando assistência e gerência, permite que o profissional enfermeiro, quando assume de fato a papel de líder, consiga modificar o seu trabalho e o trabalho de seus colaboradores, com vista a facilitar a promoção do acesso à saúde de maneira eficiente e eficaz nos centros de saúde da APS.

A enfermagem sempre se fez presente na gestão do cuidado, inclusive nos contextos de grandes epidemias e guerras, mas, concomitantemente, foi negligenciada e pouco reconhecida. Contudo, diante da pandemia, a atuação da enfermagem tem sido apontada como destaque. 

Vale ressaltar que a enfermagem também se encontra dentro das comunidades, territórios da APS, onde as necessidades precisam ser evidenciadas, e ações realizadas. Essa produção do cuidado na APS se dá por meio de relações em redes, formadas pelos profissionais atuantes, nas quais os sujeitos se conectam, trocam informações, recursos materiais e efetivam o cuidado de maneira coletiva.

Considerações finais 

A partir dos estudos, podemos observar que os enfermeiros desempenham funções fundamentais, como planejar e executar ações de saúde, além de atender às necessidades da comunidade. Essa atuação ampla dos enfermeiros contribui de forma substancial e inquestionável para fortalecer a Estratégia de Saúde da Família e, consequentemente, a eficácia do Sistema Único de Saúde (SUS) (FERREIRA et al., 2020).

Desse modo, destaca-se o papel central que a enfermagem desempenha na prestação de cuidados e a importância significativa da contribuição do enfermeiro na coordenação, estruturação e integração dentro do âmbito da APS. 

O enfermeiro identificou uma oportunidade promissora de atuação e expandiu sua presença, assumindo uma posição de destaque em relação a outros profissionais da área de saúde, ao executar atividades de assistência, gestão e educação que desempenham um papel crucial na consolidação e no fortalecimento da Estratégia de Saúde da Família dentro do SUS (LIRA, et al; 2022). 

A contribuição da enfermagem na atenção primária é de importância crucial para enfrentar a crise sanitária ocasionada pela pandemia COVID-19. A profissão detém competências em vigilância de saúde, executa ações junto às comunidades, exerce um papel educativo e lidera o cuidado inerente à sua prática. Desse modo, é uma profissão que merece investimentos para aprimoramento contínuo no cenário de pandemia.  

Perante o estudo é nítido a relevância dessa temática, abranger ações de estratégias relatadas pelas profissionais enfermeiras diante os desafios enfrentados na pandemia no contexto da APS, é essencial determinadas propostas para que se haja um melhor trabalho a saúde a coletiva dentro das ESF.

Acredita-se que os resultados deste trabalho corroborem no campo do ensino pesquisas na área da saúde coletiva, se espera que os acontecimentos aqui apresentados ajudem a ser fincados nos planejamentos futuros das ações municipais e no âmbito acadêmico, referindo-se a temática da atenção integral a saúde coletiva em épocas de pandemia, capacitem profissionais qualificados para oferecer uma assistência de qualidade nos serviços de atenção primária, e ainda podendo ser utilizado como fonte de pesquisa para trabalhos futuros.

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1, 2Universidade Estadual do Ceará (UECE)