A RELEVÂNCIA DO NUTRICIONISTA NA QUALIDADE DE VIDA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10028006


Janderleia Rodrigues Valente[1]
Lillian Tavares de Lima[2]


RESUMO

Introdução: O Diabetes Mellitus é uma das doenças crônicas mais frequentes, e é caracterizado por hiperglicemia persistente, causada por uma deficiência na produção ou falta de insulina e/ou sua incapacidade de exercer adequadamente seus efeitos metabólicos. O DM quando é diagnosticado na infância e da adolescência, pode acarretar alterações na rotina diária da família e no crescimento e desenvolvimento da criança, o que pode gerar necessidade de apoio social e cuidados especializados por parte dos profissionais de saúde e familiares. Objetivo: analisar e evidenciar de forma abrangente a influência e contribuição significativa do profissional de nutrição na promoção da qualidade de vida de crianças e adolescentes diagnosticadas com Diabetes Mellitus. Metodologia: A pesquisa foi caracterizada como uma revisão de literatura, A base de dados digitais científicas como foram coletados os artigos nacionais, acerca da psicopatia, disponibilizadas no Portal de Periódicos CAPES, SCIELO, LILACS, CINAHL. Resultados: Atuação do nutricionista, é importante para avaliar as mudanças nas preferências alimentares, no acesso aos alimentos, no crescimento e desenvolvimento do indivíduo, no ganho de peso e no potencial para transtornos alimentares. A adesão à dieta está ligada ao melhor controle da glicose em crianças e adolescente com diabetes. Feito o diagnóstico, é necessária a realização de amplos programas educativos sobre questões nutricionais. Considerações finais: No estudo pode-se analisar a atuação do nutricionista no cuidado de crianças e adolescentes com diabetes mellitus é de extrema importância para garantir uma abordagem completa e eficaz no manejo dessa condição crônica. O diabetes requer atenção constante à dieta e ao estilo de vida, e os nutricionistas desempenham um papel crucial nesse processo.

Palvras-chaves: Diabetes Mellitus, Atuação Nutricionista,  adolescencia, criança, Educação em saúde

ABSTRACT

Introduction: Diabetes Mellitus is one of the most frequent chronic diseases, and is characterized by persistent hyperglycemia, caused by a deficiency in the production or lack of insulin and/or its inability to adequately exert its metabolic effects. When DM is diagnosed in childhood and adolescence, it can cause changes in the daily routine of the family and in the growth and development of the child, which can generate the need for social support and specialized care by health professionals and family members. Objective: to comprehensively analyze and evidence the influence and significant contribution of the nutrition professional in promoting the quality of life of children and adolescents diagnosed with Diabetes Mellitus. Methodology: The research was characterized as a literature review, the scientific digital database as were collected the national articles, about psychopathy, available in the Portal of Periodicals CAPES, SCIELO, LILACS, CINAHL. Results: The performance of the nutritionist is important to evaluate changes in food preferences, access to food, growth and development of the individual, weight gain and potential for eating disorders. Adherence to diet is linked to better glucose control in children and adolescents with diabetes. Once the diagnosis is made, it is necessary to carry out extensive educational programs on nutritional issues. Final considerations: In the study it is possible to analyze the performance of the nutritionist in the care of children and adolescents with diabetes mellitus is extremely important to ensure a complete and effective approach in the management of this chronic condition. Diabetes requires constant attention to diet and lifestyle, and nutritionists play a crucial role in this process.

Keywords: Diabetes Mellitus, Nutritionist, adolescence, child, Health education

1    INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é uma das doenças crônicas mais frequentes, e é caracterizado por hiperglicemia persistente, causada por uma deficiência na produção ou falta de insulina e/ou sua incapacidade de exercer adequadamente seus efeitos metabólicos. Acredita-se que essa hiperglicemia está associada a complicações crônicas micro e macrovasculares, aumento da morbidade, redução da qualidade de vida e elevação da taxa de mortalidade (CLAUDINO et al., 2020).

O DM é importante problema de saúde pública, implicando em altos índices de morbidade e mortalidade, sendo a quarta causa de morte no Brasil. Além disso, pode estar relacionado a complicações crônicas e comorbidades como doença gástrica, hipertensão e coronariopatia, além de retinopatia e nefropatia, perdas funcionais como dificuldade de locomoção, problemas cognitivos, depressão, entre outros, o que ocasiona um déficit na qualidade de vida do paciente (ALMEIDA; ALMEIDA, 2023).

Os principais tipos de DM são classificados com base em sua etiologia: tipo 1(1A e 1B), tipo 2, DM gestacional e outros como monogênicos (MODY) e neonatal. Ainda não se sabe por completo as causas do diabetes, mas as principais podem ser por fatores genéticos, biológicos e ambientais (CASTRO et al., 2021).

A influência dos fatores etiológicos subjacentes ao risco de DM pode começar muitos anos antes da manifestação dos distúrbios metabólicos, principalmente a hiperglicemia. Os processos biológicos implicados no desenvolvimento puberal podem ser um exemplo de determinantes precoces do risco de DCNT como a diabetes (ROSIN et al., 2021).

O DM quando é diagnosticado na infância e da adolescência, pode acarretar alterações na rotina diária da família e no crescimento e desenvolvimento da criança, o que pode gerar necessidade de apoio social e cuidados especializados por parte dos profissionais de saúde e familiares. A família deve ser incluída e considerada num plano de cuidados terapêuticos para que possa supervisionar, implementar e incentivar o seu filho a manter os cuidados prescritos (FERREIRA et al., 2013).

O tratamento do DM consiste em uma série de fatores relacionados, incluindo terapia com insulina, monitoramento diário da glicemia capilar e controle glicêmico, além de mudanças e adaptações no estilo de vida, como hábitos alimentares adequados e atividade física. Para que este tratamento seja eficaz, os pacientes e seus cuidadores precisam aderir ao tratamento recomendado (RIBEIRO et al., 2021).

Os objetivos da terapia nutricional no diabetes são apresentar o bom estado nutricional, a saúde física e a qualidade de vida do indivíduo, bem como a prevenção e tratamento de complicações de curto e longo prazo e comorbidades relacionadas. Para crianças com diabetes, deve ser meta manter o índice glicêmico em um nível aceitável, corrigir o peso, as deficiências nutricionais, ajudar a manter as proporções bioquímicas dentro da normalidade e o acordo mútuo entre paciente e profissional (RODRIGUES et al., 2021).

Por se tratar de crianças e adolescentes, o profissional deve saber lidar com as dificuldades do paciente em receber uma alimentação nutritiva através de sua experiência profissional, e deve desenvolver um método de tratamento viável que aceite a criança e ao adolescente a motive a seguir o tratamento correto. Ao trabalhar com crianças e adolescentes, os nutricionistas devem fornecer ao diretor do paciente itens que facilitem a vida diária do paciente (SILVA et al., 2019).

Neste contexto, a educação em saúde torna-se uma estratégia essencial no manejo desta doença crônica. Deste modo, os profissionais de saúde devem compreender a realidade, a visão de mundo, as expectativas de cada sujeito e o contexto social em que vivem os pacientes para poder planejar o cuidado de forma eficaz para atender às necessidades dos usuários dos serviços de saúde de para que ocorra adesão das prescrições de forma efetiva (HERMES et al., 2021).

Em suma, o controle metabólico rigoroso combinado com medidas preventivas e terapêuticas relativamente simples é crucial para prevenir ou retardar o aparecimento de complicações crônicas da diabetes, melhorando assim a qualidade de vida dos pacientes diabéticos. (DINIZ et al., 2022).

O presente trabalho se justifica, visto que, a incorporação em um plano alimentar deve ter objetivos claros como: manter a glicemia em níveis aceitáveis, estimar correção de peso e deficiências nutricionais, ajudar a manter proporções bioquímicas dentro da normalidade e outras metas traçadas em acordo mútuo entre paciente e profissional. As orientações para diabetes incluem reduzir o uso de sal em produtos industrializados como temperos e molhos prontos, dar preferência a temperos como salsa, orégano e manjericão, evitar jejuns prolongados e hidratação adequada. A finalidade do acompanhamento nutricional é saúde, qualidade de vida, bom estado nutricional e prevenção de complicações futuras.

Assim, visando destacar a importância do assunto, é crucial adotar medidas rigorosas no cuidado de crianças e adolescentes com Diabetes Mellitus, que incluem a promoção de uma alimentação saudável, a recomendação de atividade física regular, a administração de medicamentos e a realização de exames periódicos para manter os níveis de açúcar no sangue em equilíbrio. Essas ações contribuem para o controle da doença e a prevenção de possíveis complicações, permitindo a detecção precoce e um tratamento eficaz. Com o tratamento adequado, a doença pode ser facilmente mantida sob controle.

O projeto tem por foco, portanto, representar sobre conscientizar também a família e a criança sobre a importância de todos os riscos da DM para que ela mesma se sinta motivada a não interromper o tratamento, mantendo-a plenamente informada sobre os benefícios e consequências de tê-lo ou não. O papel de informar as crianças e ajudá-las no tratamento cabe em grande parte aos pais ou responsáveis, uma vez que vivem diariamente com os filhos o nutricionista nesse contexto deve fornecer todo suporte.

Com a necessidade de acelerar o entendimento do acompanhamento nutricional como parte importante no tratamento de crianças com DM, e com a função de prevenir e tratar complicações de curto e longo prazo e comorbidades associadas, de modo que o monitoramento nutricional possa reduzir os níveis de 1 a 2 % nos níveis de hemoglobina glicada. Também será importante selecionar no hábito alimentar dessa criança com os alimentos preferidos e os não preferidos, além da quantidade desses alimentos, número e horário das refeições. Como próxima fase é feita a orientação nutricional, onde serão estabelecidas as metas relacionadas à alimentação.

Portanto, espera-se chamar a atenção para o assunto e reconhecer que a colaboração entre o nutricionista e o paciente com Diabetes Mellitus é um dos fundamentos essenciais para o sucesso na prevenção e tratamento desta patologia, em conjunto com a prática regular de atividade física e o uso adequado de medicamentos.

O objetivo geral analisar e evidenciar de forma abrangente a influência e contribuição significativa do profissional de nutrição na promoção da qualidade de vida de crianças e adolescentes diagnosticadas com Diabetes Mellitus. Os objetivos especifico: analisar os mecanismos fisiopatológicos fundamentais envolvidos na diabetes mellitus, compreendendo os processos metabólicos e hormonais que levam ao desequilíbrio glicêmico; descrever a educação nutricional em Diabetes Mellitus; avaliar, por meio de evidências científicas e estudos de caso, o impacto positivo da atuação do nutricionista na vida de crianças e adolescentes com diabetes mellitus, destacando os benefícios para o controle glicêmico e a melhoria da qualidade de vida.

2    METEDOLOGIA

A pesquisa foi caracterizada como uma revisão de literatura. Onde inclui a leitura de artigos e a seleção de artigos para elaboração de um plano de leitura. De acordo com Koche (2016), a revisão de literatura e de publicações já existentes. Por meio de livros, dissertações monografias, selecionando e interpretando teorias já existes a respeito do tema em questão. A pesquisa realizada em trabalhos existentes facilita o conhecimento das contribuições cientificas sobre o assunto abordado do trabalho.

A base de dados digitais científicas como foram coletados os artigos nacionais, acerca da psicopatia, disponibilizadas no Portal de Periódicos CAPES, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL). A busca de artigos deu-se por meio dos seguintes descritores: Terapia nutricional, Diabetes Mellitus, Criança, adolescentes, Atuação Nutricionista.

Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: artigos disponíveis na integra, artigos em referência a base de dados, e artigos no ano de 2018 e 2023, e estudos retrospectivos publicados em português e inglês, artigos de acordo com o título e descritor. Foram utilizados os seguintes critérios de exclusão: artigos com idiomas diferentes do inglês e português, títulos de artigos que não correspondem aos descritores, texto sem elementos relevantes.

No que concerne ao quantitativo de pesquisa foram quantificados 189 artigos sobre o tema do artigo, utilizando as bases de dados Capes, Scielo, Lilacs e CINAHL. Posteriormente foram excluídos 169 artigos, e onde os mesmos foram excluídos de acordo com parâmetro de exclusão adotados no presente trabalho. Através dos métodos de busca foram identificados 20 trabalhos que atendiam aos critérios de inclusão, onde realizou os cruzamentos com os descritores que desenvolveram os números quantitativos de artigos. De acordo com a figura 1.

Figura 1 – Fluxograma da pesquisa

Fonte: autor, 2023.

3       RESULTADO E DISCUSSÃO

No quadro 1, estão demonstradas as características dos estudos inclusos nesta revisão de literatura, apresentando os seguintes itens: autor, ano de publicação, tema, base de dados e resultados. Dessa forma, foram incluídos: 1 estudo descritivo de abordagem qualitativa, 1 estudo de abordagem qualitativa, 1 estudo de corte transversal, 1 estudo de cunho qualitativo, 1 estudo de cunho qualitativo, 1 estudo quantitativo, transversal e analítico, 1 estudo exploratório e descritivo, 1 pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva e exploratória, 1 Pesquisa de cunho qualitativo de caráter exploratório e 1 Relato de experiencia.

Quadro  1 – Fluxograma da pesquisa.

Autor/AnoTemaMetodologiaResultados
Bertin et al. (2016)Percepções do cotidiano alimentar de crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1Pesquisa de cunho qualitativo de caráter exploratórioEm estudo com crianças e adolescentes (4 meninas e 6 meninos com idade típica de 12 anos, 15 anos), as principais dificuldades associadas à convivência com o DM nesta fase da vida foram: preocupações com a compra de alimentos, inserção de alimentação recomendada, consumo de alimentos em ambiente desconhecido e vivência da família com crianças e adolescentes com DM. Neste contexto, a ciência tem demonstrado que a terapia nutricional é de suma importância na prevenção, tratamento e manejo do DM1, o objetivo é proporcionar um estado nutricional saudável, promover a saúde fisiológica e melhorar a qualidade de vida, sendo todos primordiais na prevenir e tratar complicações, bem como manter a saúde. doenças de longa duração e associadas.
Izzo et al (2013)Diabetes mellitus: experiência de crianças e adolescentes em relação à sua alimentação no ambiente escolarEstudo de cunho qualitativo.Neste estudo foram realizadas 10 meninas e 7 meninos, com idades entre 8 e 17 anos. Todos os sujeitos foram diagnosticados há mais de um ano e estavam matriculados em escolas públicas e privadas da cidade de Guarapuava-PR. Dessa forma, reconheceu-se que crianças e adolescentes necessitam de apoio emocional, pois isso ajudará a manter uma combinação equilibrada de esforços alimentares, sociais e familiares, os quais devem ser consistentes com a progressão do tratamento. Nessa perspectiva, o nutricionista deve e pode participar do tratamento, como profissional capacitado para criar cardápios individualizados que levem em consideração as propriedades típicas e nutricionais da doença, bem como os sentimentos e percepções do paciente. Os programas educacionais sobre nutrição são cruciais para as pessoas com diabetes devido às consequências do mau autocuidado. Estes programas irão ajudá-las a compreender os efeitos de não seguir a dieta recomendada, o que levará a maus resultados.
Vargas et al. (2020)Um olhar psicanalítico sobre crianças e adolescentes com diabetes Mellitus tipo 1 e seus familiaresPesquisa de abordagem qualitativa, descritiva e exploratória,Na investigação com 16 famílias, três crianças, oito adolescentes e 25 familiares, totalizando 36 indivíduos. Nesse contexto, observou-se que os componentes emocionais do cuidado de crianças e adolescentes com DM1 repercutem na sua condição orgânica e na aceitação, adesão e controle da doença, sendo todos considerados na sua qualidade de vida. E explanado que crianças e adolescentes apresentaram dor psicológica aguda associada ao diagnóstico e à hospitalização, essas experiências incluíram sentimento de perda, depressão e falta de segurança. Esta pesquisa contribuiu para a discussão de novos métodos que poderiam ser utilizados para potencializar a produção de cuidados de saúde. A inclusão do profissional de nutrição para realizar os cuidados de saúde nas famílias de crianças e adolescentes com DM1 pode potencializar o contexto do cuidado integral e ter uma melhor qualidade de vida.
Aguiar et al. (2021)A criança com diabetes Mellitus Tipo 1: a vivência do adoecimento.Estudo de abordagem qualitativaNeste estudo participaram cinco crianças diagnosticadas com DM1 por um período mínimo de um ano. Reconheceu-se que durante a experiência do DM1 a criança vivencia diferentes fases em decorrência do seu diagnóstico e múltiplas alterações ocorrem em sua vida. Estas alterações acabam por conduzir a uma alteração significativa do seu mundo, o que a obriga a conviver com limitações, situações e novos hábitos específicos. Todos os dias ela deve passar por diversos obstáculos: tudo o que antes podia fazer e agora não pode fazer, os problemas associados à aplicação de insulina, as barreiras e limitações relacionadas à alimentação, especificamente aos doces, e os problemas associados à falta de controle sobre seu diabetes. Com isso, uma estratégia que pode ser empregada é um programa de educação em diabetes que inclua tanto a criança quanto a organização e a inserção de um nutricionista no programa para melhorar o cuidado prestado a essas crianças. Para tanto, podem ser incorporados a esses programas o uso de palavras simples, jogos, pinturas, desenhos, filmes e leitura. Estas estratégias educativas são eficazes na promoção da expressão das emoções das crianças, contribuindo para a sua aprendizagem, adesão ao tratamento, autoestima e outros.
Rosa et al. (2017);Acompanhamento nutricional por meio da avaliação antropométrica de crianças e adolescentes em uma unidade básica de saúdeEstudo de corte transversal.Esta pesquisa envolveu 68 crianças com DM1, com idade média de 7,1 anos, sendo a maioria do sexo masculino. Com base nos resultados do presente estudo, pode-se deduzir que o consumo de alimentos e a situação socioeconômica estiveram negativamente associados aos resultados de HbA1c, isso sugere que as variáveis ​​possuem associação significativa com o controle da glicemia; o tempo de diagnóstico e a atividade física não têm associação com os resultados de HbA1c; a capacidade das crianças de controlar a glicemia é considerada insuficiente, devido aos valores de HbA1c superior ao esperado para sua faixa etária. Nesse contexto, as recomendações terapêuticas foram feitas pelo nutricionista e foram essenciais para o controle do DM1, essas recomendações foram baseadas na reposição de insulina, na ingestão alimentar e na atividade física, o objetivo era prevenir complicações agudas e crônicas, promover o crescimento e desenvolvimento, e prevenir o desenvolvimento de diabetes.
Freitas e Jardim (2017) Influência de um programa de educação nutricional em diabetes no controle glicêmico e estado nutricional de adolescentes com Diabetes Tipo 1Estudo longitudinalForam selecionados 47 adolescentes com diabetes. Essa metodologia teria proposto que a intervenção fosse realizada em 5 etapas com adolescentes. Na primeira etapa são realizadas medidas antropométricas, a segunda etapa envolve a avaliação do consumo alimentar, a terceira etapa envolve a avaliação da atividade física, a quarta etapa envolve a avaliação do controle da glicemia e a quinta etapa envolve a implementação de iniciativas de educação nutricional para pacientes. Essas avaliações ocorreram após 90, 180 e 270 dias de programas educacionais. O programa dedicado ao diabetes e à educação nutricional, que durou aproximadamente um ano, não obteve sucesso em alterar o controle glicêmico ou o valor nutricional dos participantes. Pôde-se concluir que, as melhoras não foram vistas nesta intervenção, pois não havia inadequações significativas em relação ao estado nutricional e consumo alimentar. Quanto ao controle glicêmico, permaneceu insatisfatório antes e após o processo educativo.
Alves et al. (2016)Relato de experiência da atuação do nutricionista em Residência Multiprofissional em Saúde.Relato de experienciaNeste estudo de relato de experiencia foi explanado que a atuação do profissional de nutrição junto à equipe multidisciplinar foi importante para traçar metas dos programas de saúde para crianças com DM. Sendo fundamental a participação dos responsáveis para adaptar a dieta conforme as condições clínicas observadas em prontuário e os sintomas presentes.
Anjos et al (2022) Educação em saúde no manejo de crianças e adolescentes acometidos com Diabetes Mellitus Tipo 1Estudo descritivo de abordagem qualitativaNa investigação que envolveu 5 crianças e adolescentes, a faixa etária foi de 8 a 16 anos, o gênero era masculino 3 (60%) e feminino 2 (40%); e o fase desde o diagnóstico de diabetes nesses indivíduos foi de 4 a 10 anos. No estudo demonstrou a importância da intervenção do nutricionista na saúde da família para facilitar a adaptação de crianças e adolescentes com DM1 e proteger o seu desenvolvimento, pois isso os ajudará a se tornarem mais independentes e a terem maior grau de autonomia.
Almeida et al. (2023)Conhecimentos dos nutricionistas sobre o manejo do Diabetes mellitus tipo 1 quanto a contagem de macronutrientes e as unidades de insulinaO estudo exploratório e descritivoA atuação do nutricionista no setor saúde é fundamental para o sucesso do tratamento que envolve a comunicação interdisciplinar entre profissionais e pacientes. Os nutricionistas devem comunicar os seus conhecimentos e informações científicas aos pacientes e outros profissionais de saúde e divulgar informações precisas e pertinentes sobre opções alimentares com propriedades saudáveis, macronutrientes, DM1 e a associação entre esta doença e o metabolismo geral e a saúde mental. Essas ações podem facilitar a independência dos pacientes com DM1 e melhorar seu bem-estar psicossocial, todas com o objetivo de prevenir o agravamento da doença.
Ramalho et al. (2022 Fatores clínicos e sociodemográficos associados à qualidade de vida de crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1Estudo quantitativo, transversal e analíticoRecomenda-se o envolvimento do nutricionista nas crianças com diabetes tipo 1 e a implementação de um plano alimentar. Isso porque a contagem de carboidratos (CC) é fundamental para o tratamento desses indivíduos, pois permite determinar com precisão a dosagem de insulina. Hoje, as diretrizes recomendam que a insulina prandial seja baseada na quantidade de carboidratos consumidos durante uma refeição. Essa contagem fornece uma medida objetiva e facilita o cálculo da dose de insulina com base em cada refeição. Isso implica que a orientação nutricional deve levar em consideração as alterações de hábitos e aspectos culturais dessa população em relação ao DM1 e seus familiares, isso é importante porque o nutricionista juntamente com a equipe multidisciplinar, por meio da educação continuada, que envolve o aprendizado do CC método, bem como os princípios da alimentação saudável.

Fonte: autor, 2023.

Segundo Vargas et al. (2020), o DM é uma das doenças crônicas mais comuns na população infantil. O prognóstico clínico está diretamente relacionado ao grau de controle metabólico, que é afetado por múltiplos aspectos dos cuidados de saúde e requer um alto grau de conhecimento que é difícil para as famílias afetadas. Como resultado, o tratamento da diabetes na infância e na adolescência é considerado um desafio físico, mental e emocional significativo. Descobrir a quantidade adequada de glicose para consumir e ao mesmo tempo promover o crescimento, o desenvolvimento e a vida diária são uma tarefa complexa para crianças, adolescentes, seus familiares e profissionais de saúde.

Corroborando Almeida et al. (2023), quanto ao seu tratamento, o objetivo principal é o controle metabólico que diminua as complicações microvasculares que podem reduzir a probabilidade de doenças cardiovasculares. O tratamento do diabetes tipo 1 envolve o uso de insulina, dieta balanceada, uso de medicamentos para diabetes e prática de exercícios. A seleção de substâncias antidiabéticas baseia-se nos seus efeitos na redução das concentrações de glicose e na manutenção de um intervalo normal.

Dentro desta ótica segundo Ramalho (2022), durante consultas periódicas com um nutricionista, é importante avaliar as mudanças nas preferências alimentares, no acesso aos alimentos, no crescimento e desenvolvimento do indivíduo, no ganho de peso e no potencial para transtornos alimentares. A adesão à dieta está ligada ao melhor controle da glicose em crianças e adolescente com diabetes. Feito o diagnóstico, é necessária a realização de amplos programas educativos sobre questões nutricionais, com atualizações, ou seja, conduzidos por nutricionista com experiência em DM1, isso é fundamental para a avaliação das calorias e do valor nutricional dos alimentos em relação aos fatores de risco para doenças cardiovasculares e informações sobre macronutrientes.

Essas premissas apontam Bertin et al. (2016), diante da veracidade exposta é significativa, a importância da educação de crianças e adolescentes sobre nutrição e o foco está na escolha adequada dos alimentos e no seu papel na saúde e no aumento do tratamento. Com base nos pressupostos supracitados, acredita-se que o cuidado integral ao indivíduo com diabetes deva ser iniciado pelos profissionais de saúde em suas práticas de cuidado, pois dela depende a possibilidade de um enfrentamento menos sofrido dessa experiência e do abrir-se para outras formas de viver a vida. Essa ênfase está na necessidade de os profissionais de saúde buscarem constantemente conhecimento para atender o paciente com DM, em especial o nutricionista, deve criar estratégias que estimulem a população a buscar uma alimentação adequada e saborosa, bem como manter e melhorar a saúde, e melhorando a qualidade de vida desses indivíduos.

Na concepção de Izzo et al. (2013), levando em consideração que a alimentação ideal para crianças com diabetes é semelhante à alimentação saudável de outras crianças, seria benéfico redesenhar o cardápio da alimentação também no contexto escolar. É responsabilidade do nutricionista responsável escolher alimentos saudáveis, com valor nutricional, adequados à situação, com foco nas necessidades nutricionais das crianças e adolescentes, e nas doenças crônicas que eles possuem. Com isso, a promoção de comportamentos saudáveis ​​deve ser consistente no ambiente escolar, incluindo alunos e adolescentes, educadores e funcionários, juntamente com a supervisão de profissional capacitado para educação e orientação nutricional.

A respeito das falas apresentadas Aguiar et al. (2021), no que diz respeito à orientação, o nutricionista deve atuar como professor, analisando a forma mais eficaz de colaborar com a criança e sua família e compartilhando informações pertinentes e precisas. A educação em saúde é de grande importância tanto para os profissionais de nutrição e crucial para o controle do diabetes. Contudo, observa-se que determinados nutricionistas têm dificuldade em abordar as crianças durante a sua prática profissional, o que resulta na falta de compreensão, tomada de decisão e ação sobre as suas condições de saúde, todas elas terapêuticas. Neste contexto, é fundamental que o profissional esteja atento à realidade, perspectivas e expectativas de cada cliente, caso contrário não terá ideia de como priorizar as necessidades do cliente e seguir as exigências terapêuticas.

Corroborando com essa ideia Rosa et al. (2017), a educação nutricional faz parte do programa alimentar que promove e adere à terapia nutricional. Através da educação, as pessoas com diabetes podem compreender o valor e o impacto dos alimentos na regulação da homeostase da glicose e na prevenção de consequências tardias. A atividade física regular, juntamente com a insulinoterapia e o planejamento alimentar, têm sido consideradas as três principais abordagens no tratamento do diabetes tipo 1. O exercício regular de indivíduos com DM1 aumenta a densidade dos capilares, aumenta a expressão e translocação do GLUT4 para o plasma da membrana, e aumenta a sensibilidade dos músculos à insulina.

Para Freitas e Jardim (2017), no contexto do nutricionista, a intervenção é composta por três fases: a primeira é necessário para corrigir a cetoacidose para estabilizar o controle metabólico, isso é feito corrigindo a forma como a nutrição é administrada, alterando a dieta e ajustando as doses da insulina, neste momento o paciente e sua família são orientados, a segunda fase é necessária para implementar a administração de insulina, o monitoramento dos níveis de glicose, a identificação de hipoglicemia e o controle das necessidades alimentares e da dose de insulina em conjunto com atividade física e outros fatores. Em última análise, o terceiro e último momento é dedicado à fase de manutenção que dura toda a vida. Esta fase envolve alterações significativas no estilo de vida do adolescente, pois as regras devem ser seguidas à risca, em conflito com os estágios de desenvolvimento da sua personalidade.

Na visão de Alves et al. (2016), atualmente, reconhece-se que a abordagem alimentar e nutricional está a tornar-se mais relevante e está associada à diminuição da prevalência de doenças na população, o que levará a uma diminuição dos gastos do Estado com saúde. Isso indica a notória necessidade de ampliar a formação para o cuidado alimentar e nutricional da população. O potencial do nutricionista participar de múltiplas disciplinas é benéfico. O procedimento de compartilhamento de conhecimentos e detalhes específicos amplia as perspectivas dos profissionais e, em última análise, resulta no objetivo comum de prestar atendimento integral ao paciente.

Em suma, Anjos et al. (2022), o nutricionista realiza uma avaliação abrangente do paciente, levando em consideração fatores como idade, peso, altura, níveis de atividade física, hábitos alimentares, histórico médico e objetivos de controle glicêmico. Isso ajuda a criar um plano nutricional personalizado.

4  CONSIDERAÇÕES FINAIS

No estudo pode-se analisar a atuação do nutricionista no cuidado de crianças e adolescentes com diabetes mellitus é de extrema importância para garantir uma abordagem completa e eficaz no manejo dessa condição crônica. O diabetes requer atenção constante à dieta e ao estilo de vida, e os nutricionistas desempenham um papel crucial nesse processo.

Ao longo deste texto, exploramos como os nutricionistas contribuem para o tratamento da diabetes em crianças e adolescentes, incluindo a avaliação inicial, o desenvolvimento de planos de refeições personalizados, a educação alimentar, o monitoramento dos níveis de glicose e o apoio ao gerenciamento de peso, entre outros aspectos.

Além disso, enfatizamos a importância da colaboração multidisciplinar, onde nutricionistas trabalham em equipe com médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde para garantir um cuidado abrangente e individualizado. O objetivo final dessa atuação é permitir que crianças e adolescentes com diabetes levem uma vida saudável, evitando complicações a longo prazo, mantendo níveis glicêmicos controlados e adotando hábitos alimentares equilibrados.

Conclui-se que os nutricionistas desempenham um papel fundamental na educação, no suporte emocional e no empoderamento dos jovens pacientes e suas famílias, capacitando-os a tomar decisões informadas sobre sua saúde e bem-estar. Assim, a atuação dos nutricionistas na diabetes mellitus em crianças e adolescentes é um componente vital no cuidado integral desses indivíduos, permitindo-lhes viver uma vida plena e saudável, apesar dos desafios impostos pela condição.

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[1] Academicas do curso de Nutriçao da Universidade Nilton Lins.

[2] Professora Mestre do curso de Nutriçao da Universidade Nilton Lins.