DIFERENÇA ENTRE A FITA DE FIBRA DE POLIETILENO E FIBRA DE VIDRO EM RESTAURAÇÕES EXTENSAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8429183


Carliny Oliveira da Silva
Elianete Rocha da Silva
Orientador: Gabriel Catunda


RESUMO

Cavidades extensas levam a uma grande perda da estrutura dentária, causando enfraquecimento e diminuição da resistência a fratura. Materiais biomiméticos têm sido utilizados para reforçar internamente as paredes de grandes cavidades mesio-oclusal-distal (MOD). Esta revisão de literatura tem como objetivo verificar a diferença do uso da fibra de polietileno e fibra de vidro como reforço de restaurações em resina composta em cavidades extensas. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica usando dados de base Pubmed, Scielo, Google acadêmico no período de 2011 a 2023. Foram selecionados artigos relevantes sobre reforço de restaurações extensas com fibra de polietileno e fibra de vidro. Dos artigos avaliados, vinte foram selecionados por cumprirem os critérios de inclusão. Ficou constatado que a diferença entre uma fibra e outra é a forma de colocação dentro da cavidade, e que ambas podem reforçar cavidades extensas.

Palavras-chave: Cavidades extensas, Biomimética, Fibra de vidro, Fibra de polietileno

1. INTRODUÇÃO

Cavidades extensas sofrem uma grande perda de tecidos dentários, diminuindo sua resistência. As cavidades mesio-ocluso-distal (MOD) podem resultar em 63% de perda da rigidez da cúspide, essas cavidades, classe ll, são mais propensas a fraturas devido seu envolvimento da crista marginal e também as tensões horizontais que enfraquecem a parede da cavidade, diminuindo assim sua tenacidade. Com essa perda de estrutura, sua fragilidade pode ser reforçada com materiais utilizados pela odontologia contemporânea de mínima intervenção. (ALBAR, KHAYAT.,2023).

A resina composta é um material bastante utilizado no tratamento restaurador na maioria dos pacientes, pois se adere à estrutura dentária com capacidade de fortalecer e devolver estrutura perdida do dente. No entanto, a contração de polimerização pode ocasionar microinfiltrações, cárie secundária e quebra marginal. Porém quando a resina composta é aplicada de forma isolada em cavidades extensas é altamente debatido. (MANGOUSH et al, 2021)

A biomimética vem se introduzindo cada vez mais no arsenal odontologico, que tem por objetivo desenvolver tecnologias ou qualquer novo material que se assemelhe, ou seja, retirado da própria natureza, desenvolvendo técnicas e materiais biocompatíveis capazes de substituir estruturas perdidas (UPADHYAY et al, 2020)

Esta nova técnica restauradora na odontologia, apresenta-se como uma opção de tratamento, por conservar a estrutura dental, elevar a adesão, diminuir o estresse residual, restituir a integridade estrutural, imitar a biomecânica natural utilizando materiais biomiméticos. Além disso, visa manter o equilíbrio entre o biológico, o mecânico, o adesivo, o funcional e o estético. (PALMA et al, 2021) 

Dentre os materiais de aplicação da biomimética estão os materiais fibrosos, que oferecem vantagens como: translucidez, estética, boa adesão, facilidade de reparos, menor custo e não são corrosivos. Os mais comuns são feitos de fibras finas, constituídas de monômeros polimerizáveis, responsáveis por promover a união entre as fibras e o compósito dentário, sendo de responsabilidade da fibra estabilidade e rigidez. Possuem alternativas de uso direto e em laboratório, as mais utilizadas são as fitas de fibras de vidro (FFV) e fitas de fibra de polietileno (FFP). (PRINSSI et al, 2017)

 As fitas de fibras de polietileno de ultra- alto peso molecular, possibilitam uma grande variedade de caminhos de redistribuição de cargas das forças oclusais sobre uma área mais ampla do compósito restaurador dentário, possuindo um módulo de elasticidade mais alto e o módulo de flexão mais baixo tem um efeito modificador nas tensões interfaciais dentro das paredes das cavidades. (DELIPERI et al, 2017).

As fibras de vidro também são usadas para reforçar os compósitos dentários, apresentam alta resistência a tração, são transparentes, facilitando seu uso na odontologia estética. Podem ser classificadas em seis categorias (A, C, D, E, R e S- vidro), podem ser diferenciadas em suas propriedades químicas e mecânicas, exigindo do cirurgião dentista o conhecimento das limitações e vantagens de cada fibra, para fazer a seleção do tipo   a ser utilizada em cada situação clínica determinada. (MANGOUSH et al 2017). O objetivo da revisão de literatura é verificar a diferença do uso da fita de fibra de polietileno e fibra de vidro como reforço de restaurações em resina composta em cavidades extensas. 

2. REVISÃO DE LITERATURA

A odontologia restauradora vem ganhando distintos materiais com a introdução de fibras em resina composta. Essas fibras têm sido adotadas por apresentarem um aumento no módulo de flexão, resistência à fratura e inibirem a propagação de trincas, possuindo, também, um efeito de reforço, além de diminuir o volume da resina composta dentro da cavidade minimizando o grau de contração de polimerização (AIFADLEYA et al, 2018).

Os tratamentos restauradores contemporâneos com abordagens biomimética, afim de selecionar materiais que substituam a estrutura dentária perdida, preconizam três propriedades de materiais: módulo de elasticidade, resistência a flexão e coeficiente de expansão térmica, sendo também de suma importância, a tenacidade a fratura. (LASSILA et al, 2019). Um dos fatores mais críticos para uma possível fratura é a profundidade do preparo, onde a escolha do método restaurador está relacionada às dimensões e ao preparo das paredes das cavidades, isso porque quanto maior quantidade de dentina, maior a preservação das estruturas anatômicas e tecidos dentários. (FOSTER et al, 2017)

Aleman et al (2017) orientam que para grandes restaurações é necessária a introdução de fibras tecidas para diminuir a tensão no interior da cavidade, pois esse material permite que o compósito se movimente em direções diferentes. Ainda há uma conexão da rede polimérica, mas a camada híbrida não é tensionada.

2.1 Fitas De Fibras De Polietileno – FFP

As fitas de fibras de polietileno caracterizam-se por uma marcação entrelaçada, o que auxilia na manutenção da integridade do tecido. Isso permite que as tensões na massa do material sejam transferidas de forma mais eficaz devido aos caminhos de carga bem definidos de uma área para outra (JAKAB et al, 2022). O Ribbond (THM, Seatle, WA, EUA) é uma fita de polietileno de ultra alto peso molecular (UHMWPE), de tecido entrelaçado tratado com plasma, possui uma orientação multidirecional contínua. Além disso é uma fibra não impregnada que apresenta módulo de elasticidade, alta resistência a tração e tenacidade a fratura (ALFADLEYA et al, 2018).

Além disso, essas fitas reforçam as tenções mastigatórias em restaurações extensas de resina composta como também aumenta a resistência a fraturas. Elas são biocompatíveis, maleáveis e não interferem na cor da resina composta a que for associada, sendo altamente estética (PALMA et al, 2017).

Quando as forças da mastigação atuam no dente, existe uma força lateral nas paredes das cavidades causando força de tração ao assoalho pulpar, podendo resultar na iniciação de trincas dentro da cavidade. A fita de fibra de polietileno, vem sendo usada em várias restaurações diretas, a mesma tem vários propósitos como: formar uma camada de absorção de tensões, mudar a direção de possíveis rachaduras e fraturas, isso resulta em um aumento na resistência. Existem alguns modos de colocação dessas fitas, podendo ser alocadas na forma de uma tala oclusal ou papel de parede nas paredes ausentes, diminuindo a possibilidade de falhas devido ao redirecionamento das tensões (VELMURUGAN et al, 2020).

 O uso de FFP sob restauração de resina composta do tipo Flow é indicado para casos como forramento junto a cavidades MOD para maior resistência a fratura, pelo fato da resina ser mais fluida, flexível e com maior grau de contração de polimerização. Assim, atua como um material de substituição de dentina que absorve tensões, podendo ser aplicados de várias formas, pois modificam as tensões em interface de dentina-material restaurador e aumentam a resistência a fraturas do dente. (BAHARI et al, 2019).

 Autores relatam que a impregnação manual do Ribbond pode resultar em falha prematura da restauração, devido à má absorção do adesivo na fibra criando espaços vazios entre a matriz (ALFADLEYA et al, 2018). Isso porque são colocadas em sulcos preparados, podendo ocasionar em uma inadequada adesão entre a matriz polimérica e a fibra de polietileno. (MANGOUSH et al, 2021).

2.2 Fitas De Fibras de vidro – FV

A fibra de vidro tem sido bastante utilizada para reforçar polímeros odontológicos, por possuírem propriedades como translucidez, boa aderência, não são corrosivos e apresentam facilidade de reparos (FONSECA et al, 2011). A aplicação da fibra como reforço está na dependência de alguns fatores que inclui a resina utilizada, comprimento, orientação, adesão e a infiltração da fibra na resina. (VALLITTU et al, 2017). É necessário que as tensões da matriz polimérica sejam transferidas para as fibras, isto é alcançado através da adesão eficaz entre a fibra e o compósito. (GAROUSHI et al, 2017).

Restaurações extensas de elementos dentários têm sido reforçadas com fibras de vidro (uni e bidirecionais), na forma de uma fina camada, como também um novo compósito reforçado com fibra curta orientada aleatoriamente. Acredita-se que alguns princípios influenciam as propriedades dos compósitos reforçados com fibra, esses englobam localização das fibras dentro da cavidade, orientação e fração de volume da fibra. (ROCCA et al, 2015) 

As fibras contínuas (uni e bidirecionais) demonstram uma capacidade de resistência a fraturas e interrompem a propagação de trincas. Quando usadas como subestrutura de resina composta, melhoram a microinfiltração e integridade marginal das restaurações. O everStick Net (GC Europa, Leuven, Bélgica) é um exemplo de vidro E contínuo, pré-impregnado e semi-interpenetrante. (MANGOUSH et al, 2021). As estruturas semi-interpenetrantes possuem uma ligação direta com o compósito, devido uma camada que é inibida por oxigênio pegajoso em sua superfície externa, eliminando a necessidade de retenção mecânica (ALFADLEYA et al, 2018).

As fibras de vidro curtas também têm sido bastante utilizadas em restaurações extensas em áreas de grande estresse, para reforçar e absorver as tensões da dentina, imitando suas propriedades. Essas fibras fornecem um reforço tridimensional contendo cargas inorgânicas, fibras de vidro curtas e de orientação aleatória, o everX Posterior (GC Corporation, Tóquio, Japão) é um exemplo dessa fibra. (MANGOUSH et al, 2021). Esse material possui uma tenacidade melhorada para compósitos em resina, devido sua matriz polimérica semi-interpenetrante que fornece boa propriedade de ligação. (LASSILA et al, 2016). Quando coberta por um compósito universal o grau de tenacidade equivale a dentina. (AYDIN et al, 2015).

3. MATERIAL E MÉTODOS 

O presente trabalho incidiu em uma revisão descritiva, em que foi realizada uma busca de artigos relevantes para restaurações extensas reforçadas com fibra. A pesquisa buscou, como critérios de inclusão, artigos que cumprissem os requisitos temporais de 2011 a 2023, pesquisados através das bases de dados Pubmed, Lilacs, Scielo. Além de utilizar os seguintes termos: Compósito reforçado com fibra, abordagem biomimética, fibra de vidro, fibra de polietileno. Como exclusão, artigos repetidos, outros fora do recorte temporal e os que não correspondiam à temática abordada. Entre os vários artigos pesquisados, dezenove foram selecionados para a revisão, sendo dezoito em inglês e um em português.

4. RESULTADOS

AutorTitulo do artigoObjetivoconclusão
ALBAR, ; KHAYAT (Polímeros, 2023, 15, 1358. https://doi.org/10.3390/polym15061358 Carga de fratura de restaurações compostas mésio-ocluso-distais Realizado com Diferentes Técnicas de Reforço: um estudo in vitroo avaliar a carga máxima de fratura de restaurações diretas mésio-ocluso-distal de resina composta (restauradas com diferentes técnicas de reforço) em comparação com dentes restaurados convencionalmenteDentro das limitações do presente estudo, pode-se concluir que uma maior resistência à carga máxima pode ser alcançada (estatisticamente significativa) ao reforçar restaurações MOD de resina composta nanohíbrida com everX Posterior.
ALFADLEYA et alJ Mech Behav Biomed Mater. 2018 Elsevier Ltd. https://doi.org/10.1016/j.jmbbm.2018.03.030.Resistência à fratura ex vivo de dentes restaurados com resina composta reforçada com vidro e fibracomparar a resistência à fratura ex vivo de dentes tratados com canal radicular (RCT) restaurados com quatro diferentes tipos de fibras sob resina composta.As fibras de vidro E demonstraram maior resistência à fratura e, portanto, podem ser preferidas a outros tipos de fibra para reforçar dentes RCT com estruturas coronárias enfraquecidas.
ALLEMAN, D.; NEJAD, M. A.; ALLEMAN, C. D. SInside Dentistry, v. 13, n. 6, 2017The Protocols of Biomimetic Restorative Dentistry: 2002 to 2017aumentar a longevidade dos tratamentos dentários restauradores e reduzir ou eliminar futuros ciclos de retratamento.Ao realizar uma restauração biomimética é fundamental visualizar o cumprimento dos protocolos. A ampliação na faixa de 5X a 8X é altamente recomendada ao realizar uma restauração biomimética.
ALLEMAN, D. et alJornal do Comportamento Mecânico de Materiais Biomédicos 98 (2019) 348–356. https://doi.org/10.1016/j.jmbbm.2019.07.006Comportamento da fratura de restaurações MOD reforçadas por várias técnicas reforçadas com fibras – Um estudo in vitroavaliar a resistência à fratura de várias técnicas de restauração direta utilizando diferentes materiais reforçados com fibra para restauração de classe II profunda. Cavidades MOD em dentes molaresA incorporação de polietileno ou uma combinação de fibras de vidro curtas e bidirecionais em certas posições em restaurações diretas parece ser capaz de restaurar a resistência à fratura de dentes molares hígidos
BAHARI, M. et alOdontopediatria e Clinica Integrada, v. 19, n. 1, p. 1–10, 2019Efeito de diferentes estratégias de reforço de fibras na resistência à fratura de pré-molares restaurados com resina composta tratada endodonticamenteComparar o efeito de três diferentes estratégias de reforço de fibras na resistência à fratura de pré-molares tratados endodonticamente restaurados com resina compostaA inserção da fibra não teve efeito de reforço adicional na resistência à fratura após a restauração de resina composta.
DELIPERI; ALLEMAN; RUDOOdontologia Operatória, 2017, 42-3, 233-243Compósitos diretos com redução de estresse para a restauração de estruturas em dentes comprometidos: fibra Projeto De acordo com o Dentes comprometidos: fibra Projeto de acordo com o Técnica de “papel de parede”apresentar uma técnica de restauração baseada no entendimento das propriedades biomecânicas do complexo dentino-esmalte (DEC) e nas propriedades físico-mecânicas do compósito à base de resina, incluindo o gerador de estresse tanto da contração de polimerização quanto das forças oclusaisUsando uma abordagem semelhante, restaurações diretas de resina composta com redução de estresse reforçadas com fibras podem ser realizadas na restauração de dentes vitais e não vitais estruturalmente comprometidos
FONSECA et alCient Ciênc Biol Saúde 2011;13(4):271-8Próteses Reforçadascontribuir para o conhecimento científico dos cirurgiões dentistas por meio de uma revisão bibliográfica sobre os diversos tipos de reforços para próteses enfatizando suas implicações clínicas, propriedades mecânicas, biocompatibilidade e estética.os reforços são validos na tentativa de melhorar as propriedades e longevidade das próteses provisórias. Cada material apresenta suas características individuais, necessitando do conhecimento das propriedades mecânicas dos mesmos pelo cirurgião dentista, para que se obtenha a melhor eficiência no reforço de próteses
FOSTER et alJournal of Prosthodontics 0 (2018) 1–7 C 2018 pelo American College of ProsthodontistsResistência à fratura in vitro de molares restaurados com adesivo Dentes com diferentes dimensões de cavidade MODO preparo da cavidade Molar MOD (mesial-oclusal-distal) enfraquece rigidez da cúspide em até 63%, muitas vezes resultando em fratura da cúspideDentro das limitações desta investigação, as seguintes conclusões Dentro das limitações desta investigação, as seguintes conclusões ser restaurada à resistência fisiológica à fratura com restaurações diretas de compósito;
GAROUSHI et alRevista de Materiais Dentários 2017; https://doi:10.4012/dmj.2017-078 JOI JST.JSTAGE/dmj/2017-078Propriedades físico-químicas de resina composta descontínua reforçada com fibra de vidro S2investigar diversas propriedades físico-químicas de uma resina composta experimental descontínua reforçada com fibra de vidro S2A utilização de cargas descontínuas de fibra de vidro com matriz polimérica e cargas particuladas produziu propriedades físicas melhoradas e uma melhoria substancial foi associada à utilização de fibra de vidro S2
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VALLITTU et alJ Invest Clin Dent. 2018Restaurações compostas reforçadas com fibras curtas: uma revisão da literatura atualApresentar uma visão geral do SFRC e dar ao médico uma compreensão detalhada deste novo material e estratégia de tratamento com base na revisão da literatura disponívela técnica de restauração biomimética do uso do CRFA mostrou características promissoras e, portanto, pode ser recomendado do uso do CRFA mostrou características promissoras e, portanto, pode ser recomendado
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5. DISCUSSÃO

Foster et al (2017) declaram que a deformação da cúspide gera um aumento das dimensões, pois quanto maior for o tamanho de uma restauração maior a tensão gerada na estrutura dentária, isso faz com que o preparo e a profundidade se tornem um dos fatores mais críticos para causar estresse no dente. Sendo assim, Palma et al (2021) e Bahari et al (2019) dizem que em vários estudos confirmaram a eficácia da fibra de polietileno em cavidades extensas em combinação com a resina composta, a mesma tem capacidade de inibir a tensão dentro da restauração, assim como aumentar a resistência à fratura.

Alleman et al (2017) asseveram que as fibras de reforço tecidas, quando colocadas no assoalho de grandes restaurações, diminuem o estresse dentro da cavidade, além de permitir a movimentação do compósito em direções diferentes. Em concordância, Prinssi et al (2017) salientam que foi avaliado a contração de polimerização e a microinfiltração, onde foi introduzido uma camada de fibra polietileno (Ribbond) e vidro (everStick net) para diminuir o estresse dentro da cavidade, e constataram que não houve diferença significativa de contração de polimerização entre elas. Já vallitu et al (2018) abordam que a contração de polimerização da rezina reforçada com fibra é uma limitação, podendo haver formação de lacunas e cáries secundárias.

Aydin et al (2015) relataram que o EverX posterior é bem mais prático em relação à fita de polietileno, pois se trata de um compósito reforçado com fibra curta de orientação aleatória, que tem um reforço melhor do que os outros materiais. Já a polietileno, devido sua colocação manual, pode ocasionar situações indesejáveis por seguir várias etapas, exigindo habilidade técnica do operador. Em concordância envolvendo a Ribbond, Alfadleya et al (2018) e Mangoush et al (2021) afirmam que por ser uma fita não impregnada ocorre a má absorção do adesivo na fibra, podendo haver espaços vazios entre a matriz, ao contrário das fibras de vidro pré-impregnadas. 

Deliperi, Alleman e Rudo (2017) explanam que o Ribbond oferece um efeito modificador dentro da cavidade, controlando a tensão de contração de polimerização devido uma maior distribuição das tensões, por fornecer vários caminhos de cargas em uma maior região. Em contraste, Prinssi et al (2017) salientam que a fibra de vidro obteve um efeito fortalecedor bem maior que a Polietileno, afirmaram que essa diferença se deu pela assimetria na arquitetura e orientação das fibras.  Segundo Albar, Khayat (2023), o EverX Posterior fornece uma ligação melhor e otimizam a tenacidade do compósito, melhorando a capacidade de suporte de carga da restauração, atuando como um substituto de dentina.

Jakab et al (2022) enfatizam que fibras contínuas uni, bidirecionais e tecidas, demonstram um efeito fortalecedor maior que as fibras curtas de orientação aleatória, isso porque atuam como uma tala interna dentro da cavidade. Corroborando, Albar e Khayat (2023) dizem que o ponto fixo que as fibras com fita possuem é que  transportam as forças por intermédio do tecido fibroso, sem espalhar a tensão no compósito, além disso, quando confeccionadas em paredes opostas, atuam como uma tala interna, absorvendo e neutralizando a tensão, impedindo formação de rachaduras e promovendo a resistência à fratura.

Alleman et al (2019) esclarecem que fibras bidirecionais pré-impregnadas reforçam a estrutura do elemento dentário em duas direções, fazendo com que as tensões sejam distribuídas uniformemente e aumentando a tenacidade da restauração, evitando assim fissuras e trincas. Sua eficácia pode variar de acordo com sua posição dentro da restauração, comparada as fitas de polietileno. Em contraposição, Rocca et al (2015) concluíram que fibras bidirecionais ou curtas aleatórias colocadas dentro de cavidades extensas, não obtiveram um resultado satisfatório com relação ao suporte de carga, foi parcialmente observado um efeito protetor destas fibras, mas não o suficiente para evitar uma fratura vertical.

Lassila et al (2016) confirmam que para uma fibra atuar como reforço eficaz, a transferência de tensão da matriz polimérica é essencial, e que o módulo de flexão caracteriza a capacidade de suportar mudanças permanentes sob tensão de um material semelhante ou idêntico ao módulo da dentina, o que permitirá uma distribuição uniforme das tensões na interface dentina-compósito. De acordo com esta afirmação, Garoush et al (2017) relatam que as fibras de vidro curtas são eficazes na prevenção da propagação de fissuras, e para que atuem de um modo eficaz a transferência de tensão da matriz polimérica para a mesma é essencial, isto se alcança através de uma boa adesão interfacial.

Lassila et al (2019) explicam que a tenacidade a fratura é importante. Pois essa propriedade influencia no comportamento a fratura de restaurações em resina. Restaurações reforçadas com fibras curtas para suprir a dentina com a tenacidade próximo  a ela, imitam um comportamento mais natural. Velmurugan et (2020) asseguram que o EverX Posterior, além de imitar o mecanismo de endurecimento natural da dentina, também melhora a biomecânica dos elementos comprometidos e que a resistência a fratura também é maior em contraste com a polietileno.

6. CONCLUSÃO

Portanto, a biomimética substitui propriedades perdidas dos elementos dentários. As fitas de fibra de polietileno e fitas de fibra de vidro trabalham como um reforço em restaurações extensas de resina composta, impedindo assim, propagação de fraturas e trincas do elemento, além de devolver função e estética para o remanescente dentário. Para se ter um sucesso na aplicação de ambas, precisa-se ter atenção em alguns fatores como: comprimento, orientação, adesão. Fatores esses, que se forem respeitados e seguidos corretamente, a restauração possuirá uma longevidade muito maior. Além disso, foi observado que a diferença entre a fibra de vidro e fibra de polietileno se deu na aplicação de cada uma dentro da cavidade. O ribbond é uma   fibra em forma de fita aplicada de forma manual podendo haver falha na restauração e o everx posterior é um compósito que já apresenta fibra de vidro curta de orientação aleatória, no entanto ambas podem reforçar cavidades extensas.

7. AGRADECIMENTOS

(Elianete) Agradeço a Deus pelo seu sustento todos os dias ao longo desta jornada, ao meu esposo que sempre esteve ao meu lado, aos meus filhos pela compreensão nas horas de ausência, ao meu pai pelo apoio e incentivo.

( Carliny) Agradeço a Deus por ter me sustentado ate aqui, a toda minha família por todo apoio durante essa longa jornada, em especial a minha mãe e meu pai que foram muito importante para realização desse grande sonho.

REFERÊNCIAS

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