MISSÃO DADA, MISSÃO A SER CUMPRIDA: A APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE ÉTICA ODONTOLÓGICO NA FORMAÇÃO ACADÊMICA

MISSION GIVEN, MISSION TO BE ACCOMPLISHED: THE APPLICABILITY OF THE DENTAL CODE OF ETHICS IN ACADEMIC EDUCATION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8404155


Osvaldo Augusto de Oliveira1, Michelle de Sales Melo Araújo2, Daniele Simone Dantas da Silva3, Maria Fernanda Borro Bijella4, Chimene Kuhn Nobre5, Rogério Batista Costa6


RESUMO

A delimitação do tema se concentra especificamente na ética profissional relacionada à odontologia, abrangendo os princípios éticos que os profissionais dessa área devem seguir em sua prática diária. A ética odontológica é um conjunto de normas e valores que orientam a conduta ética dos dentistas, visando assegurar a integridade, confiança e bem-estar dos pacientes. O objetivo geral desta revisão de literatura é analisar a importância do código de ética em odontologia, examinando seu impacto na prática clínica e na relação profissional-paciente. Os procedimentos metodológicos utilizados para esta revisão de literatura sobre a importância do código de ética em odontologia foram baseados em uma pesquisa bibliográfica. Foram selecionados artigos publicados nos últimos cinco anos, com o intuito de obter informações atualizadas e relevantes sobre o tema. Para isso, foram consultadas bases de dados renomadas, como Lilacs, Periódicos Capes e Scielo. Concluiu-se que é essencial que os dentistas compreendam a importância do código de ética em sua prática diária, sendo conscientes de suas responsabilidades éticas e comprometendo-se com o respeito aos pacientes, à privacidade, à autonomia e à busca contínua pela excelência profissional. Ao fazê-lo, contribuem para a construção de uma odontologia ética, responsável e de qualidade, que beneficia não apenas os pacientes, mas toda a sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Código de ética. Odontologia. Diretrizes.

ABSTRACT

The delimitation of the topic focuses specifically on professional ethics related to odontology, covering the ethical principles that professionals in this area must follow in their daily practice. Dental ethics is a set of standards and values that guide the ethical conduct of dentists, aiming to ensure the integrity, trust and well-being of patients. The general objective of this literature review is to analyze the importance of the code of ethics in odontology, examining its impact on clinical practice and the professional-patient relationship. The methodological procedures used for this literature review on the importance of the code of ethics in odontology were based on a bibliographical research. Articles published in the last five years were selected, with the aim of obtaining updated and relevant information on the topic. To do this, renowned databases were consulted, such as Lilacs, Periódicos Capes and Scielo. It was concluded that it is essential that dentists understand the importance of the code of ethics in their daily practice, being aware of their ethical responsibilities and committing to respect for patients, privacy, autonomy and the continuous search for professional excellence. In doing so, they contribute to the construction of ethical, responsible and quality odontology, which benefits not only patients, but society as a whole.

KEYWORDS: Code of ethics. Odontology. Guidelines.

INTRODUÇÃO

A importância do código de ética em odontologia é um tema amplamente discutido e relevante dentro da área da saúde. Nesta revisão de literatura, buscamos explorar o papel crucial que o código de ética desempenha na prática odontológica, analisando sua aplicação, alcance e impacto (SANTOS, 2020).

A delimitação do tema se concentra especificamente na ética profissional relacionada à odontologia, abrangendo os princípios éticos que os profissionais dessa área devem seguir em sua prática diária. A ética odontológica é um conjunto de normas e valores que orientam a conduta ética dos dentistas, visando assegurar a integridade, confiança e bem-estar dos pacientes (FONTENELE et al., 2021).

A justificativa para esta revisão de literatura reside na importância de se compreender como o código de ética em odontologia influencia as decisões clínicas, a relação profissional-paciente e a qualidade do atendimento odontológico. Além disso, a ética desempenha um papel fundamental no fortalecimento da imagem e reputação dos profissionais e da profissão como um todo (MOTTA et al., 2019).

A problemática que envolve a ética em odontologia está relacionada à necessidade de garantir práticas profissionais íntegras e responsáveis, evitando comportamentos antiéticos que possam comprometer a segurança e a confiança dos pacientes (BATISTA; DE CAMARGO, 2019). A falta de familiaridade ou o descumprimento do código de ética pode levar a consequências negativas, tanto para os profissionais quanto para os pacientes.

Diante dessa problemática, a pergunta problema que norteia esta revisão de literatura é: “Como o código de ética em odontologia impacta a prática clínica e a relação profissional-paciente?”

Com base nessa pergunta, algumas hipóteses podem ser levantadas, tais como: o cumprimento rigoroso do código de ética pelos profissionais odontológicos contribui para a segurança e o bem-estar dos pacientes; a adesão aos princípios éticos fortalece a confiança entre o dentista e o paciente; a falta de conhecimento ou o não cumprimento do código de ética pode levar a consequências legais e éticas para os profissionais.

O objetivo geral desta revisão de literatura é analisar a importância do código de ética em odontologia, examinando seu impacto na prática clínica e na relação profissional-paciente. Para alcançar esse objetivo, foram definidos três objetivos específicos: Investigar os princípios e diretrizes contidos no código de ética em odontologia, avaliar o impacto do cumprimento ou descumprimento do código de ética na segurança e bem-estar dos pacientes e analisar como a ética odontológica influencia a relação de confiança entre o dentista e o paciente.

MATERIAL E MÉTODO

Os procedimentos metodológicos utilizados para esta revisão de literatura sobre a importância do código de ética em odontologia foram baseados em uma pesquisa bibliográfica. Foram selecionados artigos publicados nos últimos cinco anos, com o intuito de obter informações atualizadas e relevantes sobre o tema. Para isso, foram consultadas bases de dados renomadas, como Lilacs, Periódicos Capes e Scielo. As buscas foram feitas pelas palavras-chave: Código de ética. Odontologia. Diretrizes.

Dois critérios de inclusão foram estabelecidos para a seleção dos artigos. Primeiro, os estudos deveriam abordar diretamente o tema da ética em odontologia e seu código de conduta. Segundo, os artigos deveriam ter sido publicados nos últimos cinco anos (2018 – 2023), garantindo assim a atualidade das informações.

Por outro lado, dois critérios de exclusão foram aplicados para eliminar estudos que não atendiam aos objetivos desta revisão de literatura. Primeiramente, foram excluídos artigos que não estavam disponíveis na íntegra, já que a análise completa do conteúdo era essencial para esta revisão. Além disso, estudos que não estavam escritos em português, inglês ou espanhol foram excluídos, para garantir a compreensão adequada e a análise precisa dos resultados.

Após a aplicação desses critérios de inclusão e exclusão, os artigos selecionados foram submetidos a uma análise crítica. Os dados relevantes foram extraídos dos estudos selecionados e agrupados de acordo com os objetivos específicos estabelecidos nesta revisão de literatura. A partir daí, foram feitas sínteses e comparações dos resultados encontrados, a fim de obter uma visão abrangente sobre a importância do código de ética em odontologia e seu impacto na prática clínica e na relação profissional-paciente.

Por fim, os principais achados e conclusões foram apresentados neste trabalho, oferecendo uma análise crítica e atualizada sobre o tema. Essa revisão de literatura proporcionou insights valiosos e embasamento teórico sólido para compreender a importância do código de ética em odontologia e sua relevância na prática profissional.

PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO CÓDIGO DE ÉTICA EM ODONTOLOGIA

O código de ética em odontologia é um conjunto de princípios e diretrizes que orienta a conduta dos profissionais dessa área, buscando assegurar a prática clínica ética, a integridade profissional e a proteção dos interesses dos pacientes. Esses princípios e diretrizes são fundamentais para garantir um atendimento odontológico de qualidade, baseado em valores éticos e morais (SANTOS, 2020).

Um dos princípios essenciais do código de ética em odontologia é o respeito à autonomia do paciente. Isso significa que o dentista deve respeitar as decisões informadas do paciente em relação ao seu tratamento, levando em consideração sua autonomia e capacidade de tomar decisões sobre sua saúde bucal. Essa diretriz ética destaca a importância do diálogo e do consentimento informado, permitindo que o paciente participe ativamente das decisões relacionadas ao seu tratamento odontológico (PEREIRA et al., 2019).

Além disso, a beneficência e a não maleficência são princípios fundamentais que norteiam a conduta ética em odontologia. A beneficência refere-se ao dever do dentista de agir no melhor interesse do paciente, buscando promover sua saúde bucal e bem-estar. Já a não maleficência estabelece que o profissional deve evitar causar danos ao paciente, evitando práticas inadequadas, tratamentos desnecessários ou negligentes (ALVARADO et al., 2019).

A justiça é outro princípio essencial presente no código de ética em odontologia. Esse princípio diz respeito à igualdade de tratamento, sem discriminação de raça, religião, gênero, condição socioeconômica ou qualquer outra forma de discriminação. O dentista deve tratar todos os pacientes de forma justa e imparcial, assegurando que cada indivíduo receba um atendimento adequado, independente de suas características pessoais (SOUZA; AVENDANO; GOMES, 2021).

A honestidade é um valor ético fundamental para a prática odontológica. Os profissionais devem ser honestos e transparentes em sua comunicação com os pacientes, fornecendo informações precisas e claras sobre o diagnóstico, opções de tratamento, riscos e benefícios envolvidos. A honestidade é essencial para construir uma relação de confiança com o paciente, promovendo uma comunicação aberta e honesta (MELO; ZIMMERMANN; ZIMMERMANN, 2021).

Além desses princípios, o código de ética em odontologia pode abordar diretrizes específicas relacionadas a questões como sigilo profissional, responsabilidade social, relação com colegas de profissão e promoção da saúde bucal na comunidade. Essas diretrizes adicionais são importantes para orientar a conduta ética dos profissionais em diferentes contextos e situações (FONTENELE et al., 2021).

RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL

A responsabilidade profissional é um tema de extrema importância quando se trata da prática odontológica. Os profissionais dessa área têm a responsabilidade de zelar pelo bem-estar e pela segurança dos pacientes, colocando em prática os princípios éticos e morais estabelecidos no código de ética em odontologia. Essa responsabilidade abrange diversas dimensões, desde a conduta clínica até a relação estabelecida com os pacientes (SANTOS, 2020).

Em primeiro lugar, a responsabilidade profissional envolve a aplicação adequada dos conhecimentos e habilidades técnicas adquiridos ao longo da formação acadêmica. Os dentistas devem manter-se atualizados sobre as práticas mais recentes e seguir os protocolos adequados para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes. A responsabilidade clínica implica em oferecer cuidados de qualidade, com base em evidências científicas e respeitando os princípios éticos e morais (ALVES; FLORES, 2022).

Além disso, os profissionais odontológicos são responsáveis por manter a confidencialidade e o sigilo das informações dos pacientes. Essa responsabilidade está ligada à ética profissional e à proteção da privacidade dos indivíduos. Os dentistas devem respeitar o direito do paciente à privacidade, não divulgando informações pessoais ou médicas sem o devido consentimento (ALVARADO et al., 2019).

Segundo Da Silva (2019), a responsabilidade profissional também abrange a relação estabelecida com os pacientes. Os dentistas devem agir com empatia, respeito e honestidade, estabelecendo uma comunicação clara e transparente. É fundamental que os pacientes se sintam ouvidos, compreendidos e envolvidos nas decisões relacionadas ao seu tratamento odontológico. Os profissionais têm a responsabilidade de fornecer informações precisas, explicar os procedimentos de forma acessível e responder a todas as dúvidas e preocupações dos pacientes.

Para Carlos (2020), a responsabilidade profissional não se limita apenas ao cuidado individual de cada paciente, mas também se estende à responsabilidade social. Os dentistas têm a responsabilidade de promover a saúde bucal na comunidade, por meio de ações de educação, prevenção e promoção da saúde. Essas ações visam melhorar a qualidade de vida das pessoas, conscientizando sobre a importância da saúde bucal e proporcionando acesso a tratamentos odontológicos.

É importante ressaltar que a responsabilidade profissional não é apenas uma obrigação legal, mas também um compromisso moral e ético. Os profissionais odontológicos devem assumir a responsabilidade por suas ações, buscando constantemente aprimorar seus conhecimentos e habilidades, adotar práticas baseadas em evidências e agir de acordo com os princípios éticos estabelecidos (LEMOS, 2021).

RELAÇÃO PROFISSIONAL-PACIENTE

De Lira (2021), a relação profissional-paciente é um elemento essencial na prática odontológica, sendo caracterizada pela interação entre o dentista e o paciente durante todo o processo de atendimento. Essa relação é baseada em princípios éticos, respeito mútuo e confiança, e desempenha um papel fundamental no alcance de resultados eficazes e na satisfação do paciente.

Uma relação saudável e ética entre o profissional e o paciente começa desde o primeiro contato, seja por meio de uma consulta inicial ou uma conversa prévia. É importante que o dentista seja acolhedor, empático e demonstre interesse genuíno pelo bem-estar do paciente. Isso ajuda a estabelecer uma base sólida de confiança e cria um ambiente propício para uma comunicação aberta e transparente (PECLAT, 2020).

Durante a consulta, o dentista deve dedicar tempo para ouvir as preocupações, queixas e expectativas do paciente. É fundamental que o profissional seja atento e sensível às necessidades individuais, garantindo que o paciente se sinta confortável e seguro. A empatia desempenha um papel importante nesse processo, permitindo que o dentista compreenda as emoções e experiências do paciente, além de ajudar a construir uma relação de confiança e parceria (VENERA, 2022).

A comunicação efetiva é um componente crucial da relação profissional-paciente. O dentista deve explicar de forma clara e acessível o diagnóstico, os procedimentos e as opções de tratamento disponíveis. É importante que o paciente compreenda plenamente as informações fornecidas, incluindo os riscos e benefícios associados a cada opção. A comunicação deve ser bidirecional, permitindo que o paciente faça perguntas, esclareça dúvidas e participe ativamente das decisões relacionadas ao seu tratamento (CARLOS ERAZO, 2020).

A relação profissional-paciente também implica no respeito à autonomia do paciente. O dentista deve reconhecer e respeitar as preferências individuais do paciente, levando em consideração suas necessidades, valores e capacidade de tomar decisões informadas. É importante que o profissional forneça todas as informações relevantes para que o paciente possa fazer escolhas conscientes sobre seu tratamento, sempre considerando o princípio da beneficência e não maleficência (MELO; ZIMMERMANN; ZIMMERMANN, 2021).

A confidencialidade é outro aspecto fundamental da relação profissional-paciente. O dentista deve garantir a privacidade das informações pessoais e médicas do paciente, cumprindo as leis e regulamentos de proteção de dados. O respeito à confidencialidade fortalece a confiança do paciente e contribui para um ambiente seguro e acolhedor (MOTTA et al., 2019).

Em casos de insatisfação ou eventuais problemas durante o tratamento, é importante que o dentista esteja aberto ao feedback do paciente e busque soluções adequadas. A resolução de conflitos de forma ética e respeitosa é essencial para manter a relação profissional-paciente saudável e preservar a confiança mútua (FONTENELE et al., 2021).

PRÁTICAS ANTIÉTICAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

As práticas antiéticas são comportamentos que contrariam os princípios morais e éticos estabelecidos em diversas áreas, inclusive na odontologia. Essas condutas impróprias podem ter consequências sérias e prejudiciais tanto para os pacientes quanto para os profissionais envolvidos. Neste texto, discutiremos algumas práticas antiéticas comuns e suas consequências (SANTOS, 2020).

Uma das práticas antiéticas mais frequentes é a realização de tratamentos desnecessários. Isso ocorre quando um profissional indica procedimentos odontológicos que não são clinicamente justificados, visando principalmente ao lucro financeiro. As consequências para os pacientes são variadas e vão desde despesas desnecessárias até danos físicos e psicológicos. Além disso, essa conduta prejudica a credibilidade e a confiança na profissão odontológica como um todo (PEREIRA et al., 2019).

Outra prática antiética é a falta de informação adequada aos pacientes. Quando os dentistas não fornecem explicações claras sobre o diagnóstico, opções de tratamento, riscos e benefícios envolvidos, estão violando a capacidade do paciente de tomar decisões informadas sobre sua saúde bucal. Essa falta de informação pode levar a escolhas inadequadas, a complicações evitáveis e a uma percepção negativa da odontologia por parte dos pacientes (MELO; ZIMMERMANN; ZIMMERMANN, 2021).

A violação da privacidade e confidencialidade é uma prática antiética grave e com consequências sérias. Quando profissionais compartilham informações pessoais ou médicas dos pacientes sem o devido consentimento, ocorre uma quebra de confiança significativa. Isso pode resultar em danos emocionais, constrangimento e até mesmo em processos legais. O respeito à privacidade e à confidencialidade é essencial para manter uma relação ética e de confiança entre dentistas e pacientes (ALVARADO et al., 2019).

O desrespeito à autonomia do paciente também é uma prática antiética preocupante. Isso acontece quando o dentista ignora as preferências, desejos e opiniões do paciente em relação ao seu tratamento odontológico. A autonomia do paciente deve ser respeitada, pois cada indivíduo tem o direito de tomar decisões informadas sobre sua própria saúde bucal. A falta de respeito à autonomia pode levar a uma quebra na relação profissional-paciente, a decisões inadequadas e a uma diminuição da qualidade do atendimento (DE OLIVEIRA et al., 2022).

Da Silva e Do Nascimento (2021), o mau uso dos recursos financeiros dos pacientes é outra prática antiética que tem consequências prejudiciais. Isso pode envolver cobranças indevidas, manipulação dos custos do tratamento, falta de transparência financeira, entre outros. Essas práticas não apenas prejudicam o bolso dos pacientes, mas também minam a confiança na relação profissional-paciente e mancham a reputação da odontologia como um todo.

As práticas antiéticas não apenas prejudicam os pacientes, mas também afetam os próprios profissionais envolvidos. A reputação do dentista é abalada, o respeito e a confiança na profissão são diminuídos e a possibilidade de enfrentar processos legais é uma realidade. Além disso, essas práticas têm impactos negativos na comunidade odontológica como um todo, causando desvalorização da profissão e uma percepção negativa por parte da sociedade (PEREIRA et al., 2019).

EDUCAÇÃO ÉTICA NA FORMAÇÃO ODONTOLÓGICA

A educação ética desempenha um papel fundamental na formação de profissionais de odontologia. Além de adquirir habilidades técnicas e conhecimentos científicos, os estudantes de odontologia devem ser preparados para enfrentar desafios éticos complexos que surgem na prática clínica. A integração de princípios éticos e valores morais desde o início da formação é essencial para desenvolver profissionais responsáveis, comprometidos e sensíveis às necessidades dos pacientes (SANTOS, 2020).

A educação ética na formação odontológica deve abranger diversos aspectos. Em primeiro lugar, é importante fornecer uma base teórica sólida, apresentando os princípios éticos fundamentais que regem a prática odontológica. Isso inclui a compreensão dos princípios de beneficência, não maleficência, autonomia e justiça, que são pilares essenciais para a tomada de decisões éticas (SANTOS, 2020).

Além disso, os estudantes devem ser expostos a casos clínicos e situações práticas que apresentem dilemas éticos comuns na prática odontológica. Isso permite que eles desenvolvam habilidades de raciocínio ético, aprendam a identificar e analisar os diferentes aspectos envolvidos em uma situação ética e busquem soluções adequadas. A discussão em sala de aula e a participação em estudos de caso éticos são métodos eficazes para promover a reflexão crítica e o desenvolvimento de um pensamento ético sólido (FONTENELE et al., 2021).

De acordo com Camargo, Batista e Unfer (2019) a prática clínica supervisionada desempenha um papel crucial na educação ética dos futuros profissionais. Os estudantes devem ter a oportunidade de aplicar os princípios éticos aprendidos em situações reais, sob a orientação de professores e preceptores experientes. Isso envolve aprender a estabelecer uma relação profissional-paciente baseada em confiança, respeito e comunicação eficaz, bem como lidar com desafios éticos que possam surgir durante o tratamento.

A educação ética também deve enfatizar a importância da atualização constante e da adesão a padrões de prática baseados em evidências. Os estudantes devem ser incentivados a acompanhar as novidades na área da odontologia, a participar de cursos e eventos científicos e a buscar conhecimentos atualizados. Isso contribui para a prática ética, promovendo a entrega de cuidados de qualidade e evitando práticas obsoletas ou questionáveis (MOTTA et al., 2019).

Além disso, Lima et al. (2020), apontam que é essencial que as instituições de ensino incentivem uma cultura de ética e responsabilidade. Isso pode ser alcançado por meio de políticas institucionais claras, códigos de conduta ética e comitês de ética que promovam a discussão e a resolução de dilemas éticos. Os estudantes devem ser encorajados a se envolver em atividades extracurriculares relacionadas à ética, como grupos de discussão ou participação em iniciativas comunitárias.

PAPEL DOS CONSELHOS PROFISSIONAIS

Os conselhos profissionais desempenham um papel crucial na regulamentação e supervisão das profissões, incluindo a odontologia. Essas entidades têm a responsabilidade de zelar pelo exercício ético e qualificado da profissão, garantindo a proteção da sociedade e a valorização dos profissionais (MELO; ZIMMERMANN; ZIMMERMANN, 2021).

Um dos principais papéis dos conselhos profissionais é estabelecer e fazer cumprir os códigos de ética e normas de conduta profissional. Eles elaboram diretrizes que orientam o comportamento dos profissionais, promovendo a prática ética e a qualidade dos serviços prestados. Essas diretrizes abrangem questões como responsabilidade profissional, sigilo e confidencialidade, relacionamento com pacientes e colegas, publicidade, entre outros aspectos relevantes (SANTOS, 2020) e (DA SILVA et al., 2020).

Os conselhos profissionais têm a atribuição de fiscalizar o exercício da profissão. Eles têm o poder de realizar inspeções, investigar denúncias e punir infrações éticas e disciplinares cometidas pelos profissionais. Essa fiscalização contribui para a proteção dos interesses dos pacientes, garantindo que recebam um atendimento seguro e de qualidade (SANTOS, 2020).

Segundo Vallejo (2020), outra importante função dos conselhos profissionais é a normatização da formação profissional. Eles estabelecem os requisitos mínimos para o exercício da profissão, como a grade curricular dos cursos de graduação, a carga horária mínima de estágio supervisionado e os critérios de avaliação para obtenção do registro profissional. Essas diretrizes visam assegurar que os profissionais tenham uma formação adequada e estejam preparados para exercer a profissão de forma competente e ética.

Os conselhos profissionais também desempenham um papel importante na atualização e aprimoramento profissional. Eles promovem a educação continuada, incentivando os profissionais a participarem de cursos, congressos e atividades de capacitação. Essas iniciativas contribuem para o aperfeiçoamento técnico-científico dos profissionais, além de reforçarem a importância da prática ética e atualizada (VOLLOTA, 2019).

Outra função relevante dos conselhos profissionais é a mediação de conflitos e a resolução de questões éticas e disciplinares. Eles atuam como instâncias de conciliação e julgamento, ouvindo todas as partes envolvidas e promovendo a resolução adequada das controvérsias. Essa mediação contribui para a manutenção da harmonia e da confiança nas relações profissionais (MOTTA et al., 2019).

IMPACTO DA ÉTICA NA REPUTAÇÃO E IMAGEM DA PROFISSÃO

A ética desempenha um papel fundamental na reputação e imagem de qualquer profissão, incluindo a odontologia. A forma como os profissionais se comportam e agem ética e moralmente influencia diretamente a percepção que a sociedade tem da profissão como um todo. O impacto da ética na reputação e imagem da profissão odontológica é significativo e pode ter consequências tanto positivas quanto negativas (SANTOS, 2020).

Quando os profissionais de odontologia adotam princípios éticos sólidos em sua prática diária, eles demonstram compromisso com a qualidade dos serviços prestados, com a segurança dos pacientes e com o respeito aos direitos e necessidades individuais(COSTA; FLÓRIO, 2020).

Essa conduta ética gera confiança e respeito por parte dos pacientes, da comunidade e de outros profissionais da área da saúde. A reputação de uma profissão ética é construída ao longo do tempo, através de experiências positivas e de uma relação de confiança estabelecida com os pacientes (PEREIRA et al., 2019).

Por outro lado, práticas antiéticas por parte de alguns profissionais podem ter um impacto negativo na reputação da profissão como um todo. Quando casos de má conduta ética se tornam públicos, isso pode gerar desconfiança, descrédito e uma percepção negativa da profissão odontológica. A sociedade espera que os profissionais de odontologia atuem com integridade, transparência e responsabilidade, e qualquer desvio desses princípios pode abalar a imagem da profissão (DE MELO et al., 2019). 

A reputação e a imagem da profissão odontológica são importantes tanto para os profissionais individualmente quanto para a comunidade como um todo. Uma boa reputação é um ativo valioso, pois atrai pacientes, parceiros de negócios e oportunidades de crescimento profissional. Por outro lado, uma reputação manchada por condutas antiéticas pode levar à perda de pacientes, à dificuldade em estabelecer parcerias e ao impacto negativo na carreira do profissional (FONTENELE et al., 2021).

A imagem da profissão odontológica também afeta a regulamentação e a legislação da área. Casos de má conduta ética podem levar a um aumento na regulamentação e no controle da profissão, com a imposição de restrições e normas mais rígidas. Isso pode ter um impacto negativo na autonomia e na liberdade de atuação dos profissionais, além de aumentar as exigências para a prática da odontologia (DE MEIRELES; PEREIRA; DA SILVA, 2022).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ética desempenha um papel fundamental na odontologia, tanto na formação dos profissionais quanto na prática clínica. Através dos princípios éticos e diretrizes estabelecidos pelo código de ética, os dentistas são orientados a agir com responsabilidade, respeito, transparência e compromisso com a qualidade dos serviços prestados.

A importância do código de ética em odontologia está diretamente relacionada ao impacto que ele tem na relação profissional-paciente, na reputação da profissão e na confiança da sociedade. O cumprimento desses princípios éticos estabelece bases sólidas para a construção de uma relação de confiança entre dentistas e pacientes, onde os direitos, necessidades e bem-estar dos pacientes são priorizados.

Além disso, a ética na odontologia é crucial para evitar práticas antiéticas e suas consequências negativas. A conduta antiética prejudica não apenas os pacientes, mas também os profissionais envolvidos e a própria reputação da profissão. Por isso, a educação ética na formação odontológica e a atuação dos conselhos profissionais são fundamentais para promover a prática ética, fiscalizar o cumprimento dos princípios éticos e garantir a excelência na odontologia.

A responsabilidade profissional, a relação profissional-paciente, a prevenção de práticas antiéticas e o papel dos conselhos profissionais são aspectos intrinsecamente ligados à ética na odontologia. Esses elementos devem ser valorizados e constantemente promovidos, a fim de fortalecer a profissão, garantir a confiança da sociedade e manter a qualidade dos serviços odontológicos.

É essencial que os dentistas compreendam a importância do código de ética em sua prática diária, sendo conscientes de suas responsabilidades éticas e comprometendo-se com o respeito aos pacientes, à privacidade, à autonomia e à busca contínua pela excelência profissional. Ao fazê-lo, contribuem para a construção de uma odontologia ética, responsável e de qualidade, que beneficia não apenas os pacientes, mas toda a sociedade.

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1 Acadêmico do Curso de Odontologia da Faculdade UNISAPIENS-RO. Artigo apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia, Porto Velho/RO, 2023.
2 Acadêmica do Curso de Odontologia da Faculdade UNISAPIENS-RO. Artigo apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia, Porto Velho/RO, 2023.
3 Professora Orientadora do curso de Odontologia da Faculdade UNISAPIENS-RO.
4 Professora do curso de Odontologia da Faculdade UNISAPIENS-RO.
5 Professora do curso de Odontologia da Faculdade UNISAPIENS-RO.
6 Professor do curso de Odontologia da Faculdade UNISAPIENS-RO.