EXCLUSIVE BREASTFEEDING (AME): NURSING ACTION
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8400265
Luciene Ventura Almeida1 ; Francisca Iranice Alves de Souza Gomes 2
Maria Elzani Rufino Sousa3 ; Regisvania Maria Cardoso de Souza4
Leticia Silveira Serra5 ; Maria Girlane De Abreu Vasconcelos6
Maria Rossicleide Ferreira Gomes7 ; Elidarc Gomes Cavalcante da Silva8
Igor Farias Aragão Pereira9 ; Francisca Pâmela Freitas de Lima Valdevino10
Abraão Eugênio Carrah Sales11 ; Andreza Paiva do Nascimento12
Joyceda Silva Gomes13 ; Maria Vanessa de Sousa Silva14
Aline Mesquita Lemos15
RESUMO
O ato de amamentar é um processo natural e essencial na primeira hora de vida, pois além de nutrir, também prolonga o Aleitamento Materno Exclusivo (AME) e, sobretudo, fortalece os laços afetivos entre mãe e filho. O leite materno é o melhor alimento a ser oferecido para o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido, e quando estendido para 6 meses, está associado ao estado nutricional adequado, redução de infecções e menores índices de mortalidade.Identificar as estratégias e ações da enfermagem no incentivo ao aleitamento materno exclusivo. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo Revisão Integrativa de Literatura (RIL) realizado durante o mês de abril de 2023, na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com os descritores: aleitamento materno, assistência de enfermagem e promoção da saúde. A amostra foi composta de 5 artigos. A partir da análise dessas informações foram estruturadas as seguintes categorias: As dificuldades relacionadas ao aleitamento materno: que estão relacionadas ao posicionamento e a pega na hora da amamentação, a experiência prévia e percepção materna de baixa produção láctea; a promoção do aleitamento materno no pré-natal. O enfermeiro tem papel fundamental nesse contexto, orientando quanto aos benefícios do aleitamento materno exclusivo.
Descritores: Aleitamento materno. Cuidados de enfermagem. Promoção da saúde.
ABSTRACT
The act of breastfeeding is a natural and essential process in the first hour of life, as in addition to nourishing, it also prolongs Exclusive Breastfeeding (EBF) and, above all, strengthens the emotional bonds between mother and child. Breast milk is the best food to be offered for the growth and development of the newborn, and when extended to 6 months, it is associated with adequate nutritional status, reduction of infections and lower mortality rates.To identify nursing strategies and actions to encourage exclusive breastfeeding. This is a descriptive study, of the Integrative Literature Review (RIL) type, carried out during the month of April 2023, in the Virtual Health Library (VHL) database, with the descriptors: breastfeeding, health care nursing and health promotion. The sample consisted of 5 articles. Based on the analysis of this information, the following categories were structured: Difficulties related to breastfeeding: Which is related to positioning and handling during breastfeeding, previous experience and maternal perception of low milk production. The promotion of breastfeeding during prenatal care.The nurse contributes, not only in the basic health unit, he also uses the puerperal visit as a tool for promoting breastfeeding.
Descriptors: Breastfeeding. Nursing care. Health promotion
1. INTRODUÇÃO
O ato de amamentar é um processo natural e essencial na primeira hora de vida, pois além de nutrir, prolonga o Aleitamento Materno Exclusivo (AME), fortalecendo também os laços afetivos entre mãe e filho. O leite materno é o melhor alimento a ser oferecido para o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido. Quando estendido para 6 meses, está associado ao estado nutricional adequado, redução de infecções e menores índices de mortalidade (PERES et al., 2021).
Segundo o Ministério da Saúde (MS), o leite materno é um alimento completo para o lactente; estéril, pronto e na temperatura ideal para ingestão a qualquer momento. Além de ter uma digestão mais fácil, se comparada a outros alimentos, protege de doenças crônicas, infecciosas, alergias e obesidade, também ajuda a aumentar o desenvolvimento cognitivo. Com relação à puérpera, o AME contribui na redução precoce de peso, na involução uterina, diminuindo o risco de hemorragia, anemia, diabetes mellitus (DM), câncer de mama e de ovário e pode funcionar como método contraceptivo natural (BRASIL, 2018).
O processo de lactação acontece em três fases distintas. Na primeira, ocorre a excreção do colostro, líquido produzido nos primeiros cinco dias de puerpério, disponível em pouca quantidade, extremamente rico em componentes imunológicos, pouca lactose e alta concentração de proteínas e lipídios quando comparado ao leite maduro. A segunda fase caracteriza-se pela transição e compreende do 6º até o 14º dia pós-parto. Na última fase, o leite maduro apresenta a combinação perfeita de proteínas, lipídios, carboidratos, vitaminas, e fonte calórica adequada até os seis meses (SANTIAGO et al., 2018).
Apesar da superioridade nutricional e imunológica do leite materno sobre os outros tipos de leite, a prevalência do AME nos primeiros 6 meses de vida está abaixo do índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). (BRASIL, 2021).
Representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), afirmam que apenas 44% das crianças são amamentadas exclusivamente nos primeiros seis meses de vida e na região das Américas, somente 32% continuam até dois anos (OPAS, 2021). Embora existam medidas de orientação ao aleitamento materno, o desmame precoce ainda é uma realidade e está interligado a diversos fatores (ALMEIDA et al., 2019). O não planejamento familiar, o nível de escolaridade, o retorno ao mercado de trabalho, além de influências culturais e familiares comprometem o AME até os seis meses (SILVA, 2020).
Sabe-se que diversos fatores podem influenciar no desmame precoce e na introdução de alimentos antes dos 6 meses de vida. Uma das principais barreiras para o AME é a falta de informação associada a crenças familiares e ao conhecimento inadequado a respeito do assunto (PERES et al., 2021). Mitos em relação ao leite ser fraco e ter pouca quantidade, prejudicam a efetividade de campanhas a respeito do aleitamento materno (LIMA et al., 2018). Além disso, informações desencontradas de diferentes profissionais da saúde acabam gerando inseguranças nas mães, o que também pode afetar esse processo (CORTÉS-RÚA & DIÁZ-GRÁVALOS., 2019).
Sendo assim, todos os profissionais que atuam na sala de parto são responsáveis pelo ato da amamentação precoce, dentre eles, o profissional de enfermagem. Cabe a esse profissional o papel de facilitador no que diz respeito à amamentação precoce, especialmente, ao fornecer informações e auxiliar no manejo da lactação na sala de parto. O enfermeiro atuará estimulando os demais profissionais de saúde presentes na assistência ao nascimento, no tocante à sensibilização, informação e integração destes ao programa de incentivo, promoção e apoio à amamentação na primeira hora de vida. Para alcançar essa meta faz-se necessária a aquisição de conhecimento científico, habilidade técnica e comunicação em conjunto. (SILVA et al., 2019).
No Brasil, o Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM) foi criado em 1981, com destaque no âmbito internacional pela diversidade de ações visando: à promoção (aumento de campanhas publicitárias e treinamento de profissionais de saúde); à proteção (criação de leis trabalhistas de proteção à amamentação e controle de marketing e comercialização de leites artificiais) e apoio ao AM (elaboração de material educativo, criação de grupos de apoio à amamentação na comunidade e aconselhamento individual) (REA, 1990; BRASIL, 2017).
Para um país, o Leite Materno (LM) promove incrementos de ordem econômica, seja por meio do aumento do quociente de inteligência, seja pela redução nos custos com assistência à saúde e/ou por possuir sustentabilidade ambiental e não causar poluição, desperdício ou uso de embalagens desnecessárias (PERES et al., 2021).
A confiança materna ou autoeficácia em sua habilidade de amamentar é foco de interesse para muitos estudiosos da saúde infantil pelo seu potencial de influenciar sobre o sucesso inicial da amamentação e sua duração. Além disso, pesquisadores consideram, e vem investigando formas de realizá-la, que essa autoconfiança é passível de mudança, apontando que intervenções conduzidas por profissionais de saúde podem aumentá-la, abrindo um caminho para novas intervenções na atenção pré e pós-natal. (MINHARRO et.al., 2019)
Esse trabalho justifica-se pelo interesse das autoras em relação ao tema devido às experiências vividas por familiares e conhecidos próximos, por algumas das autoras já terem passado momentos difíceis em relação ao puerpério e a amamentação. É de grande relevância o aprofundamento nos conhecimentos sobre as ações de enfermagem voltadas para o aleitamento materno exclusivo. Desse modo, surgiu o seguinte questionamento: Qual a importância das ações de enfermagem no Aleitamento Materno Exclusivo (AME)?
A proposta desse estudo vem da necessidade de responder a esse questionamento e investigar na produção científica, tendo como objetivo identificar na literatura as ações da assistência de enfermagem no incentivo ao Aleitamento Materno Exclusivo (AME).
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O leite materno é o alimento ideal para as crianças, e as recomendações do tempo de amamentação têm embasamento científico. O desmame precoce resulta em alterações negativas na saúde e desenvolvimento dos bebês, como: maiores incidências de diarreias, alergias alimentares e desenvolvimento motor-oral incompleto da criança. É importante que o país continue desenvolvendo campanhas de incentivo ao aleitamento materno, capacitando os profissionais de saúde para apoiarem as mães, ensinando a prática correta do aleitamento. O apoio dos familiares também constitui um forte alicerce, principalmente do companheiro ou companheira, para que elas se sintam acolhidas e seguras para amamentar (DA SILVA, 2020).
O leite materno deve ser ofertado à criança de forma exclusiva até os seis meses de vida, e a partir dessa fase, se torna complementar até os dois anos de idade. Estima-se que no Brasil, apenas 67,7% dos bebês recebem o leite da mãe na primeira hora de vida, sendo o tempo de duração média do aleitamento exclusivo de 54 dias. Em 2018, o Ministério da Saúde lançou uma campanha de amamentação no Brasil, com o slogan de “Amamentação é a Base da Vida” para incentivar a prática de aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida, visando a promoção da saúde (BRASIL, 2018).
Em 2017, é sancionada a Lei nº 13.435, em 12 de abril, que institui o mês de agosto como o Mês do Aleitamento Materno (agosto dourado), com o objetivo de intensificar ações intersetoriais de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno. Em 2019, foi sancionada a Lei nº 13.872, que estabelece o direito de as mães amamentarem seus filhos de até 6 (seis) meses de idade durante a realização de concursos públicos na administração pública direta e indireta dos Poderes da União. Ainda em trâmite, há o Projeto de Lei 1654/19, que propõe assegurar a nível federal o direito ao aleitamento materno em público, propondo multas para quem impedir as mães de amamentar em público (BRASIL, 2019).
Enfermeiros, como membros de equipes multiprofissionais, desempenham papel relevante no aleitamento materno exclusivo, contribuindo com ações que transcendem a dimensão biológica e tecnicista, contemplando a singularidade e o contexto vivido da mulher/nutriz, com promoção de atividades de educação em saúde durante o ciclo gravídico puerperal (ALVES et al., 2018).
A autoeficácia materna traz influência positiva em amamentação sobre as chances de aleitamento exclusivo até três meses de idade e a continuidade até doze meses. Desse modo, enfermeiros devem avaliar essa prática na atenção à saúde de gestantes, puérperas e mães de lactentes, em particular nas consultas de enfermagem no pré-natal, puerpério imediato e na primeira consulta clínica do lactente após a alta da maternidade, como forma de identificar mães e lactentes com necessidades de apoio extra para terem sucesso na amamentação (MINHARRO, et al.,2019).
Para subsidiar a prática assistencial e maximizar a sua utilização, deve-se investir e priorizar a capacitação dos profissionais de enfermagem da APS. Contemplando os benefícios do leite materno; os desafios para o seu estabelecimento e manutenção; fragilidades dos profissionais de enfermagem e possíveis estratégias para superá-las; potencialidades da equipe de enfermagem e métodos para fortalecê-las; além da prática do manejo clínico, frente às intercorrências e discussões constantes sobre os resultados alcançados no território em que atuam (ZANLORENZE, 2022).
3. MÉTODOS
3.1 TIPO DE PESQUISA
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo Revisão Integrativa de Literatura (RIL) referente à produção científica sobre ações de enfermagem no Aleitamento Materno Exclusivo (AME).
A revisão integrativa da literatura consiste na construção de uma análise ampla, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de futuros estudos. (MENDES, 2008).
A revisão integrativa consiste em seis etapas: 1) Identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa da revisão integrativa; 2) Estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos; 3) Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/ caracterização dos estudos; 4) Avaliação dos estudos incluídos; 5) Interpretação dos resultados; 6) Apresentação da revisão/síntese do conhecimento (MENDES, 2008).
3.2 ETAPAS DO ESTUDO
Para a construção desta revisão integrativa, seis etapas foram rigorosamente seguidas (MENDES et al., 2008), sendo demonstradas na figura abaixo:
Fonte: Mendes et al. (2008), adaptação própria.
3.3 FONTES DA PESQUISA E PERÍODO DA COLETA DE DADOS
Para instrumentalizar foi feita a seleção dos descritores no site, Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “aleitamento materno”, “cuidados de enfermagem”, “promoção da saúde”. A coleta de dados ocorreu durante o mês de abril de 2023. Utilizou-se o operador booleano “AND” para a procura dos artigos que contemplassem os três descritores com o propósito de agrupar o entendimento produzido sobre o tema exposto.
3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO DA AMOSTRA
Os critérios de inclusão para esse estudo foram de artigos originais disponíveis na íntegra em português, no formato eletrônico, publicados nos últimos 5 anos, que apresentam a importância da assistência e das ações de enfermagem na orientação ao aleitamento materno exclusivo. Já os critérios de exclusão, constituiu na eliminação de artigos repetidos e artigos irrelevantes à temática proposta.
A busca na base de dados resultou na identificação de 233 artigos. Foram excluídos 200 da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), por não se adequarem ao objetivo proposto. Após leitura minuciosa de títulos e resumos dos 33 artigos, foram selecionados 21 para leitura na íntegra, sendoexcluídos 12, por não responderem à pergunta norteadora. Após aplicação dos critérios de seleção, a busca resultou em 5 artigos para serem discutidos no desenvolvimento deste trabalho. Abaixo segue o fluxograma da busca dos estudos na base de dados:
Fonte: Elaborado pelos autores.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo resultou com amostras de 5 (cinco) artigos que foram adequados para participar da pesquisa. As informações sobre os artigos, como título, autor(es), ano de publicação, tipo de estudo, local de estudo, objetivos e principais achados no estudo estão descritos conforme quadro 1.
Quadro 1: Artigos selecionados para a pesquisa.
IDENTIFI- CAÇÃO | TÍTULO/AUTORES/ ANO/ TIPO DE ESTUDO/ LOCAL | OBJETIVOS | PRINCIPAIS ACHADOS |
A1 | Dificuldades relacionadas ao aleitamento materno: análise de um serviço especializado em amamentação. Carreiro JA et al., (2018). Estudo Transversal retrospectivo. Centro Ana Abrão – Assistência, Ensino e Pesquisa em Aleitamento Materno e Banco de Leite Humano da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). | Analisar a associação entre o tipo de aleitamento e as dificuldades relacionadas à essa prática entre mulheres e crianças assistidas em um ambulatório especializado em amamentação. | Os estudos apontaram que as dificuldades no aleitamento materno estão relacionadas ao posicionamento incorreto da mãe e da criança durante o aleitamento materno, experiência prévia com aleitamento materno, situação conjugal, uso de chupeta, nível de escolaridade, lesão mamilar e percepção materna de baixa produção láctea. |
A2 | Promoção do aleitamento materno no pré-natal: discurso das gestantes e dos profissionais de saúde. Silva LS et al., (2018). Pesquisa qualitativa, exploratório-descritiva Hospital Municipal- Florianópolis- SC | Analisar o discurso de gestantes e profissionais de saúde sobre as orientações acerca do aleitamento materno fornecidas durante o pré-natal na rede básica de saúde. | No discurso das gestantes e dos profissionais da saúde neste estudo, percebe-se que as orientações sobre aleitamento materno fazem parte da assistência ao pré-natal na rede básica de saúde. |
A3 | Autoeficácia na amamentação e a relação com a duração do aleitamento materno. Minharro MCO et al., (2019). Estudo de coorte prospectiva. Unidade Básica de Saúde (UBS)- Botucatu – SP | Avaliar a autoeficácia materna na amamentação e investigar seu efeito sobre a duração do aleitamento materno. | De acordo com o estudo, a autoeficácia na amamentação está relacionada à aceitação da gestação, orientação sobre amamentação no pré-natal, local do parto, problemas com amamentação e idade materna. |
A4 | Influência da educação em saúde na autoeficácia em amamentar. Schulz SM et.al., (2020). Estudo quase experimental, longitudinal. Maternidade Municipal- Porto Velho- RO. | Avaliar a intervenção educativa de enfermagem para a promoção da autoeficácia em amamentação em nutrizes internadas em uma maternidade do Norte do Brasil. | O estudo mostra que a intervenção educativa contribui para elevar o nível de autoeficácia na amamentação e prolonga o aleitamento materno exclusivo. |
A5 | Contribuição do enfermeiro ao aleitamento materno na atenção básica. Silva LS et al., (2020). Estudo exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa. Unidade de Saúde da Família (USF)- João Pessoa- PB | Analisar a contribuição do enfermeiro para o aleitamento materno na atenção básica. | Observou-se nesse estudo, que as mulheres consideram o profissional da enfermagem como contribuinte significativo para que estas aderissem à prática do aleitamento materno, por meio das orientações prestadas durantes as consultas de pré-natal, pois contemplavam os benefícios da amamentação para o binômio mãe-filho |
Educação em saúde na autoeficácia em amamentar
Em estudo desenvolvido por Schulz et.al., (2020) a autoeficácia em amamentação se apresenta como um instrumento fácil e rápido para identificar o perfil das nutrizes, colaborando com o planejamento individualizado de ações educativas, visando melhorar a confiança da nutriz e a manutenção do AME. A intervenção educativa, baseada na teoria da autoeficácia e usando o método de roda de conversa, foi suficiente para elevar a determinação das participantes em amamentar e contribuiu para a manutenção da AME nos dois primeiros meses de vida da criança, mesmo que realizada em um único momento e de modo breve, mas focada nas nutrizes.
Outras formas de intervenção podem ser experimentadas visando à manutenção da AME durante os primeiros seis meses de vida da criança como, por exemplo, o uso das tecnologias da informação para envio de mensagens de textos pelo celular ou uso de aplicativos para aprendizagem autodirigida sobre amamentação. Constituem meios de apoio rápidos, baratos e de amplo acesso às puérperas, mas que ainda precisam ser testados quanto a sua efetividade (SCHULZ et.al., 2020).
Estudo realizado através dos prontuários do primeiro atendimento para assistência ao aleitamento materno, salientam que, após o parto, mãe e filho enfrentam um período de aprendizado, o qual pode ser positivo ou negativo para a decisão e a escolha do tipo de aleitamento materno (AM). As dificuldades no início da amamentação são comuns e representam um risco para o desmame precoce. Os fatores que mais influenciam a continuidade da amamentação estão relacionados com: a produção láctea, fatores psicossociais, situação nutricional e de satisfação da criança, estilo de vida e condição de saúde da mulher, a presença de dor ao amamentar, as dificuldades com o posicionamento e a pega da criança na mama (CARREIRO et al., 2018).
Outro estudo aponta a influência positiva da autoeficácia materna na amamentação sobre as chances de aleitamento materno exclusivo até os três meses de idade, e a continuidade até os doze meses. Essa variação se dá: por fatores sociodemográficos, aceitação da gestação, situação do lactente em relação ao aleitamento materno exclusivo e ao aleitamento materno (MINHARRO et al., 2019).
Em uma pesquisa realizada com puérperas internadas no alojamento conjunto de uma unidade, em que os profissionais realizam intervenções educativas em aleitamento materno do tipo “roda de conversa”, todas as nutrizes apresentaram alta eficácia na amamentação. Encontrou-se a predominância de multíparas e a maioria delas não tiveram problemas na amamentação de seus filhos anteriores (SCHULZ et.al., 2020).
Influência e contribuição do enfermeiro no aleitamento materno
O enfermeiro apresenta um papel fundamental na orientação sobre o aleitamento materno na atenção básica, desempenhando ações de promoção durante o pré-natal e se estendendo até a visita puerperal. Haja vista, que as consultas realizadas durante a gestação geram a oportunidade de incentivar a pratica da amamentação, esclarecendo sobre os benefícios adquiridos nesse processo, desde o vínculo materno afetivo ao desenvolvimento do sistema de autodefesa da criança. Por outro lado, a visita domiciliar para prestar assistência ao binômio se torna uma oportunidade para identificar a eficácia das ações desenvolvidas sobre o aleitamento materno. Sendo possível intervir de acordo com as dificuldades que são apresentadas no momento em que de fato acontece a amamentação (SILVA et al., 2020).
Em outro estudo, notou-se que as mulheres consideravam o enfermeiro como um profissional que contribuía significativamente para que estas aderissem à prática do aleitamento materno; por meio de orientações prestadas durante as consultas de pré-natal, as quais contemplavam, principalmente, os aspectos relacionados aos benefícios da amamentação para o binômio mãe e filho (SILVA et.al.,2020).
Do mesmo modo, Silva et.al.,(2018) realizou um estudo exploratório descritivo com 11 gestantes atendidas na obstetrícia e 8 profissionais da saúde atuantes na atenção básica. Neste, as orientações sobre aleitamento materno durante as consultas de pré-natal, ocorreram de maneira predominante. Identificou-se também, que dentre os fatores extremamente positivos, estão o desejo de amamentar, as dúvidas e os conhecimentos prévios das gestantes sobre o assunto, fatores esses que devem ser considerados e utilizados como ponto de partida para as orientações.
É importante destacar que os profissionais de saúde reconheçam a importância da inserção das redes de apoio das gestantes nos cuidados pré-natais e que estas sejam continuadas durante o puerpério. Além disso, forneçam orientações sobre fontes seguras de conhecimento, tendo em vista a era digital em que vivemos e a influência que a mídia pode trazer sob a prática do aleitamento materno. Os grupos de gestantes são estratégias de educação em saúde que podem contribuir para fomentar a rede de apoio e fortalecem as informações recebidas durante o pré-natal. Contudo, esse espaço precisa ser dialógico, reflexivo e participativo, incluindo-se não somente as gestantes, mas também seus acompanhantes (SILVA et.al., 2018).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desta maneira, o presente estudo evidenciou a importância das ações de enfermagem no Aleitamento Materno Exclusivo (AME), tendo em vista que é o melhor alimento para nutrição dos recém-nascidos (RNs). Essa prática possui vários fatores que irão influenciar na amamentação, como: experiência prévia em aleitamento, o desejo de amamentar, sucção e deglutição corretos, influência da mídia de forma positiva e os benefícios que vão desde o vínculo materno afetivo ao desenvolvimento de autodefesa da criança.
Essa mesma prática também possui inúmeros fatores que podem interferir no AME, como: ser primigesta, o posicionamento e pega da criança incorretos, fissura mamária, ingurgitamento mamário, percepção materna de baixa produção láctea, uso de chupetas e mamadeiras, a falta de orientação sobre o manejo da amamentação, crenças, mitos em relação ao leite ser fraco, fatores psicossociais, dentre outros, que podem prejudicar o AME, e até mesmo levar ao desmame precoce.
Cabe ao enfermeiro, orientar durante as consultas de pré-natal e puerpério, sobre os benefícios do AME, já que essa é uma conduta que faz parte da assistência ao pré-natal da rede básica de saúde. É imprescindível o acesso ao conhecimento científico, habilidades técnicas e comunicação do enfermeiro em conjunto com a equipe.
Diante dos estudos analisados, podemos observar que as ações da enfermagem para a promoção do AME vem ocorrendo de maneira predominante, fazendo parte das orientações prestadas pelo enfermeiro na atenção básica, contudo, ainda estamos abaixo do índice recomendado pela OMS.
Essas orientações devem ser repassadas quando a mulher desperta para o desejo de engravidar; no momento que ela decide suspender o uso de contraceptivos; ainda no planejamento familiar. Sabemos que as informações, a realização e avaliação dos exames pré-gravidez são de suma importância nesse momento, assim como a conscientização sobre as mudanças fisiológicas. Vale salientar a importância da profilaxia com a reposição ou suplementação de ácido fólico e sulfato ferroso que devem anteceder a gestação, evitando, por exemplo, a má formação congênita, que poderá interferir no AME.
A partir da confirmação da gestação, o diálogo é de extrema importância, pois a identificação do perfil sociodemográfico das gestantes colabora com o planejamento individualizado de ações educativas, o que melhora a confiança da futura nutriz.
É necessário que se faça um trabalho de educação em saúde, dentro do contexto de saúde da família, através de ações que promovam o aleitamento materno. Quando possível, é importante incluir o cônjuge no pré-natal; convidar familiares para receber as orientações de como auxiliar a nutriz, especialmente no ato de amamentar. Enfatizar sobre a importância de um acompanhante no período em que ela estiver na maternidade, também faz com que a parturiente se sinta mais confiante na hora de amamentar.
O profissional de enfermagem é extremamente importante no acompanhamento do pós-parto e puerpério, pois é ele quem vai fazer o contato precoce do RN com o seio da mãe, sendo um dos principais influenciadores do início, manutenção e duração do AME.
Estudos nessa temática são de extrema relevância para ressaltar a importância do aleitamento materno e dos serviços prestados pelo enfermeiro na atenção básica.
Além de enfatizar a necessidade da frequente preparação desses profissionais para lidar com esse assunto, uma vez que os resultados se apresentam de modo satisfatório.
Espera-se com esta revisão, contribuir para fomentar ações de promoção da saúde durante o pré-natal e puerpério, baseadas nas necessidades das gestantes e lactantes, que colaborem com a proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno exclusivo.
REFERÊNCIAS
Artigo em periódico:
ALMEIDA, Jordana Moreira de; LUZ, Sylvana de Araújo Barros; UED, Fábio da Veiga. Apoio ao aleitamento materno pelos profissionais de saúde: revisão integrativa da literatura. Revista Paulista de Pediatria, v. 33, p. 355-362, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Bases para a discussão da Política Nacional de Promoção, Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 68 p.
BRASIL. Ministério da saúde. Saúde da Criança: aleitamento materno. Brasília, DF, 2018.
BRASIL. Nota técnica para organização da rede de atenção à saúde com foco na atenção primária à saúde e na atenção Ambulatorial Especializada – Saúde da Mulher na Gestação, Parto e Puerpério. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. São Paulo: Hospital Israelita Albert Einstein: Ministério da Saúde, 2019.
CARREIRO, Juliana de Almeida et al. Dificuldades relacionadas ao aleitamento materno: análise de um serviço especializado em amamentação. Acta Paulista de Enfermagem, v. 31, p. 430-438, 2018.
CORTÉS-RÚA, Laura; DÍAZ-GRÁVALOS, Gabriel J. Early interruption of breastfeeding. A qualitative study. Enfermería Clínica (English Edition), v. 29, n. 4, p. 207-215, 2019.
DA SILVA, Jaine Nogueira. Aleitamento materno: motivos e consequências do desmame precoce em crianças. Revista Artigos. Com, v. 20, p. e4756-e4756, 2020.
DE MORAIS ALVES, Tássia Regine et al. Contribuições de enfermeiros na promoção do aleitamento materno exclusivo. Rev Rene, v. 19, p. 1-8, 2018.
DE OLIVEIRA MINHARRO, Michelle Cristine, et al. Autoeficácia na amamentação e a relação com a duração do aleitamento materno. Cogitare Enfermagem, 2019, 24.
Lei n. 13.435 de 12 de abril de 2017 (BR). Institui o mês de agosto como o Mês do Aleitamento Materno. Diário Oficial da União [Internet], Brasília (DF), 2017 apr 12: Seção 1.
Ministério da Saúde (2021). Campanha para incentivar o aleitamento materno no Brasil. Brasil.
Organização Pan-Americana da Saúde (2021). Importância de participação de toda sociedade na promoção do aleitamento materno, em lançamento de campanha no Brasil. Brasília (DF).
PERES, Janaine Fragnan et al. Percepções dos profissionais de saúde acerca dos fatores biopsicossocioculturais relacionados com o aleitamento materno. Saúde em Debate, v. 45, p. 141-151, 2021.
REA, M. F. Substitutos do leite materno: passado e presente. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 24, n. 3, p. 241-249, 1990.
SANTIAGO, Luiza Tavares Carneiro et al. Conteúdo de gordura e energia no colostro: efeito da idade gestacional e do crescimento fetal. Revista Paulista de Pediatria, v. 36, p. 286-291, 2018.
SCHULZ, S. M.; MOREIRA, K. F. A.; PEREIRA, P. P. da S.; FERREIRA, L. N.; RODRIGUES, M. A. S.; FERNANDES, D. E. R. Influência da educação em saúde na autoeficácia em amamentar: estudo quase experimental. Revista Baiana de Enfermagem, [S. l.], v. 34, 2020.
SILVA, Daniela Duarte da et al. Promoção do aleitamento materno no pré-natal: discurso das gestantes e dos profissionais de saúde. Revista Mineira de Enfermagem, v. 22, p. 1-9, 2018.
SILVA, Juliane Lima Pereira da et al. Fatores associados ao aleitamento materno na primeira hora de vida em um hospital amigo da criança. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 27, 2019.
SILVA, Luana Santiago da et al. Contribuição do enfermeiro ao aleitamento materno na atenção básica. Rev. Pesq. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online), p. 774-778, 2020.
VIANA, M. D. et al. Estratégias e ações do enfermeiro no incentivo ao aleitamento materno: revisão integrativa. Revista de pesquisa cuidado é fundamental online, v. 2021, p. 13, 2021.
ZANLORENZI, Gisele Basso et al. Fragilidades e potencialidades do cuidado de enfermagem em aleitamento materno na atenção primária: revisão integrativa. Revista de Enfermagem da UFSM, v. 12, p. e36-e36, 2022.
Documento:
ZANLORENZI, Gisele. Protocolo de enfermagem para o manejo clínico do aleitamento materno na atenção primária à saúde. 2022.
1 Graduada em Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu. Email: lucieneventuraalmeida@gmail.com
2 Graduada em Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu. Email: biagleison@hotmail.
3 Graduada em Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu. Email: elzanirufino007@gmail.com
4 Aluno do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu. Email: regisvânia123@gmail.com
5 Aluno do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu. Email: leticiasserra.lss@gmail.com
6Aluno do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu. Email: girlaneabreuvasconcelos@gmail.com
7Aluno do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu. Email: mariarossicleide117@gmail.com
8 Graduada em Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu. Email: elidarcgomes@gmail.com
9 Graduado em Enfermagem. Email: igorfapereira@hotmail.com
10 Graduada em Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu.Email: pamelavaldevino@hotmail.com
11Aluno do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu. Email: abraaocarrah1980@gmail.com
12Aluna do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu. Email: andrezanascimento201414@gmail.com
13Aluna do Curso de Enfermagem, do Centro Universitario Uniateneu. Email: joycegomes2204@gmail.com
14Aluna do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu. Email: vanessasousasilvaceara@gmail.com
15 Orientadora do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário Uniateneu, Email: alinemesquita900@gmail.com