RELATO DE CASO: SÍNDROME DE MIRIZZI DIAGNOSTICADA NO INTRAOPERATÓRIO. 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8392938


João Vitor Falchetti
Flávia Martins Lima


Uma das raras complicações da presença de cálculos na vesícula biliar é a compressão extrínseca da via biliar principal ou do ducto cístico por cálculo impactado na bolsa de hartmann. A Síndrome de mirizzi foi descrita pela primeira vez em 1948, por Pablo Mirizzi, e atualmente é agrupada em 5 tipos distintos pela classificação de Csends, a qual ajuda na definição de conduta Cirúrgica. Neste relato de caso exploraremos um paciente com síndrome de mirizzi com diagnóstico intraoperatorio, discutindo diagnóstico, tratamento e a importância dessa condição visto o alto índice de iatrogenia de via biliar relacionada a ela.Paciente M.R.R, feminino, 26 anos, branca foi admitida no Hospital Estadual de Aparecida de Goiânia para colecistectomia eletiva após diagnóstico ultrassonográfico de colelitiase. A paciente relatava história de 6 meses de epigastralgia, náuseas e intolerância a alimentos gordurosos. Havia sido internada há 15 dias com sintomas álgicos refratários em hipocôndrio direito, porém sem relato de colestase.  Ao exame físico o paciente não apresentava icterícia, dor abdominal, distensão ou massas palpáveis. Trouxe exames prévios do período de internação, os quais mostravam Leucocitose de 13.540 com 79% de segmentados, GGT 85, bilirrubinas, AST, ALT, amilase e lipase normais. Foi submetida a colecistectomia vídeo laparoscópica com identificação intraoperatoria de cálculos impactados no infundíbulo da vesícula biliar com fístula para via biliar principal. Foi realizada conversão cirúrgica para acesso laparotômico e realizado colangiografia intraoperatoria, observando-se a erosão da parede lateral da via biliar principal em menos de um terço de sua circunferência em decorrência do cálculo impactado. O tratamento cirúrgico instituído foi coledocoplastia com drenagem da cavidade. Diante da evolução benigna do caso a paciente recebeu alta no sexto dia após a operação sem conteúdo biliar exteriorizado no dreno sentinela, o qual foi retirado. Em retorno pós operatório após 15 dias a paciente permanece assintomática. Em conclusão, por ser uma condição incomum na clínica cirúrgica e pelas possíveis complicações no seu manuseio acreditamos que a síndrome de mirizzi deva ser sempre incluída no diagnóstico diferencial de pacientes com colecistolitíase com alterações clínicas ou laboratoriais associadas.