SUICÍDIO E DEPRESSÃO EM ADOLESCENTES DURANTE A PANDEMIA POR COVID-19

SUICIDE AND DEPRESSION IN ADOLESCENTS DURING THE COVID-19 PANDEMIC

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8393064


Autor Principal : Nathália Argentato1
Co-Autores : Alanna Ferreira Alves2, Alessandra Ribeiro Ventura Oliveira3
Benedito de Pádua Júnior4, Kamila Goncalves da Silva5 , Nathália Camargo de Matos6 


RESUMO

Objetivo: Analisar os principais artigos na literatura que destacam a associação da depressão e suicídio em adolescentes por conta do distanciamento social. Método: Trata-se de uma revisão realizada de acordo com os itens do relatório para as diretrizes de revisão sistemática e meta-análises (PRISMA). A estratégia de busca foi realizada através da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), LILACS, PubMed e Scopus para todos os artigos relevantes que incluíssem em sua temática a relação entre possíveis efeitos na saúde mental em adolescentes durante a pandemia de COVID-19 com o período de distanciamento social e quarentena ou período de retomada das atividades diárias. Foram considerados sintomas emocionais, ansiedade, depressão, estresse, transtorno de estresse pós-traumático e ideação suicida em adolescentes. Resultados: Foram identificados 239 estudos. Desses, 62 artigos permaneceram não repetidos nas bases eletrônicas de dados e listas de referências bibliográficas. Foram excluídos 20 artigos após a triagem inicial com leitura dos títulos e resumos, restando 42 artigos com texto completo que foram avaliados para elegibilidade. Foram excluídos 18 porque a amostra incluía outras faixas etárias. Finalizou-se com 24 artigos. Conclusão: A interrupção da vida social e das atividades esportivas durante o lockdown por conta da pandemia foram os principais fatores que corroboraram para o acometimento de doenças psicoemocionais em crianças e adolescentes. Estes fatores corroboram para efeitos mentais como preocupação, impotência, medo, nervosismo, agitação e agressividade.

Palavras-chave: Suicídio. Depressão. Psicologia do Adolescente. SARS-CoV-2.

ABSTRACT

Objective: To evaluate the main articles in the literature that highlight the association of depression and suicide in adolescents due to social distancing. Method: This is a review performed in accordance with the report items for systematic review and meta-analyses (PRISMA) guidelines. The search strategy was carried out through the Virtual Health Library (VHL), LILACS, PubMed and Scopus for all relevant articles that included in their theme the relationship between possible effects on mental health in adolescents during the COVID-19 pandemic with the period of social distancing and quarantine or period of resumption of daily activities. Emotional symptoms, anxiety, depression, stress, post-traumatic stress disorder and suicidal ideation in adolescents were considered. Results: 259 studies were identified. Of these, 62 articles remained non-repeated in electronic databases and bibliographic reference lists. 20 articles were excluded after the initial screening with reading of titles and abstracts, leaving 42 articles with full text that were evaluated for eligibility. Eighteen were excluded because the sample included other age groups. It ended with 24 articles. Conclusion: The interruption of social life and sports activities during the lockdown due to the pandemic were the main factors that corroborated the onset of psycho-emotional illnesses in children and adolescents. These factors corroborate for mental effects such as worry, impotence, fear, nervousness, agitation and aggressiveness.

Keywords: Suicide. Depression. Adolescent Psychology. SARS-CoV-2.

INTRODUÇÃO

O suicídio é a décima quinta principal causa de morte em todo o mundo (1,4%) e a quarta principal causa de morte entre adolescentes e jovens adultos. Estima-se que 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano. É considerado um problema de saúde pública em decorrência do aumento considerável de casos na população mundial.1-3

A ideação suicida é um fenômeno comum que muitas vezes precede as tentativas e as mortes por suicídio. Pode ser considerada alvo importante para os esforços de prevenção do suicídio, particularmente como um indicador para detecção precoce e intervenção para evitar ou reduzir desfechos não fatais e fatais.4

Entre os principais fatores de risco para suicídio, está a doença mental, presente em 91% dos casos consumados. A doença mental possui um risco maior entre aqueles com transtorno de personalidade limítrofe, seguido por depressão, transtorno bipolar, uso de opióides e esquizofrenia. 1,2,5-7 Dentre todos esses fatores, a depressão, problema grave de saúde em todo o mundo, é altamente prevalente na população em geral. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 300 milhões de pessoas são acometidas com essa condição. Sendo mais comum o aparecimento desta condição no final da 3ª década da vida, mas pode começar em qualquer idade. As causas podem ser de origem genética, bioquímica cerebral e eventos vitais (eventos estressantes). 8,9

As condições de saúde mental são responsáveis por 16% da carga global de doenças e lesões entre os adolescentes e a idade de maior incidência é por volta dos 14 anos. Entre os adolescentes de 15 a 19 anos, o suicídio é a terceira principal causa de morte. A adolescência é uma fase importante para o indivíduo, tendo em vista que nesse período está sendo moldada características psicoemocionais que estarão presentes na vida adulta. Apesar dessa faixa etária ter uma boa saúde mental, múltiplas mudanças físicas, emocionais e sociais, incluindo a exposição à pobreza, abuso ou violência, podem tornar os adolescentes vulneráveis a condições de saúde mental.10

Durante o confinamento (medidas de distanciamento social), devido às condições pandêmicas da COVID-19, foram feitos encerramentos de escolas, de espaços recreativos e desportivos, cancelamento de atividades ao ar livre. Tais medidas contribuíram para consequências nos hábitos sociais, no sono, modificações no padrão alimentar que acarretam alterações em variáveis antropométricas, alterações neurofisiológicas com comportamentos que afetaram a saúde mental, além da frustração de não executar planos, medo, o tédio e a incerteza da duração da pandemia gerando um alto nível de estresse. 11,12

Em 2020, a incidência da ideação suicida e as tentativas de suicídio associaram-se significativamente com idade mais jovem, estar no ensino médio, ser do sexo feminino, ter um desempenho acadêmico médio ou alto, período correspondente à pandemia por COVID-19.10 Diante desses dados, o objetivo do presente estudo foi identificar a relação das medidas de distanciamento social devido à pandemia por COVID-19 com o aumento na incidência de doenças mentais como suicídio e depressão na adolescência.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão realizada de acordo com os itens do relatório para as diretrizes de revisão sistemática e meta-análises (PRISMA).13 A estratégia de busca foi realizada através da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), LILACS, PubMed e Scopus para todos os artigos relevantes que incluíssem em sua temática a relação entre possíveis efeitos na saúde mental em adolescentes durante a pandemia de COVID-19 com o período de distanciamento social e quarentena ou período de retomada das atividades diárias. Foram considerados sintomas emocionais, ansiedade, depressão, estresse, transtorno de estresse pós-traumático e ideação suicida em adolescentes.

Os estudos identificados foram selecionados primeiramente de acordo com os títulos e em seguida com os resumos. Após a exclusão de artigos irrelevantes, os textos completos dos artigos restantes foram lidos para determinar o cumprimento dos critérios de inclusão. Os termos de busca foram selecionados de acordo com os descritores, em português, inglês e espanhol: suicídio, depressão, adolescente, COVID-19 (suicide, depression, teenager, COVID-19; suicidio, depresión, adolescente, COVID-19)

Os critérios de inclusão dos estudos foram: (1) estudos qualitativos, quantitativos ou de métodos mistos; (2) estudos que incluíssem em sua temática a relação entre efeitos na saúde mental em crianças e adolescentes durante a pandemia de COVID-19 e distanciamento social, quarentena ou período de retomada das atividades diárias. (3) artigos publicados entre os anos de 2021 e 2022. Foram excluídos artigos com texto completo indisponível.

De acordo com a resolução 510 de 2016 do Conselho Nacional de Saúde, o presente estudo foi isento de necessidade de apreciação pelo Comitê de Ética.

A extração dos dados e as variáveis selecionadas incluíram: informações do periódico (autores; ano de publicação), desenho do estudo (transversal, qualitativo, mistos), tamanho da amostra, características dos participantes do estudo (sexo, idade, escolaridade) e efeitos na saúde mental associados à pandemia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificados 239 estudos inicialmente. Desses, 62 artigos permaneceram não repetidos nas bases eletrônicas de dados e listas de referências bibliográficas. Foram excluídos 20 artigos após a triagem inicial com leitura dos títulos e resumos, restando 42 artigos com texto completo que foram avaliados para elegibilidade. Foram excluídos 18 porque a amostra incluía outras faixas etárias. Finalizou-se com 24 artigos. A Figura 1 apresenta a identificação dos estudos elegíveis.

Figura 1: Fluxo de seleção, avaliação e inclusão dos artigos.

A faixa etária dos participantes incluídos nos estudos foram entre 12 a 19 anos. Quatro estudos contribuíram com resultados que auxiliaram na prevalência mundial de efeitos na saúde mental em crianças e adolescentes durante a pandemia de COVID; dois avaliaram os efeitos do confinamento e distanciamento social deste público; sete investigaram os impactos a curto ou longo prazo das restrições sociais na saúde mental em crianças e adolescentes; seis avaliaram diretamente os fatores e comportamento de riscos relacionados a saúde mental em crianças e adolescentes; dois avaliaram o uso de mídias sociais ou de aparelhos eletrônicos na saúde mental deste público; um avaliou a influência financeira família durante a COVID no contexto da saúde mental infanto-juvenil; e um avaliou o conhecimento dos profissionais da educação em relação aos sintomas mentais durante e pós-COVID. As características dos estudos incluídos estão descritas na Tabela 1.

Tabela 1: Características dos estudos incluídos

Sq.AutorAnoRevistaTipo de estudoTítuloObjetivo
1O li v e i r a , e t a l.2 0 2 2W orl dv ie ws Ev id Ba se d N ur s.Revi são siste máti caMental health effects prevalence in children and adolescents during the COVID‐19 pandemic: A systematic reviewRevisar sistematicamente a literatura para responder à pergunta: “Qual é a prevalência mundial de efeitos na saúde mental em crianças e adolescentes durante a pandemia de COVID-19?”.
2O c h o a – F u e n t e s , e t a l.2 0 2 2Re v M ed In st M ex Se gu ro So cRevi são siste máti caConfinement and social distancing: stress, anxiety, depression           in              children and adolescentsAvaliar a influência do confinamento e distanciamento socialno no estresse, ansiedade e depressão em crianças e adolescentes
3L e e ; H o n g2 0 2 2Int J En vir on Re s Pu bli c He alt h.Anál ise de dado s secu ndári oShort-          and        Long-Term Impacts      of   the    COVID-19 Pandemic on Suicide-Related Mental      Health    in    Korean AdolescentsInvestigar os impactos de curto prazo (em 2020) e longo prazo (em 2021) da pandemia de COVID-19 nas características relacionadas ao suicídio em adolescentes coreanos em comparação com o período pré-pandêmico (em 2019) e examinar os fatores associados a esses impactos.
4L e e , e t a l.2 0 2 2J A do les c He alt h.Análise de dado s secu ndári oImpact    of    the     COVID-19 Pandemic         on         Korean Adolescents’ Mental Health and Lifestyle FactorsAnalisar de dados secundária usando os dados da Pesquisa baseada na Web de comportamento de risco para jovens coreanos de 2019 (KYRBS) e os arquivos de dados de 2020 KYRBS para o programa SPSS fornecidos pela Agência de Prevenção e Controle     de    Doenças    da Coreia
5B a il e y , e t a l.2 0 2 2Int J En vir on Re s Pu bli c He alt h.ObservacionalThe Mental Health and Social Media       Use       of      Young Australians        during        the COVID-19 PandemicExplorar a saúde mental dos jovens e o uso das mídias sociais durante a pandemia de COVID-19 e examinou o uso das mídias sociais para buscar e fornecer apoio para pensamentos suicidas e autoagressão durante esse período. Jovens   de 16 a 25 anos
6L e e , e t a l.2 0 2 1J K or ea n M ed Sc iObservacionalImpact    of    the     COVID-19 Pandemic     on     the    Mental Health         of         Adolescent Students in Daegu, KoreaAnalisar retrospectivamente os dados do “Projeto de avaliação de saúde mental escolar relacionado ao COVID-19” divulgado pela Secretaria Metropolitana de Educação de Daegu em 31 de agosto de 2020, com a aprovação da instituição.
7J K or ea n M ed Sc i2 0 2 2BMC Pu bli c He alt h.LongitudinalAdolescent mobile phone addiction during the COVID-19 pandemic predicts subsequent suicide risk: a two-wave longitudinal studyAvaliar o vício em celulares na adolescência durante a pandemia de COVID-19 e o risco subsequente de suicídio
8H o s s a i n , e t a l.2 0 2 2Psychi atr y Re s.Revisão sistemáticaGlobal burden of mental health problems among children and adolescents during COVID-19 pandemic: An umbrella reviewSintetizar evidências globais sobre a carga epidemiológica e correlatos dos problemas de saúde mental de crianças e adolescentes  durante pandemia
9N i e d e r k r o t e n t h a l e r, e t a l.2 0 2 2J Af fe ct Di so rdTransversalMental health over nine months during the SARS-CoV2 pandemic: Representative cross-sectional survey in twelve waves between April and December 2020 in AustriaAvaliar sintomas depressivos, ansiedade, ideação suicida e violência doméstica, bem como a carga percebida na vida em várias áreas da vida em doze momentos igualmente espaçados durante a pandemia
10K i m , e t a l.2 0 2 2Fr on t Pu bli c He alt hTransversalFamily economic hardship and adolescent mental health during the COVID-19 pandemicExaminar as dificuldades econômicas familiares relacionadas à pandemia influenciaram a saúde mental dos adolescentes durante a pandemia de COVID-19 na Coréia
11B e r a , e t a l.2 0 2 2Cu rr Ps yc hi atr y Re pRevisão sistemáticaEmotional     and    Behavioral Impact    of    the     COVID-19 Epidemic in AdolescentsExplorar o impacto da pandemia de COVID-19 e do bloqueio na saúde mental dos adolescentes
12W e r li n g , e t a l.2 0 2 2J Ne ur al Tr an sm (V ie nn a)TransversalImpact of the COVID-19 pandemic on mental health and family situation of clinically referred children and adolescents in Switzerland: results of a survey among mental health care professionals after 1 year of COVID-19Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 no bem-estar mental de crianças e adolescentes encaminhados clinicamente e de suas famílias a partir da perspectiva de profissionais de saúde mental na Suíça durante o primeiro ano da pandemia
13C a i, e t a l.2 0 2 2Transl Ps yc hi atr yTransversalNetwork analysis of depressive and anxiety symptoms in adolescents during the later stage of the COVID-19 pandemicExaminar as relações em nível de item entre sintomas depressivos e de ansiedade usando análise de rede em uma amostra de adolescentes
14R a m i r e z , e t a l.2 0 2 2Ps yc hi atr y Re sTransversalIncreased symptom severity in adults and adolescents admitting to an inpatient psychiatric hospital during the COVID-19 pandemicExaminar a gravidade dos sintomas entre pacientes psiquiátricos internados antes e durante a pandemia de COVID
15F a z i o , e t a l.2 0 2 2Int J Envir on ResPu blic Healt hObservacionalMental Health Consequences of COVID-19 Pandemic Period     in     the     European Population:   An   Institutional ChallengeAvaliar os dados pertencentes ao quadro europeu, analisando a população por faixa etária
16O ‘ S h e a , e t a l.2 0 2 2NASN Sch NurseObservacionalPreparing  for  the   Impact  of COVID-19    on    the    Mental Health of YouthAvaliar o conhecimento dos profissionais educativos em relação aos sintomas mentais pós-COVID
17O li é , e t a l.2 0 2 1Sc i Re pObservacionalPsychological state of a sample of patients with mood disorders during the first French COVID-19 lockdownComparar uma amostra de 69 indivíduos saudáveis com 346 pacientes diagnosticados com episódio depressivo maior nos dois anos anteriores aos sintomas psicológicos autorrelatados (depressão, ansiedade, insônia, ideação suicida, estresse traumático, raiva) e condições de vida durante o primeiro bloqueio nacional francês
18P a r k ; L e e2 0 2 2B M C Ps yc ho lTransversalFactors influencing suicidal tendencies during COVID-19 pandemic in Korean multicultural adolescents: a cross-sectional studyIdentificar os fatores que influenciam as tendências suicidas e o estado de saúde mental de adolescentes multiculturais na Coreia durante a pandemia de COVID-19
19B o z z o l a , e t a l.2 0 2 2Ita l J Pe di atrObservacionalThe pandemic within the pandemic: the surge of neuropsychological disorders in Italian children during the COVID-19 eraIdentificar os fatores que influenciam as tendências suicidas e o estado de saúde mental de adolescentes multiculturais na Coreia durante a pandemia de COVID-19
20M il l n e r, e t a l.2 0 2 2Ge n H os p Ps yc hi atr yTransversalIncreased severity of mental health symptoms among adolescent inpatients during COVID-19Comparar a gravidade desses sintomas para pacientes internados durante a pandemia com a gravidade de pacientes internados na mesma unidade nos três anos anteriores à pandemia
21W i n d a r w a ti , e t al.2 0 2 2J Ch ild A do les c Ps yc hi atr NursRevisão sistemáticaA   narrative   review   into  the impact of COVID-19 pandemic on senior high school      adolescent     mental healthExplorar o impacto do COVID-19 no surgimento de problemas de saúde mental em adolescentes do ensino médio
22K a lt s c h i k , e t a l.2 0 2 2Int J En vir on Re s Pu bli c He alt hTransversalAssessment of the Long-Term Mental    Health    Effects    on Austrian        Students       after COVID-19 RestrictionsAvaliar a saúde mental de adolescentes austríacos na primavera de 2022, época em que as restrições relacionadas ao COVID-19 foram significativamente suspensas.
23G a d a g n o t o , e t a l.2 0 2 2Re v Es c En fer m U SPDescritivoEmotional consequences of the COVID-19 pandemic in adolescents: challenges to public healthDescrever as atividades cotidianas de adolescentes e as consequências emocionais relacionadas à pandemia de COVID-19
24Z h u , e t a l.2 0 2 2Fr on t Pu bli c He alt hTransversalGender-Specific Related Factors for Suicidal Ideation During COVID-19 Pandemic Lockdown      Among     5,175 Chinese AdolescentsExplorar fatores correlacionados   específicos de           gênero    para  suicídio  em adolescentes        durante  a pandemia.

A pandemia de COVID-19 trouxe para a população a nível global um novo cenário. As restrições sociais em todos os países, como meio de conter a transmissão do vírus, criou um novo paradigma no contexto social, fazendo com que os trabalhos e ensino acadêmico fossem exercidos de forma remota, além disso, muitas atividades de socialização foram totalmente interrompidas. 14-16

A saúde mental é reconhecida como importante prioridade na agenda dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Não obstante, a Organização Mundial da Saúde enfatiza a importância da saúde mental ao propor o plano de ação de saúde mental (2013 a 2030), que reduz a taxa de suicídio de cada país em um terço até 2030, de acordo com os ODS.17,18

Contudo, observou-se durante o período pandêmico de COVID-19 uma maior incidência de doenças psicoemocionais. Estudos tem relatado que a ocorrência de ideação suicida em adolescentes podem ser um fator preditor para ocorrência de suicídios na fase adulta.16-18 Como observado por Park j; Lee I (2022), no qual os autores destacam que adolescentes que pensaram em cometer suicídio aos 15 anos tinham 12 vezes mais chances de cometer suicídio aos 30 anos.18 Isso mostra que a ideia de suicídio é um forte preditor de suicídio na vida do adolescente e a importância do conhecimento do estado de saúde mental dos adolescentes para medidas preventivas de suicídios na futura população adulta.16-18

Observou-se que os principais fatores estressores de risco para o acometimento de doenças psicoemocionais em crianças e adolescentes estão associados a interrupção da vida social, atividades subjetivamente importantes e atividades esportivas.15,19 Entre os adolescentes, em geral, houve redução de todos os componentes do bem-estar (hábitos de vida, componentes sociais e emocionais), bem como diminuição da qualidade de vida e satisfação com a vida. 15,19

Crianças e adolescentes constituem a população mais vulnerável afetada pelas medidas preventivas para COVID-19, como o fechamento de escolas, levando à redução da interação com os colegas e à diminuição das oportunidades de atividade física e exploração.14,16,20 Este novo cenário corrobora para aumento de transtornos emocionais significativos relacionados ao estresse provocado pela pandemia e restrições relacionadas a essa, levando ao aparecimento de sintomas de ansiedade e depressão em adolescentes. Nas crianças houve aumento do sofrimento psicológico, com distúrbios emocionais e comportamentais, hiperatividade e distração e tendência ao tédio. Além de aumento dos distúrbios do ritmo sono-vigília, má qualidade do sono e dificuldade em continuar as rotinas diárias ocorreram em associação com hiperatividade e distração e distúrbios emocionais.15,16

Os estudos têm demonstrado que os principais efeitos mentais prevalentes durante o período de restrição social foram preocupação, impotência, medo, nervosismo, agitação e agressividade.21-23 Fatores significativos foram associados a níveis mais altos de ansiedade, incluindo sexo feminino, residência em regiões urbanas e estilos de enfrentamento focados na emoção. A dependência de smartphones e uso excessivo de internet estão associados a níveis mais altos de depressão.15,22

OLIVEIRA J, et al. (2022), observou que o estresse ocasionado pelas restrições sociais estava relacionado ao aumento da solidão e dos sintomas depressivos, especialmente para adolescentes que passam mais tempo nas redes sociais.22 Além disso, sentimento de culpa ou pensamento auto-referencial negativo também tem sido implicado no início e/ou manutenção da depressão entre adolescentes. 24,25

Foi observado que os principais fatores de risco de depressão ou doenças psicossociais em adolescentes, durante o período de pandemia, estão associadas ao sexo feminino, está no ensino médio, conviver com problemas financeiro familiar, ser ansioso ou ter algum problema mental pré-diagnosticado e conflitos familiares.14,18,21,26

Nos estudos avaliados não foram identificados a predisposição de risco maior de depressão em adolescentes do sexo feminino durante o período de pandemia.17,21 Os adolescentes do sexo masculino tem maior facilidade de conviver com distanciamento por conta de interações sociais disponíveis nos jogos eletrônicos em rede bastante comum atualmente, essa liberdade contribui para que este público consiga ter uma convivência social com seus amigos, além de ser possível ter uma interação social através de esportes recreativos com uma quantidade limitada de pessoas.12,14,15,22,25,27,28 Além disso, Kaltschik S, et al. (2022), destacam que enquanto os meninos podem usar a atividade física como um mecanismo de enfrentamento, as meninas têm que confiar mais no uso do smartphone para lidar com situações estressantes.27

Fazio N, et al. (2022) destacou que a importância dos fatores sociais e da condição de solidão, bem como uma maior carga de responsabilidades e deveres familiares podem ter uma associação com relação de maior frequência de depressão no sexo feminino durante a pandemia.15 Oliveira J, et al. (2022) observa que essa prevalência maior no público feminino pode ter relação a essas poderem ser mais vulneráveis a eventos de vida estressantes.22 Para Fazio N, et al. (2022), essa relação de maior prevalência de sintomas depressivos no gênero feminino, pode estar associado somente ao fato de que este público tem maior acometimento de doenças psicoemocionais superiores ao sexo masculino no geral, independente da condição que esses se encontram.15 Os autores salientam também que normalmente as mulheres que foram acometidas por maior frequência de depressão e piores desfecho durante o período de restrição apresentavam alto grau de solidão e baixo bem-estar espiritual.15

Além disso, as adolescentes do sexo feminino têm tendência de ficarem mais tempo nas redes sociais, este fator pode prejudicar a percepção dessas com sua autoimagem, tendo em vista que muitos conteúdos digitais são voltados para um padrão de estilo de vida diferente do que é vivenciado pela maioria dessas adolescentes.12,14,18,20

O vício em dispositivos eletrônicos, bem como o uso excessivo de internet são fatores de risco para o aumento de depressão, independentemente de restrição social ocasionada pela COVID-19. Estudos tem demonstrado que o uso excessivo da internet por crianças e adolescentes no contexto do COVID-19 pode elevar o risco de comportamento auto lesivo e risco de comportamento suicida.12,17,20,29

Apesar disso, o uso de smartphones permitem a criação de conexões sociais com os amigos remotamente e podem servir como uma estratégia de enfrentamento em episódios de aumento do estresse, pois permite o conhecimento específico sobre a pandemia e as medidas preventivas para se protegerem contra o sofrimento psíquico.15,17,27 Como observado em alguns estudos que demonstram que o acesso à internet corroborou para que os adolescentes pudessem buscar apoio psicológico nas redes sociais ou através de plataforma de conteúdo digital relacionados a temática, como no caso de canais no YouTube, contudo, cabe salientar que a conteúdo relacionado ao suicídio tem sido associada a um risco aumentado de ideação e tentativas suicidas em jovens.17

A presença de distúrbios do neurodesenvolvimento anteriores e problemas psicopatológicos ou desregulação emocional representam um importante fator de risco para o aumento de problemas psicológicos. Adolescentes com problemas mentais pré-diagnosticados tiveram pioras dos sintomas devido à falta de assistência médica que foram interrompidas por conta das restrições sociais.15,17,25 Contudo, foi observado que crianças e adolescentes diagnósticas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou outro distúrbio que afete o convívio social tiveram uma percepção de melhora dos sintomas por conta das restrições.12,14,15,30

Problemas financeiros e conflitos familiares tendem a ser um dos fatores que podem contribuir a logo prazo para piora do estado emocional dos adolescentes, a convivência diuturnamente com essa situação por conta das restrições sociais, contribui para que este público não tenha um “escape” dessa situação. Não obstante, situação financeira familiar pode contribuir para que esses adolescentes não tenham acesso a recursos básicos de acesso à internet, diminui ainda mais o convívio social remoto.12,14,15,20,28,31,32 Kim B, et al. (2022) salientam que quanto maiores as dificuldades econômicas familiares relacionadas ao COVID-19, pior a ansiedade, os sintomas depressivos e a ideação suicida.32 Desta forma, verifica-se que o efeito negativo da dificuldade econômica familiar se estende as crianças e adolescentes. Em estudo realizado por Niederkrotenthaler T, et al. (2022) foi possível observar um aumento de quase sete vezes a probabilidade de violência doméstica em adolescentes durante o período de restrição social, mostrando que esse também é um fator associado ao risco de depressão em adolescentes.31

Nas crianças, distúrbios do sono podem ser um grande preditor para ocorrência de doenças psicoemocionais.11,12,20,25,30,33 Além disso, Li G, et al. (2022), salientam que dormir menos de oito horas e pesadelos frequentes foram significativamente associados a um risco aumentado de tentativas de suicídio em adolescentes.12 Observa-se também na literatura que a sonolência diurna pode mediar a associação entre dependência de telefones celulares. Não obstante, sono insuficiente também pode levar a deficiências na regulação do humor.12

Bozzola E, et al. (2022) em seu estudo, descreveu que houve um aumento de transtornos alimentares em crianças após as restrições sociais.29 Este fato pode ter associação com restrições da vida diária, estresse e exposição às mídias sociais que podem ser preditores do início de distúrbios alimentares na juventude e que estiveram fortemente presentes neste grupo por conta das restrições sociais, não obstante, transtornos alimentares podem ter forte associação com depressão ou ansiedade.29

Bera L, et al. (2022) observou que houve uma diminuição no uso excessivo de substâncias químicas ou álcool entre adolescentes durante a COVID-19.33 Contudo, em estudo realizado por Park J; Lee I (2022) não observou correlação na diminuição do uso dessas substâncias com melhoras nos efeitos psicoemocionais ocorridos durante a restrição social.18 Demonstrando assim, de certa forma, que as doenças psicoemocionais durante a pandemia têm correlação direta com a falta de convivência social.18

Observou-se também na literatura que quando o adolescente, por volta dos 15 anos, tem ideação suicida, este tem risco de até 12 vezes de cometer suicídio na fase adulta.18 Lee B; Hong J (2022) salientaram que as variáveis relacionadas ao suicídio melhoraram em maior grau no curto prazo, enquanto no longo prazo essas melhorias foram atenuadas ou desapareceram. Contudo, os autores observam que essa melhora está relacionada diretamente a prática de suicídio, tendo em vista que foi possível notar que a ideação suicida piora a longo prazo.21 Lee H, et al. (2021), identificou que nos casos em que os adolescentes eram mais resilientes, esses eram menos propensos a depressão e ansiedade, sendo a resiliência um fator protetor para depressão, ansiedade e estresse.14

Observa-se que a depressão em adolescentes relacionado as restrições sociais ocasionadas pela COVID-19, é uma condição que tem vários fatores associados, sendo que os principais estão envolvidos ao relacionamento social, situação financeira familiar e a questões de violência doméstica. No retorno destes jovens as suas atividades de rotina, é essencial uma maior atenção em relação a possíveis sintomas psicoemocionais, principalmente os educadores, e se necessário, é importante que este adolescente seja encaminhado para um tratamento preventivo desses sintomas.15,17,21,22,25,26,32,34 Pode-se concluir assim que, como não houve um gerenciamento adequado das regras para as restrições sociais, sendo o objetivo principal diminuir a propagação do vírus, houve um aumento de outras doenças relacionadas a saúde psicoemocional.

CONCLUSÕES

A pandemia de COVID-19 teve um impacto muito importante no aumento de doenças psicoemocionais entre adolescentes. As restrições sociais limitaram a rotina dos adolescentes, corroborando assim para o aumento de depressão e suicídio neste público. A interrupção da vida social e das atividades esportivas durante o lockdown por conta da pandemia foram os principais fatores que corroborou para o acometimento de doenças psicoemocionais em crianças e adolescentes. Estes fatores corroboram para efeitos mentais como preocupação, impotência, medo, nervosismo, agitação e agressividade.

As crianças e adolescentes foram o público mais afetado por conta das restrições sociais, sendo que ser do sexo feminino, estar no ensino médio, conviver com problemas financeiro familiar, ser ansioso ou ter algum problema mental pré-diagnosticado e presenciar conflitos familiares, foram os fatores de risco associados a depressão e suicídio na adolescência durante a pandemia. É necessário maior engajamento dos pais e da sociedade para auxiliar os adolescentes na resolução de sintomas depressivos, bem como a criação de políticas públicas que auxiliem o tratamento destes adolescentes.

REFERÊNCIAS
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1 Médica Residente Em Pediatria
Secretaria De Saúde Do Distrito Federal
Nathaliargentato@Gmail.Com

2 Médica Pediatra
Secretaria De Saúde Do Distrito Federal
Alanna.Afa@Gmail.Com

3 Médica Pediatra
Secretaria De Saúde Do Distrito Federal
A.Oliveira53@Gmail.Com

4 Médico
Secretaria De Saúde Do Distrito Federal
Bpjodonto@Gmail.Com

5 Médica Residente Em Pediatria
Secretaria De Saúde Do Distrito Federal
Kg.Kamilagoncalves@Hotmail.Com

6 Médica Residente Em Pediatria
Secretaria De Saúde Do Distrito Federal
Matos.Nc@Hotmail.Com