RELATO DE CASO: ANGIOMIOFIBROBLASTOMA DE VULVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11068427


¹Tarcísio Augusto da Silva Menezes, ²Aline Anne Martins Coelho, ³Clarissa Vasconcelos de Menezes, 4Érika Maria Gomes de Menezes, 5Rafaela Martins Cavalcante.


RESUMO

Introdução: Os tumores benignos da vulva apresentam incidência variável e podem conter características císticas e sólidas. Podem surgir na vulva devido a diversos fatores, como alterações hormonais, infecções, trauma ou predisposição genética. O angiomiofibroblastoma é um tumor benigno de vulva que se identificado precocemente favorece um tratamento bem-sucedido. Método: as informações foram obtidas por meio de revisão do prontuário, registro fotográfico dos métodos diagnósticos aos quais o paciente foi submetido e revisão da literatura. Considerações finais: o manejo terapêutico do angiomiofibroblastoma consiste na ressecção cirúrgica curativa completa na qual a paciente em questão foi submetida em tempo oportuno sendo conseguido remover todo o tumor.

Palavras-chave: neoplasias vulvares; ginecologia; biópsia.

1.   INTRODUÇÃO

A vulva compreende a parte externa dos órgãos genitais femininos e está localizada no triângulo anterior do períneo. Os elementos que compõem a vulva incluem os lábios menores e maiores, clitóris, bulbo do vestíbulo vaginal e as glândulas vestibulares menores (glândulas de Skene) e maiores (glândulas de Bartholin). Tumores nessa região são um assunto de grande importância no campo da ginecologia, pois podem apresentar uma ampla variedade de características clínicas, histológicas e prognósticas. (ROGERS, 2018).

Os tumores benignos da vulva apresentam incidência variável, sendo alguns raros e outros mais frequentes. Esses tumores podem apresentar características císticas, sendo considerados pseudotumores, bem como podem ser constituídos de tecido sólido. Nem todos os tumores mostram-se com características específicas do tecido de origem, sendo assim, se faz necessário a histologia confirmatória. Eles podem surgir na vulva devido a diversos fatores, como alterações hormonais, infecções, trauma ou predisposição genética e exibem crescimentos anormais que não se espalham para outras partes do corpo e não apresentam risco de vida imediato (INCA, 2023).

Alguns exemplos de tumores benignos vulvares císticos incluem os cistos de Bartholin, do canal de Nuck e mucosos da vulva; já os benignos do tipo sólido podem ser divididos em dois grandes grupos: os epiteliais que se originam do epitélio de revestimento da vulva, e os mesenquimais que são classificados quanto à origem celular que pode ser fibroblástica, neural, vascular, muscular, tecido adiposo, entre outros. Ainda que esses tumores na maioria das vezes não sejam cancerosos, causam desconforto, dor e podem afetar a função dos órgãos genitais, levando à necessidade de tratamento médico (FEBRASGO, 2019).

Por outro lado, os tumores malignos, também conhecidos como câncer vulvar, são caracterizados por células anormais que têm a capacidade de se espalhar para outras partes do corpo, o que é chamado de metástase. Os cânceres de vulva são incomuns e correspondem a cerca de 5% de todas as malignidades ginecológicas. Esses tumores podem surgir de células presentes na própria vulva ou podem se originar em outras partes do corpo e se espalhar para a vulva. O câncer vulvar pode ser dividido em diferentes tipos histológicos, como carcinoma de células escamosas, carcinoma basocelular, melanoma e sarcoma. Ele pode estar associado a fatores como tabagismo, infecção por HPV (papilomavírus humano), imunossupressão e história de lesões pré-cancerosas da vulva (HOFFMAN, 2014).

A malignidade vulvar primária é uma neoplasia ginecológica rara, constituindo 5-8% dos casos. Considerada a quarta malignidade ginecológica mais comum que geralmente afeta mulheres na pós-menopausa com idade média de 68 anos. A American Cancer Society estima que cerca de 6.330 cânceres vulvares seriam diagnosticados e aproximadamente 1.560 mortes por câncer vulvar ocorreriam em 2022. Carcinoma de células escamosas (CEC) constitui mais de 90% dos casos de câncer vulvar, seguido por melanoma, adenocarcinoma, carcinoma basocelular, sarcoma e tipo indiferenciado (VIRARKAR et al., 2022)

Em se tratando do caso da paciente em questão, o angiomiofibroblastoma é um tumor benigno, raro, que acomete tecidos moles bem circunscritos e ocorre principalmente em região vulvar por volta da pré-menopausa. Apesar da maior parte dos tumores se encontrarem na vulva, entre 10-15% ocorrem em vagina, períneo e região inguinal, mas raramente podem apresentar lesões nas tubas uterinas (ECKHARDT, et al., 2018).

Geralmente esses tumores são observados em mulheres na pré-menopausa ou perimenopausa entre 20 e 50 anos. As pacientes costumam apresentar uma neoplasia indolor em regiões superficiais do trato genital inferior, de fácil detecção. Em tumores de colo de útero ou região uretral, podem causar sintomas obstrutivos. Nessas localizações podem ser confundidos com os cistos de Bartholin ou lipomas atrasando, assim, seu diagnóstico e tratamento (PINKI et al., 2021).

A detecção precoce e o tratamento adequado são essenciais para a gestão bem-sucedida de tumores vulvares, sejam benignos ou malignos. Os sinais e sintomas podem variar dependendo do tipo de tumor, mas podem incluir protuberâncias ou feridas na vulva, coceira persistente, dor, sangramento anormal ou alterações na aparência da pele vulvar. É fundamental que as mulheres estejam atentas a qualquer mudança nessa região e procurem orientação médica se surgirem preocupações (DE SOUSA SILVA et al., 2023).

O presente trabalho objetiva relatar um caso raro de um tumor benigno de vulva do tipo angiomiofibroblastoma de uma mulher jovem, do interior da Bahia, com uma apresentação clínica típica, corroborada com o diagnóstico histopatológico, permitindo a exclusão de possíveis neoplasias malignas e favorecendo a conscientização do meio médico dessa possibilidade diagnóstica.

2. DESCRIÇÃO DO CASO

Este relato de caso trata-se da paciente JRS, sexo feminino, 30 anos, branca, não tem filho, não está grávida, procura o serviço de ginecologia com história de tumoração em região vulvar há 4 meses, com crescimento, dor e refere febre não aferida. Tem Ultrassonografia pélvica de 14 de março, mostrando imagem 6×3,4×4,2cm – bem vascularizada, nodular, sólida. Já encaminhada com exames pré-operatórios para a exérese da lesão. Foi prescrito medicação para controle da dor (cetoprofeno).

Antecedentes pessoais 

  • Antecedentes clínicos (CID 10: E66) – Obesidade – Diagnóstico antigo

Antecedentes ginecológicos, obstétricos e menstruais

  • Idade da Menarca: 12 anos;
  • Intervalo dos ciclos: amenorreia (beta hcg negativo);
  • Data da Última Menstruação (DUM) – 02/03/2023;
  • Cólicas: sim;
  • Observações: heterossexual.

Ao exame ginecológico, foi identificado vulva trofismo e adiposidade adequada para a idade. Tumoração em grande lábio direito, consistência fibroelástica, móvel, bilobulado, com pulso, não aderido aos planos profundos, 7h, aparentemente fora da topografia da glândula de Bartholin. Toque vaginal com intróito vaginal livre, sem nódulos em parede de vagina, sem linfadenopatia inguinal, lado esquerdo sem lesões.

Tabela de acompanhamento

  • Data: 14/03/2023 – Creatinina: 0,7 mg/dl; Laudo: ECG: Normal/sinusal Hemograma completo: 13,5 g/dL (40%); plaquetas 250 mil µl;  Coagulograma completo: TTPA: 24,6s/AE 92%, INR 1,07 – Abo – grupo sanguíneo: A+ Glicose jejum: 109 mg/dL Obs. Urina I: normal

Diagnóstico

  • Novos diagnósticos (CID 10: N 907) – Cisto vulvar – Confirmado tumor vulvar

Tratamento e conduta

  • O tratamento definido para a paciente foi a exérese de tumor de vulva.

Descrição Cirúrgica

A paciente foi submetida à exérese de tumor de vulva, colocada em posição de litotomia sob raquianestesia, realizada assepsia e antissepsia, posicionamento dos campos estéreis, abertura longitudinal da face interna de grande lábio direito, sobre o tumor (entre 7 e 9 horas) e dissecção romba da lesão com hemostasia adequada. Na sequência, foi efetuada a retirada da peça com as seguintes características (tumor 4x5cm, branco, superfície irregular, consistência macia/fibroelástica, sólida – semelhante a mioma). Realizada excisão da cápsula do tumor, com hemostasia adequada com eletrocautério monopolar e pontos hemostáticos, fechamento por planos, síntese de mucosa com fio cat-gut cromado 2-0, pontos simples, invertido e finalizada com limpeza. Paciente retornou ao consultório uma semana após o procedimento onde ao exame físico identificou-se vulva de bom aspecto, cicatrização com granulação, sem sinais flogísticos, sem odor, sem secreções de aspecto patológico.

Solicitação de exames

Durante a consulta foram solicitados Imuno-histoquímico, para diagnósticos, Vários Materiais CID N90 – Outros transtornos não inflamatórios da vulva e do períneo. Tumoração de vulva – sendo orientado no anatomopatológico e avaliação imunohistoquímica.

LAUDO HISTOPATOLÓGICO (13/04/2023)

MICROSCOPIA

PARECER DIAGNÓSTICO

1) Vulva

  • Lesão de células fusiformes, em arranjo estoriforme, com proliferação de vasos ectasiados, de histogênese indefinida;
  • A celularidade é regular ao longo de toda a área e sem atividade mitótica aparente;
  • Lesão toca margens de ressecção cirúrgica

Nota: Fundamental estudo imunohistoquímico complementar para identificação de histogênese e correta classificação

2) Vulva

  • Segmento de tecido fibro esclerótico inespecífico, sem revestimento epitelial. O aspecto é consistente com cápsula de lesão previamente analisada;
  • Ausência de atipia na presente amostra

MACROSCOPIA

1) Vulva

  • Segmento tecidual irregular, brancacento, firme-elástico, pesando 35g e medindo 5,0 x 3,0 x 2,0 cm.
  • Aos cortes, é brancacento com área acastanhada de permeio, que mede 2,0 x 1,5 x 0,4.
  • Fixador: Formalina 10% tamponada. Cassete 1 – 5000083682 (1f) Cortes representativos submetidos a exame histológico.
  • Cassete 2 – 5000083681 (1f) Cortes representativos submetidos a exame histológico.
  • Cassete 3 – 5000083862 (1f) Cortes representativos submetidos a exame histológico.
  • Cassete 4 – 5000084112 (1f) Cortes representativos submetidos a exame histológico.
  • Cassete 5 – 5000084167 (1f) Cortes representativos submetidos a exame histológico.
  • Cassete 6 – 5000083693 (1f) Cortes representativos submetidos a exame histológico.

2) Vulva

  • Segmento tecidual irregular referido como cápsula de lesão em vulva, pardacento, firme elástico, pesando 5g e medindo 4,3 x 3,0 x 0,6 cm. Aos cortes, homogêneo.
  • Fixador: Formalina 10% tamponada.
  • Cassete 1 – 5000083691 (1f) Cortes representativos submetidos a exame histológico.
  • Cassete 2 – 5000083797 (1f) Cortes representativos submetidos a exame histológico.
  • Cassete 3 – 5000084372 (1f) Cortes representativos submetidos a exame histológico.

IMUNOHISTOQUÍMICA (16/05/2023) Painel de anticorpos

MICROSCOPIA

PARECER DIAGNÓSTICO

1) Vulva

  • Análise morfológica associada a estudo imunohistoquímico é consistente com o diagnóstico de Angiomiofibroblastoma;
  • Lesão de baixo índice mitótico: Ki-67 2%;
  • Limites da lesão coincidem com margem de ressecção cirúrgica;
  • Elemento de diferenciação sarcomatosa: não identificada;
  • Necrose: não identificada©.

MACROSCOPIA

1) Vulva

  • Exame realizado no bloco: 5000084112;
  • Cassete 1 – 5000084112 Cortes representativos submetidos a exame histológico;
  • Metodologia: A técnica imunohistoquímica foi confeccionada utilizando a plataforma Dako, kit Envision Flex®, seguindo as recomendações do fabricante;
  • A recuperação antigênica foi realizada utilizando calor, a amplificação utilizando polímero-peroxidase e na revelação foi empregada diaminobenzidina;
  • Todos os testes foram submetidos a avaliação com controles positivos, e mostraram-se adequados;
  • A avaliação das lâminas foi realizada por médico patologista mediante análise em microscópio comum e/ou através de imagens digitais (“WSI”).

3. DISCUSSÃO DO CASO

Os tumores mais comumente encontrados na vulva são hemangioma, lipoma, fibroma e leiomioma. O Angiomiofibroblastoma (AMFB) é um tumor benigno raro, categorizado como um tumor mesenquimal originário dos órgãos genitais femininos externos, como a vulva ou a vagina. Todavia, em vários estudos, foi sugerido que o AMFB pode ocorrer também em homens em várias áreas, como glande do pênis, intravesicalmente e até inguinalmente, simulando uma hérnia (ANGGRAENI et al., 2021).

O AMFB foi descrito pela primeira vez por Fletcher et al., em 1992. Em 2015, Wolf et al., descreveram 125 casos de AMFB feminina em sua revisão da literatura, e a maioria dos casos era de origem vulvar ou vaginal. Desde 2015, houve quatorze casos adicionais de AMFB relatados na literatura inglesa. Destes, oito casos foram localizados na vulva, no ligamento largo, colo do útero, hérnia inguinal, glande do pênis e cordão espermático. O tamanho do AMFB geralmente varia de 0,5 a 12 cm (CASTILLO et al., 2022).

Geralmente, esses tumores localizam-se nos grandes lábios e são tumores únicos, nodulares e de superfície lisa. Os sintomas dependem de sua localização e tamanho: dor, dispareunia, desconforto urinário ou retal devido à compressão. O diagnóstico diferencial deve ser estabelecido com outros tumores com os quais compartilham características morfológicas e, portanto, muitas vezes, dificultam o diagnóstico (GIL-MELGOSA, 2021).

Com relação às características clínicas, o AMFB se configura como um tumor bem circunscrito, elástico, subcutâneo, macio, a superfície de corte aparece branca a marrom amarelada e esponjosa ou mixóide. Histologicamente, as células tumorais ovais à fusiformes estão dispostas em um padrão fascicular, ondulado ou em paliçada, com áreas de alta e baixa densidade celular. A proliferação de pequenos vasos é observada no estroma. Imuno-histoquimicamente, as células tumorais são geralmente positivas para vimentina, desmina, receptor de estrogênio e receptor de progesterona, e negativas para S-100 e α-SMA, embora alguns casos sejam negativos para desmina e α-SMA-positivos (OCHOA CARRILLO, et al., 2020), tal qual o caso descrito acima.

O prognóstico geralmente é excelente, com alta taxa de sucesso na remoção completa do tumor e uma baixa taxa de recorrência. É fundamental que os pacientes sigam as recomendações médicas, incluindo consultas de acompanhamento, a fim de garantir uma recuperação completa e evitar recidiva. É importante notar que o tratamento específico e o procedimento cirúrgico pode variar de acordo com a situação individual de cada paciente. A decisão sobre a abordagem cirúrgica e o acompanhamento médico são feitos com base na avaliação médica e no histórico clínico individualizado (REYNA-VILLASMIL, 2022).

Nas últimas décadas, tem sido observado um aumento no número de tumores mesenquimais. Esse grupo de lesões abrange uma ampla variedade morfológica e imuno-histoquímica. No entanto, pelo menos quatro tipos distintos têm sido identificados: o angiomixoma agressivo (profundo), o angiomiofibroblastoma (AMFB), o angiofibroma celular e o miofibroblastoma. A subtipagem precisa desses tumores ainda representa um desafio para os patologistas. Para auxiliar nessa classificação na prática clínica cotidiana, recorre-se à utilização de tumores estromais benignos do trato genital feminino inferior, independentemente de sua eliminação. Entre os tumores estromais, o angiofibroma celular e o miofibroblastoma são os que apresentam um elo histogenético unificador (MAGRO et al., 2014).

Para Shilpa, 2022, embora seja incomum, em casos extremamente raros e atípicos, o AMFB pode sofrer uma transformação maligna. No entanto, esses casos são excepcionais e ainda pouco abordados na literatura, representando uma pequena minoria. É importante ressaltar que a malignização do AMFB vulvar não deve ser uma preocupação primária pois devido à sua raridade não há diretrizes específicas para prevenir essa transformação. Sendo assim, a importância de um acompanhamento regular para seguimento e monitorização de qualquer alteração no tumor ou possíveis sinais de malignização.

Como o câncer vulvar é a quarta neoplasia ginecológica mais comum. Para seu diagnóstico, tanto a ultrassonografia como a ressonância magnética são muito utilizadas. Em comparação com a ultrassonografia, a ressonância magnética tem melhor resolução de tecidos moles e é mais comumente usada para delinear, diagnosticar e estadiar essas condições em unidades clínicas. Assim, a revisão minuciosa da ressonância magnética pré-operatória desempenha um papel vital no desenho do tratamento subsequente. Todavia, o diagnóstico final depende principalmente dos achados histológicos (NING et al., 2023).

Para Eckhardt e colaboradores, 2018, na paciente com massa vaginal ou vulvar, é importante considerar a AMFB entre os diagnósticos diferenciais, principalmente pela importância de diferenciar o AMFB da angiomixoma agressiva para fins de tratamento. O exame histológico pós-operatório é necessário para o diagnóstico definitivo; no entanto, propõe-se que a ultrassonografia e a ressonância magnética sejam ferramentas diagnósticas cada vez mais úteis, principalmente à medida que o número de casos relatados aumenta. Dada a relação custo-eficácia do ultrassom, sugere-se iniciar o exame de imagem de uma massa sólida vaginal ou vulvar com ultrassonografia.

O diagnóstico diferencial do AMFB deve ser realizado para descartar lesões malignas, como angiomixoma agressivo, leiomioma mixoide e angiomixoma superficial. O tratamento definitivo consiste em ressecção ampla da lesão com margens adequadas, seguida de acompanhamento a longo prazo devido ao risco de recorrência (CARDOSO et al., 2021).

LAGE et al., 2021 corrobora também que o tratamento recomendado para esse tipo de tumor é a ressecção cirúrgica ampla. De acordo com estudos, foi descrito apenas um caso de recorrência, no qual ocorreu após 13 anos da cirurgia.

Desta forma, para tratar a doença, o procedimento cirúrgico de eleição é a exérese de tumor de vulva, em que se caracteriza pela retirada do tumor e de uma margem de tecido saudável ao redor para garantir a remoção completa. Realizado sob anestesia geral ou local, a escolha da abordagem cirúrgica pode variar de acordo com o tamanho e localização do tumor. Podendo ser uma excisão simples ou, em casos mais complexos, uma ressecção de vulva (SHOJI, 2017).

Em resumo, a discussão sobre tumores de vulva destaca a necessidade de uma abordagem multidisciplinar, aprimoramento na classificação histológica e avanços na pesquisa molecular. A atenção contínua a essas áreas certamente contribuirá para uma melhor compreensão dessas neoplasias e, por sua vez, para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de diagnóstico e tratamento.

4. CONCLUSÃO

Infere-se que o manejo terapêutico do angiomiofibroblastoma consiste na ressecção cirúrgica curativa completa sem risco de recidiva ou metástase após a cirurgia (LARAQUI et al., 2020).

Por conseguinte, a paciente foi tratada com sucesso para remover o tumor vulvar, por meio da excisão da cápsula do tumor, com hemostasia adequada com eletrocautério. A paciente não apresentou sinais de recorrência local e teve uma boa cicatrização.

Portanto, a compreensão dos tumores benignos da vulva é fundamental para uma abordagem clínica precisa e um manejo adequado dessas condições. A heterogeneidade morfológica e os desafios na subtipagem destacam a importância de uma avaliação multidisciplinar. Avanços contínuos na pesquisa e na caracterização desses tumores oferecem promissores horizontes para aprimorar os diagnósticos e os tratamentos, otimizando assim os resultados para as pacientes afetadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS


¹ Docente de medicina da faculdade Estácio de Juazeiro. Email: proftarcisiomenezes@gmail.com
² Acadêmica de medicina da faculdade Estácio de Juazeiro. Email: alineamcoelgo@hotmail.com
3 Acadêmica de medicina da faculdade Estácio de Juazeiro. Email: clarissavmenezes@gmail.com
4 Acadêmica de medicina da faculdade Estácio de Juazeiro. Email: erikamariagomes17@gmail.com
5 Acadêmica de medicina da faculdade Estácio de Juazeiro. Email: rafamcavalcante@bol.com.br