EPIDEMIOLOGICAL SCENARIO OF ANIMAL SPORITHROCOSIS IN THE MUNICIPALITY OF SÃO PAULO/SP IN 2021
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8373855
Ezequias Patrocínio Rosa¹
Profa. Dra. Karina Paes Burger²
RESUMO: A esporotricose é uma enfermidade muito importante para a saúde pública, não apenas por ser zoonótica e de notificação obrigatória em alguns municípios, mas também por ser pouco compreendida e negligenciada entre a população e até entre profissionais da saúde. Este artigo objetivou levantar os casos de esporotricose computados na Cidade de São Paulo e paralelamente avaliar conhecimento e conduta dos profissionais médicos-veterinários através de questionários no ano de 2021. Os casos registrados juntamente com o questionário foram essenciais para a análise do cenário epidemiológico juntamente com as particularidades de cada região da Cidade de São Paulo. Além do mais, o questionário foi fundamental para identificar fatores que podem remeter a subnotificações de esporotricose felina, que agora é de notificação obrigatória em São Paulo desde dezembro de 2020.
Palavras-chave: São Paulo; Notificação obrigatória; Questionário
ABSTRACT: Sporotrichosis is a very important disease for public health, not only because it is zoonotic and notifiable in some municipalities, but also because it is poorly understood and neglected among the population and even among health professionals. This article aimed to survey the cases of sporotrichosis computed in the City of São Paulo and, in parallel, to evaluate the knowledge and conduct of veterinary professionals through questionnaires in the year 2021. The cases recorded together with the questionnaire were essential for the analysis of the epidemiological scenario together with the particularities of each region of the City of São Paulo. In addition, the questionnaire was instrumental in identifying factors that may lead to underreporting of feline sporotrichosis, which is now mandatory notification in São Paulo since December 2020.
Keywords: São Paulo; Mandatory notification; Quis
INTRODUÇÃO:
A esporotricose é uma dermatite fúngica, responsável pela infecção principalmente em gatos domésticos e nos seres humanos, sendo a espécie Sporothrix brasiliesis a mais prevalente do Brasil (MEGID, et al., 2016). Gatos são importantes no contexto epidemiológico da doença, sobretudo os que não são castrados e também de livre acesso a rua, apresentam um papel epidemiológico importantíssimo, pois os mesmos têm o hábito de arranhar árvores, cavar buracos, cobrir dejetos com terra, afiar as unhas em tronco de árvores (LARSSON, 2011). O atraso no diagnóstico e no tratamento dos gatos pode levar a uma rápida disseminação da doença entre os membros da comunidade (LARSSON, 2011). (WALL, et al., 2016). Esses animais transmitem a enfermidade aos humanos predominantemente por arranhões e mordidas (MEGID et al., 2016).
Os gatos apresentam três síndromes clínicas: cutânea localizada, linfocutânea e cutânea disseminada. A forma cutânea, a mais comumente observada, é caracterizada por feridas que ulceram centralmente, drenando um exsudato castanho-escuro (LLORET et al., 2013). Em seres humanos são observadas as formas cutânea localizada, linfocutânea, mucocutânea, extracutânea e disseminada, a forma cutânea localizada é a mais comum (LLORET et al., 2013).
O diagnóstico considerado padrão ouro para esporotricose é o isolamento por meio de cultura, o material a ser enviado ao laboratório deve ser proveniente de crostas da região afetada no animal. Esse tipo de exame normalmente tem um prazo de 30 dias para ser liberado. (ZHANGM et al., 2019), além dessa forma, há também a possibilidade para obtenção do diagnóstico por meio de identificação da espécie por estudos morfológicos e fenotipagem fisiológica, bem como pelo PCR visando o gene calmodulina. Para um diagnóstico preliminar da doença nos gatos, técnicas histológicas e citológicas também podem ser utilizadas (GREMIÃO, 2015).
A doença tem seguido um curso peculiar no Brasil manifestando-se em caráter de surto, em detrimento da forma isolada (GREMIÃO et al., 2006), mesmo assim, em alguns locais as políticas públicas de saúde e planos estratégicos para priorizar a prevenção da infecção pela esporotricose são escassas e negligenciadas (GUILLOT et al., 2015).
A esporotricose era uma doença considerada de notificação obrigatória pelo Ministério da Saúde até maio do ano 2020 (COVISA, 2020), no entanto, apesar de não mais obrigatório, a Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, continuou a realizar a vigilância da enfermidade. Desta forma todos os casos suspeitos e confirmados de esporotricose em humanos e cães e gatos atendidos pelos serviços de saúde humana e veterinária, público ou privado, localizados no território do município, passaram a ser de notificação compulsória pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SÃO PAULO, 2020).
Em 2011 na Cidade de São Paulo, foram identificados os primeiros casos de esporotricose em gatos e em humanos pela Coordenadoria Regional de Saúde Leste, na região de Itaquera (COVISA, 2020). De 2011 a 2015, o Centro de Controle de Zoonoses, da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, detectou a ocorrência da doença em 148 gatos e um cão nas regiões de Itaquera, Itaim Paulista, Pedreira, Campo Grande, Vila Maria e Tremembé. Além disso, 13 pessoas foram encaminhadas para diagnóstico e tratamento no Instituto de Infectologia Emílio Ribas (LARSSON et al., 2011).
A partir de 2018, houve um aumento significativo do número de casos em gatos, acompanhado do aumento de casos humanos. Atualmente há notificações em 65 distritos administrativos, sendo as maiores ocorrências nos distritos de Itaim Paulista, Grajaú, Jaraguá, Vila Maria, Penha, Capão Redondo, Tucuruvi e Jaçanã (COVISA, 2020)
A informação de qualidade e com riquezas de detalhes são essenciais para a análise do cenário epidemiológico da enfermidade, contribuindo para o Programa de Vigilância e Controle da Esporotricose no Cidade de São Paulo com o planejamento de ações coordenadas e direcionadas para áreas prioritárias. Diante do exposto, objetivou-se avaliar o conhecimento e conduta dos profissionais Médicos-Veterinários e as notificações de esporotricose na Cidade de São Paulo.
MATERIAL E MÉTODO
Coleta de casos notificados:
O estudo utilizou dados de esporotricose em cães e gatos registrados em 28 Unidades de Vigilância em Saúde (UVIS), da Cidade de São Paulo, no período de janeiro a dezembro de 2021. Os casos confirmados de esporotricose são enviados por qualquer pessoa, inclusive Médicos Veterinários para as UVIS correspondentes a região onde se situa o caso, as informações podem ser enviadas por e-mail ou por contato telefônico.
A prefeitura da Cidade de São Paulo divulga oficialmente esses dados a cada semestre, por meio de boletins epidemiológicos através de seu endereço eletrônico https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/controle_de_zoonoses/index.php?p=271016, ao clicar, irá abrir uma página, onde demonstra vários boletins epidemiológicos, mas irá clicar na seta como indicado no (Anexo 1).
As UVIS são coordenadas pelas Coordenadorias Regionais de Saúde, que são divididas em Sudeste: Penha, Jabaquara/Vila Mariana, Vila Prudente/Sapopemba, Aricanduva/Mooca e Ipiranga; Oeste: Butantã, Lapa/Pinheiros; Sul: Santo Amaro/Cidade Ademar, Campo Limpo, M’Boi Mirim, Capela do Socorro e Parelheiros; Norte: Vila Maria/Vila Guilherme, Jaçanã/Tremembé, Santana/Tucuruvi, Pirituba/Freguesia do Ó/Brasilândia/ Casa Verde e Perus; Leste: Itaim Paulista, São Mateus, São Miguel, Guaianases, Itaquera, Cidade Tiradentes e Ermelino Matarazzo; Centro: Sé e Santa Cecília
Questionário:
O questionário foi enviado para 373 Veterinários (a) para obtenção das respostas no segundo semestre de 2021, porém apenas 90 (24,1%) dispuseram-se a responder. O questionário foi elaborado pela plataforma Google Forms, contendo 24 questões, no qual, avaliou questões sociodemográficas, conhecimentos e condutas referentes a esporotricose felina como demonstrado no Anexo 2 ou acessando através deste link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSd1bOBdbnhWAxcA77waPBmTShW13XI_-1mersErOV6TrpNnA/viewform. Os avaliados ou exercem suas funções em consultórios, clínicas, hospitais veterinários ou fazem atendimento em domicílio na área de clínica médica de pequenos animais, estes compreenderam e concordaram em participar da pesquisa lendo e admitindo o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que está anexado junto ao questionário (online), sendo respondido antes mesmo de responder as questões referentes à pesquisa. Os profissionais além de atuarem no ramo de clínica médica de pequenos animais também teriam que ser exclusivamente atuantes na cidade de São Paulo. Assim como há o critério de inclusão, há também o critério de exclusão, este classificado como: Não atuar em São Paulo, ser estagiário ou atuar em outro ramo, ainda que seja com pequenos animais (como cirurgião, ultrassonografista, etc). Foram averiguadas as respostas de cada avaliado do questionário a fim de correlacionar as questões para englobar em um contexto plausível para explicar o cenário das notificações em cada zona da capital.
Análise de dados:
A análise de dados foi realizada utilizando os resultados provenientes das notificações apresentadas pelas UVIS em todo o período de 2021 juntamente com a análise das respostas obtidas pelos Veterinários (a). Foi levado em consideração fatores climático, demográfico, cultural, econômico e outros fatores ambientais com o intuito de identificar cada particularidade de cada região para demonstrar meios essenciais para a proliferação do fungo e consequentemente uma maior probabilidade do aparecimento da enfermidade, em paralelo, o uso do questionário foi essencial para observar a relação do Veterinário com a esporotricose e o quanto isso influencia também no aumento de casos, pois muito das vezes ocorre negligências em identificar, orientar e notificar.
Foi usado como fonte principal de embasamento dados obtidos de outras pesquisas para identificar fatores intrínsecos que podem influenciar no aumento de casos de esporotricose, tais como fatores relacionados ao clima de São Paulo, relação humano-gato, classificação das urbanizações em SP, mapeamento de áreas verdes na cidade de São Paulo, elaborados por Barros e Lombardo, (2016), Canatto, et al., (2012), Nery et al., (2019) e Munhoz, (2017) respectivamente.
Também durante o processamento dos dados foi utilizado o mapa da Cidade de São Paulo para realçar através de cores diversas os locais onde tiveram mais notificações de esporotricose, foi feito pelo programa de desenho do paint. Também foi utilizado esse mesmo programa para adaptar outros mapas que demonstram fatores que embasam a pesquisa. O número de estabelecimentos veterinários foi computado através do Google Maps, onde se encontram vários estabelecimentos cadastrados no Google Meu Negócio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos casos de esporotricose:
Em todo o ano de 2021 a cidade de São Paulo registrou 1518 casos de esporotricose. Em ordem crescente as zonas que mais tiveram casos foram: zona norte, zona leste, zona sul, zona sudeste, zona central e zona oeste. Na zona norte teve 584 notificações, tendo os distritos correspondentes as UVIS Vila Maria/Vila Guilherme e Jaçanã/Tremembé como os que mais tiveram casos, sendo 283 e 139 respectivamente, somando os dois, corresponde a 74,8% de toda a zona norte. Na zona leste teve 378 notificações, as UVIS de Itaim Paulista e Guaianases foram as que mais apresentaram casos (163 e 56 respectivamente). Na zona sul tem 274 casos, Campo Limpo e Santo Amaro/Cidade Ademar tiveram 103 e 88 casos respectivamente. Na zona sudeste houve um registro de 213 casos no ano de 2021, em especial, a Penha e Aricanduva/Mooca representam como as UVIS que mais tiveram casos nessa zona, sendo 87 e 43 respectivamente. Na zona central, Santa Cecília foi a que mais teve casos, um número até considerável comparando com a outra UVIS que tem nessa zona, a Sé (10 casos). Foram 60 casos na Santa Cecília, isso corresponde a 85,7%. Na zona oeste, onde também tem apenas duas UVIS, a do Butantã foi a que mais teve casos no ano de 2021, 12 casos, isso corresponde a 63,1% em toda zona oeste, que teve 19 casos registrados no total (Figura 1)
Figura 1. Ilustração do mapa da Cidade de São Paulo demonstrando as UVIS que tiveram mais registros de casos de esporotricose felina em suas respectivas regiões.
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
As 3 regiões que mais tiveram casos (zona norte, zona leste e zona sul), são as 3 regiões que contêm números expressivos em suas particularidades, são as 3 zonas mais populosas da cidade, e em paralelo, contêm uma relação humano-gato de forma geral considerada como alta. A zona norte foi a que mais apresentou casos no ano de 2021, no entanto, é a região que mais apresenta aspectos essenciais para uma maior proliferação do fungo e consequentemente um maior acometimento de animais com a esporotricose: Pertence ao grupo de urbanização H, onde apresenta um grande conjunto de setores rurais, há piores índices de atendimento de água, esgoto e coleta de lixo, contém um alto índice de arborização, principalmente nas regiões que tiveram mais casos, que são os distritos de Jaçanã/Tremembé, possui temperatura que varia de 26,1 (principalmente próximo de áreas mais arborizadas) a temperaturas acima de 27,1 ºC, além do mais, é a região que contêm mais, em números aproximados, estabelecimentos veterinários na Cidade de São Paulo e também é onde, assim como a zona leste, contêm mais UVIS, esses dois últimos fatores influenciam muito no aumento do número de casos nessa região (Tabela 1).
Os fatores mais importantes que fazem da zona leste ser a segunda com mais casos com esporotricose são: Maior número de UVIS, assim como a zona norte, ser a segunda zona com mais habitantes e em paralelo ter uma relação humano-gato mais alta do que na zona norte e também fazer parte da classificação de urbanização como grupo D, grupo este que demonstra números significativamente maiores de aglomerados subnormais (favelas), o que possibilita mais a saída dos animais a ruas e ter mais contato com gatos errantes infectados com a doença (Tabela 1).
A zona sul é a zona mais povoada da Cidade de São Paulo e ao mesmo tempo possui uma relação humano gato muito alta, também é uma das regiões que tem uma alta temperatura, principalmente nos distritos que mais teve casos (Campo Limpo, Santo Amaro/Cidade Ademar), nestas mesmas regiões também prevalece o grupo F quanto a classificação da urbanização, o que explica a alta demanda da doença, visto que esse grupo reúne setores em áreas de urbanização não consolidada e precária, nos limites externos da cidade, são as áreas das cabeceiras de riachos e córregos e de solo mais suscetível à erosão, é, portanto, o território que retrata a fronteira dos impactos ambientais sobre os mananciais e o ecossistema urbano da cidade de São Paulo, ou seja, são meios essenciais para a proliferação de fungos (Tabela 1).
Tabela 1 – Tabela demonstrando as 3 zonas que mais tiveram notificações, além de suas particularidades.
ZONAS | |||
PARTICULARIDADES | Zona norte | Zona leste | Zona sul |
Notificações 2021 | 564 | 378 | 274 |
Mês com mais notificações no 1ª semestre de 2021 | Março | Junho | Junho |
Mês com mais notificações no 2ª semestre de 2021 | Outubro | Agosto | Setembro |
Quantidade de UVIS | 7 | 7 | 5 |
Número aproximado de estabelecimentos veterinários | 423 | 287 | 250 |
População estimada | 2.468.608 | 2.585.591 | 2.727.608 |
Classificação da urbanização | Grupo H | Grupo D | Grupo F |
Nível de arborização | Alto | Moderado | Alto |
Relação humano-gato | Médio e alto | Alto | Alto e muito alto |
Quanto à temperatura | 26,1 a >27,1ºC | 26,1 a >27,1ºC | >27,1ºC |
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, (2022)
A zona sudeste, central e oeste foram as que tiveram menos casos. Ainda que esteja entre as zonas com mais habitantes e que tenha uma relação humano gato muito alta, além da temperatura alta, pois é uma zona com uma classificação de urbanização bem diferente das zonas que tiveram mais casos de esporotricose, espera-se que a zona sudeste venha tendo números decrescentes de casos, pois ela é classificada como grupo B, que são predominantemente residenciais, e reúnem algumas das áreas mais valorizadas da cidade, são encontrados muitos prédios residenciais e é mais provável uma diminuição do número de animais errantes nas ruas. A zona sudeste é bem semelhante à zona sul em termos ambientais e climáticos, o que demonstra o quanto a classificação da urbanização influencia na proliferação da esporotricose (Tabela 2).
Tanto a zona oeste como a zona central possuem apenas 2 UVIS cada, porém a zona central teve mais casos que a zona oeste em 2021. O que faz a zona central ter mais casos do que a zona oeste, principalmente a UVIS Santa Cecília é que esse distrito tem algumas particularidades que fazem jus ao aparecimento desta doença fúngica tais como: fazer divisa com a zona norte, possuir uma das poucas favelas que ainda restam na zona central que é a favela do moinho, sendo assim, uma maior probabilidade, em termos ambientais, na proliferação do fungo. Além disso, a relação humano-gato na zona central também é maior que na zona oeste (Tabela 2).
Tabela 2 – Tabela demonstrando as 3 zonas que menos tiveram casos, além de suas particularidades.
ZONAS | |||
PARTICULARIDADES | Zona sudeste | Zona central | Zona oeste |
Casos registrados em 2021 | 213 | 70 | 19 |
Mês com mais notificações no 1ª semestre de 2021 | Fevereiro | Junho | Maio |
Mês com mais casos no 2ª semestre de 2021 | Setembro | Dezembro | Outubro e Dezembro |
Quantidade de UVIS | 5 | 2 | 2 |
Número aproximado de estabelecimentos veterinários | 185 | 164 | 274 |
População estimada | 2.526.413 | 431.106 | 875.141 |
Classificação da urbanização | Grupo B | Grupo A | Grupo B |
Nível de arborização | Pouco | Pouco | Pouco |
Relação humano-gato | Muito alto | Muito alto | Alto e muito alto |
Quanto à temperatura | >27,1ºC | 26,1 a >27,1ºC | 26,1 a >27,1ºC |
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, (2022)
Do questionário:
De 373 solicitações para responder o questionário, 90 Médicos Veterinários participaram, destes, 55 são mulheres e 34 homens e 1 transgênero. Mais de 50% dos avaliados têm de 22 a 30 anos de idade. Trinta e seis Veterinários(a) responderam que já faz de 1 a 5 anos que concluíram o ensino superior (o que corresponde a 40% dos entrevistados). Setenta e dois formaram-se em faculdade privada, 17 formaram-se em faculdade pública e apenas 1 formou parte em privada e parte em pública. Dos 90, 38 não possuem pós graduação, dos 52 que possuem pós graduação, 41 responderam que fez especialização (Figura 2).
Figura 2 – Gráfico em forma de barras demonstrando as respostas dos 90 avaliados quanto à pós-graduação, que é bem dividido entre os que têm e os que não têm pós.
Fonte: Google Forms (2022)
Zona norte:
Dos 90 Médicos Veterinários (a) submetidos ao questionário, 41 já notificaram esporotricose na cidade de São Paulo (Figura 3), desses 41, dezessete atuam na zona norte, dos 17 que responderam que já notificaram, todos responderam corretamente que é uma conduta correta a notificação da doença para os órgãos competentes (Figura 4), porém, 15 responderam corretamente que a esporotricose passou a ser de notificação obrigatória há um pouco mais de 1 ano (Figura 5).
Zona leste:
Na zona leste 14 já notificaram (Figura 3), todos que notificaram responderam corretamente que o ideal é notificar a doença para os órgãos competentes (Figura 4), porém apenas 6 responderam corretamente que a esporotricose é de notificação obrigatória em São Paulo há um pouco mais de 1 ano (Figura 5). Todos os 14 que notificaram, orientaram o tutor que deveria restringir o deslocamento do animal acometido, apenas um sugeriu realizar vacinação, cinco recomendaram também a realização da castração (Figura 6).
Zona Sul:
Dos 19 que responderam que trabalham na zona sul, apenas 4 responderam que já notificaram esporotricose (Figura 3). Todos responderam que deve notificar a doença como parte da conduta (Figura 4), mas somente 3 responderam corretamente que a doença é de notificação obrigatória em São Paulo mais de 1 ano (Figura 5). Todos indicaram ao tutor a restrição do deslocamento do animal e apenas 2 indicaram castração (Figura 6).
Zona sudeste:
Dos 8 que responderam que trabalham na região sudeste, 3 já notificaram esporotricose (Figura 3). Dos três, apenas um não sugeriu ao tutor a restrição do deslocamento do animal acometido, mas todos responderam corretamente que deve notificar a doença aos órgãos competentes (Figura 4), porém apenas 2 responderam corretamente que a esporotricose é de notificação obrigatória há um pouco mais de 1 ano (Figura 5).
Zona central:
Sete dos 17 que responderam que trabalham na zona central informaram que já notificou esporotricose (Figura 3). Todos que notificaram responderam corretamente que deve notificar a prefeitura (Figura 4), mas apenas 3 responderam corretamente que a agora é de notificação obrigatória em São Paulo há um pouco mais de 1 ano (Figura 5). Quanto à orientação ao tutor do animal acometido, todos responderam corretamente sugerindo a restrição do deslocamento do mesmo (Figura 6).
Zona oeste:
Dos 20 que atuam na zona oeste, apenas 2 já notificaram esporotricose (Figura 3), todas elas responderam corretamente que deve notificar aos órgãos competentes quando deparar com algum caso (Figura 4), porém as duas não responderam corretamente que a esporotricose passou a ser de notificação obrigatória há um pouco mais de um ano na capital (Figura 5).
Quanto aos que nunca notificaram esporotricose:
Foi um total de 49 participantes no questionário que responderam que nunca notificaram esporotricose, destes 49, trinta e sete nunca notificaram uma doença sequer (Figura 3), desses 37 que nunca notificaram alguma doença, 20 (54%) têm um tempo de formação de 1 a 5 anos, 11 finalizaram a graduação no tempo de 5 a 10 anos, quatro são formados há menos de 1 ano e 2 são formados a mais de 10 anos (Figura 7).
Dos 49 que nunca notificaram esporotricose, 20 afirmam que não costumam atender casos de esporotricose onde trabalham (0 a 1 caso por ano) (Figura 8), 13 desses 20 responderam corretamente que tem como uma das condutas, notificar a doença aos órgãos competentes (Figura 4), porém apenas 4 responderam corretamente que a doença é de notificação obrigatória na cidade de São Paulo há um pouco mais de 1 ano (Figura 5). Ainda sobre os 13 que responderam que tem como conduta notificar, 3 deles não tem como conduta realizar exames complementares para fechar diagnóstico (Figura 6), desses 3, apenas 1 respondeu corretamente que o exame considerado padrão ouro é a cultura para diagnóstico de esporotricose felina (Figura 9).
Dos 49 que nunca notificaram esporotricose, 9 já notificaram ao menos uma doença na prefeitura, a maioria foi leptospirose (Figura 3). Desses 9, sete responderam que atendem de 1 a 5 casos por ano, destes sete, 4 tem como conduta, notificar a doença e destes 4, apenas 1 respondeu corretamente que a esporotricose passou a ser de notificação obrigatória na cidade de São Paulo há um pouco mais de 1 ano. Os dois que responderam que atendem de 5 a 10 casos por ano já notificaram mais de uma doença na prefeitura, ambos responderam corretamente que tem como conduta notificar a esporotricose aos órgãos competentes, mas também ambos erraram quanto a questão do tempo que a esporotricose é de notificação obrigatória na cidade de São Paulo (Figura 8, Figura 5).
Quanto a questão que testa o Médico Veterinário sobre o tempo em que a esporotricose é de notificação obrigatória na cidade de São Paulo, 5 responderam que é de notificação obrigatória apenas na zona leste de São Paulo e 3 responderam que é de notificação obrigatória apenas em Guarulhos (Figura 3).
De todos que nunca notificaram a esporotricose, a maioria atua na zona leste.
Figura 3. Resultado em gráfico de barras demonstrando quais doenças já foram notificadas para a Prefeitura de São Paulo por parte dos avaliados, sobretudo a esporotricose.
Fonte: Google Forms (2022)
Figura 4. Demonstração em formato de barras das respostas dos 90 avaliados referentes às condutas pós-atendimento clínico de casos de esporotricose
Fonte: Google Forms (2022)
Figura 5. Demonstração em formato de pizza das respostas dos 90 avaliados referentes a ciência do tempo em que a esporotricose é de notificação obrigatória na cidade de São Paulo
Fonte: Google Forms (2022)
Figura 6. Demonstração em formato de barras das respostas dos 90 avaliados referentes às medidas de controle sugeridas ao tutor do animal pelos Médicos (a) Veterinários (a).
Fonte: Google Forms, (2022).
Figura 7. Demonstração em formato de pizza, onde esboça os resultados quanto ao tempo de formado dos entrevistados.
Fonte: Google Forms, (2022).
Figura 8. Demonstração em formato de pizza das respostas dos 90 avaliados referentes a quantidade de casos que atendem em 1 ano na capital paulista.
Fonte: Google Forms (2022)
Figura 9. Demonstração em formato de pizza com os resultados dos 90 avaliados, onde testa qual é a técnica padrão ouro para diagnóstico da esporotricose.
Fonte: Google Forms (2022)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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