EFFICACY OF CALCIUM HYDROXIDE IN ENDODONTIC TREATMENT WITH PERIAPICAL LESION: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8361576
Carlos Alexandre Freire do Nascimento1
Lunaine Messias de Oliveira Souza2
Lorena Ferreira Rego3
Chimene Kuhn Nobre4
Maria Fernanda Borro Bijella5
RESUMO
A Endodontia previne e trata as ocorrências patológicas na polpa e lesões perirradiculares, o tratamento endodôntico tem como objetivo a manutenção do dente comprometido em seus aspectos funcionais. O Hidróxido de Cálcio é um dos medicamentos mais utilizados no tratamento endodôntico por apresentar resultados satisfatórios na redução de lesões periapicais, possuir ação antibacteriana e exsudativa, além de ser capaz de induzir a formação de tecido mineralizado, dissolver tecido necrosado, inativar endotoxinas bacterianas e inibir a reabsorção óssea induzida por trauma ou movimentação ortodôntica. A presente pesquisa foi desenvolvida através de levantamento bibliográfico em artigos originais, monografias, dissertações, teses, livros e sites de caráter científico. Conclui-se com este trabalho que, mesmo diante de algumas limitações contra Enterococcus Faecalis e Candida Albicans, o Hidróxido de Cálcio continua sendo a medicação intracanal mais indicada pelos autores pesquisados no tratamento endodôntico de dentes com lesão periapical.
Palavras-Chave: hidróxido de cálcio, lesão periapical, tratamento endodôntico.
ABSTRACT
Endodontics prevents and treats pathological occurrences in the pulp and periradicular lesions. Endodontic treatment aims to maintain the tooth compromised in its functional aspects. Calcium Hydroxide is one of the most used medicines in endodontic treatment as it presents overwhelming results in reducing periapical lesions, has antibacterial and exudative action, in addition to being able to induce the formation of mineralized tissue, dissolve necrotic tissue, inactivate bacterial endotoxins and inhibit bone resorption caused by trauma or orthodontic movement. This research was developed through a bibliographical survey of original articles, monographs, dissertations, theses, books and websites of a scientific nature. It is concluded from this work that, even in the face of some limitations against Enterococcus Faecalis and Candida Albicans, Calcium Hydroxide continues to be the intracanal medication most recommended by the authors researched in endodontic treatment of teeth with periapical consultation.
Keywords: Calcium hydroxide, periapical lesion, endodontic treatment
1 INTRODUÇÃO
A Endodontia previne e trata as ocorrências patológicas na polpa e lesões perirradiculares, esta especialidade vem se consolidando cada vez mais como uma das mais relevantes da Odontologia, tendo um forte papel na promoção da saúde bucal e geral do paciente, pois, trata das lesões perirradiculares, uma das doenças infecciosas mais comuns que afetam o ser humano (MELO et al., 2022).
O tratamento endodôntico tem como objetivo a manutenção do elemento dentário assim como devolver e recuperar o dente comprometido em seus aspectos funcionais. Para que se consiga êxito nesse tratamento é necessário respeitar uma série de princípios tanto mecânicos quanto biológicos (OCCHI et al., 2011).
O profissional que trabalha com Endodontia se depara com três condições básicas que requerem tratamento endodôntico: polpas vitais, polpas necrosadas e casos de retratamento (SIQUEIRA JR et al., 2012).
A lesão perirradicular representa a principal doença de interesse para o endodontista. Existem mais de 400 espécies bacterianas diferentes nos canais radiculares infectados, sendo as mais comuns as espécies anaeróbias graves (MELO et al., 2022).
O hidróxido de cálcio pode ser usado em uma grande variedade de intercorrências endodônticas associadas tanto a dentes vitais como também não vitais (SANTANA & SOUZA, 2016).
As doenças que acometem a polpa dentária, são resultantes da ação de fatores químicos, físicos e principalmente bacteriológicos e podem progredir, lenta ou rapidamente, para necrose pulpar, dependendo das condições intrínsecas de defesa da polpa e da intensidade do agente agressor (KIRCHHOFF, VIAPIANA & Ribeiro 2013). Portanto, é recomendada mais de uma sessão quando do tratamento endodôntico de dentes com necrose pulpar e envolvimento periapical, mesmo que após preparo biomecânico o canal radicular esteja clinicamente adequado à obturação (SOARES, CÉSAR, 2001).
A medicação intracanal tem a função de impedir e eliminar o máximo de micro organismos, atuar como barreira físico-química, tem ação de reduzir o processo inflamatório, prevenir a reinfecção periapical, neutralizar produtos tóxicos, reduzir a sintomatologia periapical e proporcionar o reparo dos tecidos envolvidos (PIA, SILVA, 2015).
O hidróxido de cálcio é muito utilizado por apresentar efeito antibacteriano, ação exsudativa, capacidade de indução de tecido mineralizado, de dissolver tecidos necróticos e inativar endotoxinas bacterianas, é biocompatível, absorve CO2, além de inibir a reabsorção induzida por trauma ou movimentação ortodôntica (SPONCHIADO, 2021).
Portanto, este trabalho constitui-se em uma revisão de literatura, com objetivo de discorrer sobre a eficácia do hidróxido de cálcio no tratamento endodôntico em dentes com lesão periapical, no intuito de ampliar os conhecimentos dos estudantes e profissionais da área.
2 METODOLOGIA
A pesquisa possui uma natureza básica, pois, gerou conhecimento para ser diretamente utilizado na solução de problemas práticos e específicos na área da odontologia. O estudo visou identificar as vantagens do uso do Hidróxido de cálcio em tratamento endodôntico de dentes com lesão periapical, com o propósito de oferecer informações concretas e aplicáveis aos profissionais da área.
O objetivo da pesquisa é duplo: em sua vertente descritiva, buscou-se identificar e descrever detalhadamente as vantagens proporcionadas pelo uso do Hidróxido de cálcio no tratamento endodôntico de dentes com lesão periapical; em sua vertente exploratória, visa-se investigar novas perspectivas e possíveis benefícios que essa abordagem pode oferecer. Dessa forma, pretendeu-se obter uma compreensão abrangente e aprofundada das vantagens associadas ao uso do Hidróxido de cálcio.
Essa pesquisa caracterizou-se por ser uma revisão sistemática de literatura realizada por meio de pesquisa bibliográfica, abrangendo artigos científicos, livros e documentos relevantes que abordam o tema do uso do Hidróxido de cálcio no tratamento endodôntico. Além disso, foram incluídos estudos de caso que demonstrem situações reais em que o uso desse medicamento apresentou vantagens significativas. Esta abordagem permitiu uma análise abrangente das informações disponíveis, tanto em termos teóricos quanto práticos.
A abordagem escolhida para esta pesquisa foi a qualitativa. Esse enfoque permitirá uma compreensão profunda das vantagens do uso de Hidróxido de cálcio no tratamento endodôntico de dentes com lesão periapical, explorando opiniões, percepções e experiências de profissionais da área, pacientes e especialistas. A análise qualitativa proporcionará insights detalhados sobre as razões subjacentes às vantagens identificadas, permitindo uma compreensão holística do tema.
Foram utilizadas as seguintes bases de dados: PubMed; Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Google acadêmico, Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Medline. Essas bases de dados foram selecionadas devido à sua abrangência e relevância na área da odontologia e ciências biomédicas. A utilização de múltiplas bases de dados auxiliará na obtenção de uma visão completa das pesquisas e informações disponíveis sobre as vantagens do uso de Hidróxido de cálcio no tratamento endodôntico de dentes com lesão periapical.
A busca pelos artigos foi feita através dos seguintes descritores fornecidos pela Base DECS: hidróxido de cálcio, lesão periapical, tratamento endodôntico. Foram incluídos artigos que apresentem pesquisas originais, estudos de casos, revisões sistemáticas e meta-análises relacionadas ao uso de Hidróxido de cálcio no tratamento endodôntico de dentes com lesão periapical publicados a partir de 2001. Foram excluídos artigos que não abordam diretamente as vantagens desse medicamento ou que tenham baixa qualidade metodológica. A inclusão foi baseada em critérios estritos de relevância, metodologia e qualidade científica.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Hidróxido de Cálcio
Medicamentos intracanais são recomendados quando o canal radicular está extensamente infectado e quando os intervalos entre as consultas são longos. Os autores enfatizaram que os medicamentos não devem ser usados como alternativa à limpeza e modelagem minuciosas (ORDINOLA-ZAPATA et al., 2022).
A utilização de medicações intracanais no sistema de canais radiculares vem sendo cada vez mais discutida na atualidade. Quando acompanhada de técnicas e aprimoramentos dos preparos biomecânicos e das substâncias químicas auxiliares na irrigação, as medicações intracanais desenvolvem um importante papel para alcançar uma maior taxa de sucesso no tratamento endodôntico. O Hidróxido de Cálcio, o Paramonoclorofenol Canforado (PMCC), Tricresol formalina entre outras medicações, são comumente utilizadas e corroboram para o controle e diminuição da proliferação de bactérias no interior do sistema de canais radiculares (ARAUJO, OLIVEIRA, 2022).
A medicação intracanal é importante no tratamento endodôntico pelo fato do mesmo necessitar, em alguns casos, do emprego de medicamentos no interior do canal radicular, onde deverão permanecer ativos durante todo o período entre as sessões da terapia endodôntica (CARVALHO & RODRIGUES, 2018).
Os medicamentos, em geral, possuem várias funções como: promover a eliminação de microrganismos que sobreviveram ao preparo químico-mecânico, atuar como barreira físico-química contra a infecção ou reinfecção por bactérias da saliva, atuarem como barreira físico-química, diminuir a inflamação perirradicular, neutralizar produtos tóxicos, controlar exsudação persistente, estimular a reparação por tecido mineralizado, controlar a reabsorção dentária inflamatória externa e solubilizar matéria orgânica (SANTOS et al., 2021).
O Hidróxido de Cálcio (CH), com a fórmula Ca (OH)2, é de longe a medicação intracanal mais amplamente utilizada, pois possui várias propriedades desejáveis, especialmente a inibição de enzimas bacterianas, efeitos antimicrobianos, ativação de enzimas teciduais como a fosfatase alcalina e estimulação da mineralização (JAHROMI & MOTAMEDI, 2019). O uso do hidróxido de cálcio está indicado em várias situações clínicas, tais como: canal radicular infectado pós necrose pulpar, em alguns tipos de traumatismo dentário, em casos de reabsorção interna e indução da complementação radicular (SPONCHIADO, 2021).
As principais características do Hidróxido de Cálcio se desenvolvem a partir da sua dissociação em íons cálcio e hidroxila. A ação destes íons explica as propriedades biológicas e antimicrobianas desta substância, que se manifestam a partir de ações enzimáticas tanto sobre as bactérias quanto sobre os tecidos (NERY, CINTRA, GOMES-FILHO et al., 2012).
Foi usada inicialmente por Nygren no tratamento de fístula dental em 1838. Em 1920 passou a ser reconhecido cientificamente por meio do dentista alemão Bernhard W. Hermann. Somente em 1975 o Hidróxido de Cálcio passou a ser usado como curativo de demora em dentes com necrose pulpar (SOUZA, NASCIMENTO, SALOMÃO, 2021).
Esta substância age limpando os reagentes usados pelas bactérias para a respiração anaeróbica, mineralizam o tecido e são capazes de promover a inativação de lipopolissacarídeos, que são encontrados na membrana externa das bactérias gram-negativas (BARRETO et al. 2023).
A atividade antimicrobiana do hidróxido de cálcio é iniciada pela liberação de íons hidroxila, que aumentam o pH no sistema de canais radiculares, afetando, assim, as membranas citoplasmáticas e o DNA de microrganismos (SPONCHIADO, 2021).
Apesar das excelentes propriedades do hidróxido de cálcio (CH), ele possui algumas desvantagens, como a necessidade de uma duração prolongada do tratamento, a exigência de substituições periódicas e o potencial enfraquecimento da estrutura dentária em casos de aplicação a longo prazo (JAHROMI & MOTAMEDI, 2019).
A principal limitação do Hidróxido de Cálcio é a sua ineficácia contra alguns microorganismos, como o Enterococcus Faecalis e o Candida Albicans, que estão frequentemente associados a infecções endodônticas persistentes (KUMAR et al., 2023).
O Enterococcus faecalis é um microrganismo persistente que compõe uma parte da flora de canais não tratados e são encontrados em grandes quantidades em canais onde há falhas no tratamento. O Enterococcus faecalis supera os limites da sobrevivência dentro do sistema de canais radiculares de várias maneiras, sendo capaz de formar um biofilme que muitas vezes resiste à sua destruição permitindo que se torne até 1000 vezes mais resistentes à fagocitose (LACERDA, 2021).
Essas bactérias geralmente estão ligadas aos casos de fracasso endodôntico e lesões perirradiculares. Elas apresentam a habilidade de penetração dos túbulos dentinários, fazendo com que sobrevivam ao preparo químico-mecânico do conduto radicular. O colágeno presente nos túbulos permite a sua adesão e proliferação quando não desinfetado adequadamente (SOUZA, NASCIMENTO, SALOMÃO, 2021).
Portanto, medicamentos intracanais contemporâneos, como o hidróxido de cálcio, são úteis não apenas para a eliminação de microrganismos e inativação de seus subprodutos, mas também para a confirmação dos primeiros sinais de cicatrização ou resolução de sintomas antes da conclusão do tratamento (ORDINOLA ZAPATA et al., 2022).
3.2 Tratamento endodôntico em dentes com lesão periapical
No centro do dente e em toda a sua extensão existe uma cavidade onde se localiza a polpa dentária, popularmente conhecida como “nervo do dente”. Essa cavidade é dividida em uma câmara pulpar e canais radiculares. Dependendo do elemento dentário, pode haver um ou mais canais radiculares. A polpa dentária pode ser afetada por vários fatores como cáries profundas, restaurações profundas, desgastes etc. O processo inflamatório inicia-se com a pulpite, que geralmente é acompanhada por intensa sensibilidade ao frio e a alimentos doces (MELO et al., 2022).
O tratamento endodôntico é importante, pois, permite o restabelecimento funcional de dentes com comprometimento pulpar e/ou periapical (ALMEIDA et al., 2011). Dentre as etapas da terapia endodôntica é realizado o preparo químico mecânico, com instrumentos endodônticos e soluções irrigadoras, tendo a função de promover à remoção mecânica dos microrganismos e seus tecidos degenerados. Após o preparo biomecânico o canal encontra-se em condições propícias para receber a terapia medicamentosa (PIA, SILVA, 2015).
O pré-requisito para um tratamento bem-sucedido de canal radicular é a obtenção da tríade endodôntica, que inclui a preparação biomecânica (limpeza e modelagem), a limpeza química do canal radicular usando soluções de irrigação, a esterilização do canal radicular com medicamentos intracanais e a obturação com materiais de preenchimento de canal radicular (RATIH et al., 2022).
As patologias endodônticas envolvem alto índice de bactérias aeróbias, instaladas no início da infecção e nos casos mais avançados apresentam bactérias anaeróbias, predominando microrganismo gram-negativos. A intervenção endodôntica deve ser imediata, iniciando com o preparo biomecânico, intercalando com soluções irrigadoras e medicamento intracanal. Tendo a finalidade de combater ou reduzir ao máximo a carga microbiana existente na infecção (SANTOS et al., 2021).
Em casos de dentes com lesão periapical crônica é imprescindível o uso de uma medicação intracanal, já que o PQM não é capaz de atingir regiões como os túbulos dentinários e a superfície externa da raiz (SPONCHIADO, 2021).
O uso de um medicamento intracanal oferece ao clínico a oportunidade de testar o efeito de procedimentos endodônticos fundamentais; se os resultados a curto prazo forem satisfatórios para o operador e o paciente, o caso pode ser concluído e restaurado (ORDINOLA-ZAPATA et al., 2022).
O preparo do canal, empregando-se instrumentos e soluções irrigadoras, proporciona a desinfecção, mas não garante a total eliminação dos microrganismos. Porém, a associação do preparo com a medicação intracanal eleva ainda mais a eliminação da microbiota, aumentando assim os números de sucessos endodônticos (GALVÃO, 2012).
Durante o preparo químico-mecânico, instrumentos endodônticos promovem a remoção mecânica de micro-organismos, seus produtos e tecidos degenerados, auxiliadas por uma substância química que, além de maximizar a remoção de detritos através da ação mecânica do fluxo e refluxo, também pode exercer um efeito químico significativo, desde que possua ação antimicrobiana e solvente de matéria orgânica (SIQUEIRA JR et al., 2012).
No entanto, esse procedimento é incapaz de eliminar todos os patógenos devido à alta complexidade anatômica em que se criam áreas inacessíveis para a limpeza os canais radiculares mecanicamente (BARRETO et al., 2023). A infecção em áreas de ramificações, ístmos ou outras irregularidades e a invasão bacteriana no interior dos túbulos dentinários dificultam ou impossibilitam completamente a ação dos instrumentos endodônticos e a atividade antimicrobiana tanto da solução irrigadora quanto da medicação intracanal (LACERDA, 2021).
Estas áreas não são comumente tocadas pelos instrumentos endodônticos e a substância química auxiliar empregada na irrigação nem sempre é utilizada no tempo necessário indicado para que ocorra a ação antimicrobiana intracanal. Baseada nessa dificuldade, é preciso optar por um curativo de demora que possa executar ação antimicrobiana intracanal por longo prazo (SOUZA, NASCIMENTO, SALOMÃO, 2021).
As infecções endodônticas são classificadas da seguinte forma: infecção primária, secundárias ou persistentes. A infecção primária é tipicamente formada por anaeróbios, bacilos e gram-negativos. Sendo que a carga bacteriana que está envolvida na infecção primária pode ser parcialmente eliminada, após instrumentação adequada dos canais radiculares (SANTOS et al., 2021).
As lesões periapicais são as lesões patológicas mais comuns que acometem o osso alveolar e ocorrem como resultado da inflamação pulpar (YAMIN et al., 2021). Existe um número significativo de lesões radiolúcidas encontradas na região periapical, que podem ser igualmente relevantes para a prática endodôntica (MELO et al. 2022).
A fístula dento alveolar é uma via patológica entre a cavidade oral e o osso alveolar. Ocorre principalmente como resultado de cistos infectados, fraturas mandibulares ou maxilares, inflamações periodontais, dentes necrosados e trauma (MELO et al., 2022). São processos inflamatórios que se propagam para os tecidos periapicais. Histologicamente, apresenta uma zona de liquefação composta de exsudato proteináceo, tecido necrosado e pus. Clinicamente o paciente apresenta dor severa na área do dente sem vitalidade e o dente não responde aos testes de vitalidade pulpar devido a necrose pulpar (SANTANA & SOUZA, 2016). Atualmente, as lesões periapicais são tratadas com abordagens cirúrgicas ou não cirúrgicas. Quando o tamanho da lesão é grande, a abordagem cirúrgica costumava ser o padrão no tratamento de lesões periapicais. No entanto, avanços no conhecimento científico sobre a origem, natureza patológica e comportamento clínico das lesões periapicais endodônticas, bem como, o potencial de cura da lesão pulpo-periapical sem intervenção, têm favorecido a abordagem não cirúrgica. Além disso, os métodos cirúrgicos têm várias desvantagens, como longo tempo de cicatrização, falta de alívio da dor, fístulas e inchaço. Portanto, a cirurgia deve ser considerada apenas como uma opção quando o tratamento endodôntico não cirúrgico falhar em induzir a resolução da lesão (KUMAR et al., 2023).
A eliminação dos microrganismos do sistema de canais radiculares e as medidas voltadas para a manutenção deste ambiente livre de infecção constituem os principais fatores para um prognóstico favorável ao tratamento endodôntico (LOPES, SIQUEIRA, 2015).
Vários estudos utilizando diferentes metodologias demonstram que a pasta de hidróxido de cálcio com PMCC apresenta excelente atividade antibacteriana e antifúngica. Na verdade, a pasta de Hidróxido de Cálcio com PMCC (e também glicerina, ou HPG) apresenta um excelente raio de atuação (SIQUEIRA JR et al., 2012. O reconhecimento do hidróxido de cálcio é baseado pelas características químicas disponibilizadas, como: ação antibacteriana (bactericida e bacteriostático), ação anti inflamatória, biocompatibilidade, promover efeito mineralizador, dissolução de restos orgânicos, neutralizante de substância tóxica, inibição de reabsorções inflamatórias e função de barreiras físicas (PIA, SILVA, 2015).
Os curativos de demora mais utilizados durante o tratamento endodôntico são o tricresol formalina, formocresol, hidróxido de cálcio (HC) e Otosporin® (Farmoquímica S/A, Rio de Janeiro, Brasil). Cada um dos curativos tem indicações, formas de aplicação e tempo de ação determinados (PÉRES, 2022).
Segundo Vasconcelos (2015), o hidróxido de cálcio não é tão efetivo quando usado em curto prazo e não é recomendado como irrigante, mas sim como curativo de demora entre sessões e, para que se obtenha uma boa atividade antimicrobiana é necessário que seja utilizado por um longo período.
Todavia, Soares e Goldberg (2011) relatam que o tempo de permanência do hidróxido de cálcio dentro do canal radicular deve ser respeitado, para que o mesmo expresse seu efeito antimicrobiano de forma segura. Os autores mencionam que, se houver a necessidade de permanecer o hidróxido de cálcio por mais de 30 dias, será relevante realizar a troca a cada 15 dias, lembrando que as condições clínicas do canal é um fator determinante para realizar a troca da medicação.
O uso ideal de curativo de demora com hidróxido de cálcio em dentes com necrose pulpar e reação periapical crônica deve ser de no mínimo, 15 dias, sendo 30 dias considerado ideal (SANTA & SOUZA, 2016).
A Resolução de uma fístula, alívio da dor, a ausência de sensibilidade à percussão e/ou palpação são sinais clínicos favoráveis de desinfecção eficaz do canal radicular (ORDINOLA-ZAPATA et al., 2022).
O tratamento endodôntico é considerado finalizado após proservação, onde o profissional realizará o controle clínico e radiográfico, tendo a finalidade não só de avaliar o sucesso ou fracasso do tratamento, mas também a técnica executada (SANTOS et al., 2021).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nesta revisão bibliográfica, foi possível concluir que o Hidróxido de Cálcio é o medicamento mais utilizado no tratamento de dentes com lesão periapical, por todas as suas vantagens clínicas. Mesmo não eliminando microrganismos, como o Enterococcus Faecalis e a Cândida Albicans, o Hidróxido de Cálcio continua sendo indicado durante o tratamento endodôntico, por sua eficácia no tratamento de dentes com polpa necrosada, quando utilizado como curativo de demora.
REFERÊNCIAS
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1Acadêmico de Odontologia.
Artigo apresentado à UNISAPIENS, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia, Porto Velho/RO, 2023
2Acadêmica de Odontologia.
Artigo apresentado à UNISAPIENS, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia, Porto Velho/RO, 2023
3Professora Orientadora. Professora do curso de Odontologia
4Professora Orientadora. Professora do curso de Odontologia
5Professora Orientadora. Professora do curso de Odontologia