CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA DAS MULHERES SOBRE A PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO

KNOWLEDGE, ATTITUDES AND PRACTICES OF WOMEN ABOUT THE PREVENTION OF CERVICAL CANCER

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8338576


Antônio Luiz dos Santos filho1
Nickolle Beckman Oliveira Lopes Silva 2
Liliam Mendes de Araújo 3
Adriana Sávia de Souza Araújo 4


Resumo

No Brasil, o câncer do colo do útero (CCU) é o terceiro tipo de neoplasia maligna de maior incidência entre as mulheres e tem elevada taxa de mortalidade, no entanto esse cenário pode ser impactado se o diagnóstico for feito precocemente, através dos exames de rastreamento e da vacina contra o papilomavírus (HPV). O estudo teve como objetivo analisar conhecimento, atitude e prática das mulheres sobre a prevenção do câncer de colo uterino. Realizou-se estudo transversal, descritivo, de natureza quantitativa, com mulheres atendidas em um Centro Integrado de Saúde, no período de março a junho de 2023, utilizando um questionário com questões fechadas. Observou-se que 92% das mulheres conhecem o exame citopatológico, 88% realizam o referido exame, 42% sabem que o objetivo é o rastreamento do câncer de colo uterino; 90% afirmam que o CCU tem cura, 85% entendem a importância do diagnóstico precoce para o resultado do tratamento. No entanto, 88% relataram não saber a causa do CCU e 78% desconhecem a relação entre o HPV e CCU. No que se refere à prevenção do HPV, 41% das mulheres têm relação sexual com preservativo, sendo que apenas 14% usam todas as vezes. Concluiu-se que, embora as mulheres tenham conhecimento acerca do exame e entendam a importância da sua realização para o diagnóstico precoce e a relação deste com o prognóstico da doença, a atitude e prática dessas mulheres, por exemplo no que se refere ao uso do preservativo, está comprometida uma vez que desconhecem a causa da neoplasia em questão e a relação entre o HPV e CCU e, apenas, 54% realizam o exame como preconizado pelo Ministério da Saúde.

Palavras-chave: Câncer de colo uterino. Atitude. Conhecimento. Prática. Rastreamento.

1 INTRODUÇÃO

O câncer do colo do útero (CCU) é uma doença com uma história natural definida, de evolução lenta, passível de rastreamento, detecção precoce e tratamento, com bom prognóstico. O CCU é a quarta neoplasia maligna mais comum no mundo, com elevada taxa de mortalidade, especialmente em países de baixa e média renda, em que há uma menor adesão à prevenção e ao tratamento das lesões precursoras (CARVALHO et al., 2022). Cerca de 300.000 mulheres morrem por ano devido a esse tipo de câncer, apesar da alta taxa de cura quando diagnosticado precocemente, sendo uma neoplasia mais prevalente na faixa etária de 25 a 59 anos (FONSECA et al., 2022).

No Brasil, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2021) o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de neoplasia maligna mais incidente entre mulheres, tendo sido estimados 16.710 casos novos para o ano de 2022, o que reflete um risco substancial de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. A taxa estimada de incidência da doença no estado do Piauí é de 19,82%, perfazendo um total de 390 casos (INCA, 2022).

Dentre as causas do câncer (CA) de colo de útero, a principal é a infecção por Papilomavírus Humano (HPV), sendo responsável por quase 99% do total dos casos notificados. No entanto, o processo de desenvolvimento da doença é resultado de uma longa infecção persistente do trato genital inferior, sendo amplamente possível de ser detectada precocemente nas lesões precursoras à neoplasia maligna. Dessa forma, devido ao menor custo e boa disponibilidade do serviço, a citologia oncótica é o método de rastreamento de CA de colo uterino e de suas lesões antecessoras mais utilizado no Brasil (FONSECA et al., 2022).

Nesse sentido, a citologia oncótica ou exame citopatológico consiste na coleta e análise do esfregaço das células presentes na ectocérvice e endocérvice, camada mais externa e interna do colo de útero, respectivamente (MOREIRA; CARVALHO, 2020). Para que cumpra seu devido papel como método diagnóstico e preventivo, o exame citopatológico deve ter uma alta adesão e cobertura populacional, além de ser de suma importância a sua qualidade, que depende de uma boa amostra com coleta de material adequada que tenha representatividade do epitélio escamoso e do epitélio glandular. (ALENCAR, et al., 2021)

A propósito do exposto, Gomes et al (2017) evidenciaram que o desconhecimento de mulheres sobre a prevenção do colo do útero e sua finalidade, ocasiona a não adesão ao exame e, consequentemente, altos   índices   de   mortalidade no Brasil. Sousa e Costa (2015) destacaram a falta de conhecimento de mulheres sobre o papilomavírus humano e sua relação com o carcinoma do colo uterino.

Sendo assim, o objetivo desse estudo foi analisar conhecimento, atitude e prática das mulheres sobre a prevenção do câncer de colo uterino, pois o conhecimento das mulheres sobre a prevenção do câncer de colo uterino é fundamental para promoção de ações estratégicas, visando um maior envolvimento das mulheres no autocuidado. Ademais, considera-se que a informação é uma ferramenta facilitadora para uma maior adesão às medidas preventivas, e que o diagnóstico precoce, além de reduzir a mortalidade, impacta nos custos do sistema de saúde.

2 METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo transversal, descritivo, de natureza quantitativa, realizado em um Centro Integrado de Saúde vinculado a uma Instituição de Ensino Superior no período de março a junho de 2023, com um total de 100 mulheres. Foram incluídas mulheres maiores de 18 anos, que buscaram qualquer tipo de atendimento no referido serviço e excluídas aquelas mulheres legalmente incapazes, e as que apresentaram algum transtorno mental que as tornaram inaptas a compreender os objetivos do estudo.

A seleção da amostra foi realizada de forma aleatória e o instrumento para produção de dados utilizado foi um formulário composto com as seguintes questões: caracterização sociodemográfica e econômica (idade, situação conjugal, renda, escolaridade); atitudes e práticas de prevenção (uso de preservativo, frequência na realização do exame Papanicolau), conhecimentos sobre o câncer de colo uterino ( causas, diagnóstico e tratamento), e conhecimento sobre o HPV ( agente, formas de transmissão, prevenção e sua relação como o câncer de colo uterino).

Após a coleta de dados, os achados foram inseridos em planilhas eletrônicas, e as variáveis categorizadas e descritas por meio de frequência absoluta e relativa percentual no software GraphPad Prism 5. A discussão dos resultados foi feita com base nas publicações científicas relacionadas à temática.

Para minimizar os possíveis constrangimentos durante a entrevista, todas as participantes foram conduzidas a um consultório, por ser um ambiente privativo, com ausência de ruídos e presença de outras pessoas. Os pesquisadores seguiram as disposições éticas e legais, iniciando a coleta somente após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário UNINOVAFAPI, sendo este aprovado em 13 de dezembro de 2022, sob o Parecer 5.813.244.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo um total de 100 mulheres, com idade mínima de 18 anos e máxima de 78 anos, seguindo os critérios de inclusão e exclusão. No que tange à faixa etária, a maioria das mulheres encontravam-se entre 46 e 64 anos, correspondendo a 32% das participantes, conforme a Tabela 1. Esse perfil encontrado é semelhante ao estudo de Silva et al. (2021) em que a maior parte das entrevistadas tinham entre 46 e 58 anos, Silva et al (2020) idade mínima foi de 18 anos e a máxima de 60 anos, e entre 43,5 e 57 anos (IGLESIAS, et al. 2019).

Considerando à situação conjugal, a maioria declarou ser casada, perfazendo um total de 53%. A primeira relação sexual das participantes aconteceu entre os 15 e 18 anos, bem mais cedo do que identificado por Iglesias et al. (2019), que foi em média 20 anos. Sobre a escolaridade, 97% das participantes relataram ser alfabetizadas, sendo que 3% eram analfabetas e 27% possuíam menos de 9 anos de estudo, percentual este inferior ao de Iglesias et al. (2019) 52,5%. Estudo realizado por Silva et al (2020) os autores evidenciaram que 12% das mulheres possuíam o ensino fundamental e 3% sem escolaridade.

No que diz respeito à renda mensal, 57% das entrevistadas declararam que recebiam menos de um salário-mínimo. Situação diferente foi evidenciada por Silva et al (2020), 12% das mulheres tinham menos de 1 salário-mínimo, 48% tinham até 1 salário-mínimo, 28% das mulheres tinham de 2 a 3 salários-mínimos, 7% tinham mais de 4 salários-mínimos. Ressalta-se que nesse estudo apenas 7% possuíam renda igual ou superior a 3 salários-mínimos.

A realidade sociodemográfica é importante, pois segundo Ansari (2016) a baixa renda e escolaridade, tornam as pessoas mais vulneráveis às doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer, isso em função da maior exposição aos fatores de risco e com menor acesso às   informações   e   aos   serviços   de   saúde. Corroborando com o autor o Instituto Nacional do Câncer (2016) afirma que há uma relação forte entre o baixo nível de escolaridade com a vulnerabilidade ao câncer.

Tabela 1– Distribuição da amostra segundo as características sociodemográficas, Teresina-Pi, 2023. (n=100)

Característicasn%
Idade  
18 a 25 anos1818,0
26 a 35 anos1818,0
36 a 45 anos2525,0
46 a 64 anos3232,0
Acima de 64 anos77,0
Situação conjugal  
Casada5353,0
Solteira2323,0
Divorciada66,0
Viúva55,0
Namorando1313,0
Escolaridade  
Sem escolaridade33,0
Ensino fundamental incompleto2727,0
Ensino fundamental completo66,0
Ensino médio incompleto88,0
Ensino médio completo3333,0
Superior incompleto1010,0
Superior completo1313,0
Renda mensal  
Menos de 1 salário-mínimo5757,0
1-2 salários-mínimos3535,0
3-6 salários-mínimos77,0
+ 7 salários-mínimos11,0
Fonte: Autoria própria

Considerando o conhecimento das mulheres sobre o exame citopatológico, também chamado de Papanicolau, de acordo com os dados da Tabela 2 observou-se que 92% das participantes declararam conhecer o exame. Quando questionadas sobre o objetivo do exame, 24% afirmaram não saber para que serve, 42% afirmaram ser para rastreamento do câncer de colo uterino, 29% relataram ter como objetivo a prevenção de doenças sexuais, ao passo que 5% direcionaram para tratamento de infecções.

Tabela 2: Conhecimentos das participantes do estudo sobre o exame citopatológico (Papanicolau) e práticas de prevenção, Teresina-Pi, 2023. (n=100)

Variáveisn%
Conhece o exame citopatológico (também chamado de Papanicolau)?  
Sim9292,0
Não88,0
Para que serve o exame?  
Não sei2424,0
Prevenção de doenças sexuais2929,0
Rastreamento do Câncer de colo de útero4242,0
Tratamento de infecções55,0
Já fez o exame do Papanicolau?  
Sim8888,0
Não1212,0
Com qual frequência realiza esse exame?  
Semestralmente44,0
Anualmente5959,0
A cada 2 anos1212,0
A cada 3 anos55,0
Intervalo superior a 3 anos88,0
Não se aplica1212,0
Fonte: Autoria própria

Nesse estudo, 92% das mulheres já conheciam o exame do Papanicolau, resultado que se assemelha aos evidenciados em outra pesquisa na qual 100% das mulheres participantes já conheciam o exame preventivo (MAIA, 2023). No entanto, apesar da maioria conhecer o exame citopatológico, apenas 42% souberam dizer para que serve o exame, Maia (2023) evidenciou que mais de 94% das entrevistadas descreveram saber que o Papanicolau tem como objetivo rastrear o câncer de colo uterino.

Como discorrido por Silva et al. (2021), a maioria das mulheres possuem conhecimento limitado acerca do assunto de câncer de colo e do citopatológico, sem, no entanto, correlacionar os dois temas de forma aprofundada, tornando a informação superficial e ineficaz e, assim, limitando a aderência aos métodos de saúde.

Chiconela e Chidassicua (2017), em que as mulheres não sabiam explicar o que era o câncer cervical, embora já tenham ouvido falar. Nogueira e Moraes (2017), relatam que a falta de conhecimento está diretamente relacionada a baixa escolaridade, para os autores o baixo nível de escolaridade se torna uma barreira que impede a compreensão da magnitude do que seja um CCU.

Com relação ao conhecimento à cerca da causa do câncer de colo uterino, 88% relataram não saber a causa do câncer. Ainda, a maioria declarou não saber corretamente o que é o HPV e nem saber o que causa o HPV. Esses dados evidenciam a falta de informações acerca da principal causa do câncer de colo uterino, sendo assim pouco provável que tais mulheres saibam se prevenir, corretamente, contra o papiloma vírus humano.

No que concerne as práticas das mulheres com relação ao exame, notou-se que a maioria (88%) relatou já ter feito o exame preventivo. Ao serem indagadas sobre a frequência de realização do exame, 59% afirmaram realizar o exame anualmente, 12% a cada 2 anos, 5% a cada 3 anos, enquanto 12% relataram nunca ter realizado o exame.

Estudo sobre os conhecimentos e a prevenção do câncer de colo de útero, os autores evidenciaram que a população tem conhecimento sobre a temática, porém no momento de colocar em prática, no que se refere a realização do exame preventivo de câncer de colo de útero, o Papanicolau, não o fazem. Assim apesar das estratégias voltadas para prevenção do CCU terem possibilitado esse alcance das informações em diferentes níveis de escolaridade, ainda existem lacunas no grau de conhecimento sobre a doença (SANTOS, et al. 2023).

Para Dantas et al. (2018) os resultados evidenciaram que todas as mulheres conhecem o exame Papanicolau, mas nem todas sabem de sua principal função, os autores também relataram que vergonha e falta de orientação são os principais fatores que contribuem para não realização do exame.

A propósito do exposto é importante destacar que segundo o INCA(2016), toda mulher entre 25 e 64 anos e que já iniciou vida sexual deve submeter-se ao exame preventivo periódico. A normativa informa também que após dois exames seguidos (com um intervalo de um ano), apresentando resultado sem alterações, o preventivo pode ser realizado a cada três anos. Dessa maneira, é incontestável a importância do exame Papanicolau como método de escolha mais utilizado para o diagnóstico de lesões precursoras ao câncer do colo de útero, consequentemente, importante para a prevenção e tratamento dentro do período adequado (OLIVEIRA et al 2018; REGO, 2022).

Ao serem questionadas quanto à idade de primeira relação sexual, 10% afirmaram ter acontecido com menos de 14 anos, 55% com idade entre 14 a 18 anos, 34% com mais de 18 anos. Resultados estes que diferem de Iglesias et al (2019) no qual as mulheres entrevistadas iniciaram a vida sexual aos 20 anos.  Na puberdade, quando os ovários começam a secretar estrogênio, o colo do útero aumenta de tamanho; as células colunares da endocérvice e a junção escamocolunar original se tornam visíveis na ectocérvice, essa característica anatômica da junção escamocolunar nas mulheres jovens, aumenta a exposição das células metaplásicas às partículas virais do HPV facilitando a infecção pelo vírus, o que explica a associação entre o câncer do colo do útero e o início precoce da atividade sexual (OPAS, 2016).

A propósito do exposto, vale destacar que a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) pode reduzir significativamente o risco deste tipo de câncer. A Organização Mundial de Saúde (WHO, 2022) recomenda vacinar meninas de 9 a 14 anos, por ser mais eficaz nessa faixa etária. Entre outras intervenções preventivas recomendadas, estão: educação sobre práticas sexuais seguras através da promoção do uso e fornecimento de preservativos para os indivíduos que já tiveram atividade sexual. Vale ressaltar que, nesse estudo, 41% das mulheres referiram nunca ter feito uso de preservativos e apenas 14% relataram usar sempre em todas as relações sexuais.

Na Tabela 3, é possível identificar que 56% das mulheres relataram não saber o que é o HPV, estes resultados diferem do estudo realizado por Do Amaral (2023) que evidenciou que a maioria (88,4%) já tinha ouvido falar sobre o HPV, mas 27,6% das mulheres não souberam afirmar o que o HPV significa.  Nesse estudo, 54% das participantes demonstraram não saber qual o agente etiológico do HPV, enquanto 60% afirmaram que a transmissão ocorre por via sexual.

Quando questionadas sobre o câncer de colo uterino observou-se que 88% das participantes declararam não saber a principal causa desse tipo de câncer. No entanto, de acordo com a literatura, a infecção pelo Papilomavírus humano (HPV) pode causar lesões cervicais e evoluir ao câncer cervical, especialmente os subtipos 16 e 18 que estão presentes em 70% dos casos de câncer uterino de alto risco oncogênico (NUTES PE, 2019).

O HPV é um vírus capaz de provocar lesões na pele e mucosas, e quando se desenvolvem na região cervical são consideradas lesões significativas, classificadas como NIC I (lesão de baixo grau – LSIL), NIC II e III (lesões de alto grau – HSIL), sendo a lesão intraepitelial escamosa de baixo grau representa a manifestação citológica da infecção causada pelo HPV (INCA, 2016).

Tabela 3- Distribuição das participantes no que se refere ao conhecimento sobre o Papiloma Vírus Humano (HPV). Teresina, P1. 2023. (n=100)

Variáveisn%
Na sua opinião, qual a principal causa do câncer de colo uterino?  
Não sei8888,0
Infecção pelo HPV1212,0
Você sabe o que é o HPV (papiloma vírus humano)?  
Sim4444,0
Não5656,0
Você sabe o que causa o HPV (papiloma vírus humano)?  
Não sei5454,0
Vírus3737,0
Bactéria99,0
Você sabe como ocorre a transmissão do HPV (papiloma vírus humano)?  
Não sei4040,0
Transmissão sexual6060,0
Fonte: Autoria própria

Sendo assim, embora as vacinas contra o HPV, que têm o potencial de prevenir 90% dos casos de câncer cervical, tenham ganhado destaque nos meios de comunicação na última década, bem como as informações sobre o vírus, os resultados desse estudo mostram que uma parcela da população ainda desconhece a relação entre o HPV e o câncer de colo uterino, quando questionadas quanto a relação do HPV com o câncer de colo uterino, 78% afirmaram não saber e apenas 22% relataram que o vírus HPV poderia causar câncer de colo de útero.

Com relação a detecção precoce do câncer, 85% acreditam que quanto antes for detectado mais chance de o tratamento dar certo, 9% acreditam que tem pouca importância e 6% nenhuma importância. A grande maioria, 90% afirmaram que o câncer de colo do útero tem cura e 10% acreditam não ter cura.

Resultados semelhantes foram evidenciados Do Amaral (2023) quando a maioria (95,2%) das mulheres entrevistadas afirmaram existir tratamento para a infecção. Destaca-se que quando o processo infeccioso se inicia pode começar por uma fase pré-invasivas, com alterações restritas às camadas do epitélio, que diagnosticadas e tratadas precocemente possibilitam a cura (MELO, et al. 2017). No entanto, se a doença estiver presente a não realização do exame torna o diagnóstico tardio, ocasionando uma menor chance de cura (GRANDO, et al. 2017).

 4 CONCLUSÃO

Considerando a baixa escolaridade e renda familiar da população estudada e a influência desses fatores no acesso à informação e a vulnerabilidade às doenças crônicas não transmissíveis, a exemplo do câncer, como demonstrado na literatura, pode-se concluir que, embora as mulheres tenham conhecimento acerca do exame e entendam a importância da sua realização para o diagnóstico precoce e a relação deste com o prognóstico da doença, a atitude e prática dessas mulheres, por exemplo no que se refere ao uso do preservativo, está comprometida uma vez que desconhecem a causa da neoplasia em questão e a relação entre o HPV e CCU e, apenas, 54% realizam o exame como preconizado pelo Ministério da Saúde.

O estudo, além de contribuir para o entendimento dessa realidade, fortalece a necessidade de estratégias voltadas para a educação em saúde da população, especificamente das mulheres, no que concerne à gravidade do câncer de colo de útero, as medidas de prevenção e a repercussão para a saúde pública, assegurando assim os cuidados à saúde da mulher.

REFERÊNCIAS

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[1] Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário UNINOVAFAPI. e-mail: antonioluizsegundo123@gmail.com   

[2] Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário UNINOVAFAPI. e-mail: Beckman34@outlook.com  

[3] Docente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário UNINOVAFAPI. e-mail: liliam.m.a@uol.com.br

[4] Docente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário UNINOVAFAPI. e-mail: adrianasavia@yahoo.com.br