REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8315274
¹Verônica Caé da Silva Moura
²Lígia de Oliveira Viana
³Maria da Soledade Simeão dos Santos
4Cláudia Regina Gonçalves Couto dos Santos
5Neiva Maria Picinini Santos
6Camila Pureza Guimarães da Silva
7Roberta Georgia Sousa dos Santos
8Rodrigo Sousa de Miranda
RESUMO
Objetivo: analisar as facilidades e dificuldades para o exercício da preceptoria pelo enfermeiro que emergem do cotidiano do trabalho educativo na residência multiprofissional em saúde. Método: pesquisa qualitativa desenvolvida na Universidade Federal do Rio de Janeiro cujos colaboradores foram onze enfermeiros-preceptores, entrevistados e os dados submetidos à análise de conteúdo. Resultados: a contribuição de outros profissionais nos programa, o planejamento do ensino-aprendizagem, os conhecimentos prévios trazidos pelos residentes e o trabalho em equipe multiprofissional foram relatados como facilitadores. Das dificuldades destacaram-se o acúmulo e sobrecarga de atividades, bem como a não remuneração específica para o desempenho da preceptoria. Conclusão: o trabalho educativo na residência multiprofissional em saúde apresenta vivências complexas e que abarcam o exercício da preceptoria, com facilidades e dificuldades. Os enfermeiros-preceptores apreendem que os residentes são profissionais em processo de formação especializada, que precisam do seu apoio e orientação para aprenderem no cotidiano dos cenários de saúde.
Descritores: Preceptoria; Enfermagem; Internato não Médico; Ensino; Educação de Pós-Graduação
Descriptors: Preceptorship; Nursing; Internship Nonmedical; Teaching; Education Graduate
Descriptores: Preceptoría; Enfermería; Internado no Médico; Enseñanza; Educación de Postgrado
Introdução
Os programas de residência multiprofissional em saúde foram criados com o objetivo de uma formação qualificada de profissionais para o Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de um processo de trabalho alinhado aos “[…] seus princípios e diretrizes, são embasados nas realidades locais e regionais, especialmente em áreas prioritárias”. 1:2
A residência multiprofissional em saúde é conceituada como uma modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu com prática e educação em serviço para profissionais, caracterizada por realização de atividades sob orientação de profissionais de elevada qualificação, os preceptores, em consonância com a Lei n° 11.129, de 30 de junho de 2005.2 Um programa multiprofissional deve ser organizado com no mínimo três profissões da saúde, excetuando a medicina, que são legalmente previstas pelo Ministério da Educação, como por exemplo, enfermagem, serviço social e nutrição.
Dentre os atores sociais que protagonizam os espaços vivos e dinâmicos dos serviços de saúde onde se desenvolvem programas de residência, o preceptor assume um papel de destaque, e há que se preocupar como se dá para os enfermeiros essa função, quais as facilidades e dificuldades vivenciadas durante o desempenho das atividades práticas formativas que propiciam aos residentes, que podem promover a ampliação da liberdade e crítica profissional deste futuro especialista, para transformar a realidade de saúde e melhoria da qualidade de vida da população.
As necessidades humanas, que são concretas, é que determinarão objetivos educacionais e a educação visa à promoção humana. Ou seja, promover o indivíduo, em âmbito pessoal ou profissional, como no presente caso, é “ instigar a construir o aprendizado individual e coletivo, […] potencializando o aprender a trabalhar para geração de novos conhecimentos e de pensamento crítico, inseridos em contextos diversos […]”.3:1
O preceptor, na residência multiprofissional em saúde, é formalmente o profissional educador em serviço. Este deve ser da mesma área de graduação do residente, exceto quando na discussão de conteúdos comuns para diferentes cursos, como por exemplo: epidemiologia, vigilância em saúde, diretrizes do serviço, humanização, promoção da saúde, entre outros. Assim sendo, o enfermeiro pode assumir a preceptoria, em vários momentos, de uma equipe de estudantes constituída por diferentes categorias.
Cabe destacar que o estudo está em consonância com Agenda de Prioridades de Pesquisa do Ministério da Saúde que aponta catorze eixos, dentre os quais se destaca a gestão do trabalho e educação em saúde,4 e considera importante o desenvolvimento de pesquisas científicas sobre os trabalhadores de saúde para atuarem como agentes formadores de profissionais para o Sistema Único de Saúde.
Portanto, delinear a prática dos enfermeiros-preceptores, expressa pelos próprios nas facilidades e dificuldades correntes vivenciadas in loco, permite a criação de estratégias que possibilitem o aprimoramento do desenvolvimento de sua função junto aos residentes e os demais atores sociais dos programas.
Diante do exposto, tem-se como objetivo: analisar as facilidades e dificuldades para o exercício da preceptoria pelo enfermeiro que emergem do cotidiano do trabalho educativo na residência multiprofissional em saúde.
Método
Trata de uma pesquisa de campo, exploratória e descritiva, do tipo estudo de caso único, que utilizou a abordagem qualitativa, recorte da tese de doutorado “Os saberes que emergem da prática social do enfermeiro- preceptor na residência multiprofissional em saúde”.5
O cenário estudado foi uma unidade de saúde que compõe o complexo hospitalar da Universidade Federal do Rio de Janeiro,6 credenciada junto aos órgãos oficiais federais para o desenvolvimento de programas de Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher e Saúde da Família e Comunidade.
Os colaboradores do estudo totalizaram quarenta e seis (46) profissionais, mas o presente recorte trouxe como entrevistados onze (11) enfermeiros-preceptores de ambos os programas de residência anteriormente citados. Como critérios de seleção, para inclusão dos mesmos, foram considerados: ser profissional que atue na área da saúde, graduado em enfermagem, de ambos os sexos; participar como preceptor em um ou mais programa da instituição; aceitar participar do estudo, permitindo a gravação da entrevista em mídia eletrônica. O critério de exclusão inclui os profissionais que estavam afastados de suas atividades (de licença ou férias) no momento da produção dos dados.
Como fonte de dados, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, na qual se abordaram as questões por meio do estabelecimento de uma conversação entre a pesquisadora com o colaborador utilizando uma associação de perguntas fechadas e abertas7 que no estudo foram feitas oralmente, face a face. O período de produção de dados foi de setembro de 2014 a outubro de 2015.
A análise foi desenvolvida por meio das seguintes etapas: leitura; exploração do material, tratamento dos dados e interpretação.8 Os resultados foram categorizados em duas unidades de análise temática: as facilidades para exercício da preceptoria pelo enfermeiro e as dificuldades para exercício da preceptoria pelo enfermeiro.
Os princípios ético-legais das pesquisas com seres humanos foram cumpridos, tendo o estudo recebido aprovação em 02 de setembro de 2014, sob o número da CAAE: 34835714.0.0000.5238, de acordo com a Resolução nº466 de 2012 do Conselho Nacional de Saúde.9 Para garantir o anonimato, os colaboradores receberam codinomes com letra “P”, de preceptor, seguido do número designativo correspondente à entrevista concedida. A listagem de critérios do Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ) foi seguida para a elaboração do presente artigo do relatório de pesquisa qualitativa.
Resultados
As facilidades para exercício da preceptoria pelo enfermeiro.
A respeito das facilidades no processo de ensino e aprendizagem na residência multiprofissional em saúde, quando questionados, os enfermeiros-preceptores apontaram a contribuição de outros profissionais do cenário de trabalho como de grande importância, assim como a atuação em equipe.
E a nossa coordenadora […] ministra a aula aqui no próprio setor. Ela dá aula para eles […], tem enfermeiros, médicos, nutricionista, psicólogo e assistente social; como nós trabalhamos, interagimos interdisciplinarmente. (P2)
[…] isso não vem só dos profissionais de nível superior, toda equipe está preparada para isso; a recepção sabe que ela precisa, a cada grupo, explicar como ela trabalha; a pessoa da coleta sabe que ela precisa explicar como é o processo […]. Eu acho que isso é um dos facilitadores, nós mobilizamos a equipe para receber esses alunos. (P3)
Um aspecto apontado como dinamizador foi o atendimento com as diferentes categorias profissionais, representadas na figura dos residentes. Este permitiu a resolução de situações e problemas que os usuários trouxeram naquele mesmo momento, o que normalmente ocorreria com agendamento de outra consulta, por meio do preenchimento de guia de referência ou o reconhecido impresso de encaminhamento.
Porque isso aqui é para o bem do paciente, trabalhamos em prol do paciente, e quando esses residentes chegaram […], veio psicólogo, veio enfermeira, veio nutricionista, um dentista e uma assistente social, quer dizer, vieram ajudar, e no PSF [Programa de Saúde da Família] […] trabalhamos como um todo.(P9)
Os pacientes gostam muito do atendimento multiprofissional. Então, ter uma assistente social aqui já vai resolver […]. A psicóloga também ajuda muito […]. As residentes que estão aqui na consulta interdisciplinar. (P1)
[…] as clínicas da família não tem um assistente social, não tem um nutricionista e toda aquela questão de encaminharmos para outro lugar, com elas aqui fica bem melhor. (P5)
Um componente presente nas atribuições esperadas para o preceptor, relatado por uma colaboradora como facilitador no processo de ensino e aprendizagem, foi o planejamento. Existe um zelo com a prática educativa, demonstrado pelo pensar sobre esta prática, como realizá-la da melhor forma e pela organização para acolher aos residentes, sendo tudo isto revisto com frequência e ajustado de acordo com a necessidade.
Eu acho que o que facilita é que nós nos programamos. […] nós fizemos um plano de como iríamos receber esse residente. E a cada ano nós só vamos dando uma ajustada. (P3)
Os conhecimentos prévios emergiram nas falas como de extrema relevância para a continuidade do trabalho educativo no espaço do serviço. Esses foram transmitidos pelos docentes nas disciplinas teóricas ministradas nas dependências da instituição, pelos tutores nos encontros de tutoria específica e de núcleo, com programação semanal, e porque não também pelos próprios preceptores de setores que os residentes vivenciaram anteriormente.
Eles já vem com uma bagagem de aula da faculdade, da residência, lá do curso de pós-graduação e não chegam aqui crus, avoados […]. Já chegam aqui […] sabendo que não é fácil […]. Um dia está tudo tranquilo, outro dia o tiro está comendo (risos) […]. Então, ela já vem com essa bagagem e daqui mesmo é só sentar para trabalharmos juntos. (P4)
Eu tenho a sensação de que quando você tem uma equipe com residência, principalmente a multi, é uma equipe sempre fresca. Você tem as ideias que estão na universidade e está tudo ali fervilhando, elas sempre têm vontade, elas sempre querem mais e isso acaba puxando a equipe inteira. Os Agentes Comunitários de Saúde respondem muito bem à presença delas na equipe, […] gostam delas aqui para trocar ideia, para discutir caso, até na própria educação permanente, foi muito legal que elas trouxeram. (P6)
Felizmente, é possível vislumbrar que a presença dos residentes no campo prático, é um estímulo aos profissionais, pois, também conseguem fazer o movimento de educadores da e na equipe, recebendo destaque no depoimento do colaborador participante como um aspecto facilitador.
As dificuldades para exercício da preceptoria pelo enfermeiro.
Um dos primeiros destaques relatados como entrave para o exercício pleno da preceptoria pelo enfermeiro foi a infraestrutura de um dos cenários da prática clínica e as reformas que restringiram o uso de salas e espaços para atendimento e discussões com os estudantes residentes. A instituição desde o ano de 2011 passa por muitas obras visando melhores condições de atendimento para população, estrutura para seus profissionais-técnicos colaboradores, docentes e estudantes, considerando sua enorme importância para a concepção de saúde pública que desenvolve na universidade.10
[…] temos dificuldades às vezes de lotação, por conta das obras também que dão uma dificuldade muito grande para os residentes e para nós. (P11)
A própria reforma que o hospital também está passando. Fica difícil, às vezes, acomodar os residentes. (P2)
Eu acho que eles não têm uma sala que eles possam ficar, uma sala deles de aula, específica para os residentes. (P8)
[…] estamos num setor bem restrito, com essas mudanças todas que estão acontecendo. A implantação do SISREG [Sistema Nacional de Regulação] […] tem algumas dificuldades. (P1)
O acúmulo de atividades e um número expressivo de usuários para atender foram destacados pelos enfermeiros-preceptores como dificuldades para a construção de um processo educativo tranquilo e satisfatório junto aos estudantes na residência multiprofissional em saúde.
A dificuldade é essa grande demanda que nós temos de trabalho, de estar articulando junto, dentro da nossa realidade e articulação do horário, que é péssimo, não dá […]. Não tem um tempo, sei lá duas horas para eu estar dedicando a preceptoria, para poder discutir. Só que não temos tempo nem para o mínimo aqui. (P7)
Algumas coisas que nós deixamos de fazer por causa do tempo, a minha agenda é muito grande. (P9)
[…] como nós temos um serviço muito atarefado, com muita coisa, de vez em quando eu acho que deveria ter mais tempo com elas. […] acho que eu não dou conta de dar toda atenção que elas merecem, porque tenho muita demanda de serviço. […] E aí eu não sei se talvez a saída fosse fazer como a residência médica que tem só o preceptor para “preceptorar”, sem ter o atendimento em serviço. Para poder ter mais tempo hábil com essas meninas. Não sei se talvez, como uma forma de melhorar um pouco o tempo delas em aprendizagem. (P6)
A experiência nova para o usuário e família ou acompanhante de serem atendidos por muitos profissionais de distintas formações no mesmo espaço e tempo, não chega a ser um problema, mas precisa ser conversado e autorizado pelos mesmos. Até por ser um tipo de consulta mais demorada, é respeitoso que tudo seja explicado.
Você está atendendo, muitos pacientes para atender. O paciente está ali aflito e, aí a consulta às vezes prolonga um pouquinho, porque tem uma equipe. (P1)
[…] aqui como a característica do atendimento é muito específica, é muito íntimo, não pode de uma hora para outra […] “Olha, você vai ser atendido por 3 profissionais!”, não dá. […] “Se vocês identificarem num 1º momento um caso que vocês achem que pode ser um atendimento multi, conversem com esse usuário, veja se ele está disposto e aí marca uma nova data, que aí sim ele vai estar preparado para realmente ser atendido de uma forma multidisciplinar”. Então não está fechada essa possibilidade. (P3)
As alterações na programação semanal dos residentes, sem aviso prévio ao serviço, assim como o desencontro e incompatibilidade de horários, geraram insatisfações por parte dos enfermeiros-preceptores, como é possível ler nos depoimentos:
[…] tem muitas coisas que acontecem em cima da hora “Oh! Não vai vir hoje não porque vai não sei para onde”. Aí, surgem outras prioridades. Eu acho que essas coisas atrapalham um pouquinho. […] às vezes nós estamos planejando alguma atividade; naquele dia é um dia que tem, por exemplo, alguns casos que seriam interessantes e ele não vai participar. (P3)
[…] o horário deles é segunda o dia todo e quarta a tarde, segunda é minha folga e quarta à tarde eu estou no consultório. Então o que acontece, elas não vão comigo em visita domiciliar, grupo e na segunda elas acabam ficando com o doutor [médico]. (P7)
A ausência de outros atores sociais que compõe o programa de residência multiprofissional em saúde, em visitas frequentes e de rotina, ao campo de prática foi apontada como aspecto dificultador do processo educativo, pois, o enfermeiro-preceptor em alguns momentos precisou de orientação e apoio para tomada de decisões.
A ausência do tutor aqui deixa de facilitar mais o cenário. Para nos orientar também. (P4)
Outra coisa que eu vejo um pouco como uma dificuldade, […] acho que falta intervenção da coordenação aqui. (P6)
A falta de remuneração financeira ou algum tipo de gratificação para o desenvolvimento das atividades de preceptoria também emergiu nas entrevistas como uma dificuldade ou fator limitador, como é possível verificar:
“Ah! Eu quero ser preceptor, mas eu quero alguma gratificação, alguma coisa, eu não ganho nada por isso, por estar ali”: têm pessoas que pensam desse jeito, então eu acho que isso acaba um pouco atrapalhando esse processo. (P5)
Infere-se que a elevada demanda de funções que o enfermeiro assume no cenário de saúde, tais como, assistenciais diretas e indiretas, gerenciais, educacionais para os usuários em geral e também formativas, tanto com os residentes como com os outros possíveis estudantes e docentes nos serviços, contribuem com a percepção da necessidade de maior valorização do preceptor, que é essencial para o desenvolvimento dos programas.
Discussão
Para o êxito do processo de trabalho em saúde, tendo em vista um maior enfrentamento das questões para o usuário, família e comunidade, é bom que este seja feito por distintos e unidos agentes sociais, com interdependência e colaboração, preservando os limites de ação de cada profissão. Os residentes devem se relacionar com todos os membros da equipe na qual estão inseridos para atuarem com mais integração em seu cotidiano prático, fortalecendo a própria formação e a assistência.11
Todos os trabalhadores que atuam no setor ou unidade (desde o vigilante patrimonial, o auxiliar de serviços gerais até o coordenador e ou diretor) na qual o residente realizará sua prática devem saber quem é este novo integrante da equipe e qual o seu objetivo ao adentrar naquele espaço de ensino-serviço, mesmo que vá passar um tempo circunscrito ali, pois, deve ser respeitado e reconhecido como profissional e, precisará do apoio de todos para entender a dinâmica do trabalho e consequentemente aprender de modo significativo.
Nas entrevistas foi identificado, que os enfermeiros-preceptores veem realmente os residentes como profissionais que, com sua formação, podem atender as demandas que a Rede de Atenção à Saúde ainda não dá conta, pela própria especificidade de organização dos programas e estratégias. O que não se pode perder de vista é que em alguns momentos eles precisam do ensino de preceptores de suas categorias para darem respostas assertivas, quando emergirem dúvidas. Sendo assim, preconiza-se que sejam planejadas atividades multidisciplinares e de núcleo, relacionadas ao desenvolvimento de ações específicas da área de formação profissional de cada residente.12
O planejamento educativo se relaciona com agentes sociais ativos, que estão aprendendo e “[…] o saber passa a valorizar a participação, o diálogo, o poder coletivo local, a formação da consciência crítica a partir da reflexão sobre a prática transformadora. O planejamento participativo constitui-se numa estratégia de trabalho”.13:226
Quando os residentes demonstram interesse e buscam constantemente o conhecimento, facilitam a atuação dos enfermeiros com eles no serviço. Se a educação é mediação no centro da prática entre pessoas ativas, é importante que exista de um lado a vontade de ensinar e do outro o anseio por aprender, onde ambos encontram-se na prática social inicial, com graus de compreensão diferentes da realidade, mas, almejam crescimento e transformação das ações que realizam qualitativamente.14
O arcabouço curricular dos programas dos cursos de residência multiprofissional em saúde está em consonância com o preconizado pelo Ministério da Educação e abrange módulos teóricos com eixo transversal, comum a todas as áreas de concentração e profissões, e eixos específicos das áreas profissionais que integram o programa.
Por um conceito de currículo entende-se que será a “expressão de determinada intencionalidade educativa que se institui na relação […] colocando-se como instrumento a serviço de uma direção esperada para a formação dos estudantes”.15:5 A atividade educativa do preceptor, portanto, será cada vez mais exitosa se este reconhecer como ponto de partida do processo os conhecimentos que o residente domina, em um encontro dinâmico e dialógico, para produção de novos conhecimentos a partir deste alicerce.
Um ponto sinalizado na entrevista foi a característica do cenário onde ocorre o aprendizado prático. Os profissionais de saúde labutam em ambientes nos quais imperam situações de violência, pobreza e extrema desigualdade social, da qual não podem ficar alheios os que nestes serviços estão inseridos (mesmo que temporariamente) ou os que desejam trabalhar no sistema público de saúde, pois, tristemente é a realidade do Brasil em vários cantos e recantos. Tal questão deve ser discutida entre preceptores, educandos, coordenação e todos os protagonistas da residência multiprofissional em saúde.
É importante que o educador tenha entendimento da organização da sociedade e seu funcionamento para possibilitar, aos residentes que acompanha e supervisiona, “a formação da consciência crítica com o conhecimento crítico, para uma prática social que possa fazer alterações na realidade […]”.16:6
É possível depreender que os residentes alcançam um dos objetivos esperados pelos cursos de residência multiprofissional, promovendo “[…] espaços de educação permanente capazes de ressignificar os processos de trabalho em saúde, melhorar as condutas profissionais, fazendo com que se sintam valorizados […]”.17:81 Quando realizam estas ações com os membros da equipe de saúde de forma sistemática, com segurança e livremente, eles atingem um momento de prática social,16 elevando-se ao nível do enfermeiro-preceptor.
Um dos requisitos para se formar cidadãos críticos e participativos na sociedade, fazendo uma correlação com estudos sobre a educação básica, é a condição da infraestrutura das instituições formativas, sendo importante “[…] aplicar eficientemente os recursos públicos, considerando-se uma relação de causalidade entre infraestrutura escolar, investimentos em Educação e desempenho educacional”.18:875
A partir do início das obras estruturais na instituição,10 os programas de residência tiveram que se adequar e a cada nova etapa ocorre readequação, para atender ao ensino dos especializandos, teórico e prático. Da mesma forma, os profissionais, os enfermeiros-preceptores e os usuários sofrem com as adaptações do serviço, pois, de tempos em tempos a disposição do cenário muda.
Deste modo, se as condições de trabalho assistencial dos enfermeiros-preceptores são afetadas diretamente, quem dirá as do trabalho educativo junto aos residentes, que acabam ficando em um local reduzido de consultório, além do ruído dos equipamentos próprios de obra, odores de tinta e outros produtos, poeira e iluminação, que ficam igualmente alterados. Há que se destacar que tais reformas são extremamente necessárias, dadas às condições precárias da maioria dos espaços, afinal, trabalhadores e usuários merecem um ambiente salubre, acolhedor e seguro para atuarem e serem atendidos. Como se trata de um patrimônio histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, todo um trabalho de preservação das características originais dos prédios deve ser feito, e considerando a crise político-econômica que o Brasil atravessa, sabe-se que não é uma restauração que se realizará em curto prazo, visto que já se passaram alguns anos desde seu início.10
Em um dos relatos identifica-se como dificuldade a burocratização do serviço de saúde e a lentidão de resposta dos sistemas criados para atendimento à clientela. Um exemplo citado foi o Sistema Nacional de Regulação, “[…] criado para o gerenciamento de todo complexo regulatório indo da rede básica à internação hospitalar, visando a humanização dos serviços, maior controle do fluxo e otimização na utilização dos recursos”,19:s.p. sendo um dos seus benefícios: a praticidade na marcação de exames diagnósticos e consultas ambulatoriais por meio de um sistema informatizado disponível nas unidades de saúde públicas. Na prática, dependendo da especialidade do profissional ou do procedimento que o usuário necessita, a espera permanece longa, gerando sofrimento para o mesmo e para o profissional. Isso tudo que é vivenciado, deve ser problematizado com os residentes.
A preceptoria precisa de um tempo específico para seu exercício. O preceptor deve possibilitar ao estudante estratégias de aprendizado no serviço, criando cenários que desafiam o pensamento crítico e realizam a interlocução entre a prática e o ensino, potencializando as habilidades e competências do residente, o que demonstra a complexidade da preceptoria.20
Sobre a ausência de um tempo exclusivo para as atividades da preceptoria, uma colaboradora indica um caminho de resolução para o problema, ter um profissional para atuar como preceptor que não assuma as questões do serviço. Embora pareça uma solução plausível, é interessante que o residente aprenda com aquele que conhece a clientela e a realidade local, em profundidade. O que deve ser respeitado é o tempo apropriado dentro de sua carga horária exclusivamente para preceptoria, até porque os estudantes também têm atividades que desenvolvem fora do espaço do serviço. Então, o setor que recebe residente precisa se organizar e estruturar internamente para dar condições satisfatórias de aprendizado para o mesmo e de ensino para os seus educadores, os preceptores.
A maioria dos usuários estão acostumados à consulta com um profissional por vez, o agendamento muitas vezes ainda é feito desta forma. Uma equipe multiprofissional atendendo dentro do mesmo consultório ou na residência, sendo esta composta por especializandos em processo de formação, demanda tempo prolongado para investigações (algumas vezes até utilizam roteiros com muitos itens), que ocorre quando se está aprendendo. Dependendo da abordagem e do motivo da consulta há que se avaliar as questões de privacidade do indivíduo/família e quem são os profissionais mais adequados para estarem atuando naquele momento. Isso também é um aprendizado para os residentes e enfermeiros-preceptores, que tem que trazer o significado da consulta para o cliente, ele deve ser a prioridade.
Cabe destacar a autonomia que alguns enfermeiros-preceptores conseguem garantir aos residentes no segundo ano do curso, por terem condições, estes são autorizados a identificarem os problemas, recorrerem ao que já tem de conhecimento para darem uma resposta ao caso do usuário, de maneira multidisciplinar.
As atividades dos residentes devem ser pensadas e organizadas com antecedência, como por exemplo, um evento científico anual, na qual são convidados para envolverem-se ativamente. Além disso, podem participar de congressos e outros tipos de encontros, contando também com a participação efetiva do preceptor na coautoria e construção dos trabalhos que podem ser submetidos e apresentados como estudos, retratando a prática.21 Sendo assim, o enfermeiro-preceptor deve ter ciência do que acontece, com tempo hábil, para um planejamento adequado de suas atividades, também contribuindo para um relacionamento acadêmico-profissional no cotidiano que propicie pensar na saúde dos residentes, seus possíveis futuros colegas especialistas.22
Quando uma entrevistada aponta que eles estão somente um turno com ela na semana, não significa que não possa conversar com a coordenação, mesmo que seja para reorganizar os dias de ida do próximo grupo de residentes àquele cenário, isso, com certeza, é factível. Felizmente eles ficam sob supervisão direta de outro profissional. Há ainda que se considerar o aproveitamento, o que se conquista neste tempo de encontro, por menor que seja.
Há encontros frutíferos entre os demais protagonistas dos programas de residência (residentes, tutores, coordenadores, docentes, usuários e preceptores), mas, também os desencontros.23 E, em especial os enfermeiros-preceptores que atuam em campos que não são próximos fisicamente da instituição de saúde cenário do estudo, ressentem-se mais da distância acadêmica com a equipe de tutores e coordenação para melhor encaminhamento e condução das questões-problema que podem acontecer em dado momento prático. Depreende-se que estas, na maioria, são relativas às situações de preenchimento de formulários de avaliação, conceitos e outros mais didáticos, das quais eles não têm muita aproximação. Estudo aponta que a prática da preceptoria exige conhecimentos relativos ao processo ensino-aprendizagem, ao currículo e outros que competem a área da educação.24
Um estudo apontou que os enfermeiros julgaram necessário para a preceptoria na residência em saúde uma “remuneração adequada ao ofício”. 25:6 Diante disso, é possível constatar algo extremamente delicado: a desvalorização financeira por um serviço prestado. Para os colaboradores do presente estudo, para ser preceptor na residência multiprofissional em saúde, de um modo geral, tem que ser sensível, gostar do que faz, acreditar e ter muita boa vontade em assumir mais uma responsabilidade sem o justo retorno financeiro.
Na residência multiprofissional em saúde da instituição estudada os coordenadores, tutores e docentes são compostos pelo corpo de professores das escolas e faculdades da Universidade Federal do Rio de Janeiro ou por funcionários técnico-administrativos da mesma, que podem ter parte de sua carga horária destinada exclusivamente para as atividades na residência. Felizmente, os programas encontraram seres humanos singulares, os preceptores, que aceitaram a complexa missão de atuarem junto aos residentes em seu espaço de serviço, que já tem sua boa carga de atividades, compreendendo a necessidade de formação de futuros especialistas para suas áreas de trabalho, no caso, em saúde da mulher e saúde da família e comunidade.
Apontamos como limitação no estudo que, no período de produção de dados, ocorreu a greve dos funcionários técnico-administrativos da Universidade; a rotatividade dos preceptores celetistas das clínicas da família onde ocorriam algumas das práticas dos residentes; e a reforma estrutural das dependências da unidade de saúde cenário.
Por fim, analisar as facilidades e desafios experienciados pelos enfermeiros na preceptoria pode contribuir para avaliação de parte desse processo educativo, nos limites de escopo do estudo, apontando o protagonismo desse agente educador junto aos estudantes de categorias multiprofissionais da residência, pautado no contexto da realidade vivenciada, o que pode ser um facilitador na formação de profissionais que saibam lidar com desafios impostos pelo cotidiano do aprender, sentir, fazer e viver saúde.
Conclusão
O cotidiano do trabalho educativo na residência multiprofissional em saúde apresenta cenários complexos e que compreendem o exercício das atividades de preceptoria de profissionais de saúde, neste caso, do enfermeiro.
As dificuldades que emergiram desta pesquisa são relacionadas à infraestrutura da instituição de saúde, acúmulo de atividades dos preceptores, assim como número expressivo de usuários para atendimento agravado pela burocratização do sistema de saúde, alterações na programação semanal dos residentes, sem aviso prévio ao serviço, desencontro e incompatibilidade de horários, ausência dos tutores e remuneração financeira inadequada aos preceptores. Em contrapartida, o estudo demonstrou que a presença dos residentes no campo prático é um estímulo importante aos profissionais, sendo considerado um aspecto facilitador na construção do referido processo. O residente desenvolve autonomia, pois é reconhecido como profissional tanto pelos seus preceptores quanto pelos demais membros da equipe de saúde.
O estudo demonstra que os enfermeiros-preceptores apreendem que os residentes são profissionais que, com sua formação, estão aptos a atender as demandas que a Rede de Atenção à Saúde necessita e tem dificuldades, pela própria especificidade de organização dos programas e estratégias. Entretanto, é notória a necessidade de ensino por parte dos preceptores de suas categorias para que estejam aptos também a darem respostas assertivas.
Neste sentido, recomenda-se que sejam planejadas atividades multidisciplinares e de núcleo, relacionadas ao desenvolvimento de ações específicas da área de formação profissional de cada residente e que as questões que envolvem o ambiente prático dos residentes nos quais se deparam com situações de desigualdade social sejam amplamente discutidas entre preceptores, educandos, coordenação e todos os protagonistas da residência multiprofissional em saúde.
Referências
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¹Doutora em Enfermagem, Professora Adjunta do Departamento de Metodologia da Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
E- mail: vcaesilva@gmail.com
ORCID: 0000-0003-3720-6136
http://lattes.cnpq.br/2213912619596613
²Doutora em Enfermagem, Professora Titular aposentada do Departamento de Metodologia da Enfermagem da EEAN/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
E- mail: ligiaviana808@gmail.com
ORCID: 0000-0002-6920-1367
http://lattes.cnpq.br/7947355948949326
³Doutora em Enfermagem, Professora Titular do Departamento de Metodologia da Enfermagem da EEAN/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
E- mail: mariadasoledade@gmail.com
ORCID: 0000-0003-4493-1045
http://lattes.cnpq.br/3211205168497500
4Doutora em Enfermagem, Professora Adjunta do Departamento de Metodologia da Enfermagem da EEAN/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
E- mail: claudiargcouto@gmail.com
ORCID: 0009-0005-2275-9936
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5Doutora em Enfermagem, Professora Adjunta do Departamento de Metodologia da Enfermagem da EEAN/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
E- mail: npicinini@yahoo.com.br
http://lattes.cnpq.br/3833349421554572
6Doutora em Enfermagem, Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Fundamental da EEAN/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
E- mail: camilapureza37@gmail.com
ORCID: 0000-0002-9957-6944
http://lattes.cnpq.br/0227810267276439
7Doutora em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva, Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
E- mail: robertageorgia27@gmail.com,
ORCID: 0000-0002-2122-2505
http://lattes.cnpq.br/6638935515930377
8Mestre em Enfermagem, Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
E- mail: rodrigosousademiranda@gmail.com
ORCID: 0000-0002-1036-0400,
http://lattes.cnpq.br/9621705411145622