REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8321769
Joice Teixeira de Jesus de Souza
RESUMO
Este trabalho tem como proposta abordar a complexidade da práxis docente e seus desdobramentos entre professores de escolas públicas e privadas de ensino fundamental, abordando como prevalência as pressões exercidas sobre o seu fazer docente, sendo em muitos casos determinantes para o desenvolvimento de quadros psicopatológicos de esgotamento, comprometendo o exercício pleno de sua profissão.
Palavras-chave: Síndrome de Burnout. Trabalho docente. Saúde do trabalhador.
ABSTRACT
This work proposes to approach the complexity of the teaching praxis and its consequences, among public and private elementary school teachers, addressing as a prevalence the pressures exerted on their teaching work, being in many cases decisive for the development of psychopathological conditions of exhaustion, compromising the full exercise of their profession.
Keywords: Burnout syndrome. Teaching work. Quality of life. Worker.
1. INTRODUÇÃO
As escolas são espaços sociais que refletem as comunidades onde estão inseridas. Neste cenário, encontra-se diversos atores que desempenham papéis peculiares na construção das relações interpessoais e institucional. Neste contexto, a dinâmica escolar é constantemente tensionada pela confluência de ideias, de vivências, de demandas, de ideologias, intencionalidades, legislações, de políticas, de rotinas e tantas outras forças internas e externas que exercem pressão sobre os docentes, discentes, gestores, funcionárias de apoio e a comunidade toda escolar.
A partir dessa reflexão, é possível inferir que a forma como os professores lidam com as pressões exercidas sobre o seu fazer docente podem corroborar com o desenvolvimento de transtornos psicológicos. Vale ressaltar que, ao longo do exercício pleno da sua profissão, o decente se depara com diversos estressores psicossociais, sejam relacionados à natureza de funcional e/ou, institucional–social.
Pode-se compreender que abordar a complexidade da práxis docente e seus desdobramentos, sob o prisma da psicologia, implica trazer à tona nuances das muitas dimensões do ser humano, por pertencer, essencialmente, ao campo das Ciências Humanas.
Em função disso, compilando os conhecimentos teóricos que se adquire ao longo do curso de Psicologia, as vivências do estágio, na escola, com sua extrema relevância e todo processo dialógico, foi possível entender que os docentes estavam atravessando um período de grande estresse emocional. Assim sendo, salienta-se que o cenário pós pandêmico e a mudanças das relações no cotidiano escolar, as incertezas geradas pelo novo cenário social, econômico e de muitas tensões, corroborou com o comprometimento da saúde mental do profissional de educação.
A saúde docente vem se tornando grande alvo de preocupação de muitos segmentos da sociedade atualmente. Descrita pela organização internacional do trabalho (OIT) como uma profissão de alto risco, a pedagogia é considerada a segunda categoria profissional, em âmbito mundial, a portar doenças ocupacionais (TRINDADE; MORCERF; OLIVEIRA, 2018, p. 43).
Dessas acepções, pode-se ressaltar a relevância de apresentar a Síndrome de Burnout, ou esgotamento profissional. Esta patologia envolve/apresenta uma série de sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, resultantes de situações de trabalho. Estes sintomas podem ser muito diversificados, tais como: agressividade; isolamento; mudanças bruscas de humor; irritabilidade; dificuldade de concentração; lapsos de memória; ansiedade; depressão; pessimismo e baixa autoestima. Contudo, diante da complexidade da temática, abordar-se-á suas principais causas e consequências, para os profissionais e para as instituições de ensino, pelos desdobramentos da síndrome de Burnout.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Pretende-se pesquisar em produções acadêmicas científicas e trazer a discussão de como ocorre o processo de adoecimento desse profissional. Visa-se, desse modo, deslindar quais as causas mais comuns e como suas consequências incidem diretamente na qualidade do fazer docente e na convivência no chão da escola.
2.2. Objetivos Específicos
• Compreender a interface das relações na práxis docente que implicam o comprometimento da saúde mental e, até mesmo física, destes profissionais da educação;
• Contextualizar a enorme incidência de casos da Síndrome de Burnout nos profissionais da educação, principalmente, os docentes;
• Apresentar maneiras de diminuir a chance do quadro patológico de esgotamento, para melhorar a qualidade de vida desse trabalhador.
3. JUSTIFICATIVA
O Burnout refere-se à condição de alguém que se tornou fisicamente e emocionalmente cansado depois de fazer um trabalho difícil por um longo período de tempo. Essa exaustão emocional e física tem como consequência o estresse. Normalmente, vinculado ao trabalho.
No manual de classificação internacional de doença (CID 11), o Burnout apresenta a seguinte definição: situação de esgotamento, sensação de perda de energia ao estresse não adequadamente gerenciado no trabalho. No contexto de trabalho e suas vivências, podem ocorrer situações desafiadoras e, em alguns momentos, gerar sentimentos de incapacidade ou inabilidade, ocasionando desconforto, mal-estar e estresse, acarretando prejuízos emocionais e físicos para o/a profissional. O Burnout pode ser desencadeado por inúmeros elementos do ambiente do trabalho, como carga horária laborativa em excesso, falta de reconhecimento profissional, não ter o retorno financeiro almejado, condições precárias de trabalho, falta de controle sobre seu fazer docente, entre outros.
Diante de situações tão conflitantes de trabalho, a resposta do profissional com Burnout está diretamente ligada ao intenso contato com pessoas e as intensas pressões exercidas em relação à produtividade e os obstáculos organizacionais que interferem na obtenção do resultado, individual, desejado.
Diante deste cenário, é importante ressaltar o quanto o profissional precisa buscar ferramentas para equilibrar os efeitos negativos das tensões e distorções, gerados ao longo do fazer docente, que atualmente não envolve apenas o ensinar a ler e escrever, mas também o papel social de proteção dos estudantes e a formação da consciência cidadã. Diante do exposto, entende-se ser imprescindível que os educadores gozem de boa saúde mental de modo a lograr êxito em seu exercício profissional.
A partir desta reflexão, pode-se apontar como exemplo os acontecimentos/desdobramentos impostos pelo isolamento social da pandemia do COVID-19, quando os professores, sem nenhuma formação/informação prévia, sem equipamento, acesso à internet e outros suportes, foram “obrigados” a produzir aulas online, remotas e/ou híbridas. Em vários momentos, foram obrigados a utilizar seus recursos pessoais, perdendo sua privacidade, gastando um tempo maior na elaboração das aulas, com a “obrigatoriedade” /cobrança velada de apresentar resultados positivos.
Com o fim do estado de emergência sanitária pelo Covid-19, iniciados os processos de normalização, os docentes se viram diante de situações complexas, que extrapolam seu fazer docente, muitas de domínio público. A perda da capacidade de convivência com o outro, os atrasos irreparáveis na aprendizagem, o retrocesso em muitas políticas públicas na educação, a falta de recursos didáticos e pedagógicos para equacionar problemas educacionais e tantos outros fatores nocivos, que impedem o exercício profissional pleno, gerando extremos desgastes psicoemocionais nestes sujeitos.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Quanto à metodologia, o presente trabalho se desenvolve a partir de pesquisas por artigos científicos em datas-base de referência, como Scielo, Google acadêmico, dentre outros, nos quais se pesquisou artigos, livros e demais produções que relatam a qualidade de vida do trabalhador e a síndrome de Burnout no trabalho docente expondo suas causas e consequências. Para tanto, utilizou-se os descritores: Burnout, trabalho docente, pandemia e COVID-19. O estudo tem caráter comparativo e observa a tensão entre público e privado, destacando transtornos psicossociais motivados pelo estresse.
5. REFERENCIAL TEÓRICO
Os Autores Peixoto e Armani, na obra Trabalho docente e Saúde Mental: estudo de caso em três escolas de Santa Maria- RS, expõem as causas de adoecimento docente em uma escola do sul do país enfocando suas causas e consequência.
Já Oliveira, Castro e Limongi-França, na obra Qualidade de vida no trabalhador (QVT): um estudo com professores dos institutos federais, apresentam como as atividades extraclasses, reuniões, estresse, salas lotadas, conflitos não só com os alunos, mas com a família também podem resultar não só no adoecimento psíquico, mas físico desse trabalhador, gerando efeitos como: calo nas cordas vocais, artrite, tendinite, rouquidão, causando prejuízos no desempenho profissional. Neste sentido, segundo Limongi- França (2009), a construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se enxerga a pessoa como um todo.
O trabalhador não está só inserido no contexto institucional, mas como social, familiar e psicológico. Tais conceitos corroboram para o bom desenvolvimento de habilidades profissionais ao qual os trabalhadores está inserido.
Na classificação internacional das doenças (CID11), a Síndrome de Burnout é classificada como situação de esgotamento, sensação de perda de energia relacionada ao estresse não adequadamente gerenciada no trabalho. Os sinais desse esgotamento causam ao trabalhador exaustão emocional, depressão, cansaço, falta de foco, atenção e concentração que podem ser afetados, havendo também a incapacidade de perceber a eficácia profissional sentindo-se incompetente ou ineficiente.
A síndrome de Burnout vem sendo cada vez mais investigada ao redor do mundo e, portanto, sendo considerada um problema social de muita relevância (CARLOTTO et al.,2010). Como dito anteriormente o Burnout atualmente é entendido como um distúrbio de ordem psicológica causado pelo esgotamento extremo relacionado ao trabalho. É constituído por três aspectos: Exaustão Emocional, Despersonalização e Baixa Realização Profissional (SANTOS; FIGUEIREDO; ALMEIDA, 2021, p. 10).
6. CRONOGRAMA
Atividades | Fev. | Mar. | Abr. | Mai. | Jun. |
Delimitação do Tema | x | ||||
Observar orientações | x | x | x | ||
Pesquisa bibliográfica | x | x | x | ||
Elaboração do Projeto | x | x | |||
Preparação para Apresentação do Projeto | x | x | |||
Apresentação do Projeto TCC 1 | x |
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
PEIXOTO, P. dos S.; ARMANI, C. Trabalho docente e Saúde Mental: estudo de caso em três escolas de Santa Maria- RS. 25f. 2014 Disponível: <http://repositorio.ufsm.br/handle/1/801> Acesso em: 25/10/2022
OLIVEIRA, R.R.; CASTRO, D.S.P.; LIMONGI-FRANÇA, A. C. Qualidade de vida no trabalhador (QVT): um estudo com professores dos institutos federais Holos, v. 6, pp. 432-447. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Natal, 2015 Disponível: <http://readalyc.org/pdf/4815/481547289032.pdf> Acesso em: 20/10/2022
SANTOS, A. P. P.; FIGUEIREDO, D. de S.; ALMEIDA, L. C. dos S. Síndrome de Burnout em estudantes de psicologia: uma intervenção Psicoeducativa de prevenção do adoecimento. Dissertação em Psicologia, Centro Universitário de Belo Horizonte, 35f. 2021 Disponível: <http://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/18992> Acesso em: 20/10/2022
TRINDADE, M. de A.; MORCERF, C. C. P.; OLIVEIRA, M. S. Saúde mental do professor: uma revisão de literatura com relato de experiência. Revista Interdisciplinar de Extensão, v. 2, n. 4, p. 42-59, 2018. Disponível: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/conecte-se/article/view/17609> Acesso em: 15/11/2022