OS BENEFÍCIOS DA INCLUSÃO DE ALIMENTOS AMAZÔNICOS NA ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS PORTADORAS DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8302553


Cídia Bernardo da Silva;
Priscila de Araújo Lopes;
Orientador: Maurício Rafael Novaes


Resumo  

Introdução: A seletividade alimentar é um comportamento característico de pessoas diagnosticadas com Transtorno do  Espectro Autista – TEA e por conta disso acabam por bloquear a inserção de novas experiências com alimentos saudáveis  tendo como consequência a deficiência de micronutrientes. Levando-se em consideração isso, a região Amazônica possui uma grande diversidade de espécies de frutos, vegetais e oleaginosas que apresentam nutrientes e ácidos graxos que  podem modificar a expressão de sintomas do TEA. Objetivo: descrever alimentos da região amazônica que possuem  potencial nutricional para auxiliar no combate às carências nutricionais comuns em crianças com TEA Transtorno do  Espectro Autista. Metodologia: trata-se de uma revisão de literatura narrativa. Resultados: a análise dos dados mostrou  que o transtorno do espectro autista não é apenas assinalado por distúrbios de comunicação e de comportamento, mas  também pode existir problemas relacionados à nutrição, que crianças autistas têm baixo consumo de frutas, sucos de  frutas, verduras e legumes, que é importante envolver toda a família no processo da redução dos sintomas relacionados  ao TEA, visto que os problemas relacionados a alimentação de crianças com TEA acarreta vários riscos para o equilíbrio de nutrientes e o crescimento da criança. Conclusão: os alimentos da região amazônica possuem potencial nutricional para auxiliar no combate às carências nutricionais comuns em crianças com TEA. Portanto, conclui-se que algumas frutas amazônicas são consideradas como fontes ricas em vitaminas, minerais e substâncias orgânicas, principalmente antioxidantes e podem auxiliar no combate às carências nutricionais das crianças com TEA. 

Palavras-chave: Alimentos amazônicos; Nutrição; Frutas; Transtorno do espectro autista.  

Abstract  

Introduction: Food selectivity is a characteristic behavior of people diagnosed with Autism Spectrum Disorder – ASD  and because of this they end up blocking the insertion of new experiences with healthy foods, resulting in micronutrient  deficiency. Taking this into account, the Amazon region has a great diversity of fruit, vegetable and oilseed species that  present nutrients and fatty acids that can modify the expression of ASD symptoms. Objective: to describe foods from  the Amazon region that have nutritional potential to help fight nutritional deficiencies common in children with ASD  Autism Spectrum Disorder. Methodology: this is a narrative literature review. Results: data analysis showed that autism  spectrum disorder is not only marked by communication and behavior disorders, but there may also be problems related  to nutrition, that autistic children have low consumption of fruits, fruit juices, vegetables and legumes, that it is important  to involve the whole family in the process of reducing symptoms related to ASD, since problems related to feeding  children with ASD pose several risks to the balance of nutrients and the child’s growth. Conclusion: foods from the  Amazon region have nutritional potential to help fight nutritional deficiencies common in children with ASD. Therefore,  it is concluded that some Amazonian fruits are considered rich sources of vitamins, minerals and organic substances,  mainly antioxidants, and can help to combat the nutritional deficiencies of children with ASD.  

Keywords: Amazonian foods; Nutrition; fruits; Autism spectrum disorder. 

1. Introdução 

O autismo pode ser descrito como um grupo de alterações do desenvolvimento delineadas por dificuldades na socialização, vários níveis de deficiências na comunicação verbal e não verbal, e padrões restritos, repetitivos, estereotipados de comportamentos e de interesses (Ferreira, 2016). O TEA, sigla que se  refere ao Transtorno do Espectro Autista, segundo o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais  DSM 5 de 2014 é uma doença crônica, que a sintomatologia pode encontrar-se presente no período de  desenvolvimento e atinge aspectos comportamentais, linguagem e sociais (American Psychiatric Association, 2014).  

Tais desordens do neurodesenvolvimento compreendem a uma série de condições que são manifestadas nos primeiros anos de vida, são instigadas por múltiplos fatores genéticos, imunológicos e ambientais  que exercem um papel na sua patogênese, de modo a exibir empenho no comportamento como deficiências  na interação social, na comunicação e na linguagem, já mencionadas anteriormente (Silva et. al, 2022).  Apesar de haver evidências científicas que sugerem influências genéticas e ambientais como causa do TEA,  porém sua etiologia ainda permanece desconhecida (Moraes et al., 2021).  

De acordo com Santos (2020), no Brasil, os dados ainda são muito restritos, porém informações do  Censo Escolar mostram que o número de alunos com autismo que estão matriculados em classes comuns  no Brasil aumentou 37, 27% entre os anos de 2017 (77.102) e 2018 (105.842). Está previsto para agosto de  2022 o censo do IBGE e nele haverá o levantamento de dados mais precisos sobre a quantidade de pessoas  com TEA no Brasil, e isto só foi possibilitado de devido a aprovação da Lei 13.861/2019, que obriga a  inclusão nos censos demográficos, de informações específicas sobre pessoas com autismo (IBGE, 2021;  Brasil, 2019).  

A respeito da alimentação das crianças com TEA são bastante resistentes e seletivas ao novo, bloqueando a inserção de novas experiências com alimentos. Por conseguinte, deve-se ter o cuidado de não as  deixar ingerir alimentos que não sejam saudáveis. Comportamentos repetitivos e interesses restritos podem  ter papel importante na seletividade dietética dessas crianças (Aruana & Silva, 2018).  

Tendo em vista isto, a região Amazônica abriga uma grande biodiversidade de espécies vegetais que  produzem frutos e oleaginosas, que são apreciados e consumidos diretamente na alimentação, in natura ou  na forma de sucos, doces, geleias entre outras. Esses frutos apresentam determinados nutrientes e ácidos  graxos essenciais, que desempenham várias funções nos organismos vivos, desde a energética e estrutural  das membranas celulares, até o desenvolvimento de propriedades funcionais ligadas aos diversos sistemas  (Pinheiro, 2019).

Em virtude desse ambiente particular, na Amazônia, convivem diferentes espécies de plantas e frutas que são largamente aproveitadas pela população local, facilmente achada nos mercados locais e feiras, entretanto desconhecidas, especialmente, pela comunidade científica que, por vezes, sabem de sua existência, porém ainda não conhecem seus benefícios aliados a alimentação (Matos et al., 2019).  

De acordo com Montenegro et al. (2017), estudos assinalam que, no geral, os frutos da Amazônia  têm teores satisfatórios de vitamina A e são fonte de energia, sobretudo, na forma de lipídeos. A presença  de quantidades significativas de vitamina A e de vitamina C indica uma alta atividade antioxidante.  Pelo exposto, o objetivo do trabalho é descrever alimentos da região amazônica que possuem potencial nutricional para auxiliar no combate às carências nutricionais comuns em crianças com TEA Transtorno do Espectro Autista.  

2. Metodologia  

O estudo a ser desenvolvido trata-se de uma revisão de literatura narrativa, neste sentido:  

As revisões narrativas não informam as fontes de informação utilizadas, o método de busca das referências, nem os critérios utilizados na avaliação e seleção dos trabalhos. São, basicamente, análises da literatura publicada em livros, artigos de revistas impressas ou digitais, baseadas na interpretação e análise crítica do autor […]. (Ribeiro,2014, p. 676-677)

Para coleta de dados a busca será realizada em artigos, livros, sites oficiais, revistas e trabalhos científicos que disponham de literatura a respeito do tema delimitado. Os sites utilizados para as buscas serão  sites como Google Acadêmico, Scielo (Scientific Electronic Library Online) e PubMed (Banco de Dados  de Publicações Médicas), nos idiomas português e inglês, sendo utilizado para a busca nas plataformas  digitais os seguintes descritores: : Autismo, Transtorno do Espectro Autista, autismo e alimentação, principais carências nutricionais em crianças autista, dieta e autismo, frutas amazônicas, potencial nutricional de  alimentos amazônicos, relação autismo e dieta, dados epidemiológicos das crianças autista, perfil nutricional de crianças autista; Autism, Autism Spectrum Disorder, autism and diet, main nutritional deficiencies in  autistic children, diet and autism, Amazonian fruits, nutritional potential of Amazonian foods, autism and  diet relationship, epidemiological data of autistic children, nutritional profile of autistic children.

Para análise de dados serão utilizados critérios de inclusão e exclusão. Os critérios de inclusão serão:  dados publicados nos últimos dez anos compreendendo o período de 2012 a 2022, todo material que fornece  conteúdos que auxiliem no alcance dos objetivos estabelecidos e estejam de acordo, conteúdos de língua portuguesa, inglesa e demais línguas que atendam os itens anteriores. Já os critérios de exclusão compreendem os seguintes itens: conteúdos que fogem ao tema e aos objetivos propostos e materiais que não se  enquadrem no período determinado. 

Os artigos possuíram suas informações concentradas nos tópicos: autor/ano, idioma, objetivo e resultados, os quais foram tabulados e apresentados na Tabela 1. 

Tabela 1 – Fluxograma

Fonte: Elaborado pelos autores (2023).

3. Resultados e Discussões 

3.1 Transtorno do Espectro Autista – TEA  

O autismo é conhecido como síndrome do espectro autista TEA, autismo da infância e autismo  infantil precoce, está incluso na categoria de transtornos invasivos de atrasos e desvios do comportamento  e do desenvolvimento os quais persistem por toda a vida (Gomes et al., 2016).  

Segundo Portolese et al. (2017), o Brasil está entre os países com dados epidemiológicos escassos  sobre pesquisas feitas de TEA até o ano de 2016. Estudos nas regiões metropolitanas de Fortaleza, Goiânia,  Belo Horizonte e Manaus descreveu uma amostra de 1.715 estudantes incluindo crianças, adolescentes de  seis a 16 anos e, observou-se a predominância de 1% de TEA nesta população. De acordo com os dados da  Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a cada 160 crianças no mundo, uma nasce com autismo e,  para o Brasil, indica-se que 1% da população, cerca de 2 milhões de pessoas, estejam dentro do TEA, tendo  uma maior prevalência no sexo masculino (OPAS, 2017).  

O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por um conjunto desuniforme de transtornos  do neurodesenvolvimento com uma tríade específica de sintomas como interação social prejudicada, desequilíbrios de linguagem e comunicação, e comportamento padronizado, sendo este último identificado como  padrões ritualísticos, repetitivos e restritivos de atividades, comportamentos e interesses, em particular,  comportamento seletivo por alimentos (Yenkoyan et al. 2017). Além destes sintomas, vários estudos relataram uma associação do autismo com diversas alterações fisiológicas, como desordens gastrointestinais  (Yang et al., 2018).  

Sobre sua etiologia tem origem desconhecida ou múltipla, quadro demasiadamente heterogêneo e  forte componente genético na expressão da síndrome (Mesquita & Pegoraro, 2013).

De acordo com Silva e Paim (2020), o diagnóstico de autismo constitui uma situação de impacto no  âmbito familiar, sobretudo quando se trata de crianças. O momento do diagnóstico é um fato estressante e  marcante, causando implicações diversas no âmbito financeiro, ocupacional e das relações familiares. É  comum os familiares passarem por um momento de negação, para que posteriormente consigam identificar  as potencialidades e capacidades que a criança autista tem. Avanços importantes ocorreram para tratamento  do autismo como abordagem multidisciplinar (Psicólogo, Terapeuta ocupacional, fisioterapeutas e Nutricionista) que auxilia a amenizar os efeitos do transtorno e melhora a qualidade de vida dos pacientes. 

Segundo Brasil (2014) o reconhecimento das manifestações iniciais de problemas permite o estabelecimento imediato de intervenções extremamente relevantes, visto que as respostas a terapias com resultados positivos são tão mais expressivas quanto mais precocemente instituídas. A maior flexibilidade das  estruturas anátomo-fisiológicas do cérebro nos primeiros anos de vida e o papel essencial das experiências  de vida de um bebê, para a atividade das conexões neuronais e para a constituição psicossocial, deixam esta  fase um momento sensível e privilegiado para intervenções. Deste modo, as ações em casos de sinais iniciais  de dificuldades de desenvolvimento que podem estar futuramente relacionados aos TEA podem dispor de  maior eficiência, carecendo ser preferidas pelos profissionais. É sabido que, para fins de diagnóstico, manifestações do quadro sintomatológico necessitam estar presentes até os 3 anos de idade. 

À vista disso, torna-se necessário compreender a importância de discernir os primeiros sinais, perceptíveis ainda nos primeiros três anos de idade, como impulsividade, baixa tolerância a mudanças, confusão mental, comportamento agressivo e movimentos estereotipados, que exigirão intervenções precoces e  especificas, que venham possibilitar o desenvolvimento das potencialidades da criança (Barros & Fonte,  2016).  

O diagnóstico clínico está sujeito de uma análise mais sistemática a respeito do desenvolvimento  e comportamento da criança, esta observação deve se fundamentar em entrevistas com os pais da criança, professores e demais pessoas que a acompanham. O profissional, então, com a ajuda de outros profissionais, como fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos, necessita investigar todos os contextos da criança: histórico, social, afetivo etc. Assim como, registrar informações sobre o parto e de todos os sinais que  chamaram atenção dos pais desde seus primeiros meses de vida, sobre comportamentos da criança no meio  social, escolar, lazer, seja com seus pares ou familiares (Vieira & Baldin, 2017).  

Segundo Teixeira (2016), para iniciar o tratamento do TEA é imprescindível um aprendizado psico educacional, ou seja, precisamos informar a família, educadores, a criança e os outros profissionais envolvidos no tratamento a respeito do diagnóstico. Mediante cartilhas, livros, artigos e websites para construir  uma psicoeducação, quanto mais informação a família tiver sobre o TEA, mais adesão ao tratamento o  paciente vai ter. Com a psicoeducação apropriada, a família deterá de maiores chances de obter um tratamento adequado, ético com fundamentação científica, é preciso ficar atento quanto a necessidade de medicação para auxiliar no tratamento, tendo em vista que a medicação não é curativa, mas sintomática, utilizada  para conter um sintoma alvo, devido ao fato do paciente com TEA as vezes terem comorbidades com outros  transtornos (Teixeira, 2016).  

3.2 Hábitos alimentares de crianças com TEA e a influência no seu perfil nutricional 

Uma alimentação saudável e equilibrada é fundamental para o estado de saúde das crianças, sendo  um fator decisivo para um bom funcionamento do organismo, um bom crescimento, uma óptima capacidade  de aprender, pensar, comunicar, socializar e adaptar-se a novos ambientes e pessoas, um correto desenvolvimento psicomotor e, em última instância, para a prevenção dos fatores de risco que influenciam no aparecimento de algumas doenças (Rosa, 2020).  

O Transtorno do Espectro Autista não é apenas assinalado por distúrbios comunicação e de comportamento, mas também pode existir problemas relacionados à nutrição, como obesidade, desejo por certos  alimentos, deficiência imunológica, dor abdominal, azia, bruxismo, perda de peso, irritabilidade, constipação, hipoglicemia e problemas metabólicos (Caetano & Gurgel, 2018).  

Em muitos casos, não recebe a importância que merece, acarretando crises, irritabilidade, falta de  sono e outros efeitos negativos (Araruna & Silva, 2018). As crianças com TEA têm maior risco de apresentarem dificuldades alimentares, como a recusa e seletividade de determinados alimentos, disfunções motoras-orais e diversos problemas comportamentais (Magagnin et al., 2021). 

De acordo com Liu et al. (2016), também podem mostrar carências de micronutrientes essenciais  em relação a outras crianças na mesma faixa de desenvolvimento. Logo, os comportamentos alimentares  característicos de crianças com TEA podem colaborar no desenvolvimento de deficiências nutricionais  (Ranjan & Nasser, 2015).  

Uma parcela significativa de crianças diagnosticadas com TEA exibem dificuldades em relação à  escolha dos alimentos, associados a disfunção sensorial, incompetências motoras orais relacionadas à mastigação e a deglutição e problemas no trato gastrointestinal (TGI) (Lázaro et al., 2019).  

Com relação ao hábito alimentar dessas crianças, a seletividade alimentar é a preocupação mais  comum, em virtude da sua repercussão negativa no estado nutricional e no crescimento (Barnhill et al.,  2018). A seletividade alimentar em crianças com TEA atinge cerca de 40% a 80% das crianças (Suarez,  2013). Segundo Moraes et al. (2021), a seletividade alimentar pode ser definida por um conjunto de características e aspectos variáveis, que compreende três domínios distintos, fundamentados pela recusa alimentar, por um repertório alimentar limitado e por uma ingestão alimentar específica de alta frequência habitual.  

Características importantes como a seletividade alimentar em crianças com autismo estão diretamente interligadas nos problemas de processamento sensorial, indo do exagero à escassez de sensibilidade  a estímulos sensoriais no meio ambiente (Chistol et al., 2018; Gama et al., 2020). Alterações sensoriais ao  sabor, textura, forma, temperatura dos alimentos, bem como a cor e embalagem, a apresentação do prato e  dos utensílios empregues, a recusa desses fatores leva a formação dos hábitos alimentares, favorecendo um  comer seletivo (Lázaro et al., 2018).  

As características da seletividade alimentar podem ser avaliadas por um conjunto de três fatores  como: rejeição, desinteresse alimentar ou anorexia (Rocha et al., 2019). Uma pesquisa realizada mostrou  que havia micronutrientes em déficits, foram eles, as vitaminas B12, B1, cálcio, ferro e zinco, a causa  apontada foi a recusa destes alimentos saudáveis (Almeida et al., 2018).  

Outro ponto sobre a ingestão nutricional apropriada retrata um desafio para crianças com TEA, por  conta dos comportamentos alimentares problemáticos, mas também em decorrência de sintomas gastrointestinais, suscetibilidade a alergias alimentares e anormalidades metabólicas. Além disso, sabe-se que a  microbiota intestinal, hospedada pelo trato gastrointestinal, é definida como uma população complexa e  específica de microrganismos e seus genomas, possuindo grande importância na homeostase e aparecimento  de distúrbios, assim como o TEA. A microbiota mantém a barreira da mucosa produzindo nutrientes (como  vitaminas) e defendendo o organismo de patógenos. Logo, é necessária uma microbiota saudável para melhorar o desenvolvimento dos sistemas metabólicos e neurológicos (Roussin et al., 2020).  

Também nos transtornos do espectro autismo foi observado a ocorrência de uma ativação do sistema  imunológico precocemente com inflamação crônica e falha na regulação de citocinas o que nos chama mais  atenção a esses eventos gastrointestinais. Por fim, foi visto que a constipação é um sintoma do sistema  gastrointestinal frequentemente relatado por indivíduos autistas e essa constipação agrupa diferentes tipos  bacterianos. Essas comunidades de microrganismos intestinais alteradas não se relacionam ao modo de  constipação dos portadores de autismo e sim dependem do próprio transtorno autista (Strati et al., 2017).  

Em relação ao sistema imune à existência de estudos que apontam que dietas isentas de glúten e  caseína, podem exercer influência positiva sobre o comportamento (Reissmann et al., 2014). Segundo esse  estudo, o glúten e a caseína (peptídeos) provocam uma resposta imune, ocasionando alergias e inflamações,  sendo capaz de influenciar o desenvolvimento cerebral (Reissmann et al., 2014; Reissmann, 2020).  

Já o consumo alimentar segundo Silva et al. (2022) em sua revisão integrativa da literatura identificou em sua pesquisa que a maioria das crianças com Transtorno do Espectro Autista consomem mais alimentos ricos em calorias e pobres em nutrientes em comparação ao consumo pouco frequente dos grupos  alimentares saudáveis, desencadeando uma condição de saúde precária e possíveis complicações em relação  aos elevados índices de sobrepeso e obesidade, aumentando os riscos de desenvolvimento de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, além de doenças psicossociais.  

Em uma pesquisa realizada por Vitória (2018) os resultados demonstraram um baixo consumo de  frutas, sucos de frutas, verduras e legumes pelas crianças com TEA, sendo que 25% dos participantes referiram que os filhos nunca ingeriam estes alimentos. Entretanto em relação ao consumo de processados e  ultraprocessados foi bastante elevado, destacando que 71,4% dos participantes consomem de 2 a 3 vezes ao  dia. Outro ponto importante observado nesse estudo foi em relação ao consumo de leite diário dos participantes ser de 64,2%, 17,9% afirmaram que os filhos nunca consomem leite e 10,7% os que consomem de  1 a 2 vezes por semana.  

Quanto ao estado nutricional de crianças com transtorno do espectro autista Brito et al. (2020) observou que o estado nutricional dos infantis encontravam-se com 55,6% eutróficos, porém não sendo um  valor tão positivo se comparado aos 41,9% que apresentaram excesso de peso (18,6% sobrepeso e 23,3%  obesidade). Somando-se a isso, ao avaliar o estado nutricional de 20 crianças autistas, Rosa e Andrade  (2019) notaram que 60% estavam com sobrepeso, sendo que 50% estavam com obesidade, evidenciando  que os hábitos alimentares infantis estão cada vez mais inadequados, comprometendo o crescimento e desenvolvimento das crianças com TEA.  

Magagnin e Soratto (2019) evidenciaram a necessidade de acompanhamento nutricional especializado, até mesmo nas dietas sem caseína e glúten, já que sem as orientações adequadas, é provável trazer  maiores complicações para a saúde da criança e/ou adolescente. Os relatos a respeito dos aspectos de rejeição alimentar mostram a presença de sensibilidades sensoriais que esses indivíduos expõem como a ausência de prazer em alimentar-se, falta de apetite, sua afinidade com a aparência, textura e cor do alimento,  além da preferência expressada por alimentos pastosos e a dificuldade na deglutição de substâncias mais  sólidos.  

E segundo Felipe et al. (2021), a contribuição do nutricionista em TEA está relacionada justamente  às alterações no nível gastrointestinal e no comportamento em relação à alimentação, refletidas em seu estado nutricional e composição corporal. Indivíduos com TEA apresentam altas taxas de transtornos alimentares, com prevalência de sobrepeso / obesidade e, raramente, baixo peso.

3.3 Alimentos amazônicos com potencial para auxiliar na melhora do quadro de deficiências nutricionais nas crianças com TEA  

Crianças com TEA são comumente seletivas na alimentação. Regularmente elas preferem amido,  lanches e alimentos processados e recusam frutas, vegetais e proteínas. Normalmente essas crianças têm  níveis diminuídos de folato, ácido pantotênico, biotina, vitaminas, principalmente D, B12 e E, redução do  magnésio, cobre, cálcio e ferro. Ainda, é comum episódios de intolerâncias alimentares, especialmente por  laticínios, nozes e frutas, que podem produzir uma reação do sistema imunológico e provocar liberação de  citocinas (químicos inflamatórios), os quais podem inflamar o cérebro (Peretti et al., 2018).  

As deficiências de micronutrientes mais frequente nos TEA são das vitaminas B1, B3, B5, B6, B9,  B12, A e dos minerais cálcio (Ca), zinco (Zn), selênio (Se) e magnésio (Mg) (Oliveira, 2012). Silva e Paim  (2020), ainda reforça que no campo nutricional foram detectadas deficiências nutricionais nesse público  principalmente dos minerais Ferro, Zinco e Cálcio, sendo as crianças com transtornos do neurodesenvolvimento grupos de risco no desenvolvimento de possíveis carências nutricionais energético-proteicas.  Ingestão inadequada de cálcio, ferro, vitamina B5, ácido fólico, vitamina C, magnésio, zinco e ácidos graxos  essenciais, podem estar associados a distúrbios neurológicos, e uma dieta rica em carboidratos concentrados  e ingestão de sódio são observados nesta população acima dos valores de referência (Araruna et al. 2018).  

Uma ingestão apropriada de vitamina B6 (piridoxina) é primordial, visto que auxilia o corpo a transformar alimentos em glicose, que é empregada para produzir energia e formar neurotransmissores, que  transportam sinais de uma célula nervosa para outra; fabricam hormônios, glóbulos vermelhos células do  sistema imunológico; controlam (junto com vitamina B12 e vitamina B9) o nível de homocisteína no sangue, um aminoácido que pode estar relacionado a doenças cardiovasculares (Gomes, 2021; Araruna et al.,  2018).  

Considerando essas informações, de acordo com Andrade (2019), a Amazônia compreende uma diversidade  de espécies frutíferas, as quais possuem frutas que são consumidas pela população brasileira por apresentarem  texturas e sabores diferenciados e pelo seu valor nutricional diversificado. Dada essa diversidade, algumas  frutas amazônicas são consideradas como fontes ricas em vitaminas, especialmente C e A, minerais e substâncias orgânicas, principalmente antioxidantes (Berto et al., 2015).  

Tais frutas podem auxiliar no combate às carências nutricionais das crianças com TEA citadas anteriormente. Como exemplo, tem a polpa de buriti que apresenta predominância dos minerais, Fe, Zn, K, Ca, Na, Mg, Mn, Cu, Se, Cr, I e pode ser considerada um alimento funcional (Ferreira et al., 2018). Segundo Pinheiro & Neves (2022) o óleo extraído do mesocarpo do buriti possui atividade antioxidante associada à  sua riqueza em compostos fenólicos lipídicos e carotenóides e presença de ácidos graxos (como ácido palmítico, esteárico, ômega 6 e o ômega 9), tocoferóis, flavonoides, antocianinas, vitaminas A, C e E é o óleo  vegetal mais rico em β-caroteno.  

Outra fruta é o açaí que é fonte de antocianinas, pigmento responsável pela coloração do fruto, que são  compostos  fenólicos com atividade antioxidante, que pode abrandar o estresse, além de ser fonte de vitamina E e minerais (cálcio, sódio, manganês, cobre, boro, magnésio, potássio e cromo). O açaí apresenta em sua composição fibras, que auxiliam na promoção de um sistema digestivo saudável, bem como ácidos graxos, como  os ácidos oleico e linoleico (Jesus et al., 2019). Ele é um fruto amazônico bastante consumido por conta da  sua quantidade calórica e gosto agradável, além de ser considerado excelente fonte de Na, Ca, K, e Mg,  também apresenta uma rica concentração de fósforo (Rufino, 2010). Em um estudo sobre as propriedades  químicas durante os diferentes estágios de maturação da fruta do açaí, apresentou concentrações elevadas  de fósforo para matéria seca nos três diferentes estágios de maturação, 262,6 mg.100g -1para a fruta verde;  232,4 mg.100g-1para o intermediário e 186,0 mg.100g-1para a fruta madura (Gordon et al., 2012).

Outro exemplo é o cupuaçu (Theobroma grandiflorum) apontado como fonte de ácido ascórbico  (110mg/100g de polpa), minerais (potássio, magnésio, cálcio, fósforo, ferro, sódio e zinco), fibras e compostos fenólicos (Jesus et al., 2019). A polpa exibe polifenóis antioxidantes, incluindo flavonas, flavonóis,  proantocianidina e catequinas (Barros et al., 2016; PUGLIESE et al., 2013), além de ser fonte potencial  de fibra alimentar (0,50% a 2,12%), principalmente de fibra solúvel e por conter quantidade considerável  de amido e de pectina (Pereira, Abreu & Rodrigues, 2018).  

Da Silva & Farias (2018) ressaltam que a utilização da semente do cupuaçu para produção de farinha  além de agregar valor para um fruto regional beneficia na complementação alimentar, por ser uma fonte  lipídica e proteica. Em um estudo realizado por Tanssini (2016), que usou a farinha da semente do cupuaçu  para a elaboração de biscoitos tipo cookies e averiguou bons resultados quanto à melhora da qualidade  nutricional dos biscoitos com destaque para a formulação com 25% da farinha da semente do cupuaçu,  apresentando os maiores teores médios de (0,012 g.100g-1), magnésio (0,377g.100g-1) e cobre  (0,00028g.100g- 1) em relação às demais formulações utilizadas na pesquisa.  

O bacuri (Platonia insignis) é outro exemplo. De acordo com Souza et al. (2013), ele faz parte de  uma classe arbórea nativa da Amazônia oriental brasileira e representa um alto valor social e econômico.  Sua polpa dispõe de uma composição nutricional rica em proteínas, dentre elas destacam-se os aminoácidos  treonina, metionina, lisina e triptofano, também apresenta vitaminas B1, B2 e ácido ascórbico, e teores de  minerais como o fósforo ferro, e cálcio, em outras palavras, elementos recomendados para constituir uma  alimentação saudável, desde que ingerida em medidas adequadas (Santos et al.,2020).  

O camu-camu (Myrciaria dubia) é outro representante da biodiversidade amazônica, e diversos estudos aludem à sua propriedade funcional. Esse fruto se destaca devido à sua alta capacidade antioxidante e  seu perfil fitoquímico, que contém níveis significativos de vitamina C e compostos fenólicos, como o ácido  elágico e as antocianinas (Gonçalves et al., 2010). Em um estudo mais recente Azevêdo et al. (2018), analisaram a composição de compostos ativos em frutos de camu-camu comercial e nativo e observaram concentrações superiores de antocianinas, vitamina C e β-caroteno nas cascas do fruto comercial (223,14 mg  cianidina-3-glicosídeo equivalente/ 100g de matéria seca, 1.109,62 mg/ 100g de matéria seca e 619,98  µg/100g de matéria seca, respectivamente) do que para a polpa do mesmo fruto (209 mg cianidina-3-glicosídeo equivalente/ 100g de matéria seca, 1.100,54 mg/100g de matéria seca e 197,22 µg/100g de matéria  seca, respectivamente).  

Além de conhecer estas frutas com potencial para auxiliar no combate às carências nutricionais em  crianças autistas, é importante também saber como introduzi-las. No estudo de Magagnin et al. (2021),  condutas nutricionais são destacadas onde atividades educativas passadas por profissionais corroboraram  para a inserção de hábitos alimentares saudáveis, devido às tarefas de educação nutricional diversificadas e  do constante estímulo. Outro ponto que se destacou nesse estudo como prática somada às outras propostas  como estratégia para uma alimentação saudável, temos a presença da prática culinária.  

Essa prática também está descrita no estudo de Oliveira e Frutuoso (2021) onde crianças atendidas  pela Associação Amigos dos Autistas de Sorocaba (AMAS) participaram de oficinas culinárias, destacando  a interação estabelecida do alimento com os utensílios utilizados na oficina para a importância da comida e  do cozinhar como mediador de conexões das crianças com seus pares, com os adultos e com o mundo.  

E a respeito da prática culinária, é importante ressaltar, que essas frutas têm sido alvo de pesquisas  e trabalhos envolvendo a tecnologia de alimentos para o desenvolvimento de novos produtos a partir de  várias partes destas e não apenas a polpa. O Quadro 1 elaborado por Soares et al. (2020), mostra alguns  desses trabalhos com produtos que podem servir como apoio para inserção desses alimentos na alimentação  infantil de crianças com TEA através da culinária.  

Quadro 1. Trabalhos publicados com foco no desenvolvimento de novos produtos obtidos a partir de frutos  amazônicos.  

Título do trabalho Parte do fruto utilizada Produto desenvolvido Autores e ano de publicação 
Aproveitamento tecnológico das sementes de cupuaçu e de okara na obtenção de Cupulate.  Sementes de cupuaçu  Cupulate  Rebouças et al. (2020)  
Avaliação físico-química sensorial de biscoito tipo cookies enriquecidos com farinha do caroço e polpa do açaí   Caroço do açaíCookie  Barros et al.(2020)  
Geleia de buriti convencional, light e diet: desenvolvimento, caracterização físico-química, microbiológica e sensorial  Polpa do Buriti  Geleias light e diet Sosa et al. (2020) 
Caracterização química, física e tecnológica da farinha obtida da casca do buriti (Mauritia flexuosa)Casca do buriti Farinha  Morais et al.(2020)  
Elaboração e caracterização do pão enriquecido com farinha a base de buriti (Mauritia flexuosa)   Polpa do Buriti   PãoGomes et al.(2019)
Influência da temperatura e tempo no grau de esterificação da pectina extraída da casca do bacuriCasca do bacuri Pectina  Barbosa et al.(2019) 
Elaboração de barras de cereais com o mesocarpo, polpa e sementede bacuri  Casca, polpa e semente de Bacuri  Barra de cereal  Pires et al., (2018)  
Geleia de buriti (Mauritia flexuosa): agregação de valor aos frutos do cerrado brasileiro Polpa do Buriti Geleia  Garcia et al.(2017)
Elaboration of a cereal bar enhanced with flour of buriti pulp(Mauritia flexuosaPolpa do Buriti  Barra de CerealCardoso et al.(2017) 
Caracterização da farinha obtida da extração de óleo  de bacaba com aproveitamento de resíduos agroindustriais Fibra da bacabaFarinha  Maciel et al.(2017) 
Elaboração e aceitação do sorvete de bacuri  Polpa do Bacuri  Sorvete  Nascimento et al. (2016)  
Propriedades reológicas  do  suco  de buriti (Mauritia flexuosaPolpa do buriti  SucoRodrigues et al.(2016) 
Uso de resíduos agroindustriais (fibra de açaí e glicerol) na preparação de biscoitos.Fibra do açaí  Biscoito Lima et al. (2015)
Óleo de buriti (Mauritia flexuosa) nanoemulsionado:  produção por método de baixa energia, caracterização físico- química das dispersões e incorporação em bebida isotônica.   Polpa do Buriti Bebida IsotônicaBovi (2015)  
Estocagem e avaliação da  estabilidade oxidativa da manteiga de cupuaçu  Semente do cupuaçu ManteigaLopes (2014)
Elaboração de biscoito de farinha de buriti (Mauritia flexuosa L. f) com e sem adição de aveia (Avena sativa L.)  Polpa de buritiBiscoito  Santos et al.,(2011)
Resíduos da agroindústria como fonte de fibras para elaboração depães integrais Casca do cupuaçuPães integraisRodrigues (2010)
Stability of the bacuri pulp (Platonia insignisMart.) frozen for 12 months. Polpa de bacuri Polpa congelada Silva et al. (2010)  
Tecnologia para obtenção de doce da casca do bacuri.  Casca do bacuriDoce  Matieto et al.(2006)
Gastronomia: cerveja dos sabores amazônicos como elemento atrativo para o turismo em Belém (PA)  Polpa do BacuriCerveja Artesanal Pereira; Lima; Santos (2017)
Influência do tempo de infusão com duas fontes alcoólicas diferentes na elaboração e caracterização físico- química do licor de açaí.  Polpa do Açaí  LicorDe Souza (2019)  
Caracterização físico-química de geleia de cupuaçu e açaí (blend) oriundas da região amazônica. Polpa de Cupuaçu  e Açaí Geleia  Costa et al. (2018)
Desenvolvimento de Iogurtes de Leite deBúfala e Cabra Sabor Açaí  Polpa de AçaíIogurte Pinto et al. (2018)  
Néctar de frutos obtidos de cupuaçu (Theobroma grandiflorum) e açaí (Euterpe oleracea Mart) adicionados com frutooligossacarídeos: processamento e avaliação da qualidade.  Polpa de Cupuaçu e Açaí  Néctar  Jesus et al. (2019)
Desenvolvimento de bala de açaí adicionada de cafeína Polpa de Açaí  
Bala  
 
Lima et al. (2017) 
Suco  de  açaí (Euterpe oleracea Mart.):  avaliação  microbiológica,tratamento térmico e vida de prateleira  Polpa de AçaíSuco Souza et al.(2006)  
Influência da temperatura do arde secagem e da concentração de agente carreador sobre as propriedades físico-químicas do suco de açaí em pó  Polpa de Açaí Suco em póTonon; Brabet; Hubinger (2009)
Açaí: técnicas de cultivo e processamento.  Polpa de Açaí  Doce de leite com Açaí De Oliveira et al. (2007)
Desenvolvimento de formulações fermentadas probióticas mistas enriquecidas com óleos de frutos amazônicos  Semente   Bebidas fermentadasGuimarães et al. (2020)  

Fonte: Soares et al. (2020). 

Com todas essas informações, segundo Carvalho et al. (2012) a respeito da implementação de um  padrão alimentar adequado a pessoas com TEA, diz que é importante respeitar os aspectos culturais, preferenciais e financeiros, envolvendo toda a família no processo que visa a redução dos sintomas relacionados.  

Os problemas relacionados a alimentação de crianças com TEA acarretam vários riscos para o equilíbrio de nutrientes e o crescimento da criança. Eles também podem limitar o prazer que as pessoas com TEA podem ter durante as refeições e fazer com que percam oportunidades de compartilhamento e participação social e de relaxar na companhia de outras pessoas, mesmo que alguns, principalmente adultos, desenvolvam estratégias para lidar com o social (Lázaro et al., 2019).  

4. Conclusão  

Espera-se com este projeto, encontrar na literatura, achados que auxiliem a descrever alimentos da  região amazônica que possuem potencial nutricional para auxiliar no combate as carências nutricionais comuns em crianças com TEA Transtorno Do Espectro Autista. Com esse propósito, deseja-se abordar sobre  o que é o Transtorno do Espectro Autista TEA esclarecendo sobre os hábitos alimentares de crianças com  TEA e a influência no seu perfil nutricional e assim elucidar sobre quais alimentos amazônicos podem  auxiliar na melhora do quadro de deficiências nutricionais nas crianças com TEA.  

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