EFFECT OF MANUAL THERAPY ON PAIN IN PATIENTS WITH CHRONIC CERVICALGIA: AN INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8290307
Bruna Raíssa Santos Irias¹
Elenise Festinalli²
Vicente de Almeida Brito3
Taís de Espíndula Brehm3
RESUMO
Contextualização: A prevalência global de dor cervical tem grandes índices atualmente, com incidência na meia idade e predominância no sexo feminino. A origem de dor cervical na maioria dos casos é de difícil localização, sendo ela inespecífica e oriunda de diversas causas. A terapia manual é um dos recursos fisioterapêuticos que vem sendo cada dia mais utilizados, pois a sua eficácia contribui diretamente na qualidade de vida e bem-estar dos indivíduos. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo identificar na literatura as evidências sobre quais as principais técnicas manuais utilizadas e seus respectivos efeitos no manejo da dor na cervicalgia crônica. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura integrativa com abordagem descritiva, onde a coleta de dados foi realizada durante o período de fevereiro a abril de 2023, pesquisados nas bases de dados PubMed, PEDro, Scielo e Lilacs. Resultados: A pesquisa resultou em 59 artigos, dos quais foram selecionados como elegíveis 3 ensaios clínicos randomizados. Os artigos incluídos no estudo demonstraram que 40% utilizaram a manipulação da coluna cervical através da técnica HVLA (manipulação articular de alta velocidade e baixa amplitude de movimento), 20% a técnica de energia muscular, 20% a liberação fascial padrão, e outros 20% a massagem tailandesa. Conclusão: Podemos identificar uma variabilidade de técnicas utilizadas no tratamento da dor em pacientes com cervicalgia crônica, bem como seus respectivos efeitos, parecendo um método seguro e eficaz para o manejo da dor destes pacientes, bem como em outros desfechos funcionais, pois apesar da limitação de estudos, todos atingiram resultados significativamente semelhantes.
Palavras-chave:Dor cervical crônica,Terapia Manual, Fisioterapia, Manipulações Musculoesqueléticas, Terapia Manual de Tecidos Moles.
ABSTRACT
Contextualization: The global prevalence of neck pain currently has high rates with an incidence in middle age and predominance in females. The origin of neck pain in most cases is difficult to locate,being nonspecific and arising from different causes. Manual therapy is one of the physiotherapeutic resources that is being increasingly used, as its effectiveness directly contributes to the quality of life and well-being of individuals. Objective: This study aims to identify evidence in the literature about the main manual techniques used and their respective effects on pain management in chronic neck pain. Methods: This is an integrative literature review with a descriptive approach, where data collection was carried out during the period from February to April 2023, searched in the PubMed, PEDro, Scielo and Lilacs databases. Results: The search resulted in 59 articles, from which 3 randomized clinical trials were selected as eligible. The articles included in the study demonstrated that 40% used cervical spine manipulation using the HVLA technique (high-velocity, low-range joint manipulation), 20% the muscle energy technique, 20% the standard fascial release, and another 20 % thai massage. Conclusion: We can identify a variety of techniques used in the treatment of pain in patients with chronic neck pain, as well as their respective effects, seeming to be a safe and effective method for the management of pain in these patients, as well as in other functional outcomes, because despite the limitation of studies, all achieved significantly similar results.
Keywords:Chronic neck pain,Manual Therapy, Physiotherapy, Musculoskeletal Manipulations, Manual Soft Tissue Therapy.
INTRODUÇÃO
A prevalência global de dor cervical teve grandes índices nos últimos anos, o que caracteriza a sua incidência pela meia idade e predominância no sexo feminino. 1,2 É uma das queixas musculoesqueléticas mais comuns nos consultórios de fisioterapia, e em algum momento ao longo da vida, com o avanço da idade, tende a aumentar o seu surgimento.3 Apesar de estar atrás apenas da dor lombar, a dor cervical é um fator limitante e incapacitante, que traz prejuízos sociais e econômicos, além de afetar emocionalmente os indivíduos acometidos.2
A região cervical faz parte da coluna vertebral e é composta por diversas estruturas, que possibilitam com que haja movimento e manutenção postural.4 As vértebras cervicais são estruturas ósseas que possuem diferentes formas anatômicas, e entre elas, existem os discos intervertebrais, que lubrificam e protegem as vértebras de impactos causados pelos movimentos.5 A origem da dor cervical na maioria dos casos é de difícil localização, sendo ela inespecífica e das mais variadas causas.6 Por isso, uma boa avaliação se faz necessária para identificar suas principais causas e assim, melhor estabelecer o tratamento e intervenção a fim de cessar os sintomas e a queixa de dor na região.3
Existem alguns sintomas que caracterizam a fase de dor aguda, estando associados à inflamação, redução de mobilidade articular, déficit de função motora, diminuição da amplitude de movimento e ainda perda do desempenho muscular, que duram em torno de até 3 meses.7 A dor cervical pode ser caracterizada como subaguda acima desse período, e como crônica quando persiste ou é recorrente acima de meses ou mais de ano normalmente já por motivos de estar apresentando não apenas grande tensão muscular, mas também pela presença de degeneração articular.7,8
A base do tratamento para dor cervical crônica envolve, principalmente, tratamento medicamentoso através de fármacos analgésicos e anti-inflamatórios e a utilização de alguns recursos terapêuticos como hidroterapia, exercício terapêutico, terapia manual e agentes eletrofísicos.9
A terapia manual para o tratamento da dor cervical crônica pode ser realizada de modo manipulativo ou por mobilizações, onde as mais conhecidas são a quiropraxia, osteopatia, massagem, liberação miofascial, dentre outras. 3,6 Essas técnicas são aplicadas a fim de trabalhar tecidos moles e/ou articulações e até mesmo neurais, onde movimentos passivos são realizados e graduados de acordo com o objetivo que se quer alcançar, sempre respeitando os limites fisiológicos dos movimentos cervicais 3,6,10 Atualmente, a terapia manual é um dos recursos fisioterapêuticos que vem sendo cada dia mais utilizados, onde proporciona não apenas o relaxamento muscular, mas atua diretamente e neurofisiologicamente na diminuição de biomarcadores inflamatórios, além de alterar as atividades e mecanismos de processamento e excitação da sensibilidade à dor em áreas corticais, envolvidas no sistema nervoso simpático, recuperando movimentos funcionais e melhorando demais sintomas presentes, assim como podem ser aplicadas como complemento do tratamento realizado pelo fisioterapeuta. 3,6,11,12,13 Além disso, a terapia manual proporciona melhora não somente física como emocional dos pacientes, pois a sua eficácia contribui diretamente na qualidade de vida e bem estar dos indivíduos. 11
Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo identificar na literatura as evidências sobre quais as principais técnicas manuais utilizadas e seus respectivos efeitos no manejo da dor em pacientes com cervicalgia crônica.
MÉTODOS
O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura integrativa com abordagem descritiva, onde a coleta de dados foi realizada durante o período de fevereiro a abril de 2023, pesquisados nas bases de dados PubMed, PEDro, Scielo e Lilacs.
Nas plataformas foram pesquisadas as palavras chaves “chronic neck pain”, “therapy manual” e “musculoskeletal manipulations”, “physiotherapy” adicionando o booleano AND. Na plataforma PEDro, o termo “physiotherapy” não foi utilizado, uma vez que se trata de uma plataforma de dados de prática clínica em fisioterapia. Quando disponíveis, eram selecionados os filtros de acordo com os critérios de inclusão.
Foram incluídas nesta revisão de literatura, referências com data de publicação entre os anos de 2018 a 2023, ensaios clínicos controlados, ensaios clínicos controlados e randomizados sobre tratamento fisioterapêutico baseados nas terapias manuais na dor cervical crônica, estudos comparativos entre a utilização de terapias manuais na dor cervical crônica e estudos que utilizassem a variável dor como desfecho primário.
Foram excluídos da análise, artigos pré-clínicos e revisões de literatura, estudos que não apresentavam relação direta com o tema investigado, mas que retornaram na busca, assim como, estudos que não se encaixavam por serem artigos que compararam a terapia manual com exercícios físicos ou outros métodos terapêuticos que não fosse outra terapia manual.
Os artigos foram selecionados primeiramente através dos títulos, seguindo dos resumos e por fim, leitura integral das obras que foram pertinentes aos objetivos selecionados. Por fim, os dados foram analisados e descritos através de levantamento das informações, posterior análise e discussão.
Com relação à extração de dados dos artigos selecionados, o revisor realizou a extração de forma independente. Os dados extraídos dos artigos selecionados estão relacionados com o número da amostra, idade, gênero, a divisão dos grupos de avaliação/intervenção, a avaliação bem como os instrumentos utilizados, desfechos primários, desfechos secundários e as conclusões encontradas. Dados básicos de todos os artigos como ano de publicação, autores e base de dados também foram extraídos. Todos os dados foram tabulados em uma planilha eletrônica salva na nuvem.
RESULTADOS
A pesquisa resultou em 59 artigos (Figura 1), dos quais foram selecionados como elegíveis 3 ensaios clínicos randomizados.
Os ensaios clínicos elegidos estão exibidos na tabela que segue abaixo (Tabela 1), apresentados em ordem cronológica, ressaltando suas principais informações como autores, ano de publicação, amostra (n), grupos de intervenção, método aplicado, período de intervenção, medidas de resultados e resultados obtidos.
Tabela 1. Características dos estudos incluídos.
Legenda: TM: Massagem Tailandesa; ME: Energia Muscular; DD: Decúbito Dorsal; EVA: Escala Visual Analógica de Dor; NDI: Neck Disability Index; ADM: Amplitude de Movimento; CROM 3: Cervical Range of Motion; FT: Tratamento Fascial Padronizado; MT: Terapia Manual; HVLA: Manipulação de Alta Velocidade e Baixa Amplitude de Movimento; NPAD: Escala de Dor e Incapacidade no Pescoço; OMT: Tratamento Manipulativo Osteopático; NRS: Escala de Classificação Numérica; PROMIS-29: Sistema de Informação de Medição de Resultados Relatados pelo Paciente; FABQ: Questionário de Crenças de Evitação do Medo.
DISCUSSÃO
O presente estudo proporcionou uma revisão científica mais atual, abordando indícios e efetividade das técnicas de terapias manuais mais utilizadas para o tratamento de dor cervical crônica.
Foram constatadas algumas diferenças entre os estudos, como variedade de idades dos participantes incluídos, onde um dos estudos 14 encontrou uma média de idade de 21,3 anos, devido aos seus critérios de inclusão com idades entre 18 e 40 anos de idade, já outros dois estudos 15, 16 apresentaram a média de idade entre 42,5 e 48,2 anos, sendo incluídos participantes de 21 a 65 e 30 a 65 respectivamente. A dor cervical crônica possui alta prevalência na faixa etária acima dos 45 anos de idade, o que pode ser justificado pelo estilo de vida, fatores socioeconômicos e geográficos, como também pela realização de muitos tratamentos anti inflamatórios medicamentosos sem sucesso. 17
Pode-se verificar um crescente número de pacientes com dor cervical na faixa etária entre 16 a 25 anos de idade, devido a condições de trabalho, carga de trabalho, ambiente, tipo de período de trabalho, o que prejudica dependendo de quanto tempo o indivíduo permanece na mesma posição, gerando pontos gatilhos, podendo ser localizados na tensão presente em fibras musculares esqueléticas como em tecidos conjuntivos. 14, 17
Também houve heterogeneidade entre os estudos analisados em relação ao gênero dos participantes, sendo um total de 69,79% de mulheres selecionadas em todas as pesquisas, achado que sugere maior incidência de cervicalgia crônica no gênero feminino. 1,2, Essa prevalência pode ser perceptível por vários fatores biológicos que divergem de mulheres e homens. As mulheres possuem flutuações de estrogênio, determinadas ligações genéticas, assim como mecanismos inibitórios nocivos difusos menos eficientes do que os homens, tornando mulheres mais vulneráveis à geração de dor, podendo ser tanto de origem fisiológica como biomecânica, além de fatores ambientais e sociais estarem associados. 17
Em relação às suas medidas avaliativas utilizadas para quantificar a eficácia das técnicas testadas, foi observado similaridade entre os estudos. Dois 14,15 dos três estudos identificaram intensidade de dor, através da escala EVA, assim como a incapacidade do pescoço através do questionário NDI 14, 16 e a ADM de cervical pelo uso de CROM 3 14,15, um dispositivo de goniômetro que utiliza inclinômetros e ímãs permitindo a padronização do exame sem que haja erros de posicionamento, apresentando boa sensibilidade para a quantificação mais fidedigna dos graus de movimento. 18
Contemplou-se que as terapias manuais encontradas na literatura foram limitadas, sendo incluídos na seleção e analisados artigos que verificaram ao todo o uso de apenas quatro técnicas diferentes, observadas entre si. Dentre elas,40% utilizaram a manipulação da coluna cervical através da técnica HVLA, 20% a técnica de energia muscular, 20% a liberação fascial padrão, e outros 20% a massagem tailandesa.
A técnica HVLA é uma técnica de terapia manual comumente utilizada na quiropraxia, conhecida como “trust”, devido a presença ou não de um estalo audível 19,e na osteopatia para manipulações articulares, onde é caracterizada pela alta velocidade e baixa amplitude de movimento aplicadas pelo terapeuta. O achado pode se justificar por ser um procedimento não invasivo e de baixo custo na área da terapia manual, sendo considerada como um anti-inflamatório não esteroidal, já que a manipulação articular é uma prática alternativa que atua como estímulo não apenas de ações biomecânicas, mas também a nível neurofisiológico. 19, 20, 21 A inibição da dor através da manipulação articular se dá por uma interação complexa de respostas neuromusculares, onde regulam as tensões mecânicas, por exemplo, atingindo redes autonômicas que processam o estímulo e modulam a dor. 19, 22 Esse processo de redução de tensões mecânicas acontece, pois como descreve Rubinstein et al 19, 2019 o movimento passivo aplicado à técnica é usado na articulação com uma alta velocidade, o que resulta na cavitação da articulação, produzindo um impulso manipulativo que se aproxima a uma menor amplitude ou similar ao movimento final da passiva ou fisiológica do paciente.
Segundo o que Fagundes et al 20, 2020 mostrou em seu estudo, a aplicação da técnica HVLA na dor lombar apresentou uma melhora imediata na redução da dor, confirmando o que Sarker et al 23, 2019 também trouxe como indícios de que a manipulação através da técnica HVLA atuou na redução da oscilação postural porque apresentou efeitos neurofisiológicos que melhoraram a dor lombar crônica por meio de mediação de mecanismos espinhais, supraespinhais ou ainda não distintos até então, desencadeando respostas que explicam os achados da pesquisa. Gómez et al 24, 2020 reforça sobre o efeito da técnica HVLA na dor cervical, sendo comprovadamente benéfica, como já relatado por outros autores em estudos anteriores aos últimos cinco anos. Roberts et al 21, 2022 confirma em sua pesquisa os benefícios da técnica HVLA para a dor cervical, assim como a melhora de outros sintomas causados pela cervicalgia crônica que afetam a qualidade de vida dos acometidos.
Outra terapia manual encontrada na literatura, também da osteopatia, foi a técnica de energia muscular, que tem como objetivo a manipulação de tecidos moles por meio de um relaxamento pós-isométrico ou pela inibição recíproca. Conforme explica Roberts et al 21, 2022 o relaxamento pós-isométrico acontece onde a tensão é sentida, ou seja, o terapeuta encontra a região de maior restrição do paciente, e compara os tecidos bilateralmente, desse modo o intuito é o de relaxar e alongar o músculo agonista e o paciente contraindo em direção contra a força do terapeuta, até encontrar a liberação pretendida no local. Para que isso ocorra, os órgãos tendinosos de Golgi é quem são ativados, ocasionando uma inibição espinhal através de neurônios aferentes que enviam o sinal para que haja o relaxamento após a contração muscular. Já a inibição recíproca ocorre da mesma forma, porém fazendo o uso da musculatura antagonista para atingir o relaxamento do agonista através da acomodação da contração dos músculos da articulação de um lado, levando ao relaxamento do outro, acionando o fuso muscular. Segundo Wendt et al 25, 2020 os efeitos observados pela técnica de energia muscular se dão pela melhora da circulação sanguínea na área trabalhada, desencadeando respostas respostas neurofisiológicas e biomecânicas, podendo ser usada como tratamento em situações agudas, subagudas e crônicas restabelecendo as condições funcionais dos tecidos.
No estudo feito por Osama et al 26,2020 foi encontrada melhora na dor cervical mecânica, porém o estudo associou a terapia manual com a aplicação de Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) com 10 min de uso de calor em seus pacientes, assim como Siddiqui et al 27, 2022 que verificou uma melhora nos níveis de intensidade de dor na região cervical através do uso da técnica de energia muscular, mas o estudo associou exercícios fisioterapêuticos convencionais ao tratamento.
Thomas et al 28, 2019 demonstrou em seu estudo que a técnica de energia muscular é sim positiva como alternativa de tratamento em pacientes assintomáticos como sintomáticos, causando a redução na dor nos mesmos, confirmando os resultados tanto para pacientes em condições de dores agudas como em casos crônicos, não apenas para região cervical como em outras articulações. Isso se dá pelos efeitos neurofisiológicos que ativam neurônios motores e proprioceptores nas contrações concêntricas e excêntricas, estimulando não apenas a diminuição da dor como também o aumento da mobilidade, remodelando os tecidos moles através das suas características de viscoelasticidade. 21, 25, 28
A liberação fascial padrão ou liberação miofascial como é comumente conhecida, também foi encontrada como terapia manual aplicada para alívio de dor na cervicalgia crônica. Essa técnica consiste em manusear o tecido miofascial, que é um importante tecido conjuntivo que envolve todo o corpo humano, conectando e sustentando todos os seus sistemas, permitindo estabilidade e flexibilidade ao mesmo tempo. 21 De acordo com Castro-Sánchez et al 29, 2021 a liberação miofascial permite com que o tecido seja reorganizado, ou seja, onde há qualquer disfunção biomecânica ou somática, por exemplo, a técnica quando aplicada reorienta a estrutura celular alterada, fazendo com que os fibroblastos se reestruturem como resposta, o que gera não apenas a redução da dor como também outros benefícios associados às alterações apresentadas pelo paciente. Cathcart et al 30, 2019 confirma que as respostas são provocadas por reflexos autonômicos, que ativam o lobo anterior do hipotálamo, gerados não apenas por um sistema neurofisiológico local como também havendo uma dissolução sistêmica que comporta desde a diminuição do tônus muscular até mudanças na excitação emocional, que alteram a viscosidade do tecido por meio de plasticidade.
Arguisuelas et al 31, 2019 notou em seu estudo que pacientes com dor lombar crônica obtiveram uma diminuição da dor e incapacidade com a aplicação da técnica de liberação miofascial nos eretores da espinha, assim como Bac et al 32, 2022 encontrou em seu estudo sobre a influência da técnica em pacientes com pé plano uma redução nos níveis de dor, notando uma diminuição da dor com a liberação miofascial associada a exercícios, mas afirmando que a técnica empregada quando empregada especialmente sozinha possui uma melhora estatisticamente significativa quando comparada.
Rodríguez-Huguet et al 33, 2018 identificou em seu estudo que o limiar de dor por pressão diminuiu em pacientes com cervicalgia crônica, fornecendo evidências de que pode ser um meio de tratamento melhor do que a fisioterapia através do uso de ultrassom (US), estimulação elétrica nervosa transcutânea e massagem quando comparados. Enquanto isso, Shewail et al 34, 2023 não percebeu melhora significativa na redução da dor na cervicalgia crônica comparada a liberação miofascial com a mobilização de tecidos moles assistida por instrumentos, justificando que os resultados encontrados podem ser pelo curto tempo de duração da intervenção e possivelmente pela falta de um grupo controle.
A última modalidade de terapia manual encontrada no presente estudo foi a massagem tailandesa, simbolizando um antigo e tradicional método de cura através de linhas energéticas conhecidas como meridianos. Boonruab et al 35, 2020 explica que essas linhas recebem devidamente uma acupressão, sendo assim estimuladas e manipuladas para que proporcionem alívio através dos impulsos nervosos provocados pela massagem servindo para tratar diversas disfunções corporais.
Um estudo realizado por Boonruab et al 36, 2021 abordou a aplicação da massagem tailandesa na síndrome de dor miofascial focada no trapézio superior em comparação com exercícios eremitas tailandeses (Thai Yoga), demonstrando que a massagem tradicional tailandesa teve melhores resultados no que discerne o alívio da dor em pontos gatilhos. Areeudomwong et al 37, 2022 realizou um estudo onde também comparou a massagem tailandesa tradicional com exercícios de boxe tailandês (Muay Thai) em pacientes com a síndrome escapulocostal, identificando uma melhora significativa na intensidade da dor no grupo onde a massagem tailandesa foi aplicada.
Esses resultados encontrados nos últimos estudos realizados sobre a massagem tailandesa se devem à resposta imune que ela apresenta, onde segundo Sornkayasit et al 38, 2021 estão associados a um complexo sistema que interage com mecanismos celulares e moleculares, responsáveis pelos efeitos de relaxamento, diminuição de vias inflamatórias, modelagem neural e remodelamentos miofasciais, regenerando os músculos, atuando no bem estar físico e manutenção da saúde.
A falta de artigos que abordem apenas terapias manuais ou que realizassem a comparação de diferentes técnicas de terapia manual, trouxe limitações para os resultados do presente estudo em relação ao baixo número de artigos selecionados para a síntese, o que resulta na restrição de ampliar os achados de seus efeitos até então. Apesar disso, um ponto positivo que se salientou nos três estudos é sobre o número amostral, atingindo uma alta confiabilidade na qualidade dos dados coletados.
CONCLUSÃO
Através dos resultados da presente revisão, podemos identificar uma variabilidade de técnicas utilizadas no tratamento da dor em pacientes com cervicalgia crônica, bem como seus respectivos efeitos.
A terapia manual nos parece um método seguro e eficaz para o manejo da dor destes pacientes, bem como em outros desfechos funcionais. No entanto, devido ao baixo número de estudos analisados, não é possível afirmar com clareza qual a melhor técnica ou se realmente há melhor, visto que as evidências são limitadas e todos os estudos atingiram resultados significativamente semelhantes, havendo necessidade de novos estudos que contemplem e comparem as técnicas utilizadas.
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1Acadêmica da graduação, Curso de Fisioterapia, Universidade Luterana do Brasil, Torres / RS.
²Fisioterapeuta, Professora, Especialista, Membro do GECIF, Curso de Fisioterapia, Universidade Luterana do Brasil, Torres / RS.
3 Fisioterapeuta, Professor (a), Mestre, Membro do GECIF, Curso de Fisioterapia, Universidade Luterana do Brasil, Torres / RS.