ESTUDO DE MANIFESTAÇÕES PATOLOGICAS EM ESTRUTURAS DE PONTES EM CONCRETO ARMADO: REVISÃO DE LITERATURA


STUDY OF PATHOLOGICAL MANIFESTATIONS IN REINFORCED CONCRETE BRIDGE STRUCTURES: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8256880


¹Emerson da Silva Morais
²Gabriel Moraes Da Silva
³Marinna Rafaella De Carvalho Sousa Bezerra
4Diogo Ramon Do Nascimento Brito


Resumo

A patologia das estruturas é o campo da engenharia que estuda as origens, formas de manifestação, consequências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas de degradação das estruturas. É de demasiada importância a segurança, a funcionalidade, a higiene e a estética de uma edificação, a patologia gerada por um acidente ou erro que compromete estes itens não deve ser ignorada afim de não causar inconvenientes futuros. Esse trabalho fundamentou-se na literatura cientifica já publicada sobre o assunto, empregando quatro publicações, objetivando realizar uma revisão da literatura comparando as principais causas das manifestações patológicas em estruturas de pontes de concreto armado. Baseado na literatura foi possível analisar a incidência manifestações patológicas em pontes de concreto armado podem ser minimizadas com a manutenção periódica das estruturas e seguindo as recomendações do manual, não excedendo as cargas descritas em projeto.

Palavras-chave: Patologia; Pontes; Concreto armado; Estrutura.

1. INTRODUÇÃO

Ao decorrer da evolução o homem procura meios de se proteger de animais e intempéries construindo estruturas, como casas, indústrias, pontes, barragens, etc., que se adaptem às suas necessidades de subsistência e para uma maior qualidade de vida. A interligação de cidades se dá por vias terrestres, aéreas e marítimas, sendo de maior utilização as vias terrestres que por meio de estradas e rodovias. A cidade centro funciona como um gerador de benefícios econômicos e sociais crescentes, logo precisa de interseções bem distribuídas conectadas por um sistema de rodovias e estradas variado (MATTOS, 1980, p. 174).

Com o desenvolvimento da tecnologia da construção através dos conhecimentos repassados entre as gerações, após testados e aprovados transformaram-se em acervo científico, formaram técnicas construtivas, métodos de concepção, cálculo, análise e detalhamento de estruturas. De acordo com a norma ISO 15686, a vida útil é o intervalo de tempo após a construção, em que a edificação e seus componentes atendem ou excedem os requisitos mínimos de desempenho. A vida útil do edifício é limitada pela deterioração de elementos estruturais não substituíveis, ou em que as trocas são de custo elevado tornando-se indisponíveis ao longo do ciclo de vida da construção. Pontes e viadutos são essências tanto para as grandes cidades quando para rodovias e vias rurais, pois diariamente possibilitam o escoamento de vias, unindo cruzamentos, reduzindo caminhos e balanceando acidentes demográficos. Segundo Marchetti (2008), pontes são obras designadas para superar obstáculos que uma via possui. Esses obstáculos incluem rios, baías, vales profundos, outras estradas e etc. Pontes transpõem rios e viadutos transpõem vales e outras estradas. O Brasil ainda carece de conhecimento técnico-científico sistemático e de uma análise detalhada da estabilidade de pontes rodoviárias existentes, principalmente as macróbias. Em geral, essas avaliações são realizadas conforme necessárias e dependendo das características de cada situação que ocorrer e da experiência e conhecimento de engenheiros trabalhando e executando projetos pontes e viadutos. Segundo Helene (1992):

No Brasil as pontes e viadutos encontram-se, na grande maioria, fora dos padrões e normas técnicas. A patologia pode ser entendida como parte da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens dos defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema.

A patologia das estruturas é o campo da engenharia que estuda as origens, formas de manifestação, consequências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas de degradação das estruturas. É de demasiada importância a segurança, a funcionalidade, a higiene e a estética de uma edificação, a patologia gerada por um acidente ou erro que compromete estes itens não deve ser ignorada afim de não causar inconvenientes futuros. O pretexto patológico precisa ser investigado, pois existem condições que podem afetar a vida da edificação ou atrapalhar o seu uso, para que todo o processo esteja em harmonia e é preciso sempre buscar a qualidade. Procedimentos e métodos padrão precisam ser estabelecidos para que seja sistematizado a avaliação estrutural dependendo do tipo de cada estrutura. Essa detecção e controle precisos de condições patológicas que afetam a estrutura, são necessários pois procedimentos específicos de validação e avaliação devem ser aplicados para tratamento imediato evitando assim prejuízos procedentes de tal patologia. Uma boa fundação é aquela com uma margem de segurança confortável para rupturas e recalques, as frações e cálculos compatíveis com os elementos suportados. O solo pode exibir deformação e variedade de volume que causam deslocamento da fundação. Compreender todos os tipos factíveis das patologias possibilita uma resposta mais qualificada de todas as ações envolvidas no ocorrido, podendo ser estas ligadas diretas ou indiretamente a obra. Aplicando as melhores práticas de acordo com as normas, ressaltando a importância das fundações serem feitas por trabalhadores qualificados para que a estrutura não tenha intercorrências ao longo dos anos (MILITITSKY; CONSOLI; SCHNAID, 2005). Atendendo aos conceitos abordados, este trabalho pretende realizar um estudo comparativo das patologias em pontes com estruturas de concreto armado, a fim de identificar os erros mais comuns, cometidos durante a fase de projeto e concepção, execução do projeto ou manutenções preventivas, tendo como consequência as fissuras, trincas e manchas de umidade ocasionadas por essas falhas. O estudo e a análise de erros transforma a forma de construir pois ao encontrar o elemento que o causa é possível tratar a falha em sua raiz e cuida para que ela não ocorra em novos projetos.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Conceito de patologia

Nomeia-se patologia das construções a aba da engenharia civil que examina a atuação insatisfatória de uma edificação, a análise é regida por normas técnicas para o ramo de patologias, observando as consequências de das tais afim de descobrir suas causas e origens, o termo é utilizado para a área de estudo que diagnosticam as falhas e origens de defeitos estéticos e estruturais de um edifício (CREMONINI, 1988).

Conforme Do Carmo:

O conhecimento da causa que gerou o problema é importante para que se possa prescrever a terapêutica adequada para o problema em questão, uma vez que se tratarmos os sintomas sem eliminar a causa, o problema tende a se manifestar novamente (DO CARMO, 2003 p. 11).

Patologia das construções é a área da engenharia civil de estuda as origens, manifestações, efeitos e mecanismos de falhas, os quais apresentam a urgência de uma sistematização adequada dos acervos técnico adquirido na área, para um futuro diagnóstico e remediação através de uma intervenção resolutiva para os defeitos encontrados. A solução para a patologia é obtida por multíplices procedimentos, a análise desses problemas é prejudicada pela falta de uma metodologia sancionada e corroborada, fazendo com que em primazia o que prevaleça seja o tato e experiência do engenheiro, utilizando métodos não ortodoxos mediante ponderação, visto que as analises, que são decorrentes dos problemas apresentados na edificação, de ser individualizada para a ocorrência o que a torna bem complexa (DO CARMO, 2003).

2.2 Tipos de Manifestações Patológicas

Para compreender os fenômenos patológicos descritos em um edifício a causa do problema encontrado geralmente deve ter uma relação causal que possa ter produzido tal sinal. Os problemas patológicos geralmente resultam de erros ou falhas cometidos em pelo menos uma das fases do projeto. Os estágios nos quais as possíveis causas que podem gerar defeitos futuros podem surgir são no planejamento, projeto, fabricação de matéria-prima, execução e uso. Algumas das etapas acima são mais proeminentes no que diz respeito à aparência da condição patológica, sendo enfatizado os estágios de execução, gerenciamento de materiais e uso (HELENE, 2003).

Tabela 1 – Percentual das principais causas de patologias na construção civil.

Fonte: Adaptado pelo autor de Do Carmo (2003, p. 06)

Como mostrado na tabela as falhas resultantes de variações dimensionais e as deformações excessivas e sobrecarga correspondem justas a 63,4% das causas de patologias na construção civil, respectivamente erros de projeto e uso.

Lapa afirma que:

Os processos principais que causam a deterioração do concreto podem ser agrupados, de acordo com sua natureza, em mecânicos, físicos, químicos, biológicos e eletromagnéticos […] os processos de degradação alteram a capacidade de o material desempenhar as suas funções, e nem sempre se manifestam visualmente. Os três principais sintomas que podem surgir isoladamente ou simultaneamente são: a fissuração, o destacamento e a desagregação (LAPA, 2008, p. 9).

Machado (2002) fez a seguinte relação das principais manifestações patológicas:

Tabela 2 – Incidência de manifestações patológicas.

Fonte: Adaptado pelo autor de Machado (2002)

Os principais erros ao tratar de estruturas de concreto armado consiste principalmente em falta de detalhes nos projetos, erros dimensionais, desconsideração do efeito térmico, divergência entre projetos (estruturais, elétricos e hidráulicos), cobrimento insuficiente, sobrecarga na estrutura e concreto deficiente, gerando uma série de problemas patológicos como: Fissuras, trincas, eflorescência, flambagem, manchas e carbonatação (ZANZARINI, 2016).

3. METODOLOGIA

Os métodos utilizados no desenvolvimento deste trabalho constituem uma pesquisa descritiva e explicativa, com abordagem qualitativa de um levantamento bibliográfico para embasamento teórico de manifestações patológicas em pontes com estrutura de concreto. A pesquisa literária é o processo de pesquisar, avaliar e expor um corpo de informação que tenta responder uma pergunta específica por meio de ponderações de um material relevante contidas em artigos, livros, relatórios, dissertações, teses e outras categorias de obras publicadas (MARCONI; LAKATOS, 2018). No decorrer deste estudo serão conhecidos as análises dos resultados e discussões de acordo com os estudos executados por Dos Santos (2017), Santos (2021), Theml (2021) e Mascarenhas (2019), a tabela 3 apresenta as manifestações patológicas estudadas pelos autores.

Tabela 3 – Descrição das Obras analisadas

Fonte: Autor (2023)

Com base em uma pesquisa bibliográfica, foram analisadas a recorrência das manifestações patológicas nos casos e as possíveis causas apontadas pelos autores, assim como seu julgamento do método utilizado para resolver a patologia.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Caso 1: Estudo e Análise das Patologias da Ponte de Porto Nacional – TO (DOS SANTOS, 2017)

4.1.1. Localização e histórico

A construção da ponte sobre o Rio Tocantins, que hoje se chama Lago Louise Eduardo Magalan, teve início em 1976 e foi inaugurada em 1979. Após a abertura da ponte, surgiram alguns problemas estruturais e ela foi reformada em 1986. Tubulões coroados foram construídos em sua base e blocos de concreto foram colocados na viga de suporte isostático para apoiar os pilares, como uma ponte feita de vigas Gerber. Após o reparo, apenas pequenos reparos foram vistos nas principais estradas e calçadas. Cinco anos após a abertura da ponte, notou-se flechas na ponta do balanço e ela pode se mover, perdendo o alinhamento. Esses defeitos foram corrigidos com aterros de concreto de até 30 cm de espessura e, em seguida, substituídos por argila expandida para compensar o excesso de peso que eles criam. Além disso, grades de metal substituíram os guarda corpos que antes eram feitas de concreto.

Em 2003, o Laboratório de Sistemas Estruturais (LSE) publicou um Relatório de Diagnóstico Estrutural recomendando a redução do tráfego e o início de programas de inspeção e monitoramento. Sete anos depois, um novo estudo descobriu um aumento significativo nos danos existentes à infraestrutura, mesoestrutura e superestrutura, então em 2011 veículos com a seguinte característica foram oficialmente proibidos de trafegar pela ponte: veículos com um peso total do veículo (PBT) ou peso total do veículo (PBCT) de 30 toneladas ou mais.

Em 2015, foi realizada uma nova inspeção visual. Como resultado, muitos cuidados foram propostos, como controle de peso e velocidade do veículo, manutenção de estradas e pavimento, substituição de juntas de dilatação e limpeza de vigas caixão.

4.1.2. Objetivo

O estudo tinha por objetivo estudar os elementos estruturais da ponte e os sintomas patológicos associados a eles que levam a alterações na resistência, função e propriedades estéticas, levando a uma redução na vida útil da estrutura.

4.1.3. Manifestações encontradas

Vazamentos são identificados por pontos pretos e saliências de vigas na parte inferior do tabuleiro e no balanço. Isso pode ser causado por um bloqueio no dreno, gerando eflorescência no concreto. Nota-se também que há uma fenda para drenagem de águas pluviais no pavimento rodoviário da parte estrutural da ponte. O facto destas intervenções não estarem previstas no projeto conduziu a uma diminuição da resistência dos componentes estruturais.

As juntas da ponte testada estavam desgastadas, inoperáveis e inadvertidamente preenchidas com entulho, decorrente da escassez de manutenção. Foi observado que as pistas do objeto pesquisado estão em más condições, causando incomodidade no movimento do usuário, como desgaste e rachaduras ao longo do comprimento, lajes de concreto irregulares e má manutenção.

Na ponte investigada, os dispositivos de segurança e o passeio apresentam-se em péssimo estado, e as hastes de metal que compõem o corrimão estavam corroídas. O concreto apresenta segregação e desplacamento dos guarda-rodas, expondo o aço de várias maneiras e podendo causar sérios problemas de corrosão. Além do deslocamento e destruição de lajes de concreto na superfície da estrada. Manchas com formação de eflorescências, foram detectadas no concreto devido a possíveis vazamentos de água para o convés e marcas de corrosão características nas armaduras. As vigas caixão tem cortes que coletam detritos e água da chuva. As extremidades dos apoios isostáticos apresentam rachaduras, deslocamento e o dispositivo de apoio usado não está funcionando como foram projetados.

Os elementos estruturais da estrutura central em investigação consistem em pilares vazados constituídos por quatro pilares colocados em ambas as extremidades, parcialmente circundados por lajes de concreto armado. Durante o exame, foram observadas deteriorações graves como: rachaduras, barras de aço expostas, eflorescência, concreto degradado. As juntas de expansão podem apresentar rachaduras ou deslocamentos que indicam deformação excessiva da estrutura da ponte.

4.1.4. Considerações do autor (DOS SANTOS, 2017)

Há defeitos no sistema de drenagem superestrutura, juntas de dilatação, pavimentação asfáltica, equipamentos de segurança e estrada, vigas e articulações. Os sintomas centrais de estrutura coluna mostra fissuras, barras de aço expostas, escapes, e danos nas juntas de expansão.

A infraestrutura composta por tubulões e blocos não foi analisada por inspeção visual. No entanto, depois que a usina hidrelétrica de Lajeado foi concluída, blocos visíveis começaram a inundar e o nível do lago aumentou significativamente.

Foi confirmado que existem preocupações sobre o grau de deterioração da ponte. Muitos danos podem ser causados por falta de manutenção e proteção. Outro fator importante é a mudança em algumas características que inicialmente foram consideradas no projeto, por exemplo, fatores hidrológicos. No entanto, a ponte em questão já sofreu deformação excessiva após cinco anos de abertura e não atende aos requisitos funcionais e de resistência de sua estrutura, portanto, erros de projeto e execução também levam ao estado atual da ponte.

4.2. Caso 2: Levantamento das Manifestações Patológicas com Aplicação do GUT: Estudo de caso em duas pontes de concreto armado em Caxias/MA (SANTOS, 2021)

4.2.1. Localização e Histórico

O levantamento foi realizado em duas pontes em Caxias, estado do Maranhão, região Nordeste do país. Ambas as pontes são muito importantes para a cidade, pois são as únicas pontes que ligam dois grandes distritos e o centro da cidade. A primeira Ponte Eugênio Barros, comumente conhecida como Ponte de Cimento ou Ponte Trezidela, está localizada na Avenida Nereu Bittencourt. A segunda ponte é Dr. Fernando Sarney apresenta um tipo de viga em termos do tipo de construção e está localizado na Avenida Luiz Sales, esta ponte é conhecida como Ponte Nova.

4.2.2. Objetivo

Determinar as manifestações patológicas existentes nas pontes: Ponte Eugênio Barros e Ponte Dr. Fernando Sarney em Caxias/MA. Agrupados principalmente de acordo com os sintomas patológicos identificados (corrosão do aço, desagregação, ninhos de concreto, manchas, trincas, fissuras e rachaduras).

4.2.3. Manifestações Encontradas

A corrosão das colunas é muito óbvia porque a seção transversal das barras de aço está severamente danificada. Portanto, toda a estrutura de concreto que recobre a barra de aço é suscetível a fissuras devido à expansão da barra de aço. As duas principais pontes analisadas em Caxias/MA, apresentam deficiência de juntas e drenos estão sensíveis à corrosão.

Durante a vistoria, foi percebido trincas no concreto, principalmente no guarda corpo da ponte, que apresenta maior incidência. Isso é causado pelos componentes da estrutura de concreto sofrerem ataques químicos, levando à má qualidade e degradação do concreto. Uma característica marcante dessa condição patológica é a facilidade de remoção dos agregados.

Ninhos de concretagem são muito recorrentes, sendo eles identificados cinquentas vezes ao longo das pontes. Este sintoma patológico é mais comum em locais onde o concreto não é totalmente preenchido, existem vazios de diferentes naturezas devido às bolhas de ar aprisionadas.

Fissuras, trincas e rachaduras também foram encontradas noventa e dois pontos dos duzentos e cinquenta vistoriados

4.2.4. Considerações do autor (SANTOS, 2021)

Ambas as pontes possuem características patológicas, onde os tratamentos variam dos mais simples aos mais complexos, sendo destaque em sua maioria: trincas, oxidação, fissuras, desplacamento de revestimentos e estruturas com armaduras expostas e corroídas.

Devido às altas temperaturas da cidade, geralmente é aconselhável substituir os revestimentos soltos e rachados. É importante prestar atenção ao realinhamento do guarda corpo e à substituição de grades oxidadas, à adição de sistemas de drenagem e ao tratamento dos tabuleiros de pontes e maximização de pista de rolamento.

Para a superestrutura da ponte investigada durante a vistoria, foi descoberto que a falha do componente pode ser causada por causas químicas que levam ao crescimento do componente ou por causas físicas causadas pela infiltração de água. Com um quadro de tráfego rodoviário e sobrecarga de estruturas de pontes e as transversinas, longarinas e pilares com as barras de aço estão expostas, sujeitas a oxidação, faça-se necessário que o quadro revertido e coberto imediatamente

4.3. Caso 3: Manifestações Patológicas em Obras de Arte Especial após Enchentes na Mata Sul de Pernambuco – Estudo de caso da Ponte Rosário (THEML, 2021)

4.3.1. Localização e histórico

A Ponte do Rosário está localizada em Belém de Maria, na região da Mata Sul em Pernambuco. A ponte passa pelo Rio Panelas, que liga Belém de Maria a Lagoa do Gatos. De acordo com dados da Agência Pernambucana de Águas e Clima em 2017, puderam ser observados os efeitos das enchentes extremas causadas por chuvas intensas de 25 a 29 de maio de 2017. Durante este período, o rio Belém de Maria atingiu um nível máximo de água muito alto e ultrapassou o nível da cheia.

A Ponte do Rosário possui uma laje de concreto armado que foi instalada após as enchentes da década de 1990 destruírem as placas de madeira anteriormente feitas. A estrutura é projetada para ser suportada por colunas de concreto em ambas as extremidades, e o tabuleiro central consiste em duas colunas de concreto com 1,8 metros de altura e 4 metros de largura, com fundação direta em rocha

4.3.2. Objetivo

Investigar as consequências patológicas dos danos encontrados na ponte e propor soluções. Desta forma, as avaliações de danos e recomendações encontradas na Ponte do Rosário foram alcançadas.

4.3.3. Manifestações encontradas

A ponte apresenta as seguintes manifestações patológicas segundo o autor:

  • Lixiviação;
  • Manchas de umidade;
  • Desplacamento do concreto;
  • Agregado graúdo aparente;
  • Armadura aparente;
  • Corrosão da armadura;
  • Desagregação;
  • Guarda-corpo danificado;
  • Ausência do aparelho de apoio;
  • Fissuras;
  • Armadura aparente;
  • Desplacamento do concreto ao redor do dreno.

Recomenda-se identificar e solucionar a origem da manifestação patológica, a limpeza da área danificada, a análise da perda de área do aço, para definir necessidade ou não de reforço da estrutura, recuperação do concreto, instalação de novo guarda corpo, instalação dos aparelhos de apoio e identificar e solucionar as falhas na instalação dos tubos de drenagem.

4.3.4. Considerações do autor (THEML, 2021)

A Ponte do Rosário apresenta vários sinais patológicos como desplacamento do concreto, lixiviação, agregado graúdo visível, corrosão, armadura exposta, rachaduras e vazamentos. Este dano foi causado por uma série de acidentes em várias fases, incluindo: Fortes chuvas em Belém de Maria em 2017 que podem fortalecer significativamente os danos. O mais conveniente é um reparo completo de toda a estrutura, como por exemplo, incluir algumas medidas de proteção, bem como o reparo oportuno de lesões identificadas e associadas aos sintomas patológicos. Isso estende a vida útil da ponte e aumenta a segurança e a proteção do usuário.

4.4. Caso 4: Patologias e Inspeção se Pontes em Concreto Armado: Estudo de caso da Ponte Magalhães Pinto (MASCARENHAS, 2019)

4.4.1. Localização e histórico

A Ponte Governador Magalhães Pinto foi inaugurada em Minas Gerais em 1963. A ponte foi construída sobre o concreto armado no Rio das Velhas, e em 1998 o município auxiliou a ponte reparando guarda corpos, fazendo o recapeamento, pintando e instalando iluminação.

4.4.2. Objetivo

Investigar e verificar a existência de patologias na superestrutura das pontes em construção e determinar as cargas permanentes e temporárias que atuam na estrutura.

4.4.3. Manifestações encontradas

Devido à cobertura insuficiente, a vegetação e as barras de aço da viga da ponte principal não estarem protegidas, resultando na patologia química de exposição e corrosão das barras de aço da viga da ponte principal. Patologia física das colunas da ponte, como o desgaste da superfície, ou seja, a degradação da massa causada pelo atrito e desgaste de ramos relacionados e outros materiais ao longo do rio.

Patologia mecânica que envolve a trincamento do pilar da ponte e fissuras na viga devido à sobrecarga estrutural (tensão mecânica), resultando em momentos fletores.

4.4.4. Considerações do autor (MASCARENHAS, 2019)

Uma análise das questões levantadas neste estudo revela que os reparos são necessários dada a inevitável patologia de certas partes da estrutura de concreto armado da ponte. Essa manutenção deve ser realizada para garantir ou prolongar a vida útil da estrutura e garantir sua segurança e funcionalidade.

Pelos sintomas apresentados e estudos históricos realizados, fica claro que o aumento da demanda causou transtornos, o que levou à necessidade de reforço da viga mestra da Ponte Governador Magalhães Pinto com placas de aço. Devido ao período de construção da ponte desde a sua inauguração em 1963, o tráfego aqui consistia em veículos de carga mais leve.

4.5. Incidência das manifestações patológicas

A análise dos resultados mostra na ordem dos sintomas patológicos que mais ocorrem nos artigos abordados.

Tabela 4 – Incidência das manifestações patológicas.

Fonte: autor (2023).

Verifica-se que as manifestações patológicas mais recorrentes foram corrosão na armadura, armaduras aparentes e fissuras e trincas sendo detectadas em 100% dos casos. Seguida por guarda corpos danificados, juntas danificadas, lixiviação e eflorescência e manchas de umidade. As menos recorrentes foram desplacamento, ninhos de concretagem e pavimentação danificada, com 50%, 25% e 25% de incidência respectivamente. Como mostra também o quadro 1.

Quadro 1 – Gráfico representativo de incidência das manifestações.

Fonte: autor (2023)

Segundo Cánovas (1977), a corrosão das armaduras em estruturas de concreto está principalmente relacionada às propriedades de processos eletroquímicos, típicos de corrosão em um ambiente úmido, o que é agravado pela presença de elementos corrosivos e aumenta as irregularidades estruturais, tais como: aeração diferencial da peça, diminuição no cobrimento da estrutura de concreto e heterogeneidades do aço e até mesmo na carga a que está submetido.

As trincas e fissuras nas colunas são muito raras e a carga nesses componentes geralmente é responsável por apenas uma pequena parte da carga permanente. No entanto, erros de projeto podem causar rachaduras por esmagamento do concreto, especialmente nos pés dos pilares. Nesse caso, a estabilidade da estrutura fica prejudicada e os pilares precisam ser reforçados imediatamente (THOMAZ, 1989).

Conforme Aranha (1994), a inexistência ou defeitos na construção da junta de dilatação acarretam na insurgência de fissuras se o concreto não resistir. Mehta e Monteiro (1994) afirmam que a lixiviação do concreto deve-se principalmente ao contato com as estruturas com a água que dissolve e transporta o hidróxido de cálcio formado durante a hidratação do cimento por eletrólise.

Segundo Brasil (2004), é necessário confirmar a integridade das pavimentação de estradas e pontes de acesso, fundações de taludes, sistemas de drenagem e obstáculos de estradas e pontes (BRASIL, 2004).

Os autores dos artigos analisados afirmam que as prováveis causas das patologias geradas nas pontes descritas foram a falta de manutenção periódicas, o desgaste natural, erros de projeto, erros de execução e o aumento acentuado das cargas em relação ao projeto inicial.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto estrutural é uma parte importante do projeto, nesta fase, o layout estrutural adequado é selecionado para que a estrutura se adapte perfeitamente aos seus objetivos de projeto. Porém, durante a fase de projeto, ocorrem erros graves que afetam a operacionalidade da estrutura e até mesmo a segurança do usuário. O presente trabalho teve como objetivo identificar nos casos as manifestações patológicas mais recorrentes, identificar na literatura as causas responsáveis pelo surgimento das manifestações patológicas e identificar as causas propostas pelos autores para as patologias detectadas. Apresentados os casos conclui-se que a incidência manifestações patológicas em pontes de concreto armado podem ser minimizadas com a manutenção periódica das estruturas e seguindo as recomendações do manual, não excedendo as cargas descritas em projeto. Como proposta de trabalhos futuros recomenda-se um estudo de incidência de patologias em pontes de estrutura metálica, pois existe uma grande lacuna na literatura nacional quanto ao tema.

REFERÊNCIAS

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ZANZARINI, J. C. Análise das causas e recuperação de fissuras em edificação residencial em alvenaria estrutural-estudo de caso. Campo Mourão: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2016.


¹Graduando do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade Ceuma Campus Imperatriz /MA
e-mail: nos.reme52@gmail.com

²Docente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade Ceuma Campus Imperatriz/MA
Mestre em Arquitetura Paisagística UFRJ.
e-mail: gabriel060236@ceuma.com.br

³Docente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade Ceuma Campus Imperatriz/MA
Mestre em Geografia – UFT.
e-mail: marinna060225@ceuma.com.br

4Docente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade Ceuma Campus Imperatriz/MA
Mestre em Ciência dos Materiais.
e-mail: diogo060122@ceuma.com.br