REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8188124
Edineia Miyuki Matsubara1-5
Tabata Preza Sachetti1-5
Amanda Larissa Oliveira dos Reis1-5
Kassen Mohamed Omais1-5
Rafaela Freitas1-7
Juliana Ometto Gaspar2-6
Joyce Alves da Silva3-5
Jessica Ferreira Souza Marques4-5
RESUMO
Em 1994, foi implantado no território nacional o Programa de Saúde da Família (PSF), com o objetivo de promover mudanças na política de saúde. No ano de 2006, o PSF tornou-se estratégia básica em saúde permanente e contínua, desse modo passou a ser denominado de Estratégia Saúde da Família (ESF). Objetivo deste estudo foi analisar o perfil dos usuários atendidos nas unidades de ESFs do município de Várzea Grande – Mato Grosso. Metodologia empregada foi a técnica epidemiológico-descritivo, sendo realizada busca na base dos dados secundários do sistema e-SUS da Atenção Primária de Saúde, com referência ao município de Várzea Grande-MT, sendo analisada os atendimentos realizados aos seus cidadãos no referido município no período de janeiro de 2022 a dezembro de 2022. Constatou-se que foram realizados 220.659 atendimentos pelas ESFs no ano de 2022, a maior prevalência em relação a sexo foi de mulheres com 149.476, já em relação a faixa etária, os pacientes de 20 a 29 anos (33.407) representaram a maior procura. Os maiores atendimentos foram de Hipertensão Arterial Sistêmico representando 33,54%, em segundo lugar, Pré-Natal e em terceiro lugar a Puericultura. A partir dos achados deste estudo, vê-se que é preciso atualizar e alimentar o sistema de dados de forma correta, visto que os dados preenchidos erroneamente podem fornecer estatísticas de prevenção e cuidados equivocados. Conclui-se que se deve capacitar os colaboradores da saúde para saberem instrumentalizar a coleta de dados no e-SUS, para que os servidores que possuem o acesso ao sistema consigam acompanhar o prontuário eletrônico para assim garantir a continuidade do cuidado aos usuários do SUS.
Palavras-chaves: Epidemiologia, E-SuS, Atendimentos.
ABSTRACT
In 1994, the Family Health Program (PSF) was implemented in the national territory, with the objective of promoting changes in health policy. In 2006, the PSF became a basic strategy in permanent and continuous health, thus being called the Family Health Strategy (ESF). The objective of this study was to analyze the service profile of the FHS units in the municipality of Várzea Grande – Mato Grosso. The methodology employed was the epidemiological-descriptive technique, with a search being carried out in the secondary data base of the e-SUS system of Primary Health Care, with reference to the municipality of Várzea Grande-MT, analyzing the services provided to its citizens in that municipality from January 2022 to December 2022. women with 149,476, in relation to age group, patients aged 20 to 29 years (33,407) represented the greatest demand. The largest attendances were Systemic Arterial Hypertension, representing 33.54%, in second place, Prenatal and in third place, Child Care. From the findings of this study, it is seen that it is necessary to update and feed the data system correctly, since data filled in incorrectly can provide statistics of prevention and wrong care. It is concluded that health collaborators should be trained to know how to implement data collection in the e-SUS, so that the servants who have access to the system can follow the electronic medical record, thus guaranteeing the continuity of care for SUS users.
Keywords: Epidemiology, E-SuS, Assistance.
INTRODUÇÃO
Com a realização da Conferência Nacional da Saúde ocorrida no ano de 1986 e com a promulgação da Constituição Federal de 1988, estabeleceu-se que a saúde é um direito de todos e dever do Estado. Baseado nesse princípio, em 1990, foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS) que tem como diretrizes a universalidade, equidade e integralidade. A atenção Primária à Saúde (APS) é entendida como o primeiro nível do sistema de serviços de saúde, devendo funcionar como porta de entrada preferencial com ações resolutivas sobre os problemas de saúde, articulando-se com os demais níveis de complexidade, formando uma rede integrada de serviços (MOURA et al., 2010; LIMA JÚNIOR et al., 2022).
As alterações impulsionadas pelos princípios da reforma sanitária e nos paradigmas do Sistema Único de Saúde (SUS) fomentaram a criação do Programa de Saúde da Família (PSF) com paradigma de promoção da saúde à todos os cidadãos brasileiros, focado no estabelecimento de vínculos e criação de laços de comprometimento e cooperação entre os profissionais de saúde e a população (MOURA et al., 2010; VIACAVA et al., 2018).
O Sistema Único de Saúde é a organização de saúde gerida pelo Estado, este sistema público de saúde possui diferentes níveis de atenção como forma de descentralizar o atendimento e melhor organizar o serviço ofertado à população e que conforme a necessidade de saúde do indivíduo ele poderá buscar assistência na atenção primária, secundária ou terciária. Nesse cenário, menciona-se a Atenção Primária em Saúde (APS) como primeiro nível de assistência e principal meio de comunicação da Rede de Atenção à Saúde (RAS), coordenando o cuidado e ordenando os serviços e ações da rede de saúde (VIACAVA et al., 2018; LIMA JÚNIOR et al., 2022).
Assim, em 1994, foi implantado no território nacional o Programa de Saúde da Família, com o objetivo de promover mudanças na política de saúde, através das implantações de equipes multidisciplinares que atuem na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação de doenças. Em 2006, o PSF tornou-se estratégia básica em saúde permanente e contínua, desse modo passou a ser denominado de Estratégia Saúde da Família (ESF) (DIETRICH et al., 2019).
Para que APS consiga obter resolutiva e efetividade na comunidade é fundamental o trabalho da equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF), que através de equipe multiprofissional desenvolve ações de promoção, prevenção, reabilitação, proteção, diagnóstico e tratamento voltado à saúde dos moradores locais da microárea coberta pela ESF. Desse modo, a ESF através da busca por um modelo de atenção integral, contínuo e equânime visa à promoção da qualidade de vida da comunidade, com base em ações propositivas que possam intervir nos fatores de risco a saúde da população e que gerem uma visão ampliada do processo saúde-doença, favorecendo intervenções centradas nas necessidades dos usuários (MACINKO; MENDONÇA, 2018; CONDELES et al., 2019).
Sendo assim, a ESF consegue ir além da assistência médica individualizada, uma vez que propõe um modelo de atenção à saúde com foco na família e comunidade, possibilitando a criação de vínculos entre os usuários de todo território nacional e os profissionais de saúde da unidade (BRITO, MENDES; SANTOS NETO, 2018).
O objetivo deste estudo é analisar o perfil dos pacientes atendidos nas Estratégias de Saúde da Família do município de Várzea Grande – Mato Grosso.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Para efetivar os princípios da universalidade, integralidade e equidade o Sistema Único de Saúde, deve-se dispor de uma rede assistencial que priorize a Atenção Primária à Saúde e mantenha a resolutividade pela integração dos serviços entre seus níveis de complexidade. Nesse processo, a Estratégia Saúde da Família se tornou muito importante pelo seu perfil assistencial mais sensível às demandas e necessidades de saúde da população (PINTO et al., 2019).
Sendo assim, o acolhimento é a porta de entrada para o atendimento em toda Estratégia de Saúde da Família no município pesquisado, ela surgiu como uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH) e da Atenção e Gestão do SUS, criada pelo Ministério da Saúde, a PNH propõe colocar em prática os princípios do SUS, para que isso aconteça de maneira satisfatória necessita da colaboração de todos os servidores, usuários e gestores, na produção e gestão do cuidado e dos processos de trabalho. Essas diretrizes incluem o acolhimento, a gestão participativa, e cogestão, a ambiência, a clínica ampliada, a valorização do trabalhador e a defesa dos direitos dos usuários (BARBOSA et al., 2013; COUTINHO et al., 2015).
Deste modo, o acolhimento é uma ferramenta importante para a efetividade e execução das atividades nas unidades de saúde e também harmoniza o encontro entre profissional de saúde e usuários. Além disso, este é feito através de uma recepção agradável, escuta qualificada e sem julgamentos, orientando qual o caminho o paciente deve seguir, em busca de solução e/ou alívio da dor e do sofrimento, para isso, é possível priorizar cuidado de acordo com as necessidades, e não com a ordem de chegada (SILVA, 2018).
Observa-se que as demandas de saúde são construídas socialmente, ou seja, não há uma essência imutável, e embora a infraestrutura física e o processo organizacional das equipes de ESF apresentem funções e atributos similares, é possível que existam peculiaridades de acordo com inúmeros fatores, como: o local onde a ESF está inserida e as características da comunidade adscrita (BRASIL, 2013; SILVA, 2018).
Cada unidade de ESF apresenta uma pressão assistencial distinta, necessitando de competências profissionais singulares de acordo com o local onde a comunidade está inserida, sendo fundamental traçar um diagnóstico situacional, criando estratégias direcionadas para estruturar melhor o processo de trabalho da equipe, originando um fluxo que aperfeiçoe estes atendimentos (PINTO et al., 2019).
3. METODOLOGIA
Está pesquisa caracteriza-se por ser epidemiológico-descritivo, foi realizada busca na base nos dados secundários do sistema e-SUS da Atenção Primária de Saúde, este sistema é uma estratégia para reestruturar as informações da Atenção Primária em nível nacional, com referência ao município de Várzea Grande-MT, sendo analisados os atendimentos realizados aos seus cidadãos no referido município no período de janeiro de 2022 a dezembro de 2022.
A cidade de Várzea Grande-MT, pertence à Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá e as regiões geográficas intermediárias de Cuiabá, capital mato-grossense, ocupa uma área de 938,057km². É a segunda cidade mais populosa do Estado de Mato Grosso, a sétima mais populosa da região Centro Oeste e a 97º mais populosa do país, com população de 290.383 habitantes segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o mês de julho de 2021. Predomina o clima tropical chuvoso, com precipitação média anual de 1.900 milímetros, sua temperatura máxima anual é de 33ºC e mínima de 27ºC (BRASIL, 2022). As variáveis categóricas foram descritas com números absolutos (n) e frequências relativas (%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em Várzea Grande, foram realizados 220.659 atendimentos pelas ESFs no ano de 2022, na qual foi instituído pelo e-SUS, a maior prevalência em relação a sexo foi de mulheres com 149.476, já em relação à faixa etária, os pacientes de 20 a 29 anos (33.407) representaram a maior procura. Assim, como em outros ensaios, o sexo mais dominante é o feminino, entretanto na faixa etária da infância, o sexo masculino foi o mais prevalente com 13.814 atendimentos.
Observa-se no gráfico 1 abaixo que a população masculina busca menos que as mulheres o auxílio clínico, isso vai de encontro pesquisas que apontam que os homens buscam assistência médica quando apresenta sinais e sintomas que interfiram em suas atividades corriqueiras, assim, os homens tendem a buscar os serviços de saúde, geralmente na atenção secundária ou terciária, quando a doença está em fase aguda ou em um estágio mais avançado, ocasionando malefícios para si e um maior custo para o sistema de saúde, e consequentemente, distanciando-se da assistência primária.
Gráfico 1: Perfil de atendimento realizado no ano de 2022 nos ESF’s do município de Várzea Grande-MT, separado por gênero dos usuários do SUS.
Fonte: Próprios autores.
Um dos motivos das mulheres geralmente têm maior percepção das doenças, pois apresentam maior tendência para o autocuidado e buscam mais assistência médica do que os homens, e que no cenário nacional, as elevadas taxas de morbimortalidade apresentadas em decorrência do comportamento de risco adotado pelos homens, associadas à baixa procura pelos serviços de saúde na Atenção Básica, contribuem para a ampliação das discussões acerca deste grupo populacional pelo Ministério da Saúde, uma vez que esses e outros fatores configuram a saúde do homem como um dos principais desafios encontrados atualmente pelo sistema de saúde do país.
Os dados da presente pesquisa em relação aos hábitos de tabagismo (2.882; 1,4%) e etilismo (3.009; 1,7%) respectivamente do total dos usuários atendidos, os dados nacionais da VIGITEL, apresentam dados bem acima desses valores com o total de 12,7% de tabagistas e 27,3% de etilistas (BRASIL, 2017).
Tabela 1: Distribuição de fatores de risco e proteção dos usuários dos ESFs, Várzea Grande, Mato Grosso, Brasil, 2022.
Tabagismo | n | % |
Sim | 2.882 | 1,4% |
Não | 217.777 | 98,6% |
Etilismo | ||
Sim | 3.009 | 1,7% |
Não | 217.650 | 98,3% |
Diabetes | ||
Sim | 13.227 | 6,2% |
Não | 207.432 | 93,8% |
Hipertensão Arterial | ||
Sim | 37.747 | 17% |
Não | 182.912 | 83% |
Fonte: Próprios autores.
Em relação aos programas de atendimentos, o Programa Hiperdia, a Hipertensão Arterial Sistêmico (HAS) representa o primeiro lugar com 17% e a Diabete Mellitus fica em segundo lugar com 6,2% dos atendimentos. A doença que mais é diagnosticada é a HAS, porém, a maior procura é por atendimentos de rotina, com solicitação de exames de check up geral de exames laboratoriais. Nesta pesquisa destacou-se alguns fatores de risco à saúde, dentre os quais se destacam o HAs, DM, o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Cabe ressaltar, que estes dados fazem parte do cenário local.
Diante disso, as condições crônicas têm grande destaque entre os problemas de saúde pública no Brasil e o aumento das doenças crônicas não transmissíveis, com destaque para afecções do aparelho circulatório, neoplasias, doenças respiratórias crônicas e diabetes, as quais têm gerado elevado número de mortes prematuras, perda de qualidade de vida. Além disso, ocasionam importantes impactos econômicos e sociais. Estas condições requerem intervenções farmacológicas associadas a mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo. Dentre as doenças crônicas não transmissíveis, afecções cardiovasculares constituem a grande maioria delas, sendo a hipertensão arterial sistêmica (HAS) a mais prevalente, em especial nos mais idosos, assim observado também no presente estudo (BRASIL, 2013; SOARES et al., 2018).
O Diabetes Mellitus (DM) é um distúrbio metabólico crônico caracterizado por níveis elevados de glicemia devido à deficiência de insulina, frequentemente combinada com a resistência a ela. Em 1985 estimava-se que existiam 30 milhões de adultos com DM no mundo, esse número cresceu para 135 milhões em 1995, atingindo 173 milhões em 2002, com projeção de chegar a 300 milhões no ano 2035. Cerca de dois terços desses indivíduos com diabetes mellitus vivem nos países em desenvolvimento, onde esta enfermidade tem maior intensidade, com crescente proporção de pessoas afetadas em grupos etários mais jovens (SOARES et al., 2018; DIETRICH et al., 2019).
Esta doença apresenta duas formas principais, o diabetes mellitus tipo 1 (DM-1) aparece principalmente na infância ou na adolescência e o diabetes mellitus tipo 2 (DM-2), a mais frequente, que corresponde a aproximadamente a 85% a 90% dos casos e aparece insidiosamente, principalmente em adultos. Há outras formas menos frequentes de DM, como a gestacional e outros tipos que ocorrem devido a defeitos genéticos funcionais das células beta do pâncreas e na ação da insulina, induzidas por fármacos, agentes químicos ou infecções (MIRANZI et al, 2008).
O diabetes está associado ao aumento da mortalidade e ao alto risco de desenvolvimento de complicações micro e macrovasculares, bem como de neuropatias. É causa de cegueira, insuficiência renal e amputações de membros, sendo responsável por gastos expressivos em saúde, além de substancial redução da capacidade de trabalho e da expectativa de vida. O diagnóstico correto e precoce do diabetes e das alterações da tolerância à glicose é muito importante, pois permite que sejam adotadas medidas terapêuticas que podem evitar o aparecimento de diabetes nos indivíduos com tolerância diminuída e retardar o aparecimento das complicações crônicas nos pacientes diagnosticados com diabetes (RODRIGUES et al., 2019).
As atividades físicas devem ser frequentes para prevenção da diabetes, pelo menos, três vezes por semana, fazendo monitorização glicêmica (não realizar a atividade se a glicemia estiver maior que 250mg/dl). Além do controle glicêmico, melhora a ação da insulina e, portanto, facilita o controle da diabetes podendo contribuir para a redução da dose de insulina. As atividades aeróbicas são as mais indicadas, as mais aconselhadas são: caminhada, corrida, natação, hidroginástica, entre outros (DANTAS; RONCALLI, 2019).
O sucesso do tratamento com dieta e exercício é atingido quando o paciente mantém um crescimento normal, com controle de peso, glicemia de jejum próximo da normalidade (inferior a 120mg/dl) e uma hemoglobina próxima dos seus valores normais. Quando as metas do tratamento não são atingidas apenas com as mudanças de estilo de vida, a terapia farmacológica deve ser indicada (MIRANZI et al, 2008; DANTAS; RONCALLI, 2019).
A persistência da hiperglicemia é a característica de todos os tipos de diabetes, o objetivo do tratamento de baixar os níveis glicêmicos a valores normais ou próximos do normal apoia-se nas seguintes evidências. Com isso, foi desenvolvida no Brasil uma Política Nacional de Medicamento com diretrizes voltadas ao re-direcionamento da Assistência Farmacêutica com o intuito de promover a equidade no acesso a medicamentos e o seu uso racional. A segurança do tratamento farmacológico dos portadores de diabetes tem despertado interesse da comunidade científica, principalmente quanto às interações medicamentosas, reações adversas e erros de medicação que podem reduzir a aderência e a eficácia do tratamento (BRASIL, 2013).
Por não se tratar de uma terapêutica simples, o tratamento ao paciente diabético requer, além de orientação médica, a orientação da enfermagem, nutrição, psicologia e profissionais de educação física, assim como dos serviços de atenção farmacêutica, mais precisamente o acompanhamento farmacoterapêutico realizado pelo farmacêutico.
A pressão alta ou Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) atinge cerca de 10% da população adulta, diminuindo a expectativa média de vida do portador dessa patologia, devido à insuficiência cardíaca, insuficiência vascular cerebral, coronária e renal. Pois é uma doença altamente prevalente tanto nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento, atingindo cerca de 15 a 20% da população adulta do País. Um indivíduo é considerado portador de HAS quando sua pressão arterial se mantém frequentemente acima de 140 por 90mmHg (RODRIGUES et al., 2019).
Essa doença é considerada hereditária em 90% dos casos, mas há vários fatores que podem ocasionar o aumento dos níveis de pressão arterial, estes encontram-se associados ao estilo de vida do portador como, por exemplo, o fumo, o consumo de bebidas alcoólicas, a obesidade, o estresse, o grande consumo de sal, os níveis altos de colesterol, a falta de atividade física. Existem estudos que apontam para uma maior incidência da doença associada à raça negra e os portadores de diabetes mellitus, bem como e a idade avançada sendo que no sexo masculino a mesma é maior em homens com até 50 anos, e em mulheres com idade acima de 50 anos (BRASIL, 2017).
De acordo com o Ministério da Saúde a HAS constitui um dos principais fatores de risco populacional para as doenças cardiovasculares, motivo pelo qual representa um grave problema de saúde pública, uma vez que em torno de 60 a 80% dos casos são tratados por meio do sistema público de saúde (BRASIL, 2013).
Segundo o Ministério da Saúde a falta de adesão ao tratamento anti- hipertensivo continua constituindo um dos maiores problemas no controle da HAS, sendo um dos principais motivos da não adesão a falta de orientação sobre a importância do tratamento e de atividades que de certa forma melhoraria sua condição e expectativa de vida (MIRANZI et al., 2008; RODRIGUES et al., 2019).
O tratamento da HAS inclui orientação e educação em saúde, modificações no estilo de vida e, se necessário, o uso de medicamentos, as orientações são necessárias, tanto no que se refere ao tratamento medicamentoso quanto ao não medicamentoso. A educação em saúde é imprescindível, pois não é possível o controle adequado da glicemia e da pressão arterial se o paciente não for instruído sobre os princípios em que se fundamentam seu tratamento (MIRANZI et al., 2008; RODRIGUES et al., 2019).
A saúde no Brasil apresentou mudanças expressivas nas últimas décadas, com incrementos na expectativa de vida, redução da mortalidade infantil, aumento da cobertura em programas de imunização e atenção às doenças crônicas, e incorporação de tecnologias de ponta e resolutivas. Todas essas transformações evoluíram com efeitos profundos nos indicadores epidemiológicos e econômicos do país.
O sistema Hiperdia é um importante aliado no que se destina ao acompanhamento de portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do Sistema Único de Saúde – SUS, permitindo gerar informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos de forma regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados. O sistema envia dados para o Cartão Nacional de Saúde, funcionalidade que garante a identificação única do usuário do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2014).
O sistema traz como principais benefícios orientar os gestores públicos na adoção de estratégias de intervenção e permite conhecer o perfil epidemiológico da hipertensão arterial e do diabetes mellitus na população. Já a sua funcionalidade é: cadastrar e acompanhar a situação dos portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus em todo o país, gerar informações fundamentais para os gerentes locais, e disponibilizar informações de acesso público com exceção da identificação do portador (BRASIL, 2014).
CONCLUSÃO
Com a elaboração deste estudo, pode-se observar que a hipertensão e o diabetes são as doenças crônicas muito comuns, e para o planejamento e o gerenciamento de serviços e ações de saúde é fundamental conhecer as características gerais dos usuários das unidades de Estratégias Saúde da Família (ESFs), assim como das respectivas áreas de abrangência. O Ministério da Saúde criou o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), implantado em 1998, em substituição ao Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde, para o acompanhamento das ações e dos resultados das atividades realizadas pelas equipes dos ESFs.
Observa-se que grande parte dos pacientes hipertensos analisados, também é acometida pela diabetes, mostrando que tratar essas doenças ao mesmo tempo é importante. Esse fato também mostra a importância da escolha dos medicamentos, levando em consideração suas possíveis interações. Percebe-se também que uma grande parcela de hipertensos tem histórico familiar da doença, sugerindo que esta seja hereditária. Apesar de seguirem a terapia medicamentosa corretamente, os pacientes em questão devem mudar seus hábitos de vida, uma vez que o sedentarismo, o etilismo e o tabagismo fazem parte da vida de grande parte dos pacientes.
Observa-se ainda que é necessário comprometimento dos profissionais de saúde, inclusive os médicos generalistas, pois eles têm de repassar orientações especiais aos pacientes das ESFs, a fim de melhorar o tratamento e reduzir riscos à saúde, desenvolvendo habilidades de comunicação com os pacientes, é primordial para obter melhores resultados com as intervenções. Todavia, a prática da assistência médica está fundamentada na interação com significativa heterogeneidade de indivíduos, incluindo pacientes, profissionais de saúde e familiares. Esta relação social tem sido destacada como a principal indutora da satisfação do paciente em relação aos serviços de saúde.
Conclui-se que a partir dos achados nesta pesquisa, vê-se que é preciso atualizar e alimentar o sistema e-SUS de forma correta, visto que os dados preenchidos erroneamente podem fornecer estatísticas de prevenção e cuidados equivocados. Deve-se, portanto, instituir um cenário adequado de informatização no serviço de saúde, disponibilizar no mínimo computadores e cursos de capacitação para os profissionais de saúde, para operarem e fornecerem os dados corretamente. Desta forma, ao instrumentalizar a coleta de dados no e-SUS, os usuários que possuem o sistema conseguem acompanhar o prontuário eletrônico para assim garantir a continuidade do cuidado prestado ao paciente e por fim, os filtros utilizados poderiam ser melhorados, uma vez que não é possível identificar quais patologias foram diagnosticadas por faixa etárias.
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1Graduado em Medicina pela Universidade de Cuiabá (UNIC), Cuiabá-MT, 2021.
2Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Estado de Mato Grosso (UFMT), 2017.
3Graduada em Medicina pela Universidade de Várzea Grande (UNIVAG), Várzea Grande-MT, 2019.
4Graduada em Medicina pela Universidade de Várzea Grande (UNIVAG), Várzea Grande-MT, 2020.
5Residência Médica pelo Hospital Universitário Júlio Muller, Universidade Federal do Estado de Mato Grosso, 2022-2024.
6Residência Médica pelo Hospital Geral Universitário de Cuiabá, Estado de Mato Grosso, 2021-2023.
7Residência Médica pelo Hospital Geral Universitário de Cuiabá, Estado de Mato Grosso, 2022-2024.