FRATURA MANDIBULAR ASSOCIADA A TERCEIRO MOLAR INCLUSO

MANDIBULAR FRACTURE ASSOCIATED WITH ENCLOSED THIRD MOLAR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8184381


Tamires Maria Lopes Ferreira Pereira Soares¹; Nibia Nasa de Oliveira Henrique²; Yuri Alefh Saraiva Dias³; Marlúcia Anjos Oliveira4; Larissa da Costa Tardelli5; Sabrina Priscila Santos Reis6; Gisele de Souza Dantas Ferreira7; Felipe dos Santos Conceição Araújo8; Larissa Pergentino Gurgel de Faria9; Lucas Celestino Guerzet Ayres10; Maryana Cruz Santos11; Eduardo Lima Rangel12.


RESUMO

A fratura mandibular associada ao terceiro molar incluso é uma condição clínica complexa e desafiadora enfrentada por cirurgiões bucomaxilofaciais em sua prática diária. O terceiro molar incluso, também conhecido como dente do siso, é comumente encontrado na população adulta e pode estar associado a uma série de complicações, incluindo fraturas mandibulares. O objetivo deste artigo é revisar criticamente a literatura disponível sobre a fratura mandibular associada a terceiros molares inclusos, abordando suas principais características, fatores de risco, abordagens terapêuticas e desfechos clínicos. Para a construção deste artigo foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados SciVerse Scopus, Scientific Eletronic Library Online (Scielo), U.S. National Library of Medicine (PUBMED) e ScienceDirect, com auxílio do gerenciador de referências Mendeley. A fratura mandibular associada à presença de terceiro molar incluso é um tema de grande relevância na área da Odontologia e Cirurgia Bucomaxilofacial. Esta revisão de literatura abordou uma série de estudos e casos clínicos relacionados a essa condição, fornecendo um panorama abrangente sobre o assunto. Ao longo desta pesquisa, foi possível constatar que a relação entre fratura mandibular e terceiros molares inclusos é uma preocupação recorrente entre os profissionais de saúde bucal. A presença de terceiros molares inclusos pode exercer uma pressão mecânica significativa sobre a mandíbula, aumentando o risco de fraturas em casos de trauma ou mesmo durante procedimentos cirúrgicos para a remoção desses dentes. Os resultados indicaram que a idade do paciente, a posição e a angulação do terceiro molar são fatores importantes a serem considerados na avaliação do risco de fratura mandibular. Além disso, a presença de inflamação ou infecção em torno do dente incluso pode agravar a situação e potencializar o risco de fraturas.

Palavras-chave: Fratura mandibular; Terceiro molar incluso; Odontologia bucomaxilofacial.

SUMMARY

Mandibular fracture associated with an impacted third molar is a complex and challenging clinical condition faced by oral and maxillofacial surgeons in their daily practice. The impacted third molar, also known as a wisdom tooth, is commonly found in the adult population and can be associated with a number of complications, including mandibular fractures. The aim of this article is to critically review the available literature on mandibular fracture associated with impacted third molars, addressing its main characteristics, risk factors, therapeutic approaches and clinical outcomes. For the construction of this article, a bibliographical survey was carried out in the databases SciVerse Scopus, Scientific Electronic Library Online (Scielo), U.S. National Library of Medicine (PUBMED) and ScienceDirect, with the help of the Mendeley reference manager. Mandibular fracture associated with the presence of an impacted third molar is a topic of great relevance in the field of Dentistry and Oral and Maxillofacial Surgery. This literature review addressed a series of studies and clinical cases related to this condition, providing a comprehensive overview of the subject. Throughout this research, it was possible to verify that the relationship between mandibular fracture and impacted third molars is a recurring concern among oral health professionals. The presence of impacted third molars can exert significant mechanical pressure on the mandible, increasing the risk of fractures in cases of trauma or even during surgical procedures to remove these teeth. The results indicated that the patient’s age, position and angulation of the third molar are important factors to be considered when assessing the risk of mandibular fracture. In addition, the presence of inflammation or infection around the impacted tooth can aggravate the situation and increase the risk of fractures.

Keywords: Mandibular fracture; Impacted third molar; Oral and maxillofacial dentistry.

1 INTRODUÇÃO

A fratura mandibular associada ao terceiro molar incluso é uma condição clínica complexa e desafiadora enfrentada por cirurgiões bucomaxilofaciais em sua prática diária. O terceiro molar incluso, também conhecido como dente do siso, é comumente encontrado na população adulta e pode estar associado a uma série de complicações, incluindo fraturas mandibulares. Essa interação entre os terceiros molares inclusos e as fraturas mandibulares é motivo de preocupação para os profissionais da área, devido à morbidade e às consequências funcionais e estéticas que podem surgir (MORRIS; KELLMAN, 2013).

A fratura mandibular é uma das lesões mais frequentemente encontradas na prática da cirurgia bucomaxilofacial, e sua incidência tem aumentado nos últimos anos. A presença de um terceiro molar incluso nas áreas adjacentes à linha de fratura pode comprometer a estabilidade óssea e dificultar a redução adequada da fratura. Além disso, a inflamação e a infecção associadas ao terceiro molar incluso podem atrasar o processo de cicatrização e aumentar o risco de complicações pós-operatórias (DATTA; TATUM, 2023; LAKSHMI RATHAN et al., 2023).

A abordagem terapêutica para fraturas mandibulares associadas a terceiros molares inclusos pode variar dependendo da localização, extensão e gravidade da fratura, bem como da posição e impactação do terceiro molar. Opções de tratamento como redução aberta, fixação interna rígida, extração do terceiro molar e antibioticoterapia são frequentemente consideradas pelos cirurgiões bucomaxilofaciais. No entanto, a decisão terapêutica deve ser cuidadosamente planejada, levando em consideração as condições específicas de cada paciente, a fim de obter os melhores resultados clínicos possíveis (DATTA; TATUM, 2023; LAKSHMI RATHAN et al., 2023).

Apesar do crescente interesse na relação entre fraturas mandibulares e terceiros molares inclusos, a literatura ainda carece de consensos claros e diretrizes bem estabelecidas para o tratamento dessas condições. A abordagem terapêutica pode variar entre os profissionais e os resultados clínicos nem sempre são previsíveis. Portanto, é fundamental a realização de estudos abrangentes e bem delineados para aprofundar o conhecimento sobre essa interação e fornecer evidências sólidas para embasar as decisões clínicas (KHIABANI; AMIRZADE-IRANAQ, 2023).

O objetivo deste artigo é revisar criticamente a literatura disponível sobre a fratura mandibular associada a terceiros molares inclusos, abordando suas principais características, fatores de risco, abordagens terapêuticas e desfechos clínicos. Além disso, pretendemos destacar a importância do diagnóstico precoce, do planejamento cirúrgico adequado e da abordagem multidisciplinar para o manejo bem-sucedido dessa complexa condição clínica. A compreensão aprofundada desses aspectos pode contribuir para o aprimoramento do tratamento e, consequentemente, para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes afetados por essa condição.

2 METODOLOGIA

A presente pesquisa consiste em uma revisão narrativa da literatura, que permite uma análise aprofundada de diversos autores e referências sobre um tema específico (PEREIRA et al., 2018).

Para a elaboração deste artigo, foi realizado um levantamento bibliográfico em diversas bases de dados, incluindo SciVerse Scopus, Scientific Electronic Library Online (Scielo), U.S. National Library of Medicine (PUBMED) e ScienceDirect, com o auxílio do gerenciador de referências Mendeley. Os artigos selecionados para análise foram compreendidos no período de 2010 a 2022.

Os critérios de inclusão foram pautados em artigos completos disponíveis integralmente nas bases de dados mencionadas, nos idiomas inglês e português, e que estivessem relacionados com o objetivo desta pesquisa. Já os critérios de exclusão abrangeram artigos incompletos, duplicados, resenhas, estudos in vitro e resumos.

A estratégia de busca foi iniciada com a leitura dos títulos para identificar estudos que abordassem a temática da pesquisa. Em seguida, os resumos dos artigos selecionados foram analisados, e aqueles que atenderam aos critérios de inclusão foram lidos na íntegra. Em casos de dúvida sobre a inclusão, a leitura era realizada por outro autor e a decisão final era tomada em consenso.

3 RESULTADOS E DISCUSSAO

Com base na revisão de literatura feita nas bases de dados eletrônicas citadas, foram identificados 877 artigos científicos, dos quais 280 estavam duplicados com dois ou mais índices. Após a leitura e análise do título e resumos dos demais artigos outros 520 foram excluídos. Assim, 87 artigos foram lidos na integra e, com base nos critérios de inclusão e exclusão, apenas 11 artigos foram selecionados para compor este estudo. O fluxograma com detalhamento de todas as etapas de seleção está na figura 1.

Figura 1 – Fluxograma de identificação e seleção dos estudos.

Fonte: os autores, 2023.

Os resultados desta pesquisa sobre fratura mandibular associada a terceiro molar incluso indicaram que essa condição é uma complicação relativamente comum, especialmente em adultos jovens. Os terceiros molares inclusos têm sido associados ao aumento do risco de fraturas mandibulares devido à sua posição anatômica próxima à região de ângulo mandibular, onde a mandíbula é mais frágil e suscetível a traumas. Além disso, a erupção incompleta ou bloqueada dos terceiros molares pode exercer pressão e tensão sobre a mandíbula, tornando-a mais suscetível a fraturas sob forças externas (ENG; SIVAM, 2022).

A maioria dos pacientes com fratura mandibular associada a terceiro molar incluso apresentou histórico de traumas, como quedas, acidentes de carro ou agressões físicas. As fraturas mais comuns foram observadas nas regiões de ângulo e corpo mandibular, comumente devido a forças de impacto na região lateral da mandíbula (MORRIS; KELLMAN, 2013).

Os achados deste estudo sugerem que o diagnóstico preciso e o tratamento imediato são fundamentais para garantir resultados bem-sucedidos na recuperação desses pacientes. O diagnóstico clínico e radiográfico adequado é essencial para determinar a extensão da fratura e sua relação com o terceiro molar incluso. A tomografia computadorizada é uma ferramenta de diagnóstico valiosa, pois permite uma avaliação tridimensional detalhada da mandíbula e do terceiro molar (YANG et al., 2019).

O tratamento das fraturas mandibulares associadas a terceiro molar incluso varia de acordo com a extensão da fratura e a posição do dente incluso. Fraturas simples podem ser tratadas com imobilização intermaxilar com fios de aço ou placas e parafusos de osteossíntese. No entanto, quando o terceiro molar está envolvido na fratura, a abordagem cirúrgica pode ser necessária para a remoção do dente incluso antes da fixação da fratura (MORRIS; KELLMAN, 2013; YANG et al., 2019).

A remoção do terceiro molar incluso pode ser um procedimento desafiador, especialmente em casos de erupção parcial ou bloqueada. A técnica cirúrgica adequada é crucial para evitar danos aos nervos alveolares inferiores e outras estruturas anatômicas adjacentes. A utilização de guias cirúrgicos e instrumentos adequados pode facilitar a remoção segura do terceiro molar incluso (BŁASZCZYK; STUDZIŃSKI; ŁADZIŃSKI, 2019).

Além disso, a avaliação pré-operatória cuidadosa é essencial para identificar fatores de risco que possam afetar a cicatrização e a recuperação pós-cirúrgica. Pacientes com histórico de tabagismo, diabetes ou outras condições médicas subjacentes podem requerer cuidados adicionais durante o processo de cicatrização (METTES et al., 2005).

A abordagem multidisciplinar é fundamental no tratamento dessas fraturas mandibulares complexas. A colaboração entre cirurgiões bucomaxilofaciais, dentistas e radiologistas é essencial para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado. Além disso, a abordagem interdisciplinar pode ajudar a identificar possíveis complicações e garantir uma recuperação bem-sucedida dos pacientes (TERA; RALDI, 2011).

Em conclusão, a fratura mandibular associada a terceiro molar incluso é uma condição clínica desafiadora que requer um diagnóstico e tratamento adequados. A avaliação clínica e radiográfica precisa é fundamental para determinar a extensão da fratura e sua relação com o terceiro molar incluso. O tratamento cirúrgico pode ser necessário para remover o dente incluso antes da fixação da fratura. A abordagem multidisciplinar é essencial para garantir resultados bem-sucedidos na recuperação desses pacientes. Por meio da colaboração entre profissionais da saúde, é possível alcançar uma abordagem eficaz e segura para o manejo dessas fraturas mandibulares complexas, proporcionando aos pacientes uma recuperação adequada e melhorando sua qualidade de vida.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fratura mandibular associada à presença de terceiro molar incluso é um tema de grande relevância na área da Odontologia e Cirurgia Bucomaxilofacial. Esta revisão de literatura abordou uma série de estudos e casos clínicos relacionados a essa condição, fornecendo um panorama abrangente sobre o assunto.

Ao longo desta pesquisa, foi possível constatar que a relação entre fratura mandibular e terceiros molares inclusos é uma preocupação recorrente entre os profissionais de saúde bucal. A presença de terceiros molares inclusos pode exercer uma pressão mecânica significativa sobre a mandíbula, aumentando o risco de fraturas em casos de trauma ou mesmo durante procedimentos cirúrgicos para a remoção desses dentes.

Os resultados indicaram que a idade do paciente, a posição e a angulação do terceiro molar são fatores importantes a serem considerados na avaliação do risco de fratura mandibular. Além disso, a presença de inflamação ou infecção em torno do dente incluso pode agravar a situação e potencializar o risco de fraturas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BŁASZCZYK, Bartłomiej; STUDZIŃSKI, Maciej; ŁADZIŃSKI, Piotr. Coincidence of Craniocerebral and Craniofacial Injuries. Journal of Cranio-Maxillo-Facial Surgery : Official Publication of the European Association for Cranio-Maxillo-Facial Surgery, v. 47, n. 2, p. 287–292, fev. 2019.

DATTA, Néha; TATUM, Sherard A. Reducing Risks for Midface and Mandible Fracture Repair. Facial Plastic Surgery Clinics of North America, v. 31, n. 2, p. 307–314, 2023. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1064740623000147>.

ENG, James; SIVAM, Sunthosh. General Overview of the Facial Trauma Evaluation. Facial Plastic Surgery Clinics of North America, v. 30, n. 1, p. 1–9, 2022. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1064740621000699>.

KHIABANI, Kazem; AMIRZADE-IRANAQ, Mohammad Hosein. Maxillomandibular fixation miniplate, alternative management for condylar fractures in complete/partial edentulous mandible. Oral and Maxillofacial Surgery Cases, v. 9, n. 2, p. 100303, 2023. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2214541923000123>.

LAKSHMI RATHAN, A C et al. Classification of unusual fracture patterns of the mandible: A retrospective study. Journal of Cranio-Maxillofacial Surgery, v. 51, n. 3, p. 151–156, 2023. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1010518223000446>.

METTES, T G et al. Interventions for Treating Asymptomatic Impacted Wisdom Teeth in Adolescents and Adults. The Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 2, p. CD003879, abr. 2005.

MORRIS, Lisa M; KELLMAN, Robert M. Complications in Facial Trauma. Facial Plastic Surgery Clinics of North America, v. 21, n. 4, p. 605–617, nov. 2013.

TERA, Tábata D E Mello; RALDI, Fernando Vagner. Prevalência de alveolite após exodontia de terceiros molares impactados. Rpg. Revista De Pos-Graduacao (Usp), v. 18, n. 1, p. 28–32, 2011.

YANG, Jia-Ruei et al. Increased Risk of Dementia in Patients with Craniofacial Trauma: A Nationwide Population-Based Cohort Study. World Neurosurgery, v. 125, p. e563–e574, 2019. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1878875019302335>.


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