ADEQUAÇÃO DE CARGA ELÉTRICA DE UM ESPAÇO PÚBLICO: CENTRO SOCIAL VILA DNIT PORTO VELHO – RO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8179246


Luan Carlos Nogueira1
Daniele Martins Nogueira2
Nathalia Martins da Silva Reis Pimentel3


RESUMO: este artigo consiste em um relato de experiência resultante de uma atividade interventiva em espaço público, desenvolvida na disciplina Projeto Integrador, do Curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário São Lucas – Afya, e trata sobre carga elétrica, a qual se constitui na quantidade de eletricidade que um sistema elétrico pode suportar. O artigo objetivou analisar a carga elétrica de um determinado local sendo este um espaço público, a saber, o Centro Social Vila DNIT, em razão dos benefícios desse serviço para a sociedade. Utilizou-se uma metodologia baseada na revisão bibliográfica, descritiva e de campo com foco na pesquisa-ação não participante. Os resultados demonstram que o sistema elétrico analisado estava comprometido devido a alguns fatores: do desgaste do próprio tempo de uso, dos materiais desatualizados e das ações de vandalismo. Como conclusão do levantamento da carga elétrica, foi apresentada à Associação Vila DNIT uma sugestão de materiais para a adequação do sistema elétrico do Centro Social da Comunidade, priorizando o baixo custo e a eficiência.

Palavras-chave: Projeto de intervenção. Carga elétrica. Centro Social. Comunidade. Vila DNIT.

ABSTRACT: This article consists of an experience report resulting from an intervention activity in a public space, developed in the Integrator Project discipline, of the Electrical Engineering Course at Centro Universitário São Lucas – Afya, and deals with electrical charge, which is constituted in the amount of electricity that an electrical system can support. The article aimed to analyze the electrical load of a given location, which is a public space, namely the Centro Social Vila DNIT, due to the benefits of this service for society. A methodology based on bibliographical, descriptive and field review was used with a focus on non-participant action research. The results show that the analyzed electrical system was compromised due to some factors: the wear and tear of the time of use, outdated materials and vandalism actions. As a conclusion of the electrical load survey, the Vila DNIT Association was presented with a suggestion of materials for adapting the electrical system of the Social Center of the Community, prioritizing low cost and efficiency.

KEYWORDS: Intervention project. Electric load. Social Center. Community. Vila DNIT.

1 INTRODUÇÃO

Tratar sobre a carga elétrica do Centro Social da Vila DNIT demanda, antes, retomarmos a história desta Vila, proveniente do remanejamento das famílias das margens do Rio Madeira, no ano de 2014, em razão da cheia do mesmo rio.

A Vila DNIT, também denominada Conjunto Residencial Habitacional Vila DNIT, Residencial DNIT, localizada na BR 319, sentido Humaitá – AM, tem sua origem anteriormente à construção da ponte sobre o Rio Madeira, motivo pelo qual a Vila foi criada, que interliga o estado de Rondônia ao Amazonas.

Embora as tratativas junto aos cerca de 600 habitantes das proximidades onde foi construída a ponte sobre o Rio Madeira tenham começado anos antes da cheia do rio, em 2014, foi esse evento natural que acelerou a entrega de 168 (cento e sessenta e oito) casas às famílias remanejadas para a Vila DNIT “(…) com o padrão de três quartos, sala, cozinha e banheiro, além de quatro blocos de área social com 31 lojas para comércio, escola, igreja, quadra esportiva e um posto de saúde” (G1, 2014; ARQUIDIOCESE DE PORTO VELHO, 2023).

Passados nove anos, alguns empreendimentos públicos, em especial, necessitam de manutenção ou reformas em razão do desgaste pela utilização, assim como por algumas ações de depredação, razões essas que motivaram a escolha do Centro Social Vila DNIT para o desenvolvimento de um projeto de intervenção de carga elétrica, vinculado a uma disciplina do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário São Lucas – Afya Educação Tecnologia Saúde.

A proposta central deste estudo elege como objetivo geral avaliar a condição atual do sistema elétrico do Centro Social Vila DNIT, identificando suas áreas de risco e inadequações, e compará-la com as inovações tecnológicas disponíveis na área de instalações elétricas. Em andamento, a pesquisa promove os seguintes objetivos específicos: avaliar a condição atual e as áreas de risco do sistema elétrico do Centro Social Vila DNIT; comparar inovações tecnológicas na área de instalações elétricas, focando em segurança, eficiência energética e facilidade de manutenção; e avaliar a viabilidade econômica da modernização do sistema elétrico.

Já a metodologia utilizada fundamenta-se na pesquisa de revisão bibliográfica, descritiva e de campo com foco na pesquisa-ação não participante, referente ao Centro Social Vila DNIT, por meio da qual o sistema elétrico foi avaliado em detalhes. Os dados foram coletados a partir de revisões bibliográficas, em que a literatura atual sobre modernização de instalações elétricas foi revisada e comparada. Esta abordagem combinada permitiu uma compreensão holística da situação atual e das possíveis soluções, levando em conta tanto o conhecimento teórico quanto as condições práticas existentes. Com isso, a pesquisa visa fornecer elementos valiosos para a tomada de decisões sobre a adequação do sistema elétrico do objeto da pesquisa.

Esta pesquisa se justifica pela necessidade de melhorar a condição atual do sistema elétrico do Centro Social Vila DNIT, que atualmente apresenta áreas de risco e inadequações. A segurança dos usuários do Centro, juntamente com a eficiência energética do prédio, são aspectos fundamentais que exigem atenção. Ademais, a pesquisa tem relevância social, já que buscará demonstrar que a modernização do sistema elétrico pode ser economicamente viável, além de evidenciar a potencialização da utilização do espaço público, isto é, o Centro Social.

Ao proporcionar um ambiente mais seguro e eficiente, e ao destacar a acessibilidade financeira de tal empreitada, este estudo poderá incentivar e orientar outros centros comunitários a seguir um caminho semelhante, beneficiando, assim, um número ainda maior de pessoas. Portanto, os resultados deste estudo têm o potencial de causar um impacto positivo significativo e de longo alcance na melhoria da infraestrutura comunitária.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Participação Popular na Manutenção de Espaço Público

A eficiência na manutenção dos espaços públicos é uma questão decisiva para urbanistas e engenheiros, uma vez que envolve tanto a sustentabilidade financeira quanto a participação ativa da comunidade. Para lidar com a necessidade de redução de custos, garantir que esses espaços sejam preservados e aproveitados de forma adequada, é fundamental adotar uma abordagem estratégica e engajar a comunidade local nesse processo.

Quando se trata de pensar os espaços públicos a partir de uma manutenção mais barata, os urbanistas e engenheiros devem considerar diversos aspectos, de acordo com os apontamentos de Gurgel (2020). Em primeiro lugar, é necessário projetar espaços que utilizem materiais duráveis e de baixa manutenção, reduzindo, desse modo, os custos de reparos e substituições frequentes. Adicionalmente, é importante adotar tecnologias e soluções inovadoras que permitam uma gestão mais eficiente dos recursos, como sistemas de iluminação inteligente e irrigação automatizada, que economizam energia e água.

Outra estratégia essencial manifestada por Gurgel (2020), é buscar a multifuncionalidade dos espaços públicos, de forma a maximizar sua utilização e minimizar os custos de manutenção. Por exemplo, um parque pode ser projetado para abrigar eventos culturais, esportivos e comunitários, além de oferecer áreas de lazer e convívio, dessa forma, a diversidade de usos atrai um maior número de pessoas, criando um senso de pertencimento e responsabilidade compartilhada em relação à manutenção desses espaços.

Reconhecer que o poder público não tem a capacidade de arcar, sozinho, com todas as demandas de manutenção dos espaços públicos é um passo fundamental. Diante de restrições orçamentárias e limitações de recursos humanos, Machado (2013) afirma ser necessário buscar parcerias e formas alternativas de financiamento para garantir a sustentabilidade desses locais. Essas parcerias podem envolver a participação de empresas privadas, organizações não governamentais, associações de moradores e, até mesmo, voluntários engajados na comunidade.

Para evitar o fechamento e a subutilização dos espaços públicos, a participação ativa da comunidade é indispensável, assim, a colaboração na manutenção por parte dos moradores circunvizinhos e usuários desses espaços é essencial para garantir sua conservação e uso contínuo. A conscientização da importância desses locais, como parte integrante do patrimônio coletivo, deve ser promovida por meio de campanhas de educação e sensibilização (MACHADO, 2013).

Além disso, é possível estabelecer programas de voluntariado e parcerias com instituições locais, como escolas e universidades, para envolver os cidadãos na manutenção dos espaços públicos. Essas iniciativas podem incluir a realização de mutirões de limpeza, atividades de paisagismo e jardinagem, pintura e reparos simples. Ao empoderar a comunidade para cuidar desses espaços, cria-se um senso de propriedade e responsabilidade, além de fortalecer os laços sociais e o sentimento de pertencimento à localidade (MACHADO, 2013).

Para que a manutenção seja de baixo custo, é importante também incentivar práticas de sustentabilidade, como a redução do consumo de água e energia, o uso de materiais recicláveis e a valorização da flora e fauna locais, evitando gastos desnecessários e impactos ambientais negativos.

Neste sentido, a manutenção mais barata dos espaços públicos requer uma abordagem estratégica por parte dos urbanistas e engenheiros, aliada à participação ativa da comunidade. Ao considerar a durabilidade dos materiais, a multifuncionalidade, a busca por parcerias e a conscientização da comunidade, é possível preservar esses locais como ambientes de convívio, lazer e engajamento cívico, contribuindo para a qualidade de vida urbana de forma sustentável.

Romullo Baratto (2023, p. 1), arquiteto e urbanista, publicou um texto que trata dos “12 critérios para determinar um bom espaço público”. O texto versa sobre o livro “New City Life”, que apresenta uma revisão da história da vida urbana, desde a sociedade industrial, até a sociedade de consumo, isto é, contemporânea. O livro foi escrito pelos urbanistas dinamarqueses Jan Gehl, Lars Gemzøe e Sia Karnaes e publicado em 2006. Na obra os autores tratam de 12 critérios para determinar um bom espaço público, que são:

  1. Funcionalidade: Um espaço público deve atender às necessidades e atividades das pessoas que o utilizam, oferecendo utilidade e facilidade de acesso.
  2. Inclusão: Deve ser um espaço acolhedor e inclusivo, aberto a todas as pessoas, independentemente de idade, gênero, capacidade física ou origem cultural.
  3. Atratividade: Um bom espaço público deve ser atraente visualmente, com elementos que despertem o interesse e convidem as pessoas a utilizá-lo.
  4. Conforto térmico: Considera-se a importância de elementos que proporcionem conforto térmico, como sombreamento adequado, áreas arborizadas e a presença de água.
  5. Proteção contra o vento: É necessário considerar a proteção contra os ventos fortes, por meio do planejamento adequado de edifícios, árvores ou outras barreiras físicas.
  6. Acessibilidade: O espaço público deve ser acessível a todos, com rampas, calçadas niveladas, sinalização adequada e ausência de obstáculos que dificultem a locomoção.
  7. Espaço para encontros: Deve haver áreas destinadas ao encontro e interação social, como praças, bancos e espaços de convivência.
  8. Variedade de atividades: É importante que o espaço público ofereça uma variedade de atividades, como áreas de lazer, espaços para prática de esportes, cultura e eventos comunitários.
  9. Escala humana: O espaço público deve ser projetado considerando a escala humana, ou seja, proporções e dimensões que se adequem às pessoas, promovendo uma sensação de acolhimento e segurança.
  10. Segurança: É essencial que o espaço público seja seguro, com iluminação adequada, vigilância e design que minimize riscos de acidentes e crimes.
  11. Legibilidade: Deve ser fácil entender e navegar pelo espaço público, com sinalização clara e intuitiva, facilitando a orientação dos usuários.
  12. Manutenção: Por fim, um bom espaço público requer uma manutenção regular e eficiente, garantindo a conservação e a funcionalidade ao longo do tempo.

Esses critérios representam uma orientação para planejar, projetar e avaliar espaços públicos, levando em consideração aspectos fundamentais para a qualidade de vida urbana e o bem-estar das comunidades. A aplicação desses princípios contribui para a criação de espaços públicos atrativos, funcionais e inclusivos, que promovam o convívio social, a vitalidade urbana e o desenvolvimento sustentável das cidades.

2.2 Materiais Elétricos

A sociedade tem acompanhado as evoluções tecnológicas pertinentes à área de materiais elétricos. Nos tempos atuais, as pesquisas sobre novos materiais e tecnologias contribuem significativamente para o desenvolvimento de aparelhos eletrônicos cada vez mais avançados, sistemas de distribuição de energia elétrica mais eficientes e redução de impactos ambientais.

Observa-se, portanto, que materiais, como calha, reatores, lâmpada tubular, disjuntor, entre outros, passaram a ser substituídos ou tiveram uma melhoria no que diz respeito à forma, eficiência e outros mais.

Em se tratando de lâmpadas incandescentes e fluorescentes (convencionais), estas podem ser substituídas por lâmpadas de diodo emissor de luz (LED), que possui maior eficiência energética, menor emissão de calor, possui uma vida útil mais longa e menos prejudicial ao meio ambiente além de ser encontrada em diversas cores e formatos. Também apresentam alta potência e são compatíveis com dispositivos de internet.

O disjuntor, por sua vez, é uma peça usada em qualquer sistema elétrico, que desliga automaticamente a energia elétrica quando a corrente ultrapassa o limite máximo aceitável, evitando assim danos aos equipamentos e prevenindo acidentes elétricos (NISKIER, 2014). A evolução constatada em disjuntor para instalações residenciais e prediais se encontra no fato que atualmente, por exemplo, no mercado pode ser adquirido o modelo NEMA (National Electrical Manufacturers Association) e o DIN (Deutsches Institut für Normung).

O disjuntor DIN, mais recente no mercado de energia elétrica se apresenta de forma compacta em relação ao NEMA e pode ser acondicionado em quadro de plástico ou metal. A escolha entre disjuntores DIN e NEMA depende do tipo de aplicação e do local onde será instalado, proporcionando assim, opções ao consumidor.

Os condutores elétricos podem ser encontrados no mercado em modelos rígidos ou flexíveis, e são utilizados para conduzir a energia elétrica através de fios, cabos e demais dispositivos. Fabricados a partir de vários materiais, como cobre, alumínio e aço, e suas especificações variam de acordo com o tipo de uso.

Os condutores rígidos são, geralmente, utilizados em situações em que a inflexibilidade é necessária, isto é, em instalações elétricas fixas, a exemplo de áreas externas, e em dispositivos de segurança. Já os condutores flexíveis são utilizados em situações em que a flexibilidade é necessária, como em cabos de energia e em dispositivos portáteis.

Cabe salientar que outros materiais elétricos também tiveram sua evolução ao longo do tempo sob diversos aspectos, tais como eficiência, custo, segurança, variedade, durabilidade e proteção ao meio ambiente.

Inovação em materiais e tecnologias elétricas têm contribuído significativamente para o desenvolvimento de dispositivos elétricos cada vez mais avançados e sustentáveis. Em termos de distribuição de energia elétrica, essas inovações estão permitindo o surgimento de uma nova era de eficiência energética, diretamente ligadas à redução de impactos ambientais.

Além dos avanços nos materiais elétricos, a inovação também tem desempenhado um papel fundamental na gestão e manutenção dos espaços públicos, contribuindo para uma abordagem mais econômica e eficiente. Costa e Menezes (2016) afirmam que a tecnologia aplicada à manutenção pode ajudar a otimizar os recursos disponíveis, reduzindo os custos e maximizando a vida útil dos equipamentos e infraestruturas urbanas.

Ainda segundo os mesmos autores, uma das tendências mais relevantes nesse sentido é a implementação de sistemas de monitoramento e controle remoto. Por meio de sensores inteligentes, é possível coletar dados em tempo real sobre o estado dos espaços públicos, como condições do mobiliário urbano, iluminação, qualidade do ar, níveis de ruído, entre outros. Essas informações são transmitidas para uma central de controle onde são analisadas e utilizadas para tomar decisões embasadas na manutenção preventiva e corretiva.

Na mesma direção, Carrion e Quaresma (2019) apontam que, com o uso de tecnologias como a Internet das Coisas (IoT) e a inteligência artificial, é possível criar algoritmos que identificam padrões de uso e desgaste, antecipando problemas e permitindo uma manutenção proativa. De mais a mais, a automação de processos de manutenção, a exemplo de agendamento de reparos, solicitação de serviços e acompanhamento de atividades, contribui para a eficiência operacional e a redução de custos.

Importante observar que a comunidade desempenha um papel importante nesse contexto, pois pode contribuir de várias formas para a manutenção dos espaços públicos. Além do envolvimento direto em atividades de limpeza e conservação, os cidadãos podem atuar como olhos e ouvidos atentos, reportando problemas e sugerindo melhorias. A criação de canais de comunicação eficientes entre a população e as autoridades locais é fundamental para que essas contribuições sejam efetivas (CARRION, QUARESMA, 2019).

Assim, é possível afirmar que a manutenção de baixo custo dos espaços públicos não se trata apenas de reduzir despesas, mas também de promover uma gestão eficiente e sustentável desses locais. A combinação de tecnologias inovadoras, participação ativa da comunidade e parcerias estratégicas pode criar um ambiente propício para a preservação e o uso adequado dos espaços públicos, garantindo que eles sejam acessíveis, funcionais e atrativos para todos.

2.3 Iluminação Pública como Direito

A prestação de serviços de iluminação pública encontra-se garantida nos arts. 30 e 149-A da Constituição Federal de 1988, por meio dos quais atribui a competência ao poder público municipal e distrital. Logo, constitui-se um direito de todo cidadão.

Partindo desse pressuposto, o presente tópico discute a respeito da Iluminação Pública, uma questão essencial para a vida urbana, visto que esse tipo de serviço pode ser definido como o serviço realizado pela esfera pública, responsável pela iluminação de vias, praças, parques, monumentos e demais espaços de livre acesso, que visa garantir a segurança e a qualidade de vida dos cidadãos durante a noite (CASAGRANDE, 2021).

No que diz respeito, especificamente à segurança, de acordo com o promotor de Justiça Douglas Oldegardo (2012, p. 1),

A falta de iluminação pública favorece o desenvolvimento do crime em três momentos fundamentais. Em primeiro lugar, na realização do crime em si, porque a vítima é pega desprevenida no escuro. Em segundo lugar no ato criminoso, porque dificilmente o criminoso que pratica o crime no escuro é reconhecido e por fim na rota de fuga, uma vez que sem iluminação a perseguição do criminoso, se não tiver no seu imediato encalço, se torna muito mais difícil.

Neste aspecto, a importância da iluminação pública ultrapassa o simples acendimento de luzes após o pôr do sol; ela desempenha um papel crucial na promoção da segurança urbana, ao inibir ações criminosas e permitir a livre circulação de pessoas e veículos. Além de que, contribui para a valorização dos espaços públicos, favorecendo o uso noturno de praças e parques e potencializando o valor estético de monumentos e edificações (CASAGRANDE, 2021).

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), responsável pela regulação e fiscalização do setor elétrico no Brasil, estabelece que a iluminação pública é um serviço de responsabilidade municipal. A Resolução Normativa nº 414/2010 da ANEEL determina que as prefeituras são as entidades responsáveis pela gestão da iluminação pública, o que inclui a expansão, a operação, a manutenção e o consumo de energia dos sistemas de iluminação pública (OLIVEIRA, 2022).

No que se refere à eficiência e à qualidade da iluminação pública, existe um órgão específico responsável por essa medição no país, qual seja, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), o qual estabelece requisitos técnicos e padrões de desempenho para os sistemas de iluminação, incluindo lâmpadas, luminárias e reatores. O INMETRO também é responsável pela certificação de produtos de iluminação, garantindo que atendam a critérios de segurança e eficiência energética (OLIVEIRA, 2022).

Em se tratando da cidade de Porto Velho – RO, a responsabilidade pela iluminação pública recai sobre a Empresa de Desenvolvimento Urbano de Porto Velho (ENDUR), que realiza serviços de manutenção, modernização e expansão da rede de iluminação pública, sempre com o objetivo de proporcionar mais segurança e bem-estar para a população (NOGUEIRA, 2023).

As vantagens de um bom sistema de iluminação pública são numerosas. Além de promover a segurança e a qualidade de vida, a iluminação pública eficiente pode gerar economia de energia e reduzir a emissão de gases de efeito estufa. O uso de tecnologias modernas, como lâmpadas LED, pode proporcionar uma iluminação mais eficaz, com menor consumo de energia e maior durabilidade, resultando em menor necessidade de manutenção e, consequentemente, menores custos para o município.

Em síntese, tendo em vista as pontuações realizadas, a iluminação pública é um elemento fundamental da infraestrutura urbana e, nesse sentido, demanda atenção constante e investimentos contínuos para garantir a qualidade do serviço prestado à população e, bem como para explorar as oportunidades de melhoria proporcionadas pelas inovações tecnológicas no campo da iluminação.

3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste estudo utilizamos a pesquisa bibliográfica, descritiva e de campo não participante (GIL, 2010). Foram consultados livros, artigos científicos, legislações e sites de organizações pertinentes à temática. Segundo Gil (2010), a Revisão Bibliografia oferece uma proximidade com os interesses, aperfeiçoa o trabalho das investigações e oportuniza ao pesquisador o conhecimento do campo estudado.

Ancorou-se nas evidências disponíveis, propondo adequação e solução para o problema em estudo, neste caso a carga elétrica do Centro Social Vila DNIT .

Após a autorização dos responsáveis pela Associação da Vila DNIT, mediu-se e se fotografou os espaços físicos dos 6 (seis) ambientes, sendo 2 (dois) banheiros – um masculino e outro feminino; um espaço gourmet; sala destinada à Associação Vila DNIT; uma varanda e a área de vivência.

Por meio da pesquisa descritiva, retratamos sugestões para o processo de adequação na carga elétrica do espaço público, Centro Social Vila DNIT, ora depreciado. Para tanto, levantamos os dados da carga elétrica, que se constituiu da quantidade dos pontos de lâmpadas, disjuntores, tomadas e interruptores.

Em seguida, apresentamos uma proposta de adequação do sistema elétrico dos ambientes do Centro Social Vila DNIT, sugerindo o uso de materiais mais adequados a realidade local, procurando melhorar eficiência energética, assim como facilidade de ações de manutenções preventivas e corretivas por parte da comunidade.

4 RESULTADOS

4.1 Situação Encontrada no Centro Social Vila DNIT

Os registros coletados demonstraram que a instalação elétrica do Centro Social estava depreciada, possivelmente devido ao envelhecimento do sistema, ao uso intenso, à manutenção insuficiente e de ocorrência de episódios de vandalismo.

A partir da verificação dos espaços físicos do Centro Social da Vila DNIT, das fotografias e do registro de poucos materiais elétricos em cada ambiente, embora depredados, apresentamos uma sugestão para adequação dos seis espaços físicos anteriormente mencionados (dois banheiros – um masculino e um feminino; um espaço gourmet; uma sala para a Associação Vila DNIT; uma varanda e uma área de vivência).

Desta maneira, no intuito de demonstrarmos a situação inicial do local da pesquisa, no quadro 1, a seguir, apresentamos as condições do Centro Social quando da realização da visita de campo e registro dos dados.

Quadro 1: Fotografias do Centro Social Vila DNIT


Imagem 1. Centro Social Vila DNIT

Imagem 2. Área de vivência
Imagem 3. Varanda

Imagem 4. Banheiros, espaço gourmet e sala da Associação

Imagem 5. Área gourmet

Imagem 6. Sala Associação Vila DNIT

Imagem 7. Banheiro


Imagem 8. Quadro de distribuição e interruptores
Fonte: autores em março 2023

Entre os materiais elétricos encontrados nos ambientes do Centro Social Vila DNIT, estão reatores e calhas danificados; lâmpadas queimadas e ausência de lâmpadas; fios expostos e retirados; disjuntores, tomadas, interruptores danificados ou suprimidos do local e fragilidade do quadro de distribuição elétrica que se encontra instalado na área externa da varanda.

Além dessa realidade, outra situação diz respeito ao tipo de material usado no local, visto que alguns dispositivos se encontram obsoletos, assim como apresentam manutenção complexa para ser realizada pela própria comunidade.

O cenário encontrado, em resumo, não apenas limita as atividades que podem ser realizadas no Centro, mas também representa um risco potencial de segurança para os usuários e para o próprio prédio, que podem ser visualizadas nas imagens 2 a 8 e que permitem constatar as condições do Centro Social Vila do DNIT, no que se refere à infraestrutura e instalações elétricas.

4.2 Sugestão de adequação do sistema elétrico do Centro Social Vila DNIT

Considerando que, atualmente, a parte elétrica do local encontra-se depreciada, verificamos que entre realizar manutenção corretiva ou refazer a reinstalação do sistema elétrico, este último se torna mais viável em razão de alguns fatores, quais sejam, do custo-benefício, da evolução e eficiência dos novos modelos de lâmpadas e demais materiais, assim como da facilidade de manutenção por parte da comunidade.

A adequação proporcionará, portanto, não só a oportunidade de incorporar inovações recentes no campo das instalações elétricas, incluindo novos modelos de lâmpadas mais eficientes energeticamente e que têm uma vida útil mais longa, como também o maior envolvimento da comunidade na preservação do Centro, haja vista que um novo sistema será mais fácil de manter, o que diminuirá a dependência de profissionais especializados e facilitará a manutenção contínua por parte da comunidade.

Isso não apenas melhorará a eficiência energética e a segurança do Centro, mas também aumentará a capacidade da comunidade de gerenciar e manter seu próprio espaço, fortalecendo a sustentabilidade do Centro a longo prazo, o que condiz com o defendido por Machado (2013), ao registrar a necessidade de parcerias como maneira da comunidade sentir-se participe do processo de cuidado e conservação do espaço coletivo.

Assim, no que se refere a materiais, a sugestão para adequação do sistema elétrico do Centro Social Vila DNIT, está disposta no quadro 2.

Quadro 2. Orçamento para adequação do sistema elétrico do Centro Social Vila DNIT

Fonte: elaborado pelos autores em junho 2023

Ao analisar o Quadro 2, constata-se que a escolha dos materiais reflete uma priorização da eficiência, longevidade e segurança, o que reforça a relevância da revitalização do espaço público.

No que se refere a eficiência e longevidade, a utilização de fio flexível, disjuntores modelo DIN, lâmpadas e refletores de led, representam uma opção consciente pela eficiência energética e sustentabilidade que, a longo prazo, resultará em economia de custos com energia elétrica, conforme preconiza Costa e Menezes (2016).

Com relação à segurança do espaço de vivência, a utilização da câmera de lâmpada sem fio permitirá registros, aumentará a sensação de segurança e poderá inibir ações de vandalismo, além do que se constitui na inclusão de tecnologias modernas que favorecem a sociedade. Sobre esse quesito, de acordo com Costa e Menezes (2016), tem sido uma prática relevante a implementação de sistemas de monitoramento. E no caso do Centro Social Vila DNIT, permitirá à comunidade o acompanhamento do espaço em tempo real via aplicativo de celular.

Ainda sobre segurança, propusemos que o sistema elétrico por meio de sensor de presença ligue as lâmpadas da área de vivência e da varanda, ao sinal de qualquer movimento, quando não se encontra em uso pela comunidade.

Também visando à segurança, outra proposição foi o uso de dois refletores de Led, cada um direcionado para lugares diferentes, sendo um para a rua que passa em frente ao Centro Social e outro para a área que se localiza ao fundo dos espaços dos banheiros, área gourmet e sala da associação.

Os valores apresentados são, de maneira geral, bastante acessíveis e demonstram o comprometimento com a utilização eficaz dos recursos disponíveis. Assim, apesar de ser um investimento inicial, os benefícios a longo prazo, tanto em termos de economia de energia como de segurança e durabilidade dos equipamentos, justificam plenamente a adequação proposta.

Para o Centro Social Vila DNIT foi dimensionado dois circuitos de iluminação sendo que o circuito 1 contemplará a varanda e área de vivência e o Circuito 3 comtemplará o banheiro feminino, masculino, área gourmet e sala de administração da Vila DNIT.

O circuito 1 será composto por 21 lâmpadas de led 40W, 2 refletores de led de 100W, pelos condutores fase, neutro, e retorno e respectivos materiais necessários, 21 paflon, 03 interruptores, 01 disjuntor, 2 sensores de presença e câmera de lâmpada sem fio.

O circuito 3 será composto por 09 lâmpadas de led 40W, pelos condutores fase, neutro, e retorno e respectivos materiais necessários, 09 paflon, 04 interruptores, 1 disjuntor.

Além dos dois circuitos de iluminação (1 e 3) o Centro contará com dois circuitos de tomadas, sendo eles os circuitos 2 e 4. O circuito 2 será composto pelos condutores fase, neutro e terra, para alimentar 05 tomadas dispostas na varanda, área de vivência, banheiros feminino e masculino. .

O circuito 4 será composto pelos condutores fase, neutro e terra, para alimentar 09 tomadas dispostas no espaço gourmet, sala administrativa associação Vila DNIT.

Nesta perspectiva, a planta pertinente a instalação elétrica do Centro Social após a possível revitalização ficará disposta conforme figura 1 abaixo.

Figura 1: Sugestão de adequação do sistema elétrico do Centro Social Vila DNIT


Fonte: elaborado pelos autores em junho 2023

Portanto, a análise desses dados reforça a viabilidade e a importância adequação proposta. A implementação dessas melhorias não apenas tornará o Centro Social Vila DNIT mais seguro e eficiente, mas também estabelecerá um padrão de sustentabilidade e responsabilidade ambiental que poderá ser utilizada em outros empreendimentos públicos comunitários.

5 CONCLUSÃO

Este trabalho propôs o levantamento da carga elétrica da situação atual do Centro Social Vila DNIT, bem como uma avaliação do custo-benefício para a implementação de uma adequação completa do sistema elétrico.

Concluiu-se que a infraestrutura elétrica do Centro Social Vila DNIT, após nove anos de operação, mostrou sinais claros de desgaste e ineficiência; e que a manutenção corretiva, embora resolvesse os problemas imediatos, não ofereceria uma solução de longo prazo nem a obsolescência do sistema atual.

A opção pela sugestão de uma adequação completa do sistema elétrico permitirá a implementação de tecnologias modernas, mais seguras e eficientes, a partir do uso de materiais atuais, além de assegurar a eficiência energética, economicidade, ampliar a sensação de segurança e facilitar a manutenção pela comunidade.

O orçamento proposto para a reinstalação é um investimento justificado, pois o total de R$ 2.196,88 (dois mil cento e noventa e seis reais e oitenta e oito centavos) trará uma melhoria substancial na qualidade da infraestrutura do Centro por um custo relativamente baixo. Esta é uma demonstração clara do bom uso dos recursos disponíveis e da priorização da segurança e bem-estar da comunidade.

Ademais, é importante ressaltar que a revitalização do sistema elétrico do Centro Social Vila DNIT não só atenderia às necessidades imediatas da comunidade, como também serviria de modelo para outros centros comunitários e, quiçá, a outros espaços públicos (com as devidas adequações) que enfrentam desafios semelhantes. Ao adotar tecnologias modernas e eficientes, o Centro se posicionará como um líder em sustentabilidade e segurança comunitária.

Portanto, este estudo conclui que a reinstalação do sistema elétrico do Centro Social Vila DNIT é não apenas viável, mas também altamente benéfico. Esta proposta representa um investimento estratégico e consciente na segurança, eficiência e sustentabilidade, garantindo que o espaço continue a servir sua comunidade de forma eficaz e responsável nos próximos anos.

REFERÊNCIAS

ARQUIDIOCESE DE PORTO VELHO. Vila DNIT. Parte superior do formulário

Parte inferior do formulário

https://arquidiocesedeportovelho.org.br/paroquia/area-missionaria-nossa-senhora-aparecida-vila-dnit/. Acesso em 30/03/2023.

BARATTO, Romullo. “12 critérios para determinar um bom espaço público“. 2013. ArchDaily Brasil. https://www.archdaily.com.br/br/01-115308/12-criterios-para-determinar-um-bom-espaco-publico. Acesso em 30/06/2023.

CARRION, Patrícia; QUARESMA, Manuela. Internet das Coisas (IoT): Definições e aplicabilidade aos usuários finais. Human Factors In Design, Florianópolis, v. 15, n. 8, p.49-66, mar. 2019.

CASAGRANDE, Cristiano Gomes. Iluminação pública: panorama, tecnologias atuais e novos paradigmas. Viseu, 2021.

COSTA, Carlos Smaniotto; MENEZES, Marluci. A agregação das Tecnologias de Informação e Comunicação ao espaço público urbano: reflexões em torno do Projeto CyberParks–COST TU 1306. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 8, p. 332-344, 2016.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2. ed. SP: Atlas, 2010.

G1. Afetados por obra da ponte sobre Madeira reclamam de novas moradias. 2014. https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2014/05/afetados-por-obra-da-ponte-sobre-madeira-reclamam-de-novas-moradias.html. Acesso em 30/03/2023.

GURGEL, Miriam. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas comerciais. Editora Senac São Paulo, 2020.

MACHADO, Álvaro Augusto Lauff. O dever fundamental de contribuir para os gastos públicos e o princípio da capacidade contributiva. 2013. 166 f. Dissertação (Mestrado em Direitos e Garantias Fundamentais) – Programa de Pós-Graduação em Direitos e Garantias Fundamentais, Faculdade de Direito de Vitória, Vitória, 2013.

NISKIER, Júlio. Manual de instalações elétricas. Rio de Janeiro. LTC, 2014.

NOGUEIRA, Amanda. A EMDUR iniciou instalação de 6 mil luminárias de LED em mais de dez bairros da Capital. 2023. Disponível em http://www.emdurportovelho.com.br/a-emdur-iniciou-instalacao-de-6-mil-luminarias-de-led-em-mais-de-dez-bairros-da-capital/. Acesso em 07/07/2023.

OLDEGARDO, Douglas. Iluminação pública como direito da população. 2012. Disponível em https://pro-inova.com/iluminacao-publica-como-direito-da-populacao/. Acesso em 11/06/2023.

OLIVEIRA, Ítalo Roberto de Freitas. Modernização do parque de iluminação pública do município de Paudalho-PE e atualização do sistema perante a concessionária. Trabalho de Conclusão de Curso. IFPB – Instituto Federal da Paraíba, 2022.


1 Luan Carlos Nogueira. Acadêmico do Curso de Engenharia Elétrica – Centro Universitário São Lucas – Afya Educação Tecnologia Saúde, Porto Velho, Brasil. E-mail luancnogueira@outlook.com

2 Daniele Martins Nogueira. Acadêmica do Curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário São Lucas – Afya Educação Tecnologia Saúde, Porto Velho, Brasil. E-mail danielenogueira299@gmail.com

3 Nathalia Martins da Silva Reis Pimentel. Mestre em Ciências Ambientais, docente e orientadora do Curso de Engenharia Elétrica – Centro Universitário São Lucas – Afya Educação Tecnologia Saúde, Porto Velho, Brasil. E-mail nathalia.pimentel@saolucas.edu.br