REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8153089
Pedro Henrique Vicente do Amaral1
Sandra Cristina da Silva Nascimento2
Simone Alves D’ Oliveira Titiry Pinto3
Resumo
O presente artigo busca compreender, discutir e analisar os impactos que o isolamento social provocado pela “Covid-19” causou na saúde mental das mulheres que são provedoras do lar/trabalham fora. Proporcionando uma reflexão acerca de como a chegada da pandemia afetou a população mundial. Correlacionando a pandemia de 2019 com a saúde mental das mulheres provedoras do lar que precisaram adequar seu trabalho laboral à vida doméstica. Foram levantados diversos artigos sobre a problemática e apesar de ser um tema recente, não se encontrou dificuldade para achar material disponível. Realizou- se um estudo explicando a chegada da COVID -19 e os efeitos causados na saúde mental, problematizando porque as mulheres foram mais afetadas psicologicamente que os homens. Quais questões contribuíram para o agravamento de doenças físicas e mentais para essa camada da sociedade. O estudo trouxe indicativos de desigualdades de gênero, classe social e racial, acentuando um quadro pré-existente de uma cultura machista e preconceituosa, uma sociedade atrasada no que toca às temáticas sensíveis como estas. O que se concluiu, é que a sociedade precisa caminhar junto às políticas existentes para erradicar todas as formas de desigualdades. Os órgãos responsáveis por políticas públicas voltadas para esse tema devem ser rigorosos na fiscalização garantindo, de fato sua eficácia. E para, além disso, é fundamental se libertar das crenças repassadas de geração para geração perpetuando a herança de uma sociedade desigual.
Palavras-chave: Covid-19, mulheres, isolamento, saúde mental.
INTRODUÇÃO
Em fevereiro de 2020, foi confirmado o 1º caso do coronavírus em São Paulo/Brasil. Logo após começaram as primeiras ações governamentais ligadas à pandemia da Covid-19. Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o surto da coronavírus constituía uma Emergência de Saúde Pública de importância internacional caracterizando a Covid-19 como uma pandemia (OPAS, 2020).
O Ministério da Saúde do Brasil (MS) adotou uma série de medidas necessárias a serem adotadas para o combate a coronavírus, após o alerta da OMS (AGÊNCIA BRASIL, 2020).
Empresas interromperam parcial ou totalmente suas atividades, ou quando foi possível, começaram a trabalhar home office, para tentar se adaptar às diretrizes definidas pelo MS. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o home office ou trabalho remoto, pode ser definido como uma modalidade de trabalho na qual são diferentes aos trabalhos em que o indivíduo tem que estar fisicamente presente na empresa ou em seus postos, mas fazendo uma integração entre trabalhadores intermediadas através da tecnologia por meios digitais. Termos como telework, home office, virtual work, telecommuting e remotework são vocabulários que tem como sinônimo nesse âmbito organizacional e utilizadas de forma mais recorrente nesse novo meio de trabalho, para além da esfera tradicional de trabalho (OIT, 2017; ZERBINI, 2020).
A interrupção de diversas atividades teve um grande impacto na economia do país, e atingiu de forma desigual, pois muitos trabalhadores que se encontravam em condições desfavoráveis, como pessoas com pouca escolaridade, foram grandemente afetados e muitos perderam seus empregos (BARBOSA; COSTA; HECHSNER, 2020). Também impactou a saúde pública e a saúde mental na sociedade, principalmente pelo distanciamento social por ser uma das medidas de controle da referida doença.
Com a mudança da forma de trabalho para home office os trabalhadores juntamente com sua família tiveram que se adaptar a essa nova forma de trabalho. Aumentando o trabalho doméstico, pois as escolas passaram a ter aulas online também, com isso os filhos passaram a ficar mais dentro de casa, aumentando os custos de alimentação, gastos com energia elétrica, internet (MENDES; HASTENREITER FILHO; TELLECHEA, 2020).
Muitos trabalhadores que migraram para o home office não conseguiram se acostumar a esse modelo de trabalho. Pois alguns enfrentaram mais dificuldade de muitas ordens. Visto que existem pessoas que trabalham melhor em equipe e presencial, ao invés de estarem em casa distante fisicamente dos colegas. Já outros indivíduos não conseguem se organizar para realizar seu trabalho, outros não possuem autonomia para trabalhar sozinhos (HAUBRICH FROEHLICH, 2020). Por isso, esse formato de trabalho não atende a qualquer profissional, principalmente, aos que tem crianças em casa, torna- se ainda mais desafiadora a tarefa (HABIB; CONFORD, 1996).
Cerca de sete a cada dez famílias brasileiras que vivem em comunidades tiveram suas rendas reduzidas em diversas partes do Brasil, o estudo segundo a pesquisa do Instituto Locomotiva/Data Favela aponta que 47% dessa população trabalha de forma autônoma ou profissional liberal. Já a média de quem é celetista são ainda menor, 19%, e 10% é o índice das pessoas que estão desempregados (AGÊNCIA BRASIL, 2020).
A responsabilidade do trabalho doméstico formal ou não, no Brasil, é exclusivamente destinada às mulheres, representando assim uma desigualdade entre o gênero masculino e feminino. São atribuídas as mulheres todos os tipos de trabalho doméstico. Seja ele na sua própria casa, ou mesmo ele sendo remunerado. Ainda são raras às vezes em que se observa homens exercendo atividades domésticas. Isso se deve a crença que atividades domésticas são exclusividades das mulheres. Trazendo repercussão no sentido das diferenças de gênero como fator que ainda predomina na sociedade. No entanto, a própria mulher, por conta de aspectos culturais crescem acreditando que tais funções são delas de fato. E assim, acabam anulando os cuidados a si mesmos para cuidar das outras pessoas (PORTO, 2008).
De acordo com o relatório “Análise de saúde por gênero: COVID-19 nas Américas”, lançado pela (PAHO, 2021), destaca que o impacto na saúde mental da mulher brasileira durante o período pandêmico tem se evidenciado junto às desigualdades de gênero a qual se entende como uma crise nos diversos setores sociais. O relatório também chama a atenção para violência doméstica que nesse período tornou- se mais frequente devido ao longo tempo em casa em detrimento às medidas e políticas preventivas de isolamento social.
Uma pesquisa realizada por Borges (2022), não foi o home office em si o causador das sobrecargas domésticas e nem o responsável direto pelo agravo dos transtornos psicológicos durante a pandemia. O aumento das horas trabalhadas adicionadas a falta de gestão do tempo e em muitos casos, não possuir equipamentos adequados para realização do seu trabalho, foram alguns dos fatores que contribuíram para o aumento do adoecimento. Soma- se a isso, à falta de uma rede de apoio com quem possa dividir as tarefas do lar.
O impacto na saúde mental da mulher brasileira durante o período pandêmico tem se evidenciado junto às desigualdades de gênero na qual as sobrecargas trabalhistas, a responsabilidade do papel de provedora do lar, principalmente de mães solo e o aumento da violência contra a mulher em seus próprios lares nesse período de distanciamento social em detrimento de medidas e políticas preventivas de isolamento fez com que os índices aumentassem na piora da qualidade da saúde mental das mulheres.
Ao longo dos tempos muitas questões têm se problematizado a respeito do papel feminino na sociedade, a reivindicação da igualdade de gênero nos meios organizacionais, familiares e as funções dos papéis sociais, a inserção da mulher no mercado de trabalho, as políticas públicas na busca de um reparo social (REIS et al., 2020).
Um estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da pesquisa nacional por amostra de domicílios (IBGE, 2020), revelou que as mulheres que deixaram seu trabalho laboral para ingressar no home office precisaram conciliar as atividades do lar com o trabalho, e em algumas situações exercer o papel de mãe em tempo integral.
Mesmo parecendo que esse novo cenário favorecesse a mulher no que se refere a conciliar suas múltiplas tarefas, incluindo seu trabalho profissional, isso se tornou um dos fatores determinantes que corroboraram para os possíveis efeitos na qualidade da saúde psíquica desse grupo. Por isso, é importante entender como a dupla jornada de trabalho contribuiu para uma piora na saúde mental em consequência do acúmulo de funções levando a exaustão. Por meio desta pesquisa será refletido de que forma se configura a imagem ou herança cultural acerca do papel da mulher ao longo da história.
O patriarcado é um sistema de relação de poder que existe desde os primórdios históricos da civilização. É caracterizado pela relação de poder do mais forte sob o mais fragilizado. Perpassa pela história evoluindo de acordo com o tempo e a cultura da sociedade. No princípio, as sociedades se baseavam na lei do mais forte para estabelecer suas regras de convivência. Então, as mulheres eram subordinadas a tarefas domésticas, cuidavam dos filhos, enquanto que o homem ia à procura de alimentos para o sustento e também eram os responsáveis por manter em segurança sua prole. As relações eram fortalecidas entre os grupos do mesmo sexo. Homens se reuniam para traçar estratégias de guerra ou mesmo saiam em bando para caçar alimentos, enquanto as mulheres, mães e filhas ficavam em casa dedicando a maior parte do tempo a cuidados domésticos. Como ainda é visto nos dias de hoje em diferentes tipos de cultura e sociedade (MURARO, 2002).
Desse modo, o patriarcado é um sistema de dominação bem mais amplo do que se imagina. Ele permeia a sociedade em diversos espaços sociais de diferentes formas. Uma das formas mais comum que representa esse sistema é a questão de gênero, o feminino subjugado pela figura masculina, considerado culturalmente mais forte, assim estabelecendo uma noção de servidão e submissão sobre a mulher (AGUIAR, 2000). E nesse sentindo a força masculina não se detém apenas nos ambientes domésticos, são observáveis em diferentes realidades que envolvem a sociedade como um todo contribuindo para mitigar a discriminação feminina.
Um levantamento realizado pelo IBGE (2019) constatou-se que as mulheres dedicam o dobro do tempo a mais nas tarefas domésticas e cuidado com filhos e outras pessoas do que os homens.
As mulheres foram mais afetadas emocionalmente pela pandemia, apresentaram mais sintomas de estresse, depressão e ansiedade, segundo um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (SERAFIM, et al. 2021). Tudo isso somado a própria doença do covid-19, são geradores de tensão, produzem maior gasto de energia psíquica e também física, levando a um esgotamento mental.
Drumont (1980) aponta que as crianças, desde muito pequenas, são criadas a aprenderem atividades relativas ao seu gênero repassado por outras gerações. Em uma sociedade machista, as meninas são destinadas a aprenderem tarefas diversas não remuneradas, enquanto os meninos são orientados a uma profissão rentável. O machismo representa um sistema hierárquico construído ao longo da história, submetendo a mulher à condição de inferioridade em virtude do gênero. De modo que o machismo não só simboliza fatores reais, mas também constitui representações subconscientes ou imaginárias em função do domínio exercido sobre a mulher. Então, são reproduzidas situações em que o homem torne a mulher submissa, confirmando seu poder a ela.
É fundamental destacar a importância da discussão de como a mulher pensa o conceito de saúde em uma correlação com trabalho, tendo em vista o cuidado consigo mesmo. E discutir os efeitos que o acúmulo de funções impacta negativamente na sua saúde física e mental.
O objetivo deste estudo é compreender e analisar o “Impacto causado pela Covid-19 na saúde mental da mulher provedora do lar; de que forma a chegada da pandemia do coronavírus transformou a vida de mulheres em seus trabalhos laborais para home office e identificando quais mudanças ocorreram e impactaram na saúde mental das mulheres provedoras do lar.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo trata-se de uma pesquisa descritiva que foi realizada através do levantamento de artigos científicos pesquisados entre o mês de julho de 2022 a junho de 2023, para o qual foram consultados artigos científicos das plataformas Scielo, Google Acadêmico e outros a respeito do tema. O critério de busca foi dividido nos principais temas, foram eles: COVID–19, saúde mental, mulheres provedoras do lar, desigualdades de gênero, violência doméstica. Foram revisados todos os trabalhos encontrados, priorizando sempre títulos originais, não descartando o que se considerou relevante como editorial, entrevistas voltadas para o tema. Nesta pesquisa descritiva, buscou-se o enfoque na questão da dificuldade da mulher lidar com questões de trabalho laboral, conseguindo um equilíbrio entre ser trabalhadora, mãe e dona de casa frente a um cenário pandêmico. E obtiveram-se os resultados a seguir.
COMO A PANDEMIA AFETOU A POPULAÇÃO MUNDIAL?
A pandemia de Covid-19 foi marcada na história como um vírus que se propagou muito rapidamente pelo mundo todo, tendo como um dos fatores que possibilitou a aceleração da disseminação, os meios de conexão e locomoção das sociedades atuais decorrentes à globalização, ao qual a população mundial foi pega de surpresa e desprevenida (ESCOLA SUPERIOR DO MPPR, 2020).
O próprio processo pandêmico já deixa a sociedade em estado de alerta e em preocupação constante com a saúde, das pessoas ao seu redor e o medo de ser infectado, mediante o que estávamos vivenciando, os órgãos sanitários tiveram que tomar medidas e protocolos de contenção que foram aplicados para conter a propagação do vírus (BROOKS et al. 2020).
O isolamento por causa do distanciamento social foi uma das medidas que mais tiveram impacto na vida da população, tanto positivo quanto negativo neste contexto (MORAES, 2020).
Nós seres humanos, somos indivíduos sociais, diferentemente de tantas outras muitas espécies, desde o nascimento, dependemos uns dos outros e temos a necessidade de se relacionar, o que nos faz seres sociais. O isolamento social tem como seu efeito colateral diversos fatores, o agravo dos problemas psicológicos, a ansiedade, solidão, aumento do risco de depressão, estresse, entre muitos outros aspectos (OPAS, 2020).
O aumento da aparição de problemas psicológicos fez com que a população voltasse mais para si para compreender a importância da saúde mental para o indivíduo, assim, caminhando para diminuição da estigmatização e o demérito da compreensão de saúde mental na sociedade (MORAES, 2020).
Junto a muitos novos termos que nosso vocabulário não estava acostumado a utilizar, muitas outras pautas começaram a ser vivenciadas com o distanciamento social da população, tiveram que se adaptar as mudanças repentinas, boa parte das pessoas que tinham trabalhos que eram considerados trabalhos não essenciais trocaram a modalidade de presencial para home office, enquanto outros permaneceram de forma presencial, sobretudo, profissionais da saúde e de serviços considerados essenciais. Devido à crise na economia, muitas empresas fecharam e com isso, as pessoas ficaram desempregadas e consequentemente ocorreu o aumento do trabalho informal, este aspecto em ênfase na sociedade brasileira, o impacto da diminuição da renda cai de forma desproporcional entre a população, as pessoas que têm trabalho informal foram em grande parte as mais afetadas em sua renda, podendo chegar a zero (MORAES, 2020).
Uma crise financeira se instaurou na população, sobretudo e por quase todos em sua grande maioria as pessoas de classes mais baixas, essencialmente as mulheres, pretas, pobres de periferia, mães solos as quais foram as mais afetadas. Com a crise, muitos produtos ficaram em falta, enquanto outros tiveram aumento substancial, fazendo com que grande parte dos grupos mais afetados ficasse sem acesso, essencialmente a produtos básicos de alimentação, higiene e saúde. A vista desses grupos mais desprotegidos voltou-se atenção às políticas públicas para essa população mais vulnerável (MORAES, 2020).
Segundo 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2022) a cada minuto, oito mulheres sofreram algum tipo de violência no país em 2021. Já o crime de feminicídio teve um aumento no país, e cerca de 65,6% dos crimes foram ocorridos dentro da própria casa e 62% eram mulheres negras e 81% dos crimes foram cometidos pelos próprios companheiros ou ex-companheiros que não concordavam com a separação do casal (ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2022).
Quando se fala de violência doméstica ou violência contra a mulher, não se refere apenas ao tempo presente, mas sobre um processo histórico que se arrasta por séculos e séculos sobre a dominação patriarcal e cultura do machismo em detrimento ao feminino. Durante o período pandêmico os níveis de violência contra a mulher aumentaram, em consequência ao isolamento e os cônjuges estando mais em casa, e com o afastamento de sua rede de proteção ficam mais propensas a tais crimes (GOTO, 2022).
“A aparente redução da violência contra a mulher representada pela queda nos registros policiais tradicionais era confrontada, portanto, com o aumento da violência letal e das chamadas em canais oficiais de ajuda. Isso fez com que se indicasse que, embora a violência letal estivesse crescendo no período, as mulheres estavam encontrando mais dificuldades para realizar denúncias do que em períodos anteriores, provavelmente por dois motivos: em função do maior convívio junto ao agressor e da consequente ampliação da manipulação física e psicológica sobre a vítima; e das dificuldades de deslocamento e acesso a instituições e redes de proteção, que no período passavam por instabilidades, como diminuição do número de servidores, horários de atendimento reduzidos e aumento das demandas, bem como pelas restrições de mobilidade” (FÓRUM DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021, p.8).
A ADAPTAÇÃO PARA O TRABALHO HOME OFFICE NA PANDEMIA
Surgiu inicialmente com a crise do petróleo em 1970. Visando amenizar os problemas com o trânsito fez-se uso desta estratégia. Isso foi possível com o avanço das tecnologias em escala mundial. Foi nos anos 90 que o assunto avançou principalmente nos países desenvolvidos devido à massificação da tecnologia (BERNARDINO et al., 2009; BOONEN, 2003; COSTA, 2007).
Há evidências de que para pessoas que possuem filhos, os aspectos do trabalho produzem efeitos na família. Por um lado, se tem o benefício de estar exercendo seu trabalho laboral levando em conta sua remuneração. Em contrapartida, dedica-se grande parte do tempo ao trabalho, sobrando pouco tempo para estar com a família. Grande parte dos estudos sobre teletrabalho indicam que a relação entre a família e os papéis desempenhados dentro dela são as principais fontes identificadores de resistência a esse modelo de trabalho, principalmente quando se tem filhos em casa (COSTA, 2007). Em algumas situações, o tempo que sobra para a família, não é um tempo de qualidade devido a tensão provocada pela pressão exercida dentro do contexto do trabalho e pelo conflito ocasionado por não conseguir na maior parte do tempo, conciliar o trabalho e família, interferindo diretamente nos cuidados consigo mesma (PLUUT et al., 2018).
Portanto, para mulheres, sobretudo as que são mães, estes eventos são mais comuns e intensos, são fatores que estão relacionados ao aumento da pressão do tempo associado muitas vezes a autocobrança para cumprirem tarefas a elas designadas (BAXTER, ALEXANDER, 2008).
Em uma pesquisa realizada, Lemos, Barbosa e Monzato (2020) por sua vez, demostraram que as mulheres não conseguem se dedicar integralmente ao trabalho como gostariam, e algumas vezes precisam contar com a colaboração de suas equipes de trabalho. Possivelmente isso se dá por conta do advento da pandemia, lembrando que estão fora do seu ambiente laboral. As autoras reforçam que não é só a sensação de não dar conta do trabalho que causa frustração nas mulheres, mas também se ressentem por não darem à devida atenção a família.
Fabbro e Heloani (2010) refletem em seus estudos sobre maternidade e trabalho acadêmico, que o fato de ser mãe é uma tarefa bastante significativa para a mulher, tanto, que ela incorpora um padrão idealizado pela sociedade a fim de cumprir o que se espera desse modelo. E para as mulheres que tem seu trabalho laboral conseguir gerenciar o tempo e dar conta de diversas funções tanto fora, quanto dentro de casa é desafiante e muitas vezes angustiante. Com isso, sentem culpa ao não conseguirem realizar todas as funções que a sociedade impõe como deveres. Em contrapartida, para essas mulheres é a realização pessoal ter sua independência em ter sua própria vida profissional e não precisar depender do homem. Esse processo faz parte da sua construção de identidade. E a maternidade vem de encontro a essa construção, dada à importância subjetiva que ocupa nas suas vidas.
Por isso, Bruschini e Ricoldi (2012) demostra através de sua pesquisa que a articulação de todos os membros da família é fundamental para que o trabalho ocorra da melhor maneira possível. Os autores ainda ressaltam que os resultados da sua pesquisa demonstraram que hoje em dia é mais comum o envolvimento dos homens nas atividades domésticas e no cuidado com os filhos e a importância da participação deles.
A mulher se habituou a uma rotina de trabalhos domésticos. Isso faz parte da sua criação, já que ao longo da história elas foram subordinadas a suportarem duras jornadas de trabalhos, tendo que dar conta de todos os afazeres a que eram designadas, sacrificando a saúde física e mental em exaustivas e estressantes tarefas. Então, Fabbro e Heloani (2010) apontam que para as mulheres que exercem uma carreira profissional, a migração para o home office foi difícil, porque apesar da rotina doméstica fazer parte do seu cotidiano, existe um significado importante em terem seu próprio espaço de trabalho fora das suas residências.
Logo, tem-se observado que o modelo de família monoparental está ganhando cada vez mais espaço na sociedade brasileira. E este modelo representa importante mudança social e também cultural. A mulher vem conquistando espaços antes inimagináveis de serem ocupados em décadas passadas. Atualmente elas, ocupam um lugar de destaque na vida familiar (BARBOSA, 2014).
A rotina comum de trabalhos domésticos já faz parte da experiência humana da mulher que é trabalhadora e mãe e todos nós já sabemos o risco quanto à saúde mental de quem está subordinada a dupla e tripla jornada de trabalho. Ficar em casa em tempo integral para essas mulheres trabalhadoras constitui um estranhamento; pois mesmo sendo mãe, esposa e dona de casa, o sentido de suas vidas é o trabalho fora de casa, referente à sua profissão. A adoção do home office no contexto da pandemia produziu efeitos na relação entre trabalho e vida familiar para os trabalhadores, em geral, e para as trabalhadoras, em particular.
No Brasil, de acordo com Melo, Thomé (2018):
“cabe historicamente às mulheres a maior responsabilidade pelos cuidados com a casa e com os filhos. Dados divulgados pelo IBGE (2019) sobre “outras formas de trabalho” apontam que a taxa de realização de afazeres domésticos das mulheres foi de 92,2% ratificando sua superioridade em relação ao percentual de homens, que totalizou 78,2% (IBGE, 2019). Tais indicadores nos possibilita pressupor que a necessidade de ter que em casa, cuidar dos afazeres domésticos e dos filhos trouxe sobrecarga para as mulheres” (MELO; THOMÉ, 2018).
Os afazeres domésticos no dia a dia já é muito trabalho a ser feito, com o trabalho home office na pandemia ele não para, porque surge o cuidado dos filhos e organização da casa além do seu trabalho secular e isso é um dos fatores que pode aumentar a carga da saúde mental das mulheres. Então existe uma grande mudança nas atividades da casa que afeta os filhos e as mães, pois elas precisam ter constante atenção para dar conta de tudo e todo o estresse gerado acaba afetando os filhos também (FERREIRA, 2021, p.3).
ISOLAMENTO SOCIAL E A SAÚDE MENTAL
O conceito de saúde mental pode ser entendido mais amplamente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2013), saúde mental é: “um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade”.
A COVID 19 caracterizou uma das formas mais alarmantes de epidemias que já vivenciamos na história da saúde. É natural que em eventos como este, a população apresente problemas na saúde mental e, além disso, o corpo sente esta disfunção. Em situações de emergências na saúde populacional, o mais comum, são os cuidados voltados para a saúde física, deixando em segundo plano a preocupação com sofrimento psicológico (SCHMIDT et al., 2020).
O isolamento social afetou em vários aspectos a vida das pessoas. O distanciamento das pessoas e o medo de sair de casa contribuíram para deixar de se cuidar. Com isso o cuidado com a saúde foi deixado de lado. Com mais tempo em casa e o fato de evitar sair de casa tornou-se difícil se manter ativo, com isso o sedentarismo afeta negativamente nas questões de saúde da mulher. Estar afastados das pessoas influencia também no aumento da depressão, ansiedade e estresse. Nas mulheres mães e provedoras do lar os níveis de estresse também aumentaram com o dia a dia: trabalho, casa, filhos e isso afeta também a vida dos filhos (FERREIRA, 2021).
Durante as epidemias, o número de pessoas cuja saúde mental é afetada tende a ser maior do que o número de pessoas afetadas pela infecção (REARDON S., 2015). Em outras pandemias vividas no passado, foram demonstradas que os danos à saúde mental se mostraram mais impactante e persistente que a própria doença e os efeitos puderam ser sentidos nos aspectos econômicos e psicossociais (ORNELL et al., 2020).
Dentro desse cenário, as mulheres estão entre os grupos de mais vulnerabilidade e propensão ao adoecimento psíquico. Segundo Almeida (2020), aponta que, estudos na China encontraram aumento importante de doenças psicológicas prevalentes em mulheres em comparação aos homens e significativa disposição aos fatores de risco que podem se agravados com a pandemia. Isso pode ser justificado a relação que a sobrecarga doméstica exerce na saúde feminina. Dessa maneira, o terreno se torna fértil para o surgimento de transtornos psicológicos decorrentes dessa problemática (PINHO; ARAUJO, 2012).
De acordo com Silva et al., (2020), tem-se percebido um pânico generalizado e estresse na saúde mental na sociedade. Entende-se suposto medo irracional justificado pela situação de calamidade epidemiológica. Os achados apontam um impacto psicológico imediato na população resultantes da pandemia.
Diante desse contexto pandêmico, medidas para contenção da disseminação do novo vírus foram adotadas imediatamente. O isolamento social provoca possíveis implicações em aspectos familiares, trabalho e social (STREIT et al. 2021). Nesse sentido Sluzki (1997) salienta a necessidade do convívio social como uma ferramenta primordial na construção dos vínculos sociais, na constituição da nossa identidade, do pertencimento, da segurança, do bem-estar, do sentir-se competente e responsável da própria vida. Uma vez que essa rede é interrompida, as pessoas sofrem por estarem afastadas em um momento como esse. Portanto, as relações sociais são uma necessidade básica e constituem um fator protetor da saúde física e psicológica, reforça (EINZEBERGER et al., 2003).
Freire et al. (2022) ressalta que, durante a pandemia e consequentemente com o isolamento social, é natural que haja uma desordem emocional e psíquica na população, agravando sintomas de doenças psíquicas já existentes em determinados grupos, e afetando de maneira geral a condição do indivíduo perante o grupo. A potência letal do novo vírus e os prejuízos no setor econômico dentro do quadro pandêmico apresenta elevado risco psicossocial. Contudo, notou- se a presença de tristeza e ansiedade em indivíduos com ou sem transtornos mentais, servindo como orientação e/ou elaboração de políticas próprias para populações de risco (SHIGEMURA et al. 2020; OZAMIZ-ETXEBARRIA et al. 2020).
Dada à situação de calamidade pública na saúde observou-se um significativo aumento de casos de transtornos psicológicos. Segundo um estudo científico realizado pela OMS (PAHO, 2022) a prevalência global de ansiedade e depressão tiveram um aumento de 25% e os jovens e as mulheres estão entre os que mais sentiram esse resultado. Essa condição de vida do adulto jovem associada às cobranças socialmente impostas a função da mulher e a maior tendência de experimentarem transtornos de humor, influenciam para que haja maior prevalência de psicopatologias entre as mulheres jovens (ARNETT et al. 2014).
Em razão da acentuada ausência ou falha no diagnóstico e tratamento das mulheres acometidas por transtornos mentais e da elevada recorrência desses distúrbios em portadoras prévias, destaca-se a necessidade de serviços especializados e que ofereçam cuidados de fácil acesso (SOUZA et al. 2021).
Em uma pesquisa realizada por Barros et al., (2020), apurou-se que, durante o período da pandemia estudado, dos 45.161 respondentes, 40,4% dos 15 adultos brasileiros sentiram-se tristes ou deprimidos, e 52,6% reportaram estarem ansiosos ou nervosos. Entre os que não tinham problemas de sono, mais de 40% passaram a ter, e quase 50% dos que já tinham tiveram o problema agravado.
Os problemas com o sono, sentimentos de ansiedade, tristeza mostraram prevalências maiores em mulheres, jovens e pessoas com diagnóstico prévio de depressão. Reardon, (2015) relata, que em outras situações de epidemias que assolaram o mundo, os sobreviventes são frequentemente assombrados por memórias traumáticas e enfrentam a rejeição da sociedade quando voltam para casa, e aqueles que nunca contraíram a doença podem sofrer por parentes perdidos ou lutar para lidar com a ansiedade extrema.
Os impactos mentais podem durar anos. Orellana et al., (2021), por meio de um estudo, ressalta que:
“a pandemia de Covid-19 já resultou em mais de 6 milhões de mortes diretas em todo o mundo e outras centenas de milhares de mortes indiretas, como o suicídio. Elevadas taxas de suicídios têm sido associadas a fatores biológicos como sexo ou idade, bem como a fatores sociais e transtornos mentais, especialmente ansiedade e depressão” (ORELLANA et al. 2021).
A presença de transtornos mentais representa impactos importantes e influencia na qualidade de vida do indivíduo. Assim também como sua longa permanência pode afetar diretamente a saúde. É importante salientar que condições de adoecimento relevantes, se não tratados podem levar a incapacidade, contribuindo para a baixa produtividade e até podendo prejudicar a vida social do sujeito (WHITEFORD, 2013).
Os efeitos desses transtornos, também são visíveis no corpo. Segundo Cunha e Fonseca (2020) as doenças somáticas podem-se entender como uma reação comum às respostas da dor psíquica, pois a doença causa um grande impacto psicológico no sujeito podendo influenciar o aparecimento de reações orgânicas nos processos mentais.
Com o crescente número de transtornos psicológicos decorrentes da Pandemia ou mesmo já pré-existentes, o consumo de psicofármacos também vai ganhando terreno. A fim de amenizar os impactos causados pelo momento da referida crise na saúde. Com a evolução dos casos da doença, naturalmente o número de prescrições medicamentosas passam ser uma espécie de mediador de conflitos como aponta Molck, Barbosa e Domingos (2021). Os autores ainda ressaltam que o uso desmedido de medicamentos torna-se como uma ferramenta de apoio no controle da crise.
Contudo, qualquer sofrimento psíquico passa a ser considerado como uma patologia, embora seja originado de um evento catastrófico. Isso acaba reforçando o modelo biomédico, categorizando as doenças como algo imutável, ignorando a singularidade do sujeito e o contexto que o envolve, sobretudo, em condições de transtornos psiquiátricos.
O indivíduo perde espaço para sentir a sua dor, vivenciar o processo do luto, e das perdas sofridas. No lugar disso, entra a medicalização contínua diante dos fenômenos naturais que ocorrem na vida. Um estudo de Conrad (2007) traz o debate acerca da medicalização e proporciona uma reflexão sobre para onde ela está caminhando.
De acordo com Valécio (2020), um estudo feito pelo Instituto de Ciência e Tecnologia e Qualidade Industrial destacou medicamentos como dexametasoina, cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, fármacos para saúde mental e para saúde sexual as mais procuradas durante o período pandêmico da coronavírus, mesmo que sem comprovação científica.
Diante de situações de calamidade na saúde mundial como da pandemia, não é incomum que transtornos psicológicos ganhem espaço. É possível aderir a algumas medidas para que esse momento seja o menos prejudicial possível à saúde mental (BROOKS et al. 2020).
Uma das formas de promover o bem-estar social e psicológico é através da organização das rotinas do dia a dia de forma mais segura, a prática de atividades físicas, um cuidado maior com o sono, e até técnicas de relaxamento podem auxiliar no enfrentamento da pandemia. Também é fundamental evitar a desinformação e ter responsabilidade ao usar as mídias sociais. Os atendimentos psicológicos na modalidade remota pode ser outra opção para quem busca terapia nesse momento (BANERJEE, 2020).
Um dos principais desafios nas políticas públicas de Saúde Mental se relaciona à falta de informações qualificadas sobre disponibilidade de serviços, matriciamento, itinerário terapêutico, referência e contrarreferência, financiamento, entre outros. Outra grande lacuna diz respeito ao apagão de dados e informações atualizadas sobre o tema: em 2015, por exemplo, o relatório “Saúde Mental em Dados” do Ministério da Saúde, deixou de ser publicado. Este cenário de falta de transparência reduz a possibilidade para implementação de políticas baseadas em evidências, limita a capacidade de atuação do controle social e reduz o acesso aos cuidados por parte da população, que fica desinformada sobre as possibilidades de tratamento e prevenção (INSTITUTO DE ESTUDOS PARA POLÍTICAS DE SAÚDE 2022).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como eixo norteador avaliar os efeitos da saúde mental das mulheres provedoras do lar que ingressaram no home office durante o isolamento social decorrente da pandemia do COVID 19. Após as análises de diversos artigos pesquisados, o que se concluiu foi, o quanto a sobrecarga doméstica, principalmente das mães solo afetaram a vida dessas mulheres e sua saúde como um todo, considerando que o momento foi de incertezas, medo e mudanças que impactaram psicossocialmente a rotina dessas mulheres causando conflitos secundários como desemprego. Algumas precisaram se reinventar para garantir o sustento do seu núcleo familiar.
O longo período em casa fez aumentar o consumo abusivo de álcool e outras drogas elevando os índices de violência doméstica e feminicídio colocando em xeque a condição em que a mulher se encontra dentro de uma cultura ainda machista. Este novo cenário enfatizou a importância da saúde mental, promovendo o entendimento de que o autocuidado é um fator primordial para obtenção da saúde psíquica. Ainda, percebeu-se, que às políticas públicas precisam avançar para preencherem lacunas deixadas pelo caminho da nossa sociedade no que se refere a grupos historicamente minoritários, indo assim na contramão do que prega nossa constituição. Sendo assim, é necessária uma reflexão mais ampla que estimule outras pesquisas que contribuam para uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária.
Então, diante de emergências sanitárias como a do COVID 19, diversos profissionais da área da saúde, inclusive os psicólogos, enfrentaram muitos desafios, principalmente os que ficaram na linha de frente com o vírus. No entanto, esses profissionais uniram esforços e inovaram a forma de assistência, dando suporte para a população em sofrimento, seja físico ou mental, amenizando os danos causados pela crise.
Em 5 de maio de 2023 a Organização Mundial da Saúde decretou o fim da Pandemia do COVID 19. Contudo, ainda não é possível precisar qual a proporção dos danos psicológicos causados à população. Deste modo, os trabalhos realizados para minimizar os efeitos na saúde mental devem seguir uma linha contínua e ininterrupta, sendo fundamental uma ampla abertura aos serviços de saúde sendo acessível e de forma integral a toda população.
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1 Graduando em Psicologia, Universidade Estácio de Sá.
2 Graduanda em Psicologia, Universidade Estácio de Sá.
3 Especialista em RH, Escola Nacional de Saúde Pública/ENSP/Fiocruz