QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8125885


Leticia Morais Silva1; Ronaldo Cesar Silva Gomes1; Rafael Jodas Pantarotto1; Rodrigo Daniel Zanoni2; Maurain Gomes da Silva Júnior1; Vinícius Alves Nascimento1; Lucas Marques Pimenta1; João Victor Dias Silva1; Pedro Gabriel Milhomem Bueno1; Karen Brito Queiroz1; Carolina Sharon Borges Soares Vieira1; Sólon de Assis Oliveira1; Julia Ferreira Tavares3; Giulia Couto Bacellar Bom3; Richard Mendes Lins4; Leonardo Ambrósio Pereira Galvão4


RESUMO 

O Lúpus Eritematoso Sistêmico, também chamado de LES, é uma doença  inflamatória crônica de origem autoimune, cujos sintomas podem surgir em diversos  órgãos de forma lenta e progressiva e variam com fases de atividade e de remissão.  Podendo manifestar-se apenas com manchas na pele ou um ou mais órgãos. O Lúpus  pode ocorrer em pessoas em qualquer idade, raça e sexo, porém as mulheres são muito mais acometidas. É sobre esses sintomas e acometimento sistêmico que se  torna fundamental a intervenção precoce com métodos que auxiliam na melhora da qualidade de vida dos pacientes portadores. Configura-se em uma revisão  bibliográfica de caráter exploratório, tendo como base teórica o Google Acadêmico,  Scielo, Sociedade Brasileira de Reumatologia e Medline, para construir o presente  estudo, o que auxilia no alcance dos objetivos pré-estabelecidos.  

Palavras-Chave: Autoimune. Remissão. Qualidade de vida. 

ABSTRACT 

Systemic Lupus Erythematosus, also called SLE, is a chronic inflammatory disease of autoimmune origin, whose symptoms can appear in several organs slowly and progressively and vary with phases of activity and remission. It may manifest only with spots on the skin or one or more organs. Lupus can occur in people of any age, race and sex, but women are much more affected. It is on these symptoms and  systemic involvement that early intervention with methods that help improve the  quality of life of patients with it becomes fundamental. It is configured in a bibliographic  review of exploratory character, having as theoretical basis the Google Scholar, Scielo,  Brazilian Society of Rheumatology and Medline, to build the present study, which helps  in the achievement of the pre-established objectives. 

Keywords: Autoimmune. Remission. Quality of life.

1. INTRODUÇÃO 

O Lúpus Eritematoso Sistêmico ou LES é uma doença inflamatória  multissistêmica crônica de origem autoimune, no qual sua etiologia não está bem  elucidada, sendo considerada multifatorial, pode-se estar associada a fatores  genéticos, infecções virais, desequilíbrio hormonal, distúrbios imunológicos ou  reações medicamentosas1. A urbanização e globalização tiveram grande significado na mudança da alimentação populacional, uma vez que esse novo padrão buscou  acompanhar o novo estilo de vida dos centros urbanos². 

Com isso, muitos indivíduos adotaram uma alimentação desbalanceada e  ingestão de produtos industrializados e fast food, e consequentemente, diminuição da  ingesta de alimentos naturais e alimentação saudável2. Entretanto, a prática de  exercícios físicos e alimentação in natura são os principais aliados na prevenção de  doenças e consequentemente na melhora do quadro de patologias como: Lúpus  Eritematoso Sistêmico, Doença de Crohn, entre outras doenças crônicas não  transmissíveis³. 

Embora sua fisiopatologia ainda não esteja completamente esclarecida, acredita-se que  existam mutações em indivíduos que são geneticamente predispostos à deficiência  do sistema complemento, especialmente o C4, diminuindo a depuração de complexos  imunes circulantes e dendritos celulares. Por conta disso, tais substâncias em maior  quantidade no plasma podem se depositar em tecidos periféricos e ocasionar  inflamação local, aumento de citocinas e ativação excessiva de células imunes,  especialmente linfócitos B autorreativos4

Outros fatores desencadeantes estão relacionados como: hormônios, processo  infecciosos, medicamentos, ambiente, e aspectos psicológicos além dos genéticos.  Soma-se a isso, com alta incidência em mulheres jovens, na fase reprodutiva, com  uma proporção de nove a dez mulheres para um homem, e com prevalência de 14 a 50/100.000 habitantes5-6

A terapêutica medicamentosa é individualizada, pois depende da  sintomatologia apresentada, sendo incluídos um, dois ou mais medicamentos na fase  ativa ou até mesmo nenhum na fase de remissão. Além disso, destaca-se a  importância de uma nutrição equilibrada, atividades físicas com orientações, uso de protetor solar, acompanhamento de saúde periódico e realização de exames  laboratoriais, sendo o atendimento multidisciplinar essencial7

2. REVISÃO DE LITERATURA 

2.1 Importância do diagnóstico precoce. 

O Diagnóstico é feito através do reconhecimento médico de uma  anamnese bem detalhada e algumas alterações nos exames de sangue e  urina, também habitualmente utilizados para a definição final do diagnóstico.  Exames comuns de sangue e urina são úteis não só para o diagnóstico, mas  também são muito importantes para definir se há atividade do Lúpus  Eritematoso Sistêmico, embora não exista um exame que seja exclusivo 100%  específico, a presença do exame FAN (fator ou anticorpo antinuclear),  principalmente com títulos elevados, em uma pessoa com sinais e sintomas  característicos de LES, permite o diagnóstico com muita certeza8

Para receber um diagnóstico de LES é desafiador, haja vista que não há  critério específico bem definido, o Colégio Americano de Reumatologia criou  critérios em 1982 para a doença que foram revisados em 1997. Afirmou-se que  a partir de então para dar diagnóstico necessita-se de 4 dos 11 critérios, no  mínimo, devem estar presentes no momento do atendimento ou terem sido  manifestados antes desse momento. 

A necessidade do diagnóstico precoce se dá pelo fato das  manifestações clínicas interferem na qualidade de vida dos pacientes  acometidos como erupção em asa de borboleta, úlceras nasais e orais  indolores, alopecia não cicatricial em região frontal9-10

Devido risco maior de infecções, torna-se necessário a intervenção  precoce da doença a fim de melhor manejo, retardar remissão e inibir ativar da  patologia, sendo assim, menor risco de eventos consequentes à patologia,  como hematúria, síndrome nefrítica, miocardite lúpica, entre outras  consequências da má adesão ao tratamento e diagnóstico tardio11.  

2.2 Qualidade de vida do paciente

Em primeiro aspecto, é válido ressaltar que a autoimunidade e o processo  inflamatório da LES estão intimamente relacionados à alimentação, visto que estes  são causados por dislipidemia, obesidade, hipertensão arterial sistêmica e síndrome  metabólica. Esses aspectos devem ser analisados para diminuição do risco  cardiovascular dos pacientes, visto que os indivíduos portadores de LES têm  predisposição aumentada para transtornos no sistema circulatório12

O tratamento de Lúpus Eritematoso Sistêmico engloba medidas complexas  que requer participação ativa do paciente, visto que não há um remédio que cure a  doença, fazendo com que não existam tratamentos iguais para todos os pacientes,  diferenciando também a eficácia destes. Diante disso, as pesquisas geralmente, ao  invés de avaliar eficácia global de tratamento, procuram verificar os efeitos na  recuperação e/ou na manutenção da função dos órgãos comprometidos, bem como  os efeitos colaterais provocados por estas drogas e a importância desses efeitos na  qualidade de vida. Os medicamentos utilizados no tratamento do LES, apesar de  serem muito eficazes, geralmente podem causar diversos efeitos secundários,  estes que são, felizmente, em sua grande maioria, atenuados ou extintos quando  a dose da terapêutica for diminuída, ou quando se retira o uso do medicamento14

Sendo a doença crônica uma ruptura no curso da vida, a tendência da pessoa  é passar por diferentes momentos de crise que a fazem refletir sobre toda a vida  passada, rever todos os seus valores e definir prioridades em função das suas atuais  limitações e possibilidades, mulheres portadoras de LES, observando que seus  discursos poderiam ser agrupados em duas categorias: uma voltada  exclusivamente para a evolução da doença e outra voltada para preocupação  com qualidade de vida e outras conquistas como constituir uma família, estudar,  trabalhar, reformar a casa e adquirir bens. 

As alterações de pele e a fotossensibilidade comprometem a esfera psicossocial, afetam a autoimagem e causam constrangimento, a qualidade de vida  dos indivíduos portadores de LES nem sempre está relacionada com o estado  imunológico ou o processo inflamatório da doença, mas com fatores psicossociais, ansiedade, depressão, sono não reparador e dores articulares e musculares. 

O processo de adaptação a que a mulher se vê obrigada nas fases de evolução da doença é uma das principais causas de alterações emocionais negativas, como medo e ansiedade15-16. As reações mais comuns nas fases mais críticas da doença estão voltadas a manter o equilíbrio emocional, a conservar a autoimagem satisfatória, a preservar as relações familiares e sociais e a dissipar as incertezas quanto ao futuro.  A mulher, ao adoecer e conviver com a cronicidade, depara com limitações,  consequências do tratamento, desgaste e sofrimento17

3. METODOLOGIA 

O atual estudo se constitui como uma Revisão de Literatura, com caráter  descritivo. A estratégia de identificação e seleção dos estudos foi por busca na base  de dados Medline, Scielo, Sociedade Brasileira de Reumatologia e Google  Acadêmico. Os critérios de inclusão pré-determinados para compilar o referencial  teórico são 1) Artigos que se alinhavam ao eixo temático proposto 2) Artigos em outros  idiomas além do Português, como Inglês. Entre os critérios de exclusão: 1) Artigos  que discorriam sobre lúpus eritematoso sistêmico com foco em outras comorbidades.  Os pesquisadores estavam sujeitos à coleta e análise dos dados ao longo do  desenvolvimento da pesquisa. Usou os descritores: Lúpus, diagnóstico, qualidade de  vida. Os benefícios sobrepõem qualquer risco, visto que, visa à evidenciação da  importância em relatar o diagnóstico precoce e como a patologia interfere na  qualidade de vida dos portadores. Afastando qualquer interesse pessoal ou financeiro  relativos aos dados coletados, afirmando o puro interesse científico para avaliar  características de prevalência pré-estabelecidas de acordo com os objetivos pautados  na pesquisa. 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O Lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica cujas  manifestações clínicas comprometem a qualidade de vida, com implicações nas mulheres em idade fértil, visto que são o público mais acometido. O LES é associado a depressão e ansiedade após a ativação da doença. 

Apesar dos avanços diagnósticos favorecendo a identificação precoce, parte  desse grupo evolui com desfechos desfavoráveis, tanto por fatores controláveis como  dificuldade de diagnóstico por clínico geral, acesso a médicos especialistas, não  adesão a fatores de mau prognóstico, falta de individualização do tratamento segundo  à realidade local e dificuldade de acesso a exames complementares, além de fatores  inerentes ao paciente, como predisposição genética, dietéticos e imunológicos. 

Mediante a isso, torna-se importante e necessário a divulgação para que os  profissionais que atendem na rede básica e em todo o sistema, possam identificar a  patologia precocemente e tratar na fase inicial, a fim de reduzir os acometimentos  sistemáticos, diminuindo então a capacidade funcional e emocional dos pacientes. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

1. Pereira, G. E. T., e Dias, G. S., Machado, V. G. A., Ferreira, O. A.,  Coelho, I. A. C., Vieira, J. M., Freitas, V. C., Pereira, G. H. G., & da Costa, M.  E. (2023). A relação entre a dieta e o Lúpus Eritematoso Sistêmico: uma revisão  integrativa. Brazilian Journal of Health Review, 6(3), 11071–11083. 

2. TEDESCHI, Sara K. et al. Padrões alimentares e risco de lúpus  eritematoso sistêmico em mulheres. Lúpus v. 29, n. 1, p. 67-73, 2020. 

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17. Minayo MCS, Harz ZMA, Buss PM. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência Saúde Coletiva 2000.


1Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, Brasil.
2Médico graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Mestre em Saúde Coletiva  pela Faculdade São Leopoldo Mandic Campinas, Brasil.
3Universidade de Rio Verde (UniRV) – Campus Formosa/GO, Brasil.
4Universidade Ceuma Campus Imperatriz – CEUMA, Imperatriz/MA, Brasil.