SAÚDE MENTAL DIANTE DAS POSSIBILIDADES ESCOLARES: UMA ÓTICA INTERVENTIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA

MENTAL HEALTH IN THE FACE OF SCHOOL POSSIBILITIES: AN INTERVENTIVE PERSPECTIVE IN CONTEMPORARY EDUCATION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8099810


Marcos Vitor Costa Castelhano1
Thaysa Maria Dantas Gonçalo2
José Alberto André Guimarães3
Aíres de Melo Silva4
Aldenice Barbosa dos Santos5
Rayssa Jamille Meneses Cavalcanti6
Wedson dos Santos Silva7
Jalisson Tiago Souza e Silva8
Siuzete Araújo dos Santos9
Thallyssa Thannaka da Silva Guimarães10
Kalenia Lígia Bezerra Jácome11
Daliany da Silva12
Elieide Maniçoba dos Santos Lima13


RESUMO

A saúde mental na escola abrange a possibilidade de integração dos meios educacionais como núcleo central para assistência dos sujeitos e da comunidade a partir de suas demandas especificadas, abarcando meios de intervenção preventiva e promotora perante contingências individuais-societárias. Desse modo, a saúde mental envolve um conjunto de políticas e formatações estratégicas frente das necessidades da sociedade contemporânea, contemplando modalidades executivas e institucionais como forma de prevenir, acolher e tratar o sujeito, assim como os aspectos coletivizados, mediante de fatores de adoecimento no contexto do funcionamento psíquico. Pensando nisso, o estudo aqui exposto objetiva possíveis modos de discussão-interventiva defronte das contingências da instituição escolar, tendo como plano de fundo as diretrizes teórico-práticas da saúde mental em sua natureza inter e multidisciplinar, (re)pensando sobre as caracterizações da saúde-doença presentes na educação contemporânea. Por meio dos elementos elaboradas, conclui-se que a saúde mental na escola compreende um conjunto de demandas subjetivas-coletivas imprescindíveis no berço civilizatório e vivencial da educação contemporânea, demonstrando que as intervenções, em seus níveis preventivos, promotores e de encaminhamento, são fundamentações e execuções essenciais nas pontuações inter e multidisciplinares, englobando, sobretudo, o corpo pedagógico e a comunidade escolar. 

Palavras-chave: Saúde mental; Intervenções; Educação; Contemporaneidade; Interdisciplinaridade.

ABSTRACT

Mental health at school encompasses the possibility of integrating educational means as a central nucleus for assisting subjects and the community based on their specific demands, encompassing means of preventive and promoting intervention in the face of individual-societal contingencies. In this way, mental health involves a set of policies and strategic formatting in view of the needs of contemporary society, contemplating executive and institutional modalities as a way of preventing, welcoming and treating the subject, as well as the collectivized aspects, through illness factors in the context of psychic functioning. With that in mind, the study presented here aims at possible modes of intervention-discussion in the face of the contingencies of the school institution, having as a background the theoretical-practical guidelines of mental health in its inter and multidisciplinary nature, (re)thinking about the characterizations of health -illness present in contemporary education. Through the elaborated elements, it is concluded that mental health at school comprises a set of subjective-collective demands that are essential in the civilizing and experiential cradle of contemporary education, demonstrating that interventions, in their preventive, promoting and forwarding levels, are foundations and essential executions in the inter and multidisciplinary scores, encompassing, above all, the pedagogical body and the school community. 

Keywords: Mental health; Interventions; Education; Contemporaneity; interdisciplinarity.

INTRODUÇÃO 

A saúde mental na escola abrange a possibilidade de integração dos meios educacionais como núcleo central para assistência dos sujeitos e da comunidade a partir de suas demandas especificadas, abarcando meios de intervenção preventiva e promotora perante das contingências individuais-societárias (VIEIRA et al., 2014). 

Desse modo, a saúde mental envolve um conjunto de políticas e formatações estratégicas frente das necessidades da sociedade contemporânea, contemplando modalidades executivas e institucionais como forma de prevenir, acolher e tratar o sujeito, assim como os aspectos coletivizados, mediante de fatores de adoecimento no contexto do funcionamento psíquico (VOLTOLINI, 2016).

Pensando nisso, o estudo aqui exposto objetiva possíveis modos de discussão-interventiva defronte das contingências da instituição escolar, tendo como plano de fundo as diretrizes teórico-práticas da saúde mental em sua natureza inter e multidisciplinar, (re)pensando sobre as caracterizações da saúde-doença presentes na educação contemporânea. 

No panorama de pesquisa, valeu-se do método de revisão narrativa com o intuito de organizar as informações e argumentações utilizadas durante a construção científica, tendo as bases digitais, a exemplo do Scielo e PePSIC, enquanto forma primordial de pesquisa.

Portanto, levando em consideração a pertinência das atividades e planejamentos em saúde mental nos âmbitos educacionais, seguem os demais tópicos voltadas à temática levantada, lapidando um olhar crítico para além dos aspectos superficiais. 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

A saúde mental converge diretamente com as interações dinâmicas expostas entre a educação, partido de suas variabilidades institucionais e metodológicas, e o berço comunitário, potenciando diferentes formatações interventivas perante da difusão de saberes e práticas a partir de um viés dialógico e inclusivo (CASTELHANO et al., 2023). 

Dentro desse discussão, deve-se ter em mente as diferentes definições e contextualizações de como a saúde mental está inserida, pois, como afirma Voltolini (2016), os âmbitos em saúde mental envolvem diferentes setores, aparatos e políticas relacionadas ao acolhimento dos sujeitos com demandas subjetivas singulares nas entrelinhas societárias. 

Partindo do pressuposto citado, segue um quadro contendo diferentes definições em saúde mental, levando em consideração as diretrizes individuais, coletivas e os enfoques de matriz psicológica-psicanalítica, como visto abaixo:

Quadro 1 – Possíveis significações contextuais em saúde mental.

Sentido individual Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental giraria em torno da capacidade do sujeito mediar com o seu funcionamento psicossocial, assim como com o seu bem-estar, mantendo níveis ótimos, possibilitando, sobretudo, a lapidação de habilidades perceptivas, compreensivas e interpretativas diante de sua realidade a partir de um viés adaptativo (BRESSAN et al., 2014). 
Sentido coletivo Segundo Pacheco (2009), a saúde mental também converge em suas acepções coletivas, uma vez que permeia as constantes tentativas e execuções expressas pela Reforma Psiquiátrica de forma globalizada, objetivando a valorização e acolhimento da dignidade dos sujeitos  com algum tipo de transtorno mental. 
Sentido psicanalítico Para Castelhano e Amorim (2022), os enfoques psicanalíticos contemplam novas formatações sobre a potência da saúde mental em suas amplitudes técnicas-vivenciais, abordando as mediações do tópicas-econômicas-dinâmicas do aparelho anímico através das esquemáticas individuais-coletivas, valorizando os fatores pulsionais-desejantes da vida psíquica, indo além das suposições unitárias de caráter nosológico. 

Fonte: Desenvolvido pelos autores. 

Diante do exposto, avista-se que as concepções paradigmáticas em saúde mental ultrapassam as indicações de natureza unilateral, podendo ser visualizada a partir de diferentes óticas e vertentes teórico-práticas, demonstrando a dinâmica em suas acepções subjetivas-coletivas meio dos campos vivenciais e técnicos. 

No âmbito escolar, Voltolini (2016) comenta que tais reflexões são penitentes frente dos diálogos intersetoriais e aplicativos, relativizando as tendências do biopoder e dos saberes psicologizantes, trazendo à tona o acolhimento do sujeito em seus papéis e singularidades, promovendo a construção de execuções cada vez mais assertivas nos panoramas metodológicos. 

Desse modo, Garcia (2016) pontua que a escola vai além de um mero espaço de aprendizagens em nível instrumental-profissionalizante, visto que os ambientes educativos são essenciais para as estimulações longitudinais mediante do universo interativo dos sujeitos, considerando o adoecimento psíquico como fruto da trajetória social e do neurodesenvolvimento do indivíduo em suas facetas multifatoriais. 

Todavia, apesar do valor imensurável da presença da saúde mental nos âmbitos educacionais, Soares e colaboradores (2014), em seu estudo de metodologia qualitativa, observam que os professores apresentam conhecimentos, domínios e materiais escassos no manejo e entendimento das temáticas associadas às diretrizes em saúde psíquica-emocional, fazendo-se necessário contatos diretos com as estratégias em promoção e difusão desses saberes. 

Para Wagner e Silva (2022), esboça-se como fundamental as diretrizes de rastreio em saúde mental, dado que os espaços escolares são representantes compreensivos das dinâmicas interpessoais, fomentando estratégias de análise e investigação de possíveis dificuldades psicológicas no corpo estudantil, preparando, de maneira eficiente, a equipe escolar, sobretudo os colaboradores pedagógicos. 

Em uma perspectiva psicológica, D’Abreu e Marturano (2011), por intermédio das aplicações do instrumento intitulado Development and Well-Being Assessment (DAWBA), observou-se uma alta prevalência de crianças com traços de transtornos mentais em ambientes escolares, revelando a necessidade motriz da criação de políticas públicas direcionadas a partir das provas em saúde mental. 

Nas contextualizações interventivas, Fleitlich-Bilyk e colaboradores (2014) abordam que o professor apresenta um posição dinâmica fundamental na execução das execuções da saúde mental da escola, edificando ações direcionadas por via da observação, investigação e intervenção perante das demandas subjetivas-coletivas expressas em seu meio educativo. 

Coadunando a afirmativa acima com a proposta do artigo, seguem algumas atitudes práticas que o professor pode desenvolver para a facilitação e difusão de saberes e estratégias em saúde mental na escola:

Quadro 2 – Possíveis atitudes práticas do professor diante das estratégias em saúde mental na escola 

Informar Atuações profissionais associadas às temáticas em saúde mental no contexto escolar, desenvolvendo um diálogo acolhedor e espontâneo, promovendo o debate de possíveis situações estressoras e potenciais reaplicações. 
Escutar O professor, quando procurado, deve-se manter uma postura acolhedora e respeitosa, lapidando uma comunicação não-julgadora. 
EncaminharO docente deve ter em mente os aparatos associados à perspectiva em saúde mental, facilitando possíveis encaminhamentos de casos que necessitam de uma assistência especializada. 
Solicitar ajuda quando necessário Manter contato com profissionais inter e multidisciplinares é uma tarefa primordial para as atividades em saúde mental na escola, servindo de apoio intersetorial-aparativo. 

Fonte: Adaptado de Fleitlich-Bilyk e colaboradores (2014)

Mediando do esboçado, apercebe-se que as execuções teórico-práticas do professor dentro e fora da escola podem servir de pilar estratégico nas mediações em saúde mental, fomentando, de forma cada vez mais assertiva, as interações entre os campos interdisciplinares em suas amplitudes setoriais e de funcionamento. 

Em resumo, elucida-se que a saúde mental, além de englobar diferentes panoramas conceituais e técnicos, abarca um conjunto de possibilidades interventivas perante da educação contemporânea, direcionando os seus potenciais técnicos defronte das atuações docentes, assim como das atividades intersetoriais e multidisciplinares. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio dos elementos elaboradas, conclui-se que a saúde mental na escola compreende um conjunto de demandas subjetivas-coletivas imprescindíveis no berço civilizatório e vivencial da educação contemporânea, demonstrando que as intervenções, em seus níveis preventivos, promotores e de encaminhamento, são fundamentações e execuções essenciais nas pontuações inter e multidisciplinares, englobando, sobretudo, o corpo pedagógico e a comunidade escolar. 

Em trabalhos posteriores, propõe-se o desenvolvimento de estudos científicos capazes de refletir e elaborar sobre as interações em saúde mental nos âmbitos metodológicos escolares-educacionais, visualizando de forma técnica-vivencial as postulações interventivas em suas eficácias experienciais.  

REFERÊNCIAS 

BRESSAN, R. A.; KIELING, C.; ESTANISLAU, G. M.; MARI, J. Promoção de saúde mental e prevenção de transtornos mentais no contexto escolar. In: ESTANISLAU, G. M.; BRESSAN, R. A. (Orgs). Saúde mental na escola. Porto Alegre: ARTMED, 2014. P. 37-48

CASTELHANO, M. V. C.; AMORIM, L. D. M. . A SAÚDE MENTAL E O ENFOQUE PSICANALÍTICO: UMA NOVA FORMA DE CONTEMPLAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA. REVISTA COOPEX, v. 13, p. 1-12, 2022.

CASTELHANO, M. V. C.; FILGUEIRAS, K. A. F. ; SANTOS, A. B. ; LEANDRO, G. A. S. ; SILVA, M. K. C. E. ; SILVA, W. S. ; GONÇALO, T. M. D. ; GUIMARAES, T. T. S. ; SILVA, M. A. F. . EDUCAÇÃO, COMUNIDADE E SAÚDE MENTAL: MEDIDAS FORMATIVAS NO ÂMBITO METODOLÓGICO. In: Marcos Vitor Costa Castelhano; Patrício Borges Maracajá; Flávio Franklin Ferreira de Almeida; Délis Sousa Benevides. (Org.). OS PROCESSOS EDUCATIVOS E AS CONTEXTUALIZAÇÕES ATUAIS: ESTUDOS SELECIONADOS. 1ed.Belém-PA: RFB Editora, 2023, v. 1, p. 11-20.

D’ABREU, Lylla Cysne Frota; MARTURANO, Edna Maria. Identificação de problemas de saúde mental associados à queixa escolar segundo o DAWBA. Psico, v. 42, n. 2, 2011.

GARCIA, Janaína Mandra. Saúde mental na escola: o que os educadores devem saber. 2016.

SOARES, Amanda Gonçalves Simões et al. Percepção de professores de escola pública sobre saúde mental. Revista de Saúde Pública, v. 48, p. 940-948, 2014.

VIEIRA, Marlene A. et al. Saúde mental na escola. Estanislau GM, Bressan RA, organizadores. Saúde mental na escola: o que os educadores devem saber. Porto Alegre: Artmed, p. 13-24, 2014.

VOLTOLINI, Rinaldo. Saúde mental e escola. Secretaria Municipal de Educação (Ed.). Caderno de debates do NAAPA: questões do cotidiano escolar, p. 81-95, 2016.

WAGNER, Flávia; SILVA, Katiane. RASTREIO EM SAÚDE MENTAL NA ESCOLA. Avaliação psicológica no contexto escolar e educacional, 2022.

PACHECO, J. G. Reforma psiquiátrica, uma realidade possível: representações sociais da loucura e a história de uma experiência. Curitiba: Juruá Psicologia, 2009.


1Graduado em Psicologia pelo Centro Universitário de Patos (UNIFIP). Sendo pós-graduado em Psicologia Escolar e Educacional.
2Graduada em Psicologia pela FIP.
3Licenciatura Plena em História. Pós-Graduação em História Geral – Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada. Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia – Faculdade Evangélica do Meio Norte.
4Formada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
5Mestre em Ciências da Educação. Pós -graduada em Educação de jovens e adultos. Graduada em Licenciatura Plena em Letra (Português/Inglês)
6Graduada em Psicologia pelo Centro Universitário de Patos (UNIFIP).
7Graduada em Letras/inglês pela Faculdade Candeias
8Formado em licenciatura em Matemática pela UERN: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
9Graduada em Pedagogia, tendo especialização na área de Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica 
10Graduada em Psicologia pela Unipê
11Formada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio Grande- UERN
12Graduada em Pedagogia pela Faculdade Excelência.
13Formada em Pedagogia pela Faculdade São Judas Tadeu