RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA EM PACIENTES COM TUBERCULOSE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8079290


Maria Veridiana Barbosa Lima1,3
Prof. Dr. Matheus Silva Alves2,3


RESUMO 

INTRODUÇÃO: A resistência antimicrobiana em pacientes com tuberculose é um problema de saúde pública global, que compromete a eficácia dos tratamentos e aumenta a morbidade e a mortalidade associadas à doença. A compreensão dos principais fatores relacionados à resistência antimicrobiana e seus impactos no tratamento e prognóstico da tuberculose é crucial para a adoção de estratégias de controle mais efetivas. 

OBJETIVOS: Realizar uma revisão integrativa da literatura sobre a resistência antimicrobiana em pacientes com tuberculose, buscando identificar os principais fatores associados a essa resistência e compreender como isso afeta o tratamento e prognóstico da doença. 

MÉTODOS: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em bases de dados científicas, como PubMed e Google Acadêmico, utilizando combinações de palavras-chave como “resistência antimicrobiana”, “tuberculose”, “resistência microbiana”. Foram incluídos estudos publicados entre os anos de 2017 e 2023 que abordassem a resistência antimicrobiana em pacientes com tuberculose. 

RESULTADOS: A análise dos estudos encontrados revelou que vários fatores estão relacionados à resistência antimicrobiana em pacientes com tuberculose. Entre os principais fatores identificados estão o uso inadequado de medicamentos antituberculose, falhas na adesão ao tratamento, exposição prévia a regimes terapêuticos inadequados, presença de comorbidades como o HIV, condições socioeconômicas desfavoráveis e acesso limitado a serviços de saúde. 

CONCLUSÃO: A resistência antimicrobiana representa um desafio significativo no tratamento da tuberculose. A compreensão dos fatores que contribuem para o desenvolvimento da resistência é fundamental para a implementação de medidas de prevenção e controle mais eficazes. Estratégias como o uso racional de medicamentos, o acompanhamento rigoroso dos pacientes durante o tratamento, a detecção precoce de casos de resistência e a melhoria do acesso a serviços de saúde são essenciais para combater a resistência antimicrobiana e melhorar os desfechos dos pacientes com tuberculose. É necessário investir em pesquisas contínuas para o desenvolvimento de novos medicamentos e terapias mais eficazes contra a tuberculose, a fim de superar os desafios apresentados pela resistência antimicrobiana e garantir o controle adequado dessa doença globalmente. 

Palavra-chave: Tuberculose. Resistência Microbiana. Medicamentos.  

ABSTRACT 

INTRODUCTION: Antimicrobial resistance in patients with tuberculosis is a global public health problem that compromises the effectiveness of treatments and increases morbidity and mortality associated with the disease. Understanding the main factors related to antimicrobial resistance and its impact on the treatment and prognosis of tuberculosis is crucial for the adoption of more effective control strategies. 

PURPOSE: To conduct an integrative literature review on antimicrobial resistance in patients with tuberculosis, aiming to identify the main factors associated with this resistance and understand how it affects the treatment and prognosis of the disease 

METHODS: A bibliographic search was conducted in scientific databases such as PubMed and Google Scholar, using combinations of keywords such as “antimicrobial resistance,” “tuberculosis,” and “microbial resistance.” Studies published between 2017 and 2023 that addressed antimicrobial resistance in patients with tuberculosis were included. 

RESULTS: The analysis of the studies found revealed several factors related to antimicrobial resistance in patients with tuberculosis. The main factors identified include inappropriate use of anti-tuberculosis drugs, treatment non-adherence, prior exposure to inadequate therapeutic regimens, presence of comorbidities such as HIV, unfavorable socioeconomic conditions, and limited access to healthcare services. 

CONCLUSION: Antimicrobial resistance represents a significant challenge in the treatment of tuberculosis. Understanding the factors that contribute to the development of resistance is crucial for the implementation of more effective prevention and control measures. Strategies such as rational use of medications, strict patient monitoring during treatment, early detection of resistance cases, and improvement of access to healthcare services are essential to combat antimicrobial resistance and improve outcomes for patients with tuberculosis. Continuous research investment is needed for the development of new and more effective drugs and therapies against tuberculosis in order to overcome the challenges posed by antimicrobial resistance and ensure adequate control of this disease globally.. 

Keywords: Tuberculosis. Microbial Resistance. Medications.. 

1. INTRODUÇÃO 

A tuberculose é uma doença infecciosa crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com Rabahi et al. (2017), a tuberculose é causada pelo Mycobacterium tuberculosis, um bacilo aeróbico com paredes celulares espessas e resistentes, que tornam a ação de muitos antibióticos menos eficaz. Essa característica única da bactéria dificulta o tratamento e a cura da doença. 

Entre os principais fatores de risco estão a exposição prolongada a indivíduos infectados, especialmente em ambientes superlotados e com pouca ventilação, como prisões e abrigos para pessoas sem-teto. Além disso, pessoas com sistema imunológico enfraquecido, como portadores do HIV/AIDS, têm maior suscetibilidade à tuberculose. O consumo excessivo de álcool e drogas ilícitas também pode comprometer a imunidade e aumentar o risco de contrair a doença. Condições socioeconômicas desfavoráveis, falta de acesso a cuidados de saúde adequados e má nutrição são fatores que contribuem para o aumento do risco de tuberculose em determinadas populações.  

Os sintomas da tuberculose incluem tosse persistente por mais de três semanas, febre baixa, sudorese noturna, perda de peso e fadiga. Segundo Barreira (2018), a transmissão da doença ocorre de pessoa para pessoa por meio da inalação de aerossóis contaminados com o bacilo.  

Estes sintomas geralmente se desenvolvem gradualmente e podem incluir, em estágios avançados da doença, a expectoração com sangue, falta de ar e dor no peito. É importante lembrar que muitas pessoas infectadas pelo Mycobacterium tuberculosis não apresentam sintomas, mas ainda podem transmitir a doença (RABAHI et al., 2017; BARREIRA, 2018). 

O diagnóstico da tuberculose envolve uma combinação de abordagens clínicas, laboratoriais e radiológicas. O primeiro passo é a suspeita clínica, baseada nos sintomas característicos da doença, como tosse persistente por mais de duas semanas, febre, perda de peso, suores noturnos e fadiga. Após a suspeita clínica, são realizados exames laboratoriais, como a baciloscopia, que busca identificar a presença da bactéria Mycobacterium tuberculosis em amostras de escarro do paciente. Além disso, a cultura de escarro e o teste molecular (como o PCR) podem ser utilizados para confirmar o diagnóstico. Exames de imagem, como radiografias do tórax ou tomografias computadorizadas, também podem ser realizados para identificar lesões pulmonares características da tuberculose. Em alguns casos, a biópsia de tecidos afetados pode ser necessária.  

O tratamento da tuberculose é baseado na administração de uma combinação de antibióticos por um período mínimo de seis meses, conforme Rabahi et al. (2017). No entanto, o abandono do tratamento é um problema comum, especialmente em países em desenvolvimento. De acordo com Ferreira et al. (2018), o abandono do tratamento pode ocorrer por vários motivos, como efeitos colaterais dos medicamentos, dificuldades para seguir o regime de tratamento ou falta de informação sobre a importância do tratamento completo. 

A resistência aos medicamentos utilizados no tratamento da tuberculose é uma problemática crescente e representa um desafio significativo no combate à doença. A resistência ocorre quando as bactérias responsáveis pela tuberculose sofrem mutações em seus genes, tornando-se imunes aos efeitos dos antibióticos. Esse fenômeno pode ocorrer tanto em pacientes que nunca receberam tratamento (resistência primária) quanto em pacientes que já foram submetidos a terapias anteriores (resistência adquirida).  

A resistência pode ser classificada em resistência à isoniazida (principal fármaco utilizado) e à rifampicina (outro antibiótico-chave). Quando a resistência surge, é necessário modificar o esquema terapêutico, utilizando medicamentos de segunda linha que são menos eficazes, mais tóxicos e geralmente mais caros. Isso pode prolongar a duração do tratamento, aumentar a complexidade e diminuir as chances de cura. Além disso, a resistência também pode levar ao surgimento de casos de tuberculose multidroga resistente (MDR-TB) e extensivamente resistente (XDRTB), que são formas ainda mais difíceis de tratar. 

Assim, este trabalho tem como foco a resistência antimicrobiana em pacientes com tuberculose, uma das principais preocupações em saúde pública na atualidade. A pergunta que norteia esta revisão integrativa é: “Quais são os principais fatores relacionados na literatura recente, acerca da resistência antimicrobiana em pacientes com tuberculose e como isso afeta o tratamento e prognóstico da doença?” 

O objetivo geral é realizar uma revisão integrativa da literatura sobre a resistência antimicrobiana em pacientes com tuberculose, com o intuito de compreender os principais fatores relacionados à resistência microbiana e seus impactos no tratamento e prognóstico da doença. Os objetivos específicos incluem: identificar os principais fatores relacionados à resistência antimicrobiana em pacientes com tuberculose, além de compreender como a resistência afeta o tratamento e prognóstico da doença. 

2. MÉTODOS 

Casuística 

O presente trabalho se trata de uma revisão integrativa de caráter qualitativo e descritivo, baseados na busca de artigos científicos publicados entre os anos de 2017 a 2023, identificando publicações sobre resistência antimicrobiana em pacientes com tuberculose. 

Coleta de Dados 

Para a realização da busca dos artigos foi utilizado a plataforma de buscas: Google Acadêmico. Os descritores utilizados foram: “tuberculose” e “resistência microbiana”. Os artigos selecionados foram nos idiomas inglês e português.  

Como critérios de inclusão utilizamos artigos que atendam aos objetivos da revisão integrativa e disponibilizados na íntegra com as temáticas: resistência antimicrobiana em pacientes com tuberculose e tratamento da tuberculose. Já os critérios de exclusão foram: Artigos não disponibilizados na íntegra, resumos, resenhas e os artigos que estavam fora do período definido, artigos duplicados e que não respondiam a temática proposta da revisão. 

Análise de Dados 

Depois de coletar os dados, foi realizada a análise dos artigos selecionados e as informações mais relevantes foram organizadas no Quadro 01. A partir disso, foi realizada uma revisão integrativa para discutir os resultados. 

Em relação aos aspectos éticos da pesquisa, o presente trabalho não necessita de submissão ao comitê de ética, pois as revisões de literatura não estão contempladas na resolução 466 de 2012.  

3 RESULTADOS 

Inicialmente, conforme foi descrito na metodologia, foram encontrados 1150 artigos na base de dados Google Acadêmico, publicados no período descrito. Após a aplicação prévia dos critérios de segmentação por período 471 foram encontrados, a partir da aplicação dos critérios de inclusão, 90 artigos foram pré-selecionados para leitura de título, ou seja as dez páginas iniciais com os resultados mais relevantes definidos pelo próprio mecanismo de busca.  

No entanto, conforme os critérios de exclusão citados na metodologia estabelecida, foram excluídos 45 artigos, restando apenas 45 para leitura do resumo e em seguida 14 na íntegra. Os demais, apesar de trazerem informações relevantes, fugiram do objetivo do trabalho, uma vez que abordaram outros aspectos. 

As etapas de identificação, seleção e elegibilidade realizadas para escolha da amostra desta revisão estão descritas na Figura 1. 

Figura 1. Fluxograma dos artigos incluídos na revisão.

Título do Trabalho Autores Periódico Considerações relevantes do trabalho 
Precisão Diagnóstica do Sequenciamento Completo do Genoma para Medicamentos de TB PAPAVENTSIS, D. et al. Clinical Microbiology and Infection, v. 23, n. 2, p. 61-68, 2017. O sequenciamento completo do genoma pode ser considerado uma alternativa promissora aos métodos existentes de teste fenotípico e molecular de susceptibilidade a medicamentos para rifampicina e isoniazida, aguardando a padronização de pipelines analíticos. Para garantir a relevância clínica do sequenciamento completo do genoma para a detecção de resistência a medicamentos do complexo Mycobacterium tuberculosis, estudos futuros devem incluir informações sobre resultados clínicos. 
Tuberculose: perfil epidemiológico no estado de Santa Catarina, fatores de risco e resistência microbiana GNIECH, ANA LAÍSA et al. Revista Multidisciplinar em Saúde, v. 2, n. 1, p. 1-1, 2021. A análise dos fatores de risco é indispensável para o manejo adequado da tuberculose, sendo necessário ampliar a cobertura de testagem para detecção e combate à resistência medicamentosa. 
Resistência microbiana: uma análise dos casos de tuberculose resistente TELES, TAIS SÁ et al. Caderno de física da UEFS 17 (02): 2607.1-13 2019 O uso racional dos fármacos associado a medidas não-terapêuticas pode prevenir a resistência microbiana. A adesão ao tratamento anti-TB e a busca por melhorias na qualidade de vida dos portadores são fundamentais para evitar a resistência secundária. 
Descrição do perfil de resistência microbiana das infecções relacionadas à assistência à saúde de um hospital de doenças infectocontagiosas de uma capital do Nordeste brasileiro SOUZA, E. E. S. Revista Multidisciplinar em Saúde, v. 4, n. 3, p. 1-1, 2021. O estudo mostra elevada frequência de multirresistência principalmente em bactérias Gram-negativas. É importante haver controle mais eficaz para redução e prevenção da disseminação de micro-organismos multirresistentes. 
Tuberculose multirresistente: o uso de agentes imunomoduladores como alternativa terapêutica VOGADO, R. P. et al. Revista Científica Online, 2022 O uso de agentes imunomoduladores como terapias direcionadas ao hospedeiro tem se apresentado como uma promissora linha de intervenção para reduzir os efeitos colaterais e óbitos causados pelas cepas multirresistentes do Mycobacterium tuberculosis. O tipo de resposta imune associada a uma resposta inflamatória equilibrada é de extrema importância para um melhor prognóstico. 
Resistência microbiana a antibióticos: mecanismos e impactos na saúde MOURA, A. A. Et al. Anais de enfermagem do UNIFUNEC, 2017 A pressão seletiva do uso indiscriminado de antibióticos pode ampliar a resistência bacteriana, que ocorre devido a múltiplos mecanismos e fatores. Dessa forma, os antimicrobianos devem ser utilizados de forma racional e apropriada ao tipo de infecção, evitando desencadear mecanismos de resistência. A infecção hospitalar é uma das maiores causas de mortalidade no mundo. 
Frequência da resistência ao etambutol por Mycobacterium Tuberculosis: Uma revisão de literatura ALCÂNTARA. T. et al Revista Eletrônica Acervo Científico, 7, e1979, 2019 O estudo constatou uma baixa frequência de resistência ao medicamento em relação aos demais medicamentos estabelecidos como de primeira linha, de acordo com o local do estudo, para o tratamento da Tuberculose. 
Perfil da tuberculose droga resistente no município do Rio de Janeiro, 2013 a 2016 CUNHA, K. Monografia (Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva), 2019 É necessário fortalecer a Estratégia de Saúde da Família para a busca ativa dos sintomáticos respiratórios, visando detecção precoce dos casos de tuberculose e adoção do tratamento adequado, baixar a taxa de abandono ao tratamento e consequentemente diminuir as taxas de resistência. 
Desafios diante o tratamento farmacológico em pacientes com tuberculose (TB): uma revisão integrativa:  PEREIRA DE SOUSA , L. C. et al Revista de Casos e Consultoria, v. 13, n. 1, p. 2022 O tratamento farmacológico da TB traz inúmeros desafios aos pacientes, destacando-se os efeitos colaterais e as reações adversas como os principais, levando à desistência do tratamento. É necessário avanços no campo da ciência e da tecnologia para que se obtenha impacto significativo no tratamento da doença e nos serviços assistenciais. 
Novos fármacos antibacterianos: uma abordagem química, biológica e perfis de resistência AZEVEDO, L. B. et al. Clinical Microbiology and Infection, Volume 23, Issue 3, 2017, ISSN 1198-743X Os fármacos Sirturo®, Avycaz® e Sivextro® são ótimas opções para o tratamento da tuberculose resistente, de bactérias Gram negativas e bactérias Gram positivas, respectivamente. Existem diversas ações que podem ser realizadas para regulamentar o uso de antimicrobianos em humanos, animais e meio ambiente, sendo possível amenizar os danos futuros desse problema. 
Perfil epidemiológico do desfecho do tratamento da tuberculose em indígenas LEITE, T. R. O. Journal of Pharmacy & Pharmaceutical Sciences, 2017 O percentual de sucesso/cura variou ao longo do período estudado, sendo mais frequente entre indígenas do sexo masculino e na faixa etária de 20 a 59 anos. O percentual de insucesso/não cura foi mais frequente nos analfabetos e nos que não realizaram os exames de baciloscopia de escarro e não foram acompanhados por um profissional de saúde pela estratégia do tratamento supervisionado. Este estudo contribuiu para a ampliação do conhecimento científico acerca do perfil epidemiológico do desfecho do tratamento da tuberculose em indígenas, apresentando aspectos importantes sobre essa temática que é pouco explorada. 
Antituberculosis-drug resistance in the border of Brazil with Paraguay and Bolivia/Resistencia as drogas antituberculose na fronteira do Brasil com Paraguai e Bolivia MARQUES, M. et al. Revista Panamericana de Salud Publica, 2017 O estudo identificou características associadas à resistência, como tratamento prévio, residência em região de fronteira, presença de diabetes e história de alcoolismo. Recomenda-se ações conjuntas de saúde com os países fronteiriços, monitoramento dos níveis de resistência adquirida e adoção prioritária do tratamento diretamente observado entre pacientes com comorbidades. 
Mycobacterium tuberculosis drug resistance testing: challenges, recent developments and perspectives T. SCHÖN, P.  et al Clinical Microbiology and Infection, 2021 O artigo revisa os diferentes métodos e técnicas de abordagens fenotípicas e genotípicas para o teste de resistência a medicamentos em Mycobacterium tuberculosis. Aponta a complementaridade entre as abordagens e a necessidade de um método de referência de consenso para a determinação de MIC com o qual as inúmeras técnicas possam ser comparadas. 
Mycobacterium tuberculosis Complex Drug Resistance in a High Tuberculosis Incidence Area from the WHO Eastern Mediterranean Region MANSOORI, N.,  et al Journal of Pharmacy & Pharmaceutical Sciences, 2018 O estudo determinou o perfil de resistência de isolados do complexo M. tuberculosis aos medicamentos anti-TB de primeira linha em uma área de alta incidência de tuberculose no Irã. Foi observada uma associação estatisticamente significativa entre faixas etárias e qualquer padrão de resistência a drogas. A taxa de MDR-TB foi semelhante à relatada pela OMS para novos casos iranianos de outras regiões. 
Fonte: Autor, 2022.

4 REVISÃO INTEGRATIVA 

A resistência aos medicamentos anti-tuberculose pode surgir devido a diversas alterações fisiológicas nas células bacterianas. Um dos mecanismos mais comuns é a presença de mutações em genes específicos que estão envolvidos no alvo do medicamento (Leite, 2017; Marques et al., 2017). Essas mutações podem levar a alterações estruturais nas proteínas alvo, afetando a capacidade do medicamento de se ligar e inibir sua função. 

 Outro mecanismo fisiológico de resistência pode ser a diminuição da permeabilidade da membrana celular bacteriana (Schön et al., 2021). As bactérias resistentes podem desenvolver barreiras adicionais que impedem a entrada eficiente do medicamento nas células, reduzindo assim sua eficácia. 

 Além disso, a resistência também pode estar relacionada à ativação de sistemas de efluxo, nos quais as bactérias desenvolvem mecanismos para bombear ativamente o medicamento para fora de suas células. Isso evita que o medicamento alcance concentrações eficazes dentro das células bacterianas, reduzindo sua capacidade de erradicar a infecção. 

Esses mecanismos fisiológicos de resistência podem ocorrer isoladamente ou em combinação, tornando as bactérias do Mycobacterium tuberculosis cada vez mais desafiadoras de serem tratadas com os medicamentos disponíveis. É importante continuar investigando e compreendendo esses mecanismos para desenvolver estratégias mais eficazes no combate à tuberculose resistente aos medicamentos. 

Em resumo, os estudos abordam diferentes desafios relacionados ao tratamento farmacológico da tuberculose, como efeitos colaterais, reações adversas, resistência às drogas e perfil epidemiológico. Embora cada estudo tenha suas características e foco específico, eles convergem em destacar a necessidade de avanços científicos, novas opções terapêuticas e estratégias adequadas para enfrentar a resistência microbiana e melhorar os resultados terapêuticos no combate à tuberculose. 

O estudo de Gniech et al. (2021) intitulado “Tuberculose: perfil epidemiológico no estado de Santa Catarina, fatores de risco e resistência microbiana” destaca a importância da análise dos fatores de risco para o manejo adequado da tuberculose. 

O trabalho ressalta a necessidade de ampliar a cobertura de testes para detecção da resistência medicamentosa, demonstrando uma preocupação com a identificação precoce desses casos. 

Já o estudo de Teles et al. (2019), intitulado “Resistência microbiana: uma análise dos casos de tuberculose resistente”, enfoca o uso racional dos fármacos e medidas não-terapêuticas para prevenir a resistência microbiana. Os autores ressaltam a importância da adesão ao tratamento anti-TB e a busca por melhorias na qualidade de vida dos portadores como forma de evitar a resistência secundária. 

Em termos de semelhanças, tanto Teles et al (2019) quanto Gniech et al. (2021) mencionam a importância de investimentos em novos recursos e testes diagnósticos para melhorar o controle da tuberculose. Ambos os estudos também ressaltam a relevância de compreender os fatores de risco associados à doença. 

No entanto, há diferenças na abordagem dos estudos. Enquanto Gniech et al. (2021) concentra-se no perfil epidemiológico da doença no estado de Santa Catarina. Além disso, Teles et al. (2019) destaca o uso racional dos fármacos e medidas não terapêuticas como estratégias para prevenir a resistência microbiana. 

Ou seja, os estudos abordam a resistência microbiana na tuberculose, destacando a necessidade de investimentos em novos recursos, análise de fatores de risco e adoção de medidas preventivas. Enquanto alguns enfatizam os fatores socioeconômicos e a necessidade de melhoria dos recursos disponíveis, outros focam na importância da detecção precoce e manejo adequado dos casos (GNIECH et al., 2021), bem como o uso racional dos fármacos e a adesão ao tratamento (TELES et al., 2019). Essas abordagens complementares enfatizam a complexidade da problemática da resistência microbiana na tuberculose e a importância de uma abordagem multifatorial para enfrentá-la. 

O estudo de Souza (2021) destaca a elevada frequência de multirresistência, principalmente em bactérias Gram-negativas, e ressalta a importância de um controle mais eficaz para reduzir a disseminação de micro-organismos multirresistentes. Por sua vez, o estudo de Vogado et al. (2022) foca na tuberculose multirresistente e destaca o uso de agentes imunomoduladores como uma alternativa terapêutica promissora para reduzir os efeitos colaterais e óbitos causados pelas cepas multirresistentes do Mycobacterium tuberculosis

Já o estudo de Moura et al. (2017) explora a resistência microbiana a antibióticos de forma geral, evidenciando a pressão seletiva do uso indiscriminado de antibióticos, que pode ampliar a resistência bacteriana. Os autores destacam a importância de utilizar antimicrobianos de forma racional e apropriada, evitando o desencadeamento de mecanismos de resistência, e ressaltam que a infecção hospitalar é uma das principais causas de mortalidade no mundo. 

Em relação à tuberculose, o estudo de Alcântara et al. (2019) realiza uma revisão de literatura sobre a frequência de resistência ao etambutol pelo Mycobacterium tuberculosis. O estudo constata uma baixa frequência de resistência ao medicamento em relação aos demais medicamentos de primeira linha estabelecidos para o tratamento da tuberculose. 

Por fim, o estudo de Cunha (2019) foca no perfil da tuberculose droga resistente no município do Rio de Janeiro e destaca a necessidade de fortalecer a Estratégia de Saúde da Família para a busca ativa de sintomáticos respiratórios, a fim de promover a detecção precoce dos casos de tuberculose, adoção do tratamento adequado e diminuição das taxas de resistência. 

Em termos de aproximações, os estudos de Souza (2021) e Moura et al. (2017) destacam a importância do controle eficaz da resistência microbiana, seja para reduzir a disseminação de micro-organismos multirresistentes (Souza, 2021) ou para evitar o desencadeamento de mecanismos de resistência por meio do uso racional de antibióticos (Moura et al., 2017). Ambos os estudos ressaltam a relevância de medidas preventivas. 

Por outro lado, os estudos de Vogado et al. (2022) e Alcântara et al. (2019) se concentram especificamente na tuberculose. Vogado et al. (2022) explora o uso de agentes imunomoduladores como uma alternativa terapêutica promissora para a tuberculose multirresistente, enquanto Alcântara et al. (2019) se dedica a examinar a frequência de resistência a um medicamento específico, o etambutol. 

O estudo de Cunha (2019) destaca a importância de fortalecer a Estratégia de Saúde da Família para a busca ativa de sintomáticos respiratórios no contexto da tuberculose, droga resistente. Esse estudo se aproxima dos demais ao ressaltar a necessidade de detecção precoce dos casos de tuberculose, adoção do tratamento adequado e diminuição das taxas de resistência, contribuindo para o controle efetivo da doença. 

Em síntese, os estudos abordam diferentes perspectivas da resistência microbiana em infecções relacionadas à assistência à saúde e à tuberculose. Embora haja uma variedade de enfoques, todos convergem na importância de medidas preventivas, como controle eficaz (SOUZA, 2021) e uso racional de antibióticos (Moura et al., 2017). Além disso, Vogado et al. (2022) apresenta uma abordagem terapêutica inovadora para a tuberculose multirresistente, enquanto Alcântara et al. (2019) contribui com uma análise específica da resistência ao etambutol. Por sua vez, Cunha (2019) ressalta a necessidade de fortalecer a Estratégia de Saúde da Família para o enfrentamento da tuberculose, droga resistente. 

Os estudos abordam ainda desafios específicos relacionados ao tratamento farmacológico da tuberculose (TB) e suas implicações para os pacientes. O estudo de Pereira de Sousa et al. (2022) destaca os efeitos colaterais e as reações adversas como desafios significativos, levando à desistência do tratamento. Os autores ressaltam a necessidade de avanços científicos e tecnológicos para obter um impacto significativo no tratamento da TB. Esses desafios se assemelham ao estudo de Vogado et al. (2022), que também destaca a importância de novos fármacos para enfrentar a tuberculose multirresistente. 

O estudo de Azevedo et al. (2017) aborda a busca por novos fármacos antibacterianos, resaltando o potencial de medicamentos como Sirturo®, Avycaz® e Sivextro® para o tratamento de diferentes tipos de tuberculose resistente e de bactérias Gram negativas e positivas. Embora esse estudo se concentre na busca por novas opções terapêuticas, há uma conexão com os desafios mencionados por Pereira de Sousa et al. (2022), pois a introdução de novos fármacos eficazes pode ajudar a superar os obstáculos relacionados aos efeitos colaterais e à resistência. 

No estudo de Leite (2017), o foco é no perfil epidemiológico do desfecho do tratamento da tuberculose em indígenas, abordando aspectos como sexo, faixa etária, nível de escolaridade e acompanhamento médico durante o tratamento. Embora esse estudo se diferencie dos demais em termos de população estudada, contribui para o conhecimento científico sobre o perfil epidemiológico do desfecho do tratamento da tuberculose, o que pode auxiliar na identificação de estratégias específicas para melhorar os resultados terapêuticos. 

O estudo de Marques et al. (2017) analisa a resistência às drogas antituberculose na fronteira do Brasil com Paraguai e Bolívia, identificando características associadas à resistência, como tratamento prévio, residência em região de fronteira, presença de diabetes e história de alcoolismo. Esse estudo destaca a importância de ações conjuntas de saúde com os países fronteiriços e monitoramento dos níveis de resistência. Há uma conexão com o estudo de Cunha (2019), que enfoca o perfil da tuberculose droga resistente no município do Rio de Janeiro e ressalta a necessidade de fortalecer a Estratégia de Saúde da Família para melhorar a detecção precoce, o tratamento adequado e reduzir as taxas de resistência. 

Ou seja, os estudos abordam diferentes aspectos dos desafios no tratamento farmacológico da tuberculose. Pereira de Sousa et al. (2022) e Azevedo et al. (2017) destacam a importância de avanços científicos e tecnológicos para enfrentar os desafios relacionados aos efeitos colaterais e à resistência, embora Leite (2017) contribui para a compreensão do perfil epidemiológico do desfecho do tratamento da tuberculose em indígenas, apresentando aspectos relevantes sobre essa população específica.  

Marques et al. (2017), por sua vez, destaca a resistência às drogas antituberculose na região de fronteira do Brasil com Paraguai e Bolívia, ressaltando a importância de ações conjuntas de saúde e monitoramento dos níveis de resistência. 

Ao relacionar esses estudos com as pesquisas previamente mencionadas, podemos observar algumas conexões e diferenças. Os desafios apresentados por Pereira de Sousa et al. (2022), como efeitos colaterais e reações adversas, são abordados de forma mais específica no estudo de Leite (2017) em relação ao perfil de desfecho do tratamento em indígenas. Embora sejam estudos distintos, ambos ressaltam a importância de melhorar a tolerabilidade do tratamento e a adesão dos pacientes. 

Além disso, Azevedo et al. (2017) aborda a busca por novos fármacos antibacterianos, o que pode ser relevante tanto para o tratamento da tuberculose multirresistente como para lidar com os desafios terapêuticos mencionados em outros estudos. A introdução de novas opções terapêuticas, como mencionado por Azevedo et al. (2017), pode contribuir para melhorar os resultados terapêuticos e enfrentar a resistência microbiana. 

Considerando os estudos mencionados anteriormente, como o de Vogado et al. (2022) e Cunha (2019), que destacam a necessidade de novos fármacos e o fortalecimento da Estratégia de Saúde da Família para enfrentar a tuberculose multirresistente, podemos identificar uma conexão com o estudo de Azevedo et al. (2017). Todos esses estudos compartilham a preocupação com a resistência microbiana e buscam abordagens terapêuticas inovadoras. 

5 CONCLUSÃO 

A resistência antimicrobiana é um problema crescente na tuberculose, com fatores como o uso indiscriminado de antibióticos e a má adesão ao tratamento contribuindo para essa resistência. A falta de novos medicamentos antituberculose agrava a situação. Para combater a resistência, é necessário implementar estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado, além de fortalecer os sistemas de saúde e promover a conscientização sobre a importância da adesão ao tratamento. Pesquisa contínua e desenvolvimento de novos medicamentos são essenciais para superar os desafios da resistência antimicrobiana e melhorar os resultados no tratamento da tuberculose. 

 Em conclusão, a resistência antimicrobiana na tuberculose representa um desafio significativo, afetando o prognóstico dos pacientes. Ações como a redução do uso indiscriminado de antibióticos, a promoção da adesão ao tratamento e o investimento em pesquisa são fundamentais para combater a resistência e melhorar os resultados do tratamento. A conscientização e a colaboração multidisciplinar também desempenham papéis importantes nesse esforço. O combate à resistência antimicrobiana é crucial para garantir melhores resultados no tratamento da tuberculose e para a saúde pública global. 

REFERÊNCIAS 

ALCÂNTARA, R. T.; NASCIMENTO, C. S. A.; SANTOS TEMÓTEO, C. C.; SIQUEIRA CORREIA, J. P.; NASCIMENTO, A. B.; COSTA SILVA, L. G.; ARAGÃO, J. A. Frequência da resistência ao etambutol por Mycobacterium Tuberculosis: Uma revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Científico, v. 7, e1979, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.25248/reac.e1979.2019. 

AZEVEDO, L. B. et al. Novos fármacos antibacterianos: uma abordagem química, biológica e perfis de resistência. 2019. 

BARREIRA, Draurio. Os desafios para a eliminação da tuberculose no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 27, p. e00100009, 2018. 

CUNHA, K. C. S. Perfil da tuberculose droga resistente no município do Rio de Janeiro, 2013 a 2016. Monografia (Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva) – Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. 

FERREIRA, Melisane Regina Lima et al. Abandono do tratamento da tuberculose: uma revisão integrativa. Revista Enfermagem Contemporânea, v. 7, n. 1, p. 63-71, 2018 

GNIECH, A. L. et al. Tuberculose: perfil epidemiológico no estado de Santa Catarina, fatores de risco e resistência microbiana. Revista Multidisciplinar em Saúde, v. 2, n. 1, p. 1-1, 2021. 

LEITE, T. R. O. Perfil epidemiológico do desfecho do tratamento da tuberculose em indígenas. 2017. 

MANSOORI, N. et al. Mycobacterium tuberculosis Complex Drug Resistance in a High Tuberculosis Incidence Area from the WHO A7 Eastern Mediterranean Region. Journal of Pharmacy & Pharmaceutical Sciences, v. 20, n. 1, p. 428–434, 2018. https://doi.org/10.18433/J3J64H. 

MARQUES, M. et al. Antituberculosis-drug resistance in the border of Brazil with Paraguay and Bolivia/Resistencia as drogas antituberculose na fronteira do Brasil com Paraguai e Bolívia. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 41, n. 8, p. NA, 2017. Gale Academic OneFile, link.gale.com/apps/doc/A626504998/AONE?u=mlin_oweb&sid=googleScholar&xid=6 9ef931c. Acesso em: 4 maio. 2023. 

MOURA, A. A. et al. Resistência Microbiana a Antibióticos: Mecanismos e Impactos na Saúde. Anais de Enfermagem do UNIFUNEC, v. 3, n. 3, 2017. Disponível em: https://seer.unifunec.edu.br/index.php/ASAE/article/view/2798. 

PAPAVENTSIS, D., Casali, N., Kontsevaya, I., Drobniewski, F., Cirillo, D. M., & Nikolayevskyy, V. (2016). Whole genome sequencing of Mycobacterium tuberculosis for detection of drug resistance: a systematic review. Clinical Microbiology and Infection, 22(2), 93-98. doi: 10.1016/j.cmi.2016.09.008 

PEREIRA DE SOUSA, L. C. et al. Desafios diante o tratamento farmacológico em pacientes com tuberculose (TB): uma revisão integrativa: Challenges before pharmacological treatment in patients with tuberculosis (TB): an integrative review. Revista de Casos e Consultoria, v. 13, n. 1, e29405, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/casoseconsultoria/article/view/29405. Acesso em: 4 maio. 2023. 

RABAHI, Marcelo Fouad et al. Tratamento da tuberculose. Jornal brasileiro de pneumologia, v. 43, p. 472-486, 2017. 

SCHÖN, T. et al. Mycobacterium tuberculosis drug-resistance testing: challenges, recent developments and perspectives. Clinical Microbiology and Infection, v. 23, n. 3, p. 154-160, 2017. https://doi.org/10.1016/j.cmi.2016.10.022. 

SOUZA, E. E. S. (2021). Descrição do perfil de resistência microbiana das infecções relacionadas à assistência à saúde de um hospital de doenças infectocontagiosas de uma capital do Nordeste brasileiro [Trabalho de Conclusão de Curso]. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.rdeste brasileiro 

TELES, T. S. et al. Resistência Microbiana: uma análise dos casos de tuberculose resistente. Caderno de Física da UEFS, v. 17, n. 2, p. 2607.1-13, 2019. 

VOGADO, R. P. et al. Tuberculose multirresistente: o uso de agentes imunomoduladores como alternativa terapêutica. Revista Científica Online ISSN, v. 14, n. 6, p. 2022.


1Acadêmica do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA. 

2Docente do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA. 

3Laboratório de Biotecnologia, Universidade CEUMA.