IMPLEMENTATION EXPERIENCE OF A PROTOCOL TO SUPPORT PRENATAL CARE AT A FAMILY HEALTH UNIT IN MACEIÓ-AL
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8034187
Bianca de Oliveira Bomfim Barros1
Gabriela Moreira Lopes2
Renata Ferreira Lemos3
Camilla Monielyck Mendonça Guimarães4
Caio Nunes de Carvalho5
Taianne Maria da Cruz Rocha6
Thiago Araújo Pontes7
Osmar Kleddson Pinheiro Canuto Rocha8
Camila de Barros Prado Moura-Sales9
RESUMO: Introdução: A maternidade é um processo complexo de transformações que necessita de acompanhamento regular para prevenção e promoção da saúde da mãe e do bebê. A importância desse fato é evidenciada quando se identifica que a assistência ao pré-natal é o tema central dos três primeiros indicadores de saúde do Previne Brasil. O principal obstáculo encontrado na Unidade de Saúde (USF) relatada, que se relaciona com a assistência ao pré-natal, se dá pela dificuldade de captação precoce da gestante, a qual influencia diretamente na não realização em tempo hábil dos testes rápidos e da consulta odontológica, o que por conseguinte, prejudica esses indicadores de saúde. Objetivo: Relatar a experiência da aplicação do protocolo relacionado aos três primeiros indicadores de Saúde do Previne Brasil em uma USF de Maceió, Alagoas. Resultados: Notou-se que, ao comparar os dois quadrimestres estudados, os indicadores do Previne Brasil relacionados ao pré-natal da Unidade de Saúde, apresentaram uma melhora significativa. Conclusão: Analisou-se aumento nos três primeiros indicadores de saúde do Previne Brasil, o que provavelmente otimizou as consultas pré-natais e consequentemente influenciou na otimização da assistência à saúde gestacional das mulheres vinculadas à Unidade de Saúde desejada.
Palavras-chave: Saúde Pública. Pré-natal. Indicadores de Saúde. Previne Brasil. Saúde Coletiva. Gestantes.
ABSTRACT: Introduction: Motherhood is a complex process of transformations that requires regular monitoring for the prevention and promotion of the health of both the mother and the baby. The importance of this fact becomes evident when identifying that prenatal care is the central theme of the first three health indicators of Previne Brasil. The main obstacle encountered in the reported Health Unit (USF), related to prenatal care, is the difficulty in early detection of pregnant women, which directly affects the timely completion of rapid tests and dental consultations, consequently affecting these health indicators. Objective: To report the experience of implementing the protocol related to the first three health indicators of Previne Brasil in a Health Unit (USF) in Maceio, Alagoas. Results: It was observed that, when comparing the two studied quarters, the Previne Brasil indicators related to prenatal care in the Health Unit showed a significant improvement. Conclusion: There was an increase in the first three health indicators of Previne Brasil, which likely optimized prenatal visits and consequently influenced the optimization of gestational healthcare for women associated with the desired Health Unit.
Keywords: Public Health. Prenatal. Health Indicators. Previne Brasil. Pregnancy.
1 INTRODUÇÃO
A maternidade é um momento único na vida da mulher, desde o instante da descoberta até o momento do parto. Por ser um processo complexo de transformações, necessita de acompanhamento para redução de riscos, detecção precoce de malformações fetais e de doenças teratogênicas, além das orientações quanto aos cuidados necessários nesse ínterim. (Rodrigues, D. et al. 2022)
A importância desse fato é evidenciada quando identificamos que a assistência ao pré-natal é o tema central dos três primeiros indicadores de saúde do Previne Brasil, sendo estes: ‘’Proporção de gestantes com pelo menos seis consultas realizadas, sendo a primeira delas até a décima segunda semana de gestação”, “Proporção de gestantes com realização de exames para Sífilis e HIV” e “Proporção de gestantes com atendimento odontológico na Atenção Primária à Saúde”. (PORTARIA GM/MS Nº 102, 2022)
No ano de 2022, houve uma alteração do primeiro indicador de saúde do Previne Brasil, publicada em uma nota técnica da Portaria GM/MS 102/2022 (Portaria nº 2.979/GM/MS, 2022). Anteriormente, preconizava-se a captação da gestante antes da vigésima semana, com a nova regra, a captação precoce passou a ser considerada para fins estatísticos até a décima segunda semana gestacional.
A saúde pública no Brasil é financiada de maneira tripartite (Governo Federal, Estadual e Municipal), o programa Previne Brasil, instituído pela Portaria nº 2.979, 12 de novembro de 2019, é responsável pelo repasse federal, como um novo modelo de financiamento dessa esfera. Nesta portaria, o Ministério da Saúde modificou as formas de repasse de verbas para os municípios, as quais passaram a serem partilhadas baseando-se em três critérios: captação ponderada, pagamento por desempenho e incentivo para ações estratégicas (Quadro 1). (Portaria nº 2.979/GM/MS, 2022)
Esse modelo de financiamento tem como finalidade aumentar o acesso da população aos serviços da Atenção Primária e o vínculo entre os usuários e a equipe, além de aumentar a responsabilidade dos gestores e dos profissionais pelas pessoas que são assistidas (BRASIL, 2019).
Quadro 1 – Componentes do Programa Previne Brasil
| Captação ponderada | Pagamento por desempenho | Incentivo para ações estratégicas |
| Captação: pagamento por pessoa cadastrada (adscrita/vinculada) à equipe de Saúde da Família (eSF) e equipe de Atenção Primária (eAP).Ponderada: para definir o valor da transferência financeira, são aplicados pesos sobre a população cadastrada, considerando necessidades de saúde e custos assistenciais, com vista a garantia da equidade. | Pagamento pelos resultados de indicadores alcançados pelos municípios com eSF e eAP, equipes de saúde bucal e equipe multiprofissionais.O conjunto de indicadores é relacionado a áreas estratégicas e publicado em portaria. | Pagamento por equipes, serviços ou programas da APS. Cada equipe, serviço ou programa tem seu regramento específico. |
Fonte: Portaria nº 2.979/GM/MS, de 12 de novembro de 2019.
O município de Maceió, é dividido em 51 bairros, que englobam oito Distritos Sanitários (DS). A Unidade de Saúde da Família (USF) escolhida para implantação do protocolo, fica localizada no segundo distrito sanitário da cidade. Este abrange sete bairros da capital alagoana: Centro, Levada, Ponta Grossa, Pontal da Barra, Prado, Trapiche da Barra e Vergel do Lago (Figura 1). (Maceió, 2022)
Figura 1 – Subdivisão dos bairros pertencentes ao Segundo Distrito Sanitário da cidade de Maceió
Fonte: Plano Municipal de Saúde de Maceió 2022-2025
2 OBJETIVO
Relatar a experiência de implantação de um protocolo, criado pelos autores, através de dados da avaliação quadrimestral dos indicadores do Previne Brasil, em uma USF localizada no II Distrito Sanitário do Município de Maceió.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um relato de experiência da implantação e avaliação de um protocolo de captação precoce das gestantes cadastradas em uma Unidade de Saúde da Família do II distrito sanitário de Maceió-AL.
Inicialmente, foi realizado um levantamento da população adscrita às equipes que compõem a unidade, identificando o total de mulheres em idade fértil e de gestantes. Ademais, mapeou-se os serviços ofertados, assim como a presença de equipes de apoio matricial.
Para a elaboração do protocolo, se fez necessário entender os determinantes sociais da população. A fim de avaliar a situação do acompanhamento ao pré-natal, utilizou-se o relatório quadrimestral, com os resultados específicos relacionados a unidade analisada, dos três primeiros indicadores de saúde do Previne Brasil, são eles: Proporção de gestantes com pelo menos seis consultas pré-natal realizadas, sendo a 1ª até a 12ª semana de gestação, Proporção de gestantes com realização de exames para sífilis e HIV, e Proporção de gestantes com atendimento odontológico realizado; os quais foram disponibilizados pela Coordenação Geral de Atenção Básica e pela Coordenação Geral de Análise de Situação de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió.
A partir dos valores encontrados, comparou-se as metas pleiteadas pelo Previne Brasil publicadas na nota técnica Nº 12/2022-SAPS/MS com os dados supracitados. Diante dos resultados desfavoráveis, foram realizadas reuniões com as equipes de saúde da família para guiar a dinâmica dos atendimentos às gestantes baseando-se no levantamento bibliográfico dos Protocolo da Atenção Básica: Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde em conjunto com o Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa (Brasília, 2016) e Protocolos Assistenciais de Ginecologia e Obstetrícia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo, 2022). Após 12 meses, realizou-se uma nova análise dos indicadores citados.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com dados do e-SUS referentes ao terceiro quadrimestre de 2022, a USF possui, atualmente, uma população cadastrada de 5.795 habitantes, sendo 3.202 mulheres, dentre elas, 1820 estão incluídas na faixa etária fértil de 10 a 49 anos (Gráfico 1) e destas 228 estiveram gestantes durante esse período (Gráfico 2).
Gráfico 1 – Quantidade de mulheres em idade fértil que estão vinculadas à USF divididas por faixas etárias
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do e-SUS, cedidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, em 2023.
Gráfico 2 – Quantidade de gestantes vinculadas à USF, divididas por faixas etárias
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do e-SUS, cedidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, em 2023.
A assistência de saúde nessa USF, é prestada por duas equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), contando também com uma equipe de Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Essa unidade apresenta como grande impasse a distância do centro da comunidade após a mudança de endereço, o que dificulta o deslocamento de muitos usuários que antes tinham acesso facilitado pela proximidade. Além dessa problemática, a população encontra-se em situação de vulnerabilidade devido a violência urbana importante nos arredores da região, além da ausência de saneamento básico integral e funcional. (Maceió, 2022)
Na USF, são ofertados à população serviços de curativos, vacinação, citologias, testes-rápidos, tratamento supervisionado de doenças específicas como tuberculose e hanseníase, atendimento odontológico, além da consulta médica, puericultura e pré-natal. Quanto aos recursos materiais, são oferecidos equipamentos de proteção individual para os profissionais e serviço farmacêutico para retirada de medicamentos.
O principal obstáculo encontrado na Unidade de Saúde relacionado à assistência ao pré-natal, se dá pela dificuldade de captação precoce da gestante, a qual influencia diretamente a não realização em tempo hábil dos testes rápidos e da consulta odontológica. Ademais, a necessidade de orientar os técnicos de enfermagem sobre a importância da realização da pré-consulta de maneira adequada se soma às dificuldades anteriores, a exemplo da subestimação da pressão arterial que aumenta os riscos durante a gestação.
Ao analisar-se os indicadores do Previne Brasil do terceiro quadrimestre de 2021 percebeu-se que, de acordo com dados coletados através do Sistema Único de Saúde Eletrônico (e-SUS), 4% das gestantes da unidade estudada concluíram as seis consultas pré-natais antes da vigésima semana, quando a taxa pactuada com o Ministério da Saúde foi de 45%. (NOTA TÉCNICA Nº 3/2022-DESF/SAPS/MS)
No que se refere ao segundo indicador, a não realização dos testes rápidos no período adequado ocorre como consequência captação tardia da gestante, esta, por sua vez, é justificada por fatores como desatenção ao ciclo menstrual, distância física da Unidade de Saúde e desejo de ocultar a gestação de familiares. De acordo com os dados, a porcentagem alcançada de realização dos testes foi de 23% das gestantes, menos da metade do valor meta de 60%. (NOTA TÉCNICA Nº 3/2022-DESF/SAPS/MS)
Já quanto ao terceiro indicador, que preza pela consulta odontológica a com intuito de prevenir, principalmente, agravos de saúde bucal que possam comprometer a gestação e o bem-estar da gestante, além de evitar intercorrências fetais, teve como valor 10%, quando se esperava também 60% de comparecimento. (NOTA TÉCNICA Nº 3/2022-DESF/SAPS/MS)
Ademais, a assistência ao pré-natal pode ser prejudicada por outros fatores que são desencadeados a partir do estopim da não captação precoce da gestante. Sendo assim, tornou-se fundamental o desenvolvimento e aplicação de um protocolo que guie o percurso de todas as gestantes acompanhadas nesta unidade, bem como a capacitação técnica dos profissionais responsáveis pela pré-consulta. (Ministério da Saúde, 1998)
Quando se analisa os valores encontrados no Município, estudados no terceiro quadrimestre de 2021, percebe-se que estes também não são completamente favoráveis, o primeiro indicador apresentou o valor de 45% o segundo 68% e o terceiro 51%, isso significa que dois dos indicadores não alcançaram a meta proposta pelo Ministério da Saúde. (NOTA TÉCNICA Nº 3/2022-DESF/SAPS/MS)
A partir da análise e discussão dos dados acima decidiu-se aplicar um protocolo na tentativa de auxiliar o fluxo das gestantes na Atenção Básica da unidade estudada pertencente ao Segundo Distrito de Maceió.
Inicialmente, foi pactuado com toda a equipe da USF quais abordagens que necessitavam ser feitas. Os profissionais participaram de reuniões com os internos de medicina e médicos da unidade (Figura 2) para estabelecer um trabalho homogêneo e funcional. Só então, foi implementado um fluxograma (Figura 3) que orienta a gestante desde a primeira consulta até o momento do parto, o qual facilita todo o processo de trabalho da Unidade de Saúde.
Figura 2 – Imagens das reuniões realizadas pelos internos de medicina juntamente com os médicos das Equipes de Saúde da Família da Unidade
Fonte: Arquivo dos autores, 2022.
Figura 3 – Fluxograma da assistência ao pré-natal implementado na USF
Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.
Após a capacitação, os Agentes Comunitários de Saúde realizaram trabalho ativo na comunidade com a conscientização das mulheres vinculadas à unidade acerca da importância do conhecimento sobre o ciclo menstrual e atenção aos atrasos. Ademais, foi ressaltada a relevância da consulta no primeiro trimestre de gestação, além de esclarecer a existência do sigilo médico responsável por garantir que elas compartilhem a notícia da gestação apenas quando se sentirem confortáveis. A fim de reforçar esse discurso, foram utilizados panfletos educativos (Figura 4) distribuídos na USF e domiciliarmente.
Figura 4 – Paciente gestante vinculada à USF durante a ação na qual foram distribuídos os panfletos educativos
Fonte: Arquivo dos autores, 2022.
Estas ações realizadas são relevantes já que, quanto mais precocemente a gravidez for diagnosticada, problemas passíveis de cura e controle são detectados antecipadamente. Outrossim, sabe-se que o início tardio do pré-natal interfere na realização de outras ações profissionais, resultando absenteísmo nas consultas de pré-natal e não realização dos exames e tratamentos necessários, o que reflete em resultados materno-infantis prejudiciais.
A partir dessa iniciativa, o fluxograma criado pelos autores apresenta o seguinte curso: Após a realização da primeira consulta pré-natal, seja ela com o enfermeiro ou médico, a gestante deverá ser imediatamente direcionada para realização dos testes rápidos. Caso algum dos testes possuam resultados positivos, a paciente deverá ser direcionada para o tratamento.
Se a gestante positiva para sífilis, deverá ser prescrita e aplicada a primeira dose de penicilina benzatina no mesmo dia. Essa conduta é de extrema importância, visto que, nesta doença a intervenção terapêutica eficaz só se dá por meio da aplicação dessa medicação e deve ser realizada em até 30 dias antes do parto (ROEHRS, 2021) a fim de evitar a Sífilis congênita e suas complicações.
No que se refere ao HIV, diante de um teste rápido positivo a gestante receberá as primeiras orientações e um encaminhamento ao infectologista para o seguimento adequado de seu quadro, ato este também indispensável, em razão das repercussões negativas que a doença traz para o binômio mãe-filho, especialmente quando o diagnóstico é feito tardiamente, o que dificulta de modo exorbitante a inviabilização da transmissão vertical (TRINDADE, 2021).
O próximo passo foi realizado em conjunto com a odontologia. Acordou-se com esses profissionais a priorização do atendimento das gestantes nas terças-feiras, dia que as consultas de pré-natal geralmente ocorrem nesta unidade. Sendo assim, a gestante que passar pela enfermagem ou pelo médico, após a testagem rápida com resultados sem alterações, automaticamente deve ser encaminhada para odontologia e realizar a consulta no mesmo dia. Essa conduta, visa garantir o acompanhamento odontológico, já que no período gestacional, ocorrem mudanças hormonais fisiológicas que predispõem o aparecimento de cárie dentária, hiperplasia gengival, granuloma gravídico, xerostomia e gengivite, sendo esta última a mais comum devido a elevação do nível de progesterona que gera uma resposta inflamatória exacerbada (HARB, 2020).
Após a captação da mulher é importante mantê-las informadas a respeito dos cuidados necessários quanto à gestação e ressaltar a necessidade de um acompanhamento de pré-natal adequado, o que inclui também a pré-consulta. Visto que durante este momento são aferidos dados importantes da gestante como peso, altura e pressão arterial. A coleta inadequada dessas informações pode interferir diretamente no curso da gestação da mulher, a exemplo da aferição subestimada da pressão que pode mascarar uma pré-eclâmpsia e, consequentemente, alterar a classificação de risco da paciente, bem como o desfecho da gestação (BRASIL, 2010).
Nesse aspecto, foi realizada capacitação ministrada pelos internos de medicina e médicos para orientação dos técnicos de enfermagem (Figura 5) quanto às medidas antropométricas e aferição de sinais vitais com intuito de otimização da consulta e redução de erros na estratificação de risco da gestante, como supracitado no parágrafo anterior.
Figura 5 – Capacitação dos técnicos de enfermagem da USF
Fonte: Arquivo dos autores, 2022.
O trabalho foi consolidado com impressão em banner do fluxograma (Figura 6), que permanece na Unidade de Saúde para que possa ser seguido adequadamente. A implantação do fluxograma e realização da capacitação teve como intuito poupar tempo, evitar a evasão e facilitar a barreira da locomoção que é uma das principais queixas das pacientes, além de transformá-lo em protocolo perene na USF.
Figura 6 – Exposição do banner com o fluxograma criado pelos autores na USF
Fonte: Arquivo dos autores, 2022.
Notou-se que, após a implantação do protocolo na Unidade de Saúde, os indicadores do Previne Brasil associados ao pré-natal tiveram um aumento significativo quando comparados os dois quadrimestres citados. Para detalhar melhor o estudo, foram destrinchados os 3 primeiros indicadores separadamente, de acordo com cada Equipe de Saúde da família (Gráfico 3 e 4), logo após, calculou-se o valor integral dos indicadores da USF.
Gráfico 3 – Comparação de Dados do Previne Brasil da primeira ESF da USF do 3º quadrimestre de 2021 e 2022
Fonte: Arquivo dos autores elaborado com dados obtidos no Previne Brasil e e-SUS cedidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, 2022.
Gráfico 4 – Comparação de Dados do Previne Brasil da segunda ESF da USF do 3º quadrimestre de 2021 e 2022
Fonte: Arquivo dos autores elaborado com dados obtidos no Previne Brasil e e-SUS cedidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, 2022.
Relativo ao primeiro indicador de saúde do Previne Brasil, que se trata da proporção de gestantes com pelo menos seis consultas realizadas, sendo a primeira delas até a décima segunda semana de gestação, percebeu-se um acréscimo de 4 vezes se comparado ao valor do terceiro quadrimestre de 2021, mesmo com as alterações deste indicador realizadas no ano de 2022, que antes admitia a captação precoce até vigésima semana gestacional.
Quando se discute sobre a testagem rápida das infecções sexualmente transmissíveis em gestantes, destaca-se o fato que a captação dessas mulheres para realização do pré-natal é diretamente proporcional à realização desses testes, visto que, se a gestante não comparecer às consultas, terão menos oportunidades de realizá-los. Isso ressalta a influência direta do primeiro indicador nos dois indicadores seguintes.
A consulta odontológica, por exemplo, é imprescindível, porém a adesão na presente unidade era pouco significativa, justificando-se por diversos motivos, entre eles, o impacto da distância da Unidade de Saúde, a incompatibilidade de horário do profissional odontólogo com o horário das gestantes, além do desconhecimento sobre a importância da saúde bucal no período gestacional. A partir da implementação do protocolo, a adesão aumentou exorbitantemente, cumprindo a meta solicitada pelo Ministério da Saúde. Essas informações gerais estão contidas abaixo (Gráfico 5):
Gráfico 5 – Comparação de Dados do Previne Brasil da USF do 3º quadrimestre de 2021 e 2022
Fonte: Arquivo dos autores elaborado com dados obtidos no Previne Brasil cedidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, 2022.
5 CONCLUSÃO
Notou-se que, após a implantação do protocolo na USF, os indicadores do Previne Brasil associados ao pré-natal tiveram um aumento significativo, quando se compara os dois quadrimestres citados. Acredita-se que esta ação contribuiu para adesão ao pré-natal, tornando possível otimizar as consultas, influenciar positivamente na saúde da gestante que estão associadas à Unidade de Saúde, além de melhorar os três primeiros indicadores do Previne Brasil e, consequentemente, amplificar a arrecadação de recursos para que o Município possa distribuir entre as unidades. Essa conduta visa poupar tempo, evitar a evasão e facilitar a barreira da locomoção que é uma das principais queixas destes pacientes. Ademais, a implementação deste protocolo tem potencial para servir como exemplo para outras unidades de saúde de Maceió-AL.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. 1. ed. rev. Caderno de Atenção Básica n. 32. Brasília, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Equipe de colaboração: Fajardo, M. L. et al. Assistência pré-natal: normas e manuais técnicos (3ª ed.). Brasília: Ministério da Saúde. 1998.
Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 102, de 20 de janeiro de 2022. Brasília, DF: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 20 jan. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 2.979, de 12 de novembro de 2019. Institui o Programa Previne Brasil, que estabelece novo modelo de financiamento de custeio da Atenção Primária à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 13 nov. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres / Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico – 5. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Economia da Saúde, Investimentos e Desenvolvimento. Nota Técnica nº 3/2022-DESF/SAPS/MS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2022.
BRASIL. Plano Municipal de Saúde de Maceió. Maceió, 2022-2025.
DO CARMO, W. A importância do pré-natal odontológico. Revista Cathedral, v. 2, n. 3, p. 145-156, 1 set. 2020.
E SILVA, A. M. Atenção ao pré-natal, parto e pós-parto na perspectiva de mulheres atendidas na Rede Cegonha. Rio de Janeiro, 2016.
LOBO, L.C, et al. Characterization of the rapid test for HIV/AIDS, syphilis and viral hepatitis in pregnant women. O Mundo da Saúde, 43(2): 281-305. São Paulo, 2019.
LOPES, I. K. R. Autopercepção do pré-natal odontológico pelas gestantes de uma unidade básica de saúde. Revista Ciência Plural, 4(2):60-72, 2018.
1Discente do curso de Medicina
Fejal – Fundação Educacional Jayme Altavila
R. Cônego Machado, 918 – Farol, Maceió – AL, 57051-160
biancabomfimbarros@gmail.com
2Discente do curso de Medicina
Fejal – Fundação Educacional Jayme Altavila
R. Cônego Machado, 918 – Farol, Maceió – AL, 57051-160 gabrielamoreiralp@gmail.com
3Discente do curso de Medicina
Fejal – Fundação Educacional Jayme Altavila
R. Cônego Machado, 918 – Farol, Maceió – AL, 57051-160
renatinhaalemos3@gmail.com
4Discente do curso de Medicina
Fejal – Fundação Educacional Jayme Altavila
R. Cônego Machado, 918 – Farol, Maceió – AL, 57051-160
camillamonielyck25@gmail.com
5Discente do curso de Medicina
Fejal – Fundação Educacional Jayme Altavila
R. Cônego Machado, 918 – Farol, Maceió – AL, 57051-160
caionc12@gmail.com
6Discente do curso de Medicina
Fejal – Fundação Educacional Jayme Altavila
R. Cônego Machado, 918 – Farol, Maceió – AL, 57051-160
taianne.maria@gmail.com
7Médico pela Fejal
Fejal – Fundação Educacional Jayme Altavila
R. Cônego Machado, 918 – Farol, Maceió – AL, 57051-160
thiagopontesmail@gmail.com
8Médico pela Universidade Federal de Alagoas
Hospital Universitário Professor Alberto Antunes
Av. Lourival Melo Mota, S/N – Tabuleiro do Martins, Maceió – AL, 57072-900
osmar.rocha@cesmac.edu.br
9Doutora e Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Alagoas
Docente do curso de Medicina da Fejal
Fejal – Fundação Educacional Jayme Altavila
R. Cônego Machado, 918 – Farol, Maceió – AL, 57051-160
camila.mourasales@gmail.com