ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE RENAL CRÔNICO MEDIANTE A PANDEMIA POR COVID-19: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

NURSING ASSISTANCE TO THE CHRONIC KIDNEY PATIENT THROUGH THE COVID-19 PANDEMIC: AN EXPERIENCE REPORT

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8015655


Karoline Taveira Vasconcelos¹
Michelle Araújo Ruiz²
Beatriz Silva Oliveira³
Dalila de Alcântara Martins⁴
Lainny Coelho Rodrigues⁵
André Victor Rabelo Monteiro⁶
Sabrina Dias Gomes⁷
Sarah Raquel da Silva Pereira⁸
Wessyla Edryelle da Silva Rodrigues⁹
Priscilla Mendes Cordeiro¹⁰
Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque¹¹


RESUMO

O estudo tem como objetivo descrever a experiência vivenciada no projeto de extensão sobre os cuidados de enfermagem ao paciente renal mediante a pandemia por COVID-19. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo no formato de relato de experiência desenvolvido a partir das atividades realizadas em um Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), realizado no período entre 09/2020 e 12/2020, tendo como público-alvo pacientes renais crônicos e seus cuidadores e estudantes da área da saúde, em especial: a equipe de enfermagem. O projeto agrega conhecimento científico dinâmico e acessível, e promove informações pertinentes aos pacientes durante o período pandêmico. A reação do público digital gerou 275 visualizações, 388 curtidas e 88 comentários. Apesar das dificuldades enfrentadas, levando-se em consideração os obstáculos de se trabalhar utilizando as redes sociais, o projeto obteve sucesso e os resultados esperados alcançados com a publicação do material digital, proporcionando vivências para além da graduação, e contribuiu para a construção de um ensino que ultrapassa as barreiras físicas da academia.

Palavras-chave: Educação em Saúde. Doença Renal Crônica. COVID-19. Enfermagem.

ABSTRACT

This study aims to describe the experience lived in the extension project on nursing care for renal patients during the COVID-19 pandemic. This is a qualitative, descriptive study in the format of an experience report developed from the activities carried out in an Institutional Program of Extension Scholarships (PIBEX), of the Federal University of Amazonas (UFAM), carried out in the period between 09/2020 and 12/2020, targeting chronic kidney patients and their caregivers and health students, in particular: the nursing team. The project adds dynamic and accessible scientific knowledge, and promotes relevant information to patients during the pandemic period. The digital audience reaction generated 275 views, 388 likes and 88 comments. Despite the difficulties faced, taking into account the obstacles of working using social networks, the project was successful and the expected results achieved with the publication of digital material, providing experiences beyond graduation, and contributed to the construction of a teaching that goes beyond the physical barriers of the academy.

Keywords: Health Education. Chronic Kidney Disease. COVID-19. Nursing.

1. INTRODUÇÃO

As atividades de extensão universitária favorecem diretamente a comunidade interna e ou externa, ou seja, os acadêmicos juntamente com o corpo docente elaboram ações que podem ser adaptadas para o público geral a fim de realizar a promoção e prevenção da saúde de forma a garantir o bem estar social (NUNES et al., 2021). Diante disso, os acadêmicos e docentes optaram por desenvolver suas atividades através da educação em saúde na prevenção de contaminação por COVID-19 com o público renal.

A finalidade da educação em saúde é orientar, esclarecer dúvidas, prevenir doenças e/ou auxiliar na adaptação ao estado de saúde atual do paciente, contribuindo assim para o autocuidado e qualidade de vida. Para que isso seja possível, o acadêmico de enfermagem pode utilizar diversas ferramentas didáticas e tecnológicas, por exemplo, no caso da pandemia da COVID-19, foi necessário utilizar as redes sociais para compartilhar informações relacionadas ao paciente renal crônico. Nesse cenário, o discente de enfermagem é provedor e mediador de ações em educação em saúde (DANTAS et al., 2023).

O Ministério da Saúde (MS) define Doenças Renais Crônicas (DRC) como uma série de alterações que podem afetar tanto a função quanto a morfologia renal, acometendo principalmente a capacidade de filtração dos resíduos metabólicos do sangue através dos rins, sendo essas alterações presentes por um período igual ou superior a três meses, podendo ser causadas por diversos fatores e tendo muitos efeitos adversos (BRASIL, [s.d]; BASTOS et al., 2010).

A DRC, atualmente, é considerada um problema de saúde pública mundial, tendo em vista que tal doença apresenta impacto negativo sobre a qualidade de vida relacionada à saúde e uma elevada taxa de morbimortalidade. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o número de pacientes com DRC avançada que realizam diálise é crescente, chegando a mais de 140 mil atualmente, tendo como estimativa de que em 2040 seja a 5º maior causa de morte no mundo (SBN, 2022).

O tratamento da DRC é totalmente dependente do estágio em que se encontra o paciente, podendo haver o uso de medicamentos, dietas e restrição hídrica, em casos conservadores, ou Terapia de Substituição Renal (TSR), como hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal (ROSO et al., 2013).

A hemodiálise, por exemplo, é um processo realizado por uma máquina chamada de dialisador, também conhecida como “rim artificial”, que possui a capacidade de filtrar e depurar o sangue através de uma fina membrana, ou seja, faz a depuração de íons, ureia, creatinina e outras substâncias presentes no sangue do paciente (MERCADO-MARTINEZ et al., 2015; FERMI, 2010).

Esse processo é longo e complexo e, para isso, há necessidade de uma equipe de enfermagem bem preparada e especializada. A equipe de enfermagem precisa compreender a fisiopatologia da doença e quais efeitos o tratamento traz para o cliente. Ter noção de como reagir e que medidas tomar perante situações indesejadas que possam vir a acontecer, a fim de tornar o ambiente onde o paciente passa boa parte do seu tempo mais agradável, acolhedor e menos hostil, levando em consideração a difícil situação vivenciada no momento, sempre olhando para o cliente com um olhar de humanização, tendo em vista que o paciente é um ser que tem sentimentos e, muitas vezes, sente-se desmotivado a continuar o tratamento (ROSETTI; TRONCHIN, 2015; BITTAR et al., 2006; MASCARENHAS et al., 2011).

Em dezembro de 2019, na China, foram notificados casos de COVID-2019, doença causada pelo vírus SARS-CoV-2. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 30 de janeiro de 2020 anunciou que a epidemia de COVID-19 era uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional e em 3 de fevereiro de 2020, o MS do Brasil declarou um estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ZHU et al., 2019; SOHRABI et al., 2019; BRASIL, 2020).

A COVID-19 tem sido notificada em pacientes de diversas faixas etárias, com grau de letalidade variável. É sabido que pacientes com doenças prévias, como DRC, entre outras, apresentam quadros mais graves, podendo levar à morte (GUAN, 2020).

Clinicamente falando, a COVID-19 traz diversas complicações para pacientes nefrológicos, tendo em vista que estes pertencem ao grupo de risco. Por conta do vírus ser transmitido através do ar e por contato, a OMS recomendou que fosse feito isolamento social, a fim de evitar o contágio da doença. Tal medida implica diretamente no tratamento de pacientes renais crônicos que necessitam de diálise, pois os mesmos precisam locomover-se às Unidades de Diálise (ABREU et al., 2020).

Em 1 de março de 2020, a Diretoria da Sociedade Brasileira de Nefrologia e o Departamento de Diálise publicaram notas de recomendações a serem seguidas pelas Unidades de Diálise em meio à pandemia do novo Coronavírus: sendo o incentivo à frequente higienização das mãos com água e sabão por pelo menos 30 segundos e, caso não seja possível o uso de tais recursos, utilizar álcool em gel 70%; evitar tocar mucosas como olhos, boca e nariz; reforçar o uso de máscaras de pano pelos pacientes, porém caso haja diagnóstico positivo ou suspeita, os mesmos devem usar máscara cirúrgica; manter pelo menos 1 metro de distância de outras pessoas, respeitando o isolamento social. Práticas simples, mas que se realizadas com efetividade, podem evitar a propagação do vírus e promover a preservação da assistência aos pacientes com DRC (HWANG, 2020).

Diante disso, este estudo tem como objetivo descrever a experiência vivenciada no projeto de extensão sobre os cuidados de enfermagem ao paciente renal mediante a pandemia por COVID-19.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo no formato de relato de experiência desenvolvido a partir das atividades realizadas em um Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), realizado no período entre 24/09/2020 e 16/12/2020.

Primeiramente foi estipulado um público-alvo de pacientes renais crônicos e seus cuidadores e estudantes da área da saúde, em especial: a equipe de enfermagem, pela necessidade vigente na época da pandemia de COVID-19, que restringiu a circulação e ampliou os cuidados com a higiene em todo o mundo. Exclusivamente em Manaus-

Amazonas, houve um grande impacto na rotina dos profissionais de saúde e dos pacientes crônicos renais que necessitam de uma adaptação nova para melhor qualidade no seu tratamento, tendo em vista que no Estado ocorreu um caos nos hospitais públicos e privados com aumento de internações devido a primeira onda da pandemia de coronavírus.

Em seguida foram divididas as equipes, de forma aleatória, para que fossem feitas as pesquisas sobre DRC e os Cuidados que os pacientes renais crônicos e a equipe de enfermagem deveriam tomar durante essa nova realidade de pandemia. Assim, houve uma maior interação entre os estudantes participantes do projeto e universitários voluntários estudantes da área da saúde de outras Instituições de Ensino Superior, tais como: Universidade Federal do Amazonas (UFAM)- Unidade da Escola de Enfermagem de Manaus (EEM), Faculdade Estácio do Amazonas (ESTÁCIO), Centro Universitário Fametro (CEUNI FAMETRO) e Universidade Paulista (UNIP).

Os formatos em que os conteúdos seriam divulgados e de que forma seriam repassados ao público-alvo foram estipulados pela coordenadora e vice-coordenadora do projeto e ficou pré-determinado que seriam feitos infográficos e vídeos curtos com cores padrões (amarelo e azul) no Canva Pty Ltd. para deixar claro que se tratavam do mesmo assunto já que a publicação foi feita em duas redes sociais que falam de Saúde do Adulto e Alta Complexidade e não apenas sobre paciente e doenças renais.

Após determinação no WhatsApp do público-alvo, a divisão das equipes, a criação do conteúdo do trabalho e a divulgação da data em que ocorreria o evento, foram compartilhados os posts no Instagram e no Facebook em 2 dias de Web-exposição, realizados nos dias 20 e 21 de novembro de 2020.

2.1. Descrição das ações desenvolvidas conforme prevista no cronograma do projeto submetido

No mês de setembro de 2020, foi feito o levantamento de dados acerca de DRC e como lidar com pacientes nessas condições perante à pandemia do novo Coronavírus (COVID-19), mediante a leitura das notas oficiais da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Foram realizadas reuniões onde todos os integrantes do projeto, bolsistas e voluntários, puderam sanar dúvidas sobre o conteúdo e decidir sobre as atividades futuras.

O mês de outubro de 2020 foi destinado à confecção do material infográfico e pequenos vídeos sobre os temas previamente selecionados e no mês seguinte foi feita a divulgação do material produzido através das redes sociais do Grupo de Pesquisa de Enfermagem em Saúde do Adulto e Alta Complexidade do Amazonas.

2.2. Recursos didáticos utilizados

Foram utilizados aplicativos para a produção do material digital, como o Canva Pty Ltd.; redes sociais do Grupo de Pesquisa em Enfermagem em Saúde do Adulto e Alta Complexidade do Amazonas, Instagram e Facebook; grupos do WhatsApp voltados para pacientes renais crônicos e equipe de enfermagem.

2.3. Equipes e Quantidade de postagens

Participaram desse projeto 2 docentes e 16 discentes que foram divididos em 4 equipes de 4 integrantes, misturando acadêmicos de faculdades diferentes (UFAM- EEM, ESTÁCIO, CEUNI FAMETRO e UNIP), apenas do curso de enfermagem. Dentre os discentes, 3 eram bolsistas, 10 eram voluntários e 3 eram colaboradores externos, sendo esses um de cada faculdade onde não era desenvolvido o projeto.

Foram realizadas 14 postagens, a primeira foi convidando o público-alvo para a “Web-exposição da COVID-19- Para Paciente e Equipe de Saúde” com o Tema: “Cuidados na Nefrologia em Tempos de Pandemia por COVID-19”, e as demais postagens foram voltadas para os cuidados dos pacientes renais crônicos e equipe de enfermagem.

Houve 3 vídeos curtos (o primeiro com aproximadamente 1 minuto e 50 segundos, o segundo com aproximadamente 40 segundos e o terceiro com aproximadamente 50 segundos). E 10 postagens com 6-10 cards/imagens em formato de infográficos com imagens, todos com legendas que complementavam ou resumiam os tópicos ou conteúdos que foram apresentados nas postagens.

3. RESULTADOS

3.1. Resultados alcançados

Os materiais produzidos pelos discentes foram pautados tanto em dados científicos como na vivência de pacientes renais e profissionais que trabalham na área. O projeto agrega conhecimento científico dinâmico e acessível, e promove informações pertinentes aos pacientes durante o período pandêmico.

O espaço virtual agregou abrangência ao projeto, assim, as informações alcançaram um resultado satisfatório. Ao final, foram dez postagens em formato textual e com figuras e três postagens em formato audiovisual via Instagram. A reação do público digital gerou 275 visualizações (36,6%), 388 curtidas (51,7%) e 88 comentários (11,7%) (Gráfico 3).

Foram alcançados os objetivos da construção do material remoto, bem como a divulgação e publicação do mesmo. Levamos as informações aos profissionais de saúde e também aos pacientes renais, link das postagens foram enviados à enfermeira do serviço de hemodiálise de uma clínica em Manaus para compartilhar com os pacientes renais crônicos e ou transplantados.

3.2. Fatores de contribuição ou dificuldades

1 Proporcionou conhecimento científico de uma temática diferenciada aos discentes participantes;

2 Trouxe informação pertinente aos cuidados com os paciente renais, em diálise e/ou transplantados mediante a pandemia;

3 Dificuldade de chegar no público alvo como planejado, conseguimos, mas tivemos que utilizar de estratégias diferentes. O público de paciente renal no geral são pessoas que não possuem Instagram, por exemplo;

4 A temática renal é pouco abordada, mas muito importante principalmente nestes momentos que estamos passando.

3.3. Dificuldades sucedidas para o cumprimento das ações

Devido ao momento extraordinário vivenciado, não pôde-se fazer a divulgação do material produzido de forma presencial. A maior dificuldade definitivamente foi em relação à atingir nosso público alvo, sendo os pacientes portadores de doenças renais crônicas e a equipe de enfermagem, levando em consideração que é impossível o conteúdo chegar nas mãos de cada pessoa que necessita, porém foi feito o máximo para que o maior número de pessoas fosse atingido.

3.4. Relato de Experiência pelos discentes

Mediante a pandemia do COVID-19, se fez necessário o distanciamento social, sendo disposto medida de quarentena onde todos de uma forma geral, tiveram que se adaptar à situação. Com a comunidade acadêmica não foi diferente, incluindo os integrantes do grupo, onde tiveram que refletir, projetar meios e elaborar novas estratégias de ensino, em que se pudesse transmitir a informação correta. A utilização de novas ferramentas de ensino despertou a curiosidade e o empenho de todos.

A experiência com o PIBEX direcionado aos cuidados com pacientes renais foi de suma importância para a obtenção de conhecimentos na área em questão, e a utilização da tecnologia em favor da Educação em Saúde durante a pandemia do COVID-19, sendo uma estratégia de grande aprendizado.

Tratar de assuntos que não são debatidos no cotidiano da população, em geral, em uma linguagem de fácil entendimento trouxe um maior alcance ao público pela facilidade de reprodução. Primeiro, por ser algo emergencial, falar de uma doença que não têm as pesquisas suficientes para definir as medidas necessárias para proteção. Segundo, por ser pioneiro na divulgação de informações concretas sobre a doença e sua forma de proteger e atender de forma correta o público com a informação de novos cuidados e de rápido alcance.

Um projeto voltado aos cuidados de pacientes renais foi desafiador na medida que não se possuía contato prévio com a temática. Foram abordados os cuidados para pacientes transplantados, foi possível ouvir o relato de uma pessoa transplantada que agregou bastante ao trabalho, pesquisas e elaboração de arte para divulgar as informações reunidas no decorrer do projeto. Descobrir mais sobre os procedimentos e cuidados a serem tomados, com o foco em maior conhecimento de um assunto importante e não muito discorrido, despertou a curiosidade e disposição em aprender sobre os pacientes crônicos renais em suas dificuldades e a capacidade de lidar com essa doença.

Assim sendo, o formato à distância, apesar dos desafios inerentes a esse modo, trouxe consigo uma possibilidade de expansão do aprendizado para além das barreiras físicas, podendo assim levar informação a um público diversificado e abrangente. Além de realizar educação em saúde aos pacientes renais por meios digitais, demonstrou como a enfermagem pode se adaptar ao contexto, não deixando de realizar o cuidar em saúde mesmo em tempos difíceis. Demonstrando também o indispensável trabalho da equipe de enfermagem, de como sua atuação deve ser eficaz em prol dos cuidados desses pacientes.

3.5 Tabelas e Gráficos

Quadro 1 – Temas, Tipo de Conteúdo e Tópicos.

TEMASTIPO DO CONTEÚDOTÓPICOS
Postagem 1: CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVATextualInformações gerais aos pacientes com problemas renais + Intercorrências durante o tratamento Cuidados ao paciente em Hemodiálise + Cuidados do Paciente com COVID+ Cuidados do paciente com lesão renal aguda em UTI Equipe de enfermagem na atenção desses pacientes
Postagem 2: CUIDADOS DIRECIONADOS AOS PACIENTES EM USO DE HEMODIÁLISETextualAspectos gerais da Hemodiálise Consequências para um paciente renal crônico ao não realizar hemodiálise
Postagem 3: CUIDADOS DIRECIONADOS AOS PACIENTES EM USO DE HEMODIÁLISEAudiovisualAutocuidado para pacientes renais
Postagem 4: CUIDADOS DIRECIONADOS AOS PACIENTES EM USO DE HEMODIÁLISEAudiovisualAutocuidado para pacientes renais (sintomas)
Postagem 5: CUIDADOS DIRECIONADOS AOS PACIENTES EM USO DE HEMODIÁLISEAudiovisualAutocuidado para pacientes renais (fômites)
Postagem 6: VOCÊ CONHECE A DIÁLISE PERITONEAL?TextualCuidados voltados aos pacientes em Diálise Peritoneal
Postagem 7: CUIDADOS DIRECIONADOS A PACIENTES EM DIÁLISE PERITONEAL E O AUTOCUIDADOTextualPacientes em Diálise Peritoneal e o Autocuidado
Postagem 8: RECOMENDAÇÕES DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE DIÁLISE PERITONEAL PARA OS PACIENTES DURANTE A PANDEMIATextualRecomendações para pacientes renais em tempos de pandemia
Postagem 9: TRANSPLANTADO RENAL: CUIDADOS GERAIS EM TEMPOS DE CORONAVÍRUSTextualHigienização Isolamento Social Pode continuar trabalhando?
Postagem 10: POR QUE OS TRANSPLANTADOS PERTENCEM AO GRUPO DE RISCO PARA O COVID-19?TextualSistema Imunológico Medicamentos Imunossupressores Particularidades da pessoa com transplante renal
Postagem 11: TRANSPLANTADO RENAL: COMO DAR CONTINUIDADE AO ACOMPANHAMENTO AMBULATORIALTextualAtendimentos de rotina Atendimento Presencial
FRENTE À PANDEMIA?
Emergência
Postagem 12: O QUE OS TRANSPLANTADOS PODEM FAZER EM CASO DE CONTAMINAÇÃO COM A COVID-19?TextualO que posso sentir caso esteja infectado pelo coronavírus? Por que não devo procurar atendimento se não apresentar os sinais de alarme? UBS preferenciais para os casos suspeitos da COVID-19 em Manaus.
Postagem 13: DIREITOS QUE TODO TRANSPLANTADO RENAL PRECISA CONHECER:TextualLeis específicas para os transplantados renais
Fonte: Próprios autores, 2023.

Gráfico 1 – Interações do público com as publicações audiovisuais.

Fonte: Próprios autores, 2023.

Gráfico 2 – Interações do público com as publicações textuais.

Fonte: Próprios autores, 2023.

Gráfico 3 – Total de interações do público com as publicações.

Fonte: Próprios autores, 2023.

4. DISCUSSÃO

Pandemia por COVID-19: impactos e o novo normal na área da saúde e educação

Atrelado ao diagnóstico de DRC, está uma quantidade diversa de mudanças que o paciente enfrentará no seu cotidiano, haja vista o caráter incurável e progressivo, submetendo o mesmo a uma nova rotina, com novos desafios e limitações, que podem incluir distúrbios do sono, problemas nas relações interpessoais e vida profissional e acadêmica, além de o mesmo ter que adequar-se ao seu novo status de saúde, que inclui alterações nos hábitos alimentares e demais aspectos de sua vida (GALVÃO; DA SILVA; DOS SANTOS, 2018).

Sendo assim, faz-se necessário e parte imprescindível do tratamento, envolver e capacitar esse paciente, familiares e cuidadores, sendo o fator “família” um aspecto crucial no cuidado ao doente renal, visto que o suporte parece exercer influência sobre o autocuidado (ALMEIDA et al., 2019). Logo, tanto o paciente, como um protagonista das ações, quanto as pessoas ao redor, devem manter-se esclarecidas acerca da doença e suas repercussões.

No ano de 2020, com a Pandemia de COVID-19, houveram mudanças significativas no setor saúde, que precisou atender a demanda gerada pelos casos da doença, além de lidar com os pacientes portadores de Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), conduzindo as ações de saúde a fim de evitar uma superlotação do sistema. Desse modo, surge como uma aliada primordial a Telessáude, com o objetivo de minimizar o deslocamento dos pacientes aos serviços e consequentemente reduzir as chances de contaminação do mesmo (FERREIRA, 2020). Um estudo que objetivou comparar as mudanças de estilos de vida durante a pandemia, segundo a presença ou não de doenças crônicas não transmissíveis em adultos brasileiros, revelou um aumento no tempo de uso de computador/tablet de 30,6% nos pacientes com DCNT, mostrando que os veículos digitais podem ajudar na transmissão de informações sobre o quadro de saúde e também de atualizações para o paciente e cuidador (MALTA et al., 2021).

Outra grande mudança gerada pela pandemia foi no âmbito educacional, levando muitas universidades a adotar o modelo de Ensino à Distância (EAD), a fim de evitar prejuízos à formação dos alunos. Então, como alternativa para esse período surgem os projetos cujo meio de realização é o digital, através das redes sociais (CASTRO et al., 2020). Nosso projeto de extensão foi um deles, sendo o veículo de propagação principal o Instagram, por meio de “posts” sobre aspectos gerais da doença, direitos do paciente, transplante renal, além de cuidados específicos relacionados às modalidades de Diálise. Outras redes também foram incluídas no decorrer do projeto, como o WhatsApp e Facebook. Com uma linguagem coloquial que permitisse a compreensão de profissionais, estudantes e leigos, conseguimos um alcance significativo de pessoas, o que foi possível pelo rompimento das barreiras físicas, propiciado pelo uso das redes sociais.

Impactos do projeto e sugestões para edições futuras

O projeto pôde então alcançar um grande número de pessoas, sendo o engajamento total orgânico do Instagram, ou seja, sem incentivo financeiro, considerando visualizações, curtidas e comentários um total de 751 reações (Quadro 1; Gráfico 3), revelando-nos o grande alcance das postagens, e mostrando-nos também um feedback positivo da população, que se adaptou a esse modelo digital e dos alunos que puderam envolver-se nesse aprendizado coletivo (GARLET e DE FARIAS,[s.d]). outros projetos evidenciam os benefícios do uso das redes sociais como propagadoras de conhecimento pois acabam trazendo um aumento no número de pessoas beneficiadas por este, principalmente durante a quarentena (NUNES et al., 2021).

Como resultado, também houveram sugestões de melhorias, dentre elas destaca-se a necessidade de intervalo entre as postagens, para que haja um maior engajamento da população em cada post. Além disso, foi apontada como melhoria a criação de uma conta no Instagram específica apenas para o projeto em questão, tendo em vista que as publicações foram realizadas em uma conta ativa que abrangia outros projetos universitários. Tais pontos são apontados como uma aposta no desenvolvimento de mais projetos nessa modalidade, interativa e dinâmica.

Finalmente, o projeto teve grande impacto na vida dos participantes, que relatam ter tido uma imersão no assunto, além do feedback das ações por meio de comentários e reações dos seguidores gerarem uma resposta acerca dos principais interesses de quem está consumindo o conteúdo. Tudo isso contribui diretamente para a formação de futuros profissionais envolvidos em processos de conhecimento e capacitação contínua, em especial no que diz respeito às doenças crônicas, que vêm crescendo exponencialmente no país, sendo essa uma estratégia inovadora que envolve o paciente em seu cuidado, além de uma equipe multiprofissional, abrangendo a saúde de maneira integral (RIBEIRO et al., 2018).

5. CONCLUSÃO

Tendo em vista o momento atípico vivenciado pelo mundo inteiro, foi necessário que todos os âmbitos da sociedade se adaptassem, incluindo a educação, que precisou se reinventar. Mediante o novo cenário, o Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX) “Assistência de Enfermagem ao paciente renal crônico mediante a pandemia por COVID-19” precisou se adequar ao novo normal e trazer consigo um formato recém-chegado, o das plataformas digitais, que vêm ocupando um espaço cada vez mais acentuado no ambiente educacional. Foram executadas diferentes atividades durante o projeto, sendo essas iniciadas com um planejamento, cujo objetivo foi guiar as próximas tarefas, seguido da efetivação das mesmas, que consistiu na elaboração de um material digital voltado a pacientes e equipe de enfermagem, a respeito de medidas preventivas da COVID-19 e manejo do paciente renal crônico frente à pandemia.

Apesar das dificuldades enfrentadas, levando-se em consideração os obstáculos de se trabalhar utilizando as redes sociais, o projeto obteve sucesso e os resultados esperados foram alcançados com a publicação do material digital. Tal experiência, foi significativa na formação dos discentes envolvidos, visto que proporcionou vivências para além da graduação, e contribuiu para a construção de um ensino que ultrapassa as barreiras físicas da academia.

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¹Discente da Universidade Federal do Amazonas – UFAM

²Discente da Universidade Federal do Amazonas – UFAM

³Discente da Universidade Federal do Amazonas – UFAM

Enfermeira formada pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM

Enfermeira formada pelo Centro Universitário Fametro – CEUNI FAMETRO

Discente da Universidade Federal do Amazonas – UFAM

Enfermeira formada pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM

Enfermeira formada pela Universidade Paulista – UNIP

Enfermeira formada pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM

¹Professora Dra. da Universidade Federal do Amazonas – UFAM e Coordenadora do projeto ¹¹ Professora M.a da Universidade Federal do Amazonas – UFAM e Vice-coordenadora do projeto