PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE NA ONCOLOGIA – CUIDANDO DA FAMÍLIA NUMA SOCIEDADE DE RISCO

HEALTH PROMOTION AND PREVENTION IN ONCOLOGY – TAKING CARE OF THE FAMILY IN A RISK SOCIETY: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8007756


Beatriz Gonçalves de Castro 1, Maria Clara Galvão Fernandes 1,Maria Luiza Vargas Tristão1, Matheus Andrade Silva1, Luciano de Oliveira Souza Tourinho1


RESUMO

A promoção da saúde é entendida como conjunto de estratégias e formas de produzir saúde, no âmbito individual e coletivo, referindo-se ao fortalecimento da pessoa em risco de adoecer. Na oncologia, as causas genéticas sobressaem as multifatoriais, no entanto, tais doenças são passíveis de prevenção, cabe aos profissionais da saúde atuar continuamente na promoção, educação em saúde do indivíduo, família e comunidade. Objetivo: Apresentar a importância da promoção da saúde na oncologia, visando o cuidado da família na sociedade de risco. Método: Trata-se de uma revisão integrativa, realizada no período de janeiro e fevereiro por pesquisas nas bases de dados: PubMed, SciELO e LILACS, com os descritores: Estilo de Vida; Neoplasias; Promoção da Saúde e operador boleano “AND. Resultados: Analisou-se que o índice de mortalidade por câncer no Brasil é alto, sendo as alterações genéticas no DNA do indivíduo reconhecidas cientificamente como fatores de risco em familiares de pacientes com neoplasia, bem como outros fatores modificáveis em comum, o que torna a família uma sociedade de risco. Conclusão: Diante disso, é necessário o suporte profissional o qual deve abranger o autoconceito e o autocuidado visando a promoção da saúde, como estilo de vida saudável e rastreamento nos casos necessários.

Palavras-chave: Estilo de Vida; Neoplasias; Promoção da Saúde.

ABSTRACT

Health promotion is understood as a set of strategies and ways of producing health, both individually and collectively, referring to the strengthening of people at risk of becoming ill. In oncology, genetic causes stand out over multifactorial ones, however, such diseases are preventable, it is up to health professionals to continuously act in the promotion, health education of the individual, family and community. Objective: Present the importance of health promotion in oncology, aiming at family care in a risk society. Method: This is an integrative review, carried out in January and February through searches in the databases: PubMed, SciELO and LILACS, with the descriptors: Lifestyle; Neoplasms; Health Promotion and Boolean operator “AND. Results: It was analyzed that the cancer mortality rate in Brazil is high, with genetic alterations in the individual’s DNA scientifically recognized as risk factors in relatives of patients with neoplasia, as well as other modifiable factors in common, which makes the family a risk society. Conclusion: In view of this, professional support is necessary, which should cover self-concept and self-care aimed at promoting health, such as a healthy lifestyle and tracking in necessary cases.

Keywords: Lifestyle, Neoplasms; Health promotion.

INTRODUÇÃO

A oncologia é a ciência que busca estudar a etiologia do câncer bem como investigar quais as perspectivas de tratamento. No que se trata da abordagem ao paciente, a ciência conta com uma equipe multiprofissional disposta entre médicos, cirurgiões, radioterapeutas, enfermeiros, psicólogos e outros profissionais da área da saúde, assim, por meio da multidisciplinaridade há uma abordagem ao indivíduo, que contribui na construção e desenvolvimentos de diferentes meios de tratamentos complementares1.

A promoção da saúde é entendida como conjunto de estratégias e formas de produzir saúde, no âmbito individual e coletivo, referindo-se ao fortalecimento da pessoa em risco de adoecer2. Na oncologia, as causas genéticas sobressaem as multifatoriais, no entanto, tais doenças são passíveis de prevenção, cabe aos profissionais da saúde atuar continuamente na promoção, educação em saúde do indivíduo, família e comunidade, visto que os avanços nas últimas décadas foram evidentes, mas a equidade em relação à promoção da saúde e prevenção do câncer ainda não foi alcançada, sendo este o principal desafio para o século XXI3.

O modelo de atenção à saúde que temos hoje ainda está centrado na assistência curativa individual, com foco no atendimento hospitalar, no entanto, este modelo não tem resolvido os problemas de saúde da população como um todo. A atenção primária, com suas ações de promoção, prevenção e detecção precoce do câncer, deve ser vista como prioritária à atenção terciária. A Organização Mundial da Saúde prioriza as ações de prevenção no cuidado com as condições crônicas, enfatizando que é possível prevenir a maioria destas, e que, assim, toda a interação de saúde deve incluir a prevenção. Porém, há uma dificuldade na adesão e conhecimento de tais iniciativas, principalmente em condições socioeconômicas mais baixas2.

Frequentemente, em algumas culturas, a palavra câncer é um tabu e se a morte for consequência de um câncer, muitas vezes a causa atribuída será outra. As superstições são numerosas, até mesmo nas nações desenvolvidas onde o nível educacional para a saúde é considerado satisfatório3. No Brasil, é visível a dificuldade de algumas mulheres em submeterem-se ao exame ginecológico por vergonha de expor sua genitália, ou por outro lado, o hábito saudável e de proteção ao câncer, que é a ingestão de peixes e soja pelos indivíduos orientais. O amplo acesso da população a informações claras, consistentes e culturalmente apropriadas deve ser uma iniciativa dos serviços de saúde em todos os níveis4.

Tem ocorrido mudanças no sistema de cuidado à saúde, com o objetivo de transferir os doentes com doenças crônicas avançadas do cuidado hospitalar para o cuidado ambulatorial ou domiciliar. Com isso, aumenta a responsabilidade familiar com o cuidado do membro doente4. A família pode não estar preparada para assumir o cuidado, necessitando ser informada sobre a doença e o tratamento, principalmente em enfermidades como o câncer, além de receber instrução sobre habilidades técnicas para cuidar no domicílio e informações sobre a natureza e desenvolvimento da doença, para passível prevenção familiar. A rede e o apoio social são recursos que a equipe de saúde deve oferecer para melhoria da qualidade de vida das famílias, promovendo, fortalecendo e mantendo o bem-estar das pessoas3.

O estigma do câncer e as fantasias que envolvem a doença constituem um importante estressor para o doente e seus familiares, podendo causar grande sofrimento psíquico. Uma doença grave pode provocar a ruptura do equilíbrio familiar, uma vez que as alterações na dinâmica familiar se iniciam na fase pré-diagnóstica, quando do princípio dos sintomas, perpassam por todo o adoecimento e podem continuar após a morte ou cura da pessoa doente5.

A disponibilidade de certos recursos materiais, sociais e psicológicos pode ter um papel crucial na decisão do familiar tanto em relação à continuidade do cuidado em casa, quanto à efetividade do resultado. Assim, conhecer as necessidades de apoio apontadas por famílias de doentes oncológicos e as formas de apoio, intervenções e programas utilizados, auxilia na compreensão do tema e favorece o planejamento de ações adequadas às necessidades da clientela2.

A divulgação de informações acessíveis para a compreensão da sociedade sobre o câncer é de extrema importância, principalmente para pessoas leigas, que não possuem entendimento prévio sobre um determinado assunto. Ademais, a divulgação desse conhecimento auxilia como fator determinante para detecção precoce e contribui para o descobrimento dessa doença antes que esta esteja em um estágio mais avançado, por isso, a atenção primária à saúde é essencial, sendo responsável por esse rastreio de lesões precursora6.

O objetivo dessa incursão científica é apresentar a importância da promoção da saúde na oncologia, visando o cuidado da família na sociedade de risco.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão integrativa, realizada no período de janeiro e fevereiro por pesquisas nas bases de dados: PubMed, SciELO e LILACS, com os descritores: Estilo de Vida; Neoplasias; Promoção da Saúde e operador boleano “AND”. Desta busca encontraram-se 21 artigos, os inclusos foram: artigos nos idiomas português, inglês e espanhol; que abordavam as temáticas propostas para esta pesquisa. Os excluídos foram: artigos duplicados, disponibilizados na forma de iniciação científica, que não abordavam diretamente a proposta estudada. Após os critérios de seleção restaram 08 artigos, dos quais os resultados foram apresentados de forma descritiva no fluxograma 1.

Fluxograma 1: Seleção dos artigos da revisão integrativa.

Fonte: Elaboração própria.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao utilizar os descritores selecionados nos bancos de dados e após análise de todos os critérios supracitados, foram elencados 8 artigos. Para melhor avaliação dos mesmos, foram extraídos destes algumas de suas características: tipo de estudo, autores, ano de publicação, objetivos e principais achados como exemplificado no quadro 1.

Quadro 1 – Descrição dos artigos incluídos.

TIPO DE ESTUDOAUTORANOOBJETIVOSPRINCIPAIS ACHADOS
Estudo de casoAwadalla AW, Ohaeri JU, Gholoum A, Khalid AO, Hamad HM, Jacob A2007Avaliar a qualidade de vida subjetiva de pacientes ambulatoriais com câncer sudanesas estáveis e seus cuidadores familiares, usando o instrumento de qualidade de vida de 26 itens da OMS; comparar com grupos populacionais gerais pareados, bem como grupos de pacientes diabéticos e psiquiátricos; examinar a concordância paciente-cuidador nas avaliações; e avaliar as variáveis associadas à sua QV, com o objetivo de identificar fatores que possam melhorar a qualidade da assistência.Pacientes com câncer em condição estável e com suporte psicossocial podem esperar desfrutar de boa qualidade de vida com o tratamento. Os resultados constituem uma base de evidências para o programa de tratamento do câncer do país, para impulsionar a educação nacional em saúde sobre o prognóstico do câncer.
Estudo qualitativoBocchi SCM, Angelo M2008Compreender a experiência de cuidadores familiares de pessoas com AVC, acerca do apoio social, durante o processo de reabilitação de pessoa com AVC no domicílioAlém da recuperação da autonomia do doente, o apoio social é uma das variáveis intervenientes na qualidade de vida do binômio cuidador familiarpessoa dependente e, especificamente, relacionada à liberdade do cuidador retomar o seu plano de vida.
Estudo de natureza descritivaBrasil, INCA2020Apresentar estimativa da incidência de câncer em 2020Disseminação de informações, com qualidade e atualidade, sobre a ocorrência e a distribuição do câncer no Brasil, que apoiem gestores, profissionais de saúde, pesquisadores e a sociedade em geral, pela apropriação do conhecimento sobre a realidade brasileira.
Pesquisa documentalBrasil, Ministério da Saúde2001Contribuir para a formulação e implementação de políticas públicas que valorizem, cada vez mais, a qualidade de vida das populações.O conteúdo abordado constitui instrumento de fundamental referência para gestores, gerentes, profissionais de saúde, pesquisadores e demais atores interessados nas questões pertinentes ao tema.
RelatoFéres- Carneiro T2008Discutir as articulações construídas pela autora a partir de sua inserção na academia e na prática clínica.Foram explicitadas e discutidas as possibilidades de articular diferentes enfoques teórico-técnicos na clínica. Uma tríplice chave de leitura, que considera o intrapsíquico, o interacional e o social, é proposta no atendimento a famílias e casais.
Revisão descritiva da literaturaMahmoud AM, Ali MM.2019Apresentar evidências sobre o papel de componentes alimentares bioativos na alteração dos padrões de metilação do DNA no câncerÉ provável que tal papel tenha um impacto mecanicista no processo de carcinogênese e ofereça possíveis potenciais terapêuticos.
Revisão integrativaPinto AC, Scopacasa LF, Bezerra LL de AL, Pedrosa JV, Pinheiro PN da C2017Identificar, na literatura, as tecnologias de informação e comunicação utilizadas na educação em saúde de adolescentesVerificou-se o uso das seguintes TIC: mensagens de texto por meio de telefone celular, websites, ambientes virtuais de aprendizagem, cursos online, chat, jogos virtuais, blogs e mídias sociais. Os profissionais da enfermagem se destacam na construção dessas TIC e as principais temáticas abordadas referem-se à promoção da saúde sexual.
Revisão sistemática da literaturaZhang K, Dai H, Liang W, Zhang L, Deng Z2019Pesquisar a associação entre a ingestão de alimentos lácteos fermentados e o risco de câncerA meta-análise indicou que a ingestão de alimentos lácteos fermentados foi associada a uma diminuição geral no risco de câncer.
Fonte: Elaboração própria a partir dos resultados da pesquisa.

Foi analisado que o câncer no cenário brasileiro tem como índice de mortalidade cerca de 72% da população. É a segunda causa de morte por doença no Brasil, perdendo somente para as doenças do coração, e seguido das doenças cerebrovasculares. No caso dos homens, a incidência foi devido ao câncer de pele não melanoma, próstata, pulmão, estômago e cólon e reto. Já as mulheres, destacam-se as neoplasias malignas da pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon, reto e estômago7.

As alterações genéticas no DNA do indivíduo são reconhecidas cientificamente como fatores de risco em familiares de pacientes com neoplasia, bem como outros fatores modificáveis em comum, o que torna a família uma sociedade de risco. Vale ressaltar que aqueles que acompanham e cuidam do enfermo, passam a ser mais suscetíveis em consequência destes múltiplos fatores envolvidos8. Diante disso, é necessário o suporte profissional o qual deve abranger o autoconceito e o autocuidado visando a promoção e prevenção da saúde, como estilo de vida saudável e rastreamento nos casos necessários.

A família pode ser definida como uma unidade social que enfrenta uma série de tarefas evolutivas e que funciona como matriz do desenvolvimento psicossocial de seus membros, logo, quando sujeita a pressões, externas e ou internas, a família tem como característica se organizar como estrutura, visando a promover formas de acomodação. Dessa forma, a estrutura familiar interfere demasiadamente na saúde do enfermo e demais familiares. Há fatores facilitadores e complicadores para o enfrentamento da doença pela família. Uma estrutura familiar com flexibilidade para mudanças de papéis, boa comunicação entre equipe de saúde, paciente e família, conhecimento acerca de sintomas e da doença, participação ativa nas diversas fases da doença e tratamento, disponibilidade de apoio formal e informal são considerados fatores facilitadores para um bom enfrentamento. No entanto, há fatores complicadores como: padrões familiares disfuncionais de se relacionar, interagir, comunicar e resolver problemas; ineficiência ou inexistência de suporte formal e informal; crises familiares concomitantes à doença; ausência de recursos financeiros e sociais aliados à baixa qualidade nos cuidados médicos e na comunicação com a equipe de saúde; estigmas que envolvem a doença9.

Há recomendações e evidências de que certos tipos de dietas podem ter impacto sobre a prevenção e desenvolvimento do câncer, exemplo disso são a classe dos vegetais sem amido: cenouras, beterrabas, vegetais de folhas verdes, os crucíferos, a cebola e alho, que possui correlação inversa com o risco de diversos tipos de cânceres10. Por outro lado, a ingestão de carne vermelha e carne processada pode resultar na formação de produtos químicos considerados cancerígenos. A dieta do mediterrâneo está associada a uma vida longa e menor prevalência de câncer, é baseada principalmente no alto consumo de frutas, vegetais, vinho tinto, azeite de oliva extravirgem e peixes, e no baixo consumo de laticínios e carnes vermelhas11.

Conceitualmente, prevenir o câncer consiste em reduzir ao mínimo ou eliminar a exposição aos agentes carcinogênicos além de minimizar a suscetibilidade individual aos efeitos destes agentes. No ramo da oncologia esse conceito se divide em primário e secundário12.

A prevenção primária é o período anterior à doença, inclui-se medidas inespecíficas de proteção de indivíduos contra riscos e danos, especialmente aos pacientes com histórico familiar. Refere-se a toda e qualquer ação voltada para redução da exposição da população a fatores de risco da doença, tendo como objetivo reduzir a sua ocorrência, por meio da promoção da saúde e proteção específica. Tal promoção é exemplificada com programas e instruções em ação contra tabagismo, orientações sobre dieta saudável e proteção solar e a proteção específica mais direta, como a vacinação e o exame de Papanicolaou12. Dessa forma, a prevenção primária possibilita a prevenção a exposições e os fatores causais do câncer.

A prevenção secundária consiste em rastreamento (screening) do câncer. O rastreamento é uma avaliação de indivíduos assintomáticos, para classificá-los como candidatos a exames mais refinados de avaliação, com o objetivo de descobrir um câncer oculto ou uma afecção pré-maligna que pode ser curada com tratamento. Pacientes assintomáticos com histórico familiar de câncer, são os mais propensos a rastreamento, pois ele é capaz de reduzir a mortalidade em dois grupos de câncer: os encontrados com frequência, para os quais o tratamento, se metastizados, não é curativo e aqueles cujas causas não são conhecidas e, portanto, a possibilidade de prevenção primária não existe12. São exemplos de ações para detecção precoce a colpocitologia, a mamografia e o autoexame da boca, uma vez que o rastreamento é factível para diversos tipos de câncer incluindo o de mama, o da cérvice uterina, o de intestino grosso, o de estômago e o melanoma maligno.

As recomendações gerais divulgadas pelos programas governamentais para prevenir a doença no Brasil, incluem o controle da obesidade corporal, a atividade física, a limitação das bebidas alcoólicas, a preservação, processamento e preparo dos alimentos, visto que o Instituto Nacional do Câncerconsidera como principais fatores de risco para o câncer: o tabagismo; o alcoolismo; os hábitos alimentares, principalmente em relação ao consumo de alimentos ricos em gordura, nitritos, alcatrão e aflatoxina; as radiações, sendo estas as ionizantes e as radiações ultravioletas natural, provenientes do sol; o uso de medicamentos, que podem ter efeito carcinogênico ou ainda supressores imunológicos; o uso de hormônios e fatores reprodutivos; o contato com os agentes infecciosos e parasitários; a exposição ocupacional, com exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos e; a poluição do ambiente geral7. Destarte, não é de conhecimento da maioria da população.

Diante da globalização e o amplo acesso à internet, as redes sociais no âmbito da saúde tem crescido consideravelmente em diversas áreas, principalmente nas de doenças crônicas, como o câncer, o que permite disseminar conhecimento de forma ampla para indivíduos inseridos nesses meios, relatando suas próprias experiências e adquirindo novos conhecimentos, tais aspectos são importantes, uma vez que, nem sempre essas pessoas conseguem acesso efetivo aos serviços de saúde. Dito isso, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) devem ser aprimoradas e executadas não apenas com o intuito de divulgação de informações, mas também, possibilitando a construção de conhecimento pelos usuários, fortalecendo o pensamento crítico dos indivíduos. O acesso a conteúdo de difícil compreensão ou imprecisos influenciam negativamente no entendimento dos indivíduos, uma vez que o câncer é uma patologia que necessita de um diagnóstico rápido e eficaz, o alcance às informações precisa ser de simples percepção e com uma linguagem acessível a todos13.

De acordo com o Ministério da Saúde na portaria nº 874, de 16 de maio de 2013, o artigo 5 define como princípios gerais da Política Nacional para a Prevenção do Câncer o reconhecimento do câncer como doença crônica prevenível e necessidade de oferta de cuidado integral, considerando-se as diretrizes da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do SUS; a organização de redes de atenção regionalizadas e descentralizadas, com respeito a critérios de acesso, escala e escopo; a formação de profissionais e promoção de educação permanente, por meio de atividades que visem à aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes dos profissionais de saúde para qualificação do cuidado nos diferentes níveis da atenção à saúde e para a implantação desta Política; a articulação intersetorial e garantia de ampla participação e controle social; e a incorporação e o uso de tecnologias voltadas para a prevenção e o controle do câncer na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do SUS devem ser resultado das recomendações formuladas por órgãos governamentais a partir do processo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) e da Avaliação Econômica (AE).

Ações que atuem sobre os determinantes sociais do processo saúde-doença e promovam qualidade de vida são fundamentais para a melhoria da saúde da população e o controle de doenças e agravos. Sendo assim, o INCA desenvolve ações de informação e comunicação em saúde e elabora materiais que subsidiem gestores e profissionais no planejamento e realização de atividades educativas8. Para isso, é importante a capacitação dos recursos humanos que atuam nesta área, buscando uma reorientação para a cultura do câncer e consequentemente mudanças na práxis destes profissionais.

A redução das barreiras de acesso aos serviços de saúde para a detecção precoce é também um componente estratégico e que requer a qualificação contínua do Sistema Único de Saúde. Em alguns países como na Inglaterra as pessoas estão sendo encorajadas, nas consultas médicas, a responsabilizar-se pela própria saúde, por meio da adoção de comportamentos saudáveis, sendo está uma característica atual implícita no cuidado preventivo na atenção à saúde primária, além de serem orientadas quanto a exposição genética e comportamental14.

É provável que uma das principais características das práticas de saúde no futuro será a ênfase concedida à pesquisa e principalmente, às ações em prevenção e promoção à saúde. Assim, uma exploração das possibilidades colocadas para o século XXI pressupõe análise das tendências da produção de conhecimentos e do desenvolvimento de práticas de prevenção, promoção e vigilância da saúde, levando em conta a identificação das perspectivas econômicas, políticas e sociais que se apresentam no momento em que se consolida o processo de globalização da economia e da cultura13.

CONCLUSÃO

Conclui-se que, na oncologia, a família é núcleo inserida num contexto de risco por diversos fatores, sendo necessário um cuidado maior no processo saúde-doença-cuidado.

Diante disso, aumenta a importância da promoção da saúde, visando o cuidado da família por meio da mudança dos hábitos de vida concernentes aos fatores de risco modificáveis e atenção aos fatores genéticos, uma vez que a família influencia fortemente o prognóstico do paciente.

Tal promoção deve ser orientada cada vez mais pelos profissionais de saúde, nas unidades básicas, nas consultas e até mesmo em redes sociais. Dessa forma, acredita-se que a valorização dos conhecimentos, das crenças, dos valores e das normas dos indivíduos, entendidas de uma forma ampla e heterogênea, é fundamental na reorientação dos serviços de saúde e prevenção contra o câncer.

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1. Faculdade Santo Agostinho de Itabuna, FASAI, Itabuna, Bahia, Brasil.