O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO ATENDIMENTO AO ABORTO NOS CASOS DE ANENCEFALIA.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8017959


Thamyres Maria Silva Barbosa1
Alexandre Maslinkiewicz2
Alline Bianka Cutrim Serra3
Carina Luzyan Nascimento Faturi4
Daiany Maira Magalhães Franca Santos5
Edmara Mendes de Araújo6
Judit Callañaupa Yepez7
Lucas Evangelista Alves Feijão8
Luiz Fernando da Silva9
Maria Eduarda Gomes de Miranda10
Michelle Gouveia da Silva Maciel11
Maria Raquel da Gama Silva12
Rayara Cassia de Oliveira da Silva13
Ysla Yngleth dos Santos14


RESUMO

INTRODUÇÃO: Anencefalia é uma anomalia congênita grave do sistema nervoso central em que parte do crânio e do cérebro do feto não se desenvolve adequadamente durante a gestação. Os profissionais de saúde desempenham um papel fundamental no atendimento ao aborto nesses casos. Oferecendo informações claras e precisas aos pacientes, bem como orientá-los sobre as opções disponíveis para a interrupção da gravidez. Além disso, devem garantir que o procedimento seja realizado de forma segura e humanizada, respeitando os direitos e a dignidade da paciente. OBJETIVO: O objetivo desse estudo é relatar sobre O papel dos profissionais de saúde no atendimento ao aborto nos casos de anencefalia e de qual forma suas crenças podem influenciar no atendimento. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão narrativa de literatura com o intuito de impulsionar análise da literatura proposta. Foi realizada no período de março a abril de 2023, por meio das bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed, Biblioteca virtual em saúde (BVS), e Google sholar. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Destaca-se que os profissionais de saúde possuem um papel relevante e tem sido um objetivo de discussão. No entanto, ainda se faz necessário que os profissionais tenham conhecimento sobre as leis e normas que regem o aborto nesses casos, para garantir que o procedimento seja realizado dentro dos limites legais e éticos. Além disso, é fundamental que os profissionais de saúde ofereçam informações claras e precisas sobre os riscos e benefícios do procedimento, bem como sobre as opções disponíveis para a interrupção da gravidez. CONCLUSÃO: Em suma, os profissionais de saúde desempenham um papel crucial no atendimento ao aborto nos casos de anencefalia, fornecendo informações precisas, acolhimento, respeito aos direitos da paciente e garantindo a segurança do procedimento. Porém, ainda se faz necessário a capacitação de profissionais para atuarem nessa área de forma qualificada e humanizada. 

PALAVRAS-CHAVE: Aborto; Anencefalia; Saúde da mulher; Profissionais de saúde.

ABSTRACT 

INTRODUCTION: Anencephaly is a severe congenital anomaly of the central nervous system in which part of the fetal skull and brain fails to develop inappropriately during pregnancy. Health professionals play a key role in providing abortion care in these cases. Offering clear and accurate information to patients, as well as guiding them about the options available for the termination of pregnancy. In addition, they must ensure that the procedure is performed in a safe and humane way, respecting the patient’s rights and dignity. OBJECTIVE: The aim of this study is to report on the role of health professionals in providing care for abortion in cases of anencephaly and how their beliefs can influence care. METHODOLOGY: This is a narrative literature review with the aim of boosting analysis of the proposed literature. It was carried out from March to April 2023, using the Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed, Virtual Health Library (BVS), and Google Sholar databases. RESULTS AND DISCUSSION: It is highlighted that health professionals have a relevant role and has been an objective of discussion. However, it is still necessary for professionals to be aware of the laws and regulations governing abortion in these cases, to ensure that the procedure is carried out within legal and ethical limits. In addition, it is essential that health professionals provide clear and accurate information about the risks and benefits of the procedure, as well as the options available for terminating the pregnancy. CONCLUSION: In short, health professionals play a crucial role in providing care for abortion in cases of anencephaly, providing accurate information, welcoming, respecting the patient’s rights and ensuring the safety of the procedure. However, it is still necessary to train professionals to work in this area in a qualified and humane way.

KEYWORDS: Abortion; anencephaly; Women’s health; Health professionals.

1 INTRODUÇÃO

Esse estudo irá explorar um tema controverso que suscita debates nas esferas jurídica, religiosa e cultural. No Brasil, o aborto é atualmente considerado um crime contra a vida humana. No entanto, é uma realidade comum para muitas mulheres, uma vez que medidas eficazes contra o aborto ainda não foram estabelecidas, resultando em um aumento significativo de clínicas clandestinas que realizam esse procedimento (ARAGÃO, 2019). 

 Os abortos praticados em clínicas clandestinas apresentam um grave risco de morte para as mulheres que se submetem a esses procedimentos. Essas clínicas operam de forma irregular, sem conhecimento técnico-científico adequado, o que resulta em sérios problemas de saúde pública devido aos altos índices de mortalidade (PIERANGELI, 2011)

A punição imposta às mulheres que praticam aborto provocado não foi eficaz para eliminar tais práticas. Embora haja exceções legais como nos  casos de aborto espontâneo, anencefálico e estupro. Essas situações não têm impulsionado o avanço da legislação brasileira, devido à influência de diversas culturas que têm impacto sobre essa prática legal, e as mulheres que desejam prosseguir com a gravidez em casos de anencefalia são alvo de discriminação (ROCHA, et.al., 2015)

De acordo com Fonseca (2016), os casos de aborto decorrentes de estupro ou anencefalia estão respaldados pelo artigo 198 do Código Penal e pela decisão proferida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF-54) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012. No mesmo ano, o Conselho Federal de Medicina também autorizou a interrupção da gestação nos casos de anencefalia.

A anencefalia é uma grave condição congênita em que o feto se desenvolve com uma malformação do tubo neural, resultando na ausência parcial ou total do cérebro e do crânio. Essa condição ocorre no início da gestação, durante a formação do sistema nervoso central. Os bebês com anencefalia geralmente não sobrevivem após o nascimento ou vivem apenas por um curto período de tempo, devido à ausência de parte do cérebro (Rodrigues, et.al., 2022).

Devido à sua natureza controversa, o aborto continua sendo objeto de críticas e questionamentos, especialmente em relação ao seu contexto ético. Infelizmente, tem sido observado um aumento na ocorrência de atitudes desrespeitosas em instituições de saúde durante o atendimento a mulheres que buscam o aborto. Essas atitudes, em grande parte, são perpetradas por profissionais de saúde que agem com base em suas próprias crenças e valores, deixando transparecer sua visão particular sobre essa temática (SILVA, et.al., 2015). 

Ademais o objetivo desse estudo é relatar sobre O papel dos profissionais de saúde no atendimento ao aborto nos casos de anencefalia e de qual forma suas crenças podem influenciar no atendimento. 

2 METODOLOGIA

Com o intuito de alcançar o objetivo desse estudo foram utilizadas as seguintes etapas para a construção desta revisão narrativa de literatura: 

    2.1 Questões da pesquisa:

Qual o papel dos profissionais de saúde no atendimento a mulheres acometidas ao aborto anencefálico?

   2.2.   Fontes de Busca:

            As seleções dos artigos utilizados para compor esse estudo foram através das bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed, Biblioteca virtual em saúde (BVS), e Google sholar. Tendo o levantamento de dados realizado nos meses de Março a Abril de 2023. 

 2.3.    Estratégia de busca:

           Foram utilizados os seguintes descritores: “Aborto”, “Anencefalia”  “Saúde da mulher” “Profissionais de saúde”. Junto ao operador booleano AND e limitadores para restringir a busca nos últimos 10 anos e aos idiomas inglês, espanhol e português. 

2.4. Critérios de inclusão e exclusão:

 Adotaram-se os critérios de inclusão estudos que abordaram  diretamente o papel dos profissionais de saúde frente aos casos de anencefalia. Serão consideradas, revisões integrativas, revisões sistemáticas, e leis. Serão excluídos estudos que não abordaram diretamente a temática exposta, que foram publicados em idiomas diferentes do inglês, espanhol e português, e que não estão disponíveis gratuitamente.

 2.5. Seleção dos estudos:

Dois revisores independentes avaliaram os títulos e resumos de todos os estudos identificados na busca eletrônica. Os estudos que atenderem aos critérios de inclusão serão selecionados para leitura completa.

2.6. Extração dos dados:

Serão extraídos os seguintes dados dos estudos selecionados: autores, ano de publicação, país de origem, tipo de estudo, intervenção, população-alvo, número de participantes, medidas de resultado e principais resultados.

2.7. Análise dos dados:

A análise dos dados será realizada qualitativamente, utilizando uma abordagem de síntese narrativa. Serão agrupados os estudos por intervenção e população-alvo, e será realizada uma síntese narrativa dos principais resultados e conclusões dos estudos selecionados.

2.8. Limitações:

As limitações deste estudo incluem a possibilidade de não encontrar todos os estudos relevantes devido à limitação das bases de dados e à possibilidade de viés de seleção e publicação. Além disso, a qualidade dos estudos incluídos pode variar e isso pode afetar a validade dos resultados.

2.9. Ética:

Este estudo não envolve participação de seres humanos e, portanto, não requer revisão ética.

3 RESULTADOS 

A partir da busca de dados foram identificados 100 artigos no Google Scholar, dos quais foram retirados 93 após a aplicação dos filtros de busca, totalizando 07 artigos para leitura dos títulos e resumos os quais se adequaram aos critérios de inclusão deste estudo. 

Também foi realizado uma busca na base de dados SciELO , 20 artigos a respeito da temática, no entanto, após a realização da filtragem dos artigos, 16 foram excluídos e apenas 04 atendem os critérios de inclusão. Na base de dados da BVS foram encontrados 11 artigos, destes 10 foram excluídos e  apenas 01 foi selecionado para compor o estudo. 

Diante disso, somando os artigos que atendem os critérios de inclusão foram selecionados 12 artigos que foram lidos na íntegra e selecionados a participarem do estudo elencados com a temática proposta e os descritores. 

Figura 1: Fluxograma de identificação dos artigos nas respectivas bases de dados: Scielo, Google sholar e BVS

FONTE: Autores, 2023.

QUADRO 1: Artigos incluídos para compor essa revisão narrativa de literatura.

AUTOR/ANOTÍTULOPERIÓDICOOBJETIVO
SILVA, et.al., 2015Atenção à mulher em processo de abortamento induzido: a percepção de profissionais de enfermagemRevista Enfermagem UFSMConhecer  a  percepção  de  profissionais  de  enfermagem  em relação à atenção à mulher em processo de abortamento induzido.
ROCHA, et.al., 2015Percepção de profissionais da saúde sobreAbortamento legalRevista bioética Analisar o conhecimento e a percepção dos aspectos éticos envolvidos no Programa de Interrupção Gestacional Prevista em Lei, por parte de profissionais de saúde. 
CARVALHO, et.al., 2012A legalização do aborto em casos de anencefalia noBrasilRevista eletrônica de ciências jurídicasVerificar em que medida a legalização do aborto de fetos anencefálicos está em concordância com os anseios da sociedade brasileira.
FONSECA, et.al., 2020Aborto legal no Brasil: revisão sistemática da produção científica, 2008-2018.Cad. Saúde PúblicaAtualizar o conhecimento sobre o aborto legal, quanto ao perfil dos serviços, das mulheres atendidas, conhecimento de estudantes/médicos, situação de anencefalia e malformações graves, no período de 2008 a 2018.
ARAGÃO, 2019A descriminalização do aborto no BrasilBoletim Conteúdo JurídicoApresentar uma visão geral a respeito da realização do aborto no Brasil, suas modalidades, e demonstrar através desse estudo a necessidade da descriminalização do aborto.
RODRIGUES, et.al., 2022Aborto em caso de feto anencefálico: uma abordagem acerca dos direitos à saúde da mulherFaculdade de tecnologia do Amapá-metaAbordar a dificuldade que enfrentam as mulheres em realizarem um aborto seguro, nas hipóteses em que é permitido por lei, especialmente em se tratando de gestação de feto com anencefalia.
LUNA, 2021O direito ao aborto em caso de Anencefalia: Uma análise antropológica do Julgamento da adpf 54 pelo supremo Tribunal federalUniversidade Federal Rural do Rio de Janeiro,Examina o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54 (ADPF 54) no Supremo Tribunal Federal referente à antecipação de parto (aborto) em caso de anencefalia.
FREITAS, et.al.2018A decisão do stf sobre aborto de fetos anencéfalos: uma análise feminista de discursoRev. Linguista Buscou solucionar a polêmica acerca da possibilidade de interrupção voluntária da gestação em caso de fetos com anencefalia.
FERNANDES, et.al. 2019Experiências de mulheres no gestar e parir fetos anencéfalos: as múltiplas faces da violência obstétrica.InterfaceIdentificar as violências sofridas pelas gestantes de fetos anencéfalos e discutir a violência experiência por mulheres em gestações e partos de fetos anencéfalos.
LIMA, et.al. 2019Conflitos de interesses e autonomia na relação entre adolescente grávida e o responsável legal: a antecipação terapêutica na gestação de feto anencefálico.Cad. Ibero-amer. Dir. SanitEvidenciar o conflito normativo sobre a capacidade da adolescente grávida de feto anencefálico e o não respeito a sua capacidade autônoma na tomada de decisões.

FONTE: Autores, 2023

4 DISCUSSÃO

Para compreender a associação do aborto, aborto anencefálico e a atuação dos profissionais de saúde. Será realizada uma breve contextualização abordada através de tópicos. 

4.1 Conceito sobre aborto

O aborto é definido como a interrupção da gravidez antes que o feto tenha a capacidade de sobreviver fora do útero. É uma questão complexa e controversa, envolvendo considerações médicas, éticas, legais, sociais e religiosas. Existem diferentes tipos de aborto, incluindo o aborto espontâneo, que ocorre quando a gravidez termina de forma natural, sem intervenção médica e o aborto induzido que ocorre quando a gravidez é interrompida deliberadamente (SILVA, et.al., 2015).

A grande maioria dos abortos provocados deixa sequelas graves e irreversíveis para a saúde das mulheres. Isso ocorre devido à falta de conhecimento sobre os riscos envolvidos, bem como à falta de habilidades técnicas por parte dos “profissionais” que realizam tais procedimentos. Como resultado, a vida das mulheres que se submetem é colocada em perigo, uma vez que os procedimentos não são realizados de forma segura.

 O estudo realizado por Ribeiro (2012) aborda diferentes aspectos relacionados ao aborto, incluindo uma análise da estimativa de mortes de mulheres por ano devido à prática clandestina do aborto, que se revela superior à taxa de óbitos relacionados ao aborto seguro. De acordo com os resultados apresentados por Ribeiro, o aborto induzido de forma clandestina é a quinta principal causa de mortalidade no Brasil, o que configura uma preocupante questão de saúde pública.

As razões pelas quais as mulheres podem buscar o aborto são diversas e podem incluir questões de saúde, risco de vida da mãe, má-formação fetal, estupro, incesto, condições socioeconômicas ou pessoais, entre outras circunstâncias individuais.

O debate em torno do aborto envolve questões complexas relacionadas à vida, à autonomia reprodutiva, à saúde da mulher, aos direitos humanos e à moralidade. As opiniões sobre o aborto são diversas e variam entre diferentes culturas, grupos religiosos, filosofias éticas e visões políticas. É importante destacar que as leis e regulamentações sobre o aborto variam amplamente em diferentes países e podem refletir diferentes perspectivas e valores culturais, religiosos e políticos (SILVA, et.al., 2015)

Além disso, a discussão em torno do aborto geralmente envolve a ponderação dos direitos e interesses da mulher em relação aos potenciais direitos e interesses do feto em desenvolvimento. Em última análise, o conceito de aborto é multifacetado e evoca uma série de questões éticas, legais e sociais. A abordagem e as opiniões sobre o aborto podem variar significativamente entre as pessoas e as sociedades, refletindo uma diversidade de perspectivas e valores.

4.2 Anencefalia 

A anencefalia é uma malformação congênita grave do sistema nervoso central, caracterizada pela ausência parcial ou total do cérebro e do crânio. É uma condição rara e incompatível com a vida fora do útero. Geralmente, ocorre devido a um defeito no desenvolvimento do tubo neural durante as primeiras semanas de gestação. Os bebês com anencefalia têm uma porção frontal do cérebro ausente, resultando em um cérebro subdesenvolvido. Além disso, o crânio pode estar incompleto, expondo parte do cérebro. Essa condição é diagnosticada por exames de ultrassom realizados durante a gestação (CARVALHO; et.al., 2012).

 Infelizmente, os bebês afetados pela anencefalia têm uma expectativa de vida muito curta após o nascimento. Embora possam ter algumas funções autônomas básicas, como a respiração, eles não possuem consciência, sentidos desenvolvidos ou a capacidade de sobreviver sem intervenção médica significativa. Devido à natureza grave e inviável da anencefalia, muitos países permitem a interrupção da gravidez nessas situações. A decisão de prosseguir com o aborto em casos de anencefalia é altamente pessoal e deve ser feita pela mulher e sua família, com a orientação e o suporte de profissionais de saúde. (LUNA; 2021).

4.3 A atuação dos profissionais de saúde frente ao aborto

Os profissionais de saúde possuem um papel relevante na realização de tal procedimento, embora faça parte da sua formação à abordagem a mulheres que possuem o desejo de realizar o aborto ainda é influenciado por questões éticas, religiosas e culturais, ocasionando em dificuldades de aceitação, na realização do procedimento, e consequentemente na assistência prestada norteada pela percepção da sua cultura.  

Embora ainda existam diversos fatores que influenciem os profissionais a realizarem o aborto, o desconhecimento das técnicas e a desqualificação também são causas preocupantes, que podem acarretar na morte materna. Dessa forma, faz-se necessário que os profissionais de saúde se atualizem e se capacite constantemente sobre o aborto (ROCHA, et.al., 2015).

A cultura dos profissionais de saúde estabelece tabus que afetam suas decisões. Conforme observado por Benute (2011), os profissionais de saúde tendem a considerar o aborto como um crime em todas as situações e, como resultado, a assistência prestada às mulheres em processo de aborto é percebida como discriminatória.

4.4 Atuação dos profissionais de saúde frente ao aborto anencefálico

Nos casos do aborto anencefálico, os profissionais de saúde devem garantir que as mulheres tenham acesso a informações atualizadas e baseadas em evidências para que possam tomar decisões informadas sobre sua saúde e a continuidade da gravidez. É de extrema importância que os profissionais ofereçam um apoio emocional às mães devido a fragilidade do momento, desempenhando um papel crucial durante todo o processo, garantindo que as mulheres se sintam ouvidas, respeitadas e apoiadas em suas decisões (FERNANDES, et.al., 2019).

Além disso, É essencial que os profissionais de saúde respeitem a autonomia das mulheres e seus direitos reprodutivos, especialmente em situações difíceis e delicadas como o aborto em casos de anencefalia. Eles devem garantir que as mulheres sejam informadas sobre suas opções, apoiando-as na tomada de decisões que melhor atendam às suas necessidades individuais (CARVALHO, et.al., 2012).

Os profissionais também devem respeitar os princípios éticos e legais relevantes em sua prática clínica, equilibrando a prestação de cuidados de qualidade com a proteção dos direitos e a promoção da saúde das mulheres.

Em última análise, o papel dos profissionais de saúde no atendimento ao aborto nos casos de anencefalia é fornecer um ambiente seguro, compassivo e respeitoso, onde as mulheres possam tomar decisões informadas sobre sua saúde reprodutiva. Eles devem estar preparados para fornecer cuidados clínicos adequados, oferecer apoio emocional e defender os direitos das mulheres, garantindo que sejam tratadas com dignidade e respeito em todas as etapas do processo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O papel dos profissionais de saúde no atendimento ao aborto nos casos de anencefalia é crucial para garantir a saúde, o bem-estar e o respeito às escolhas das mulheres envolvidas. Eles desempenham um papel fundamental ao fornecer informações precisas, aconselhamento adequado, apoio emocional e cuidados clínicos seguros e compassivos.

Além disso, a colaboração entre os profissionais de saúde é essencial nesse contexto. A abordagem multidisciplinar, envolvendo médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais, pode garantir uma assistência abrangente e holística às mulheres e suas famílias. Trabalhar em equipe permite o compartilhamento de conhecimentos, a troca de experiências e a melhoria contínua da qualidade do atendimento. 

É importante ressaltar que o atendimento ao aborto nos casos de anencefalia envolve considerações éticas complexas. Os profissionais de saúde devem equilibrar o respeito à autonomia e aos direitos das mulheres com suas próprias crenças pessoais e valores éticos. É fundamental que sejam capazes de separar suas opiniões individuais do atendimento médico imparcial e respeitoso, garantindo que as mulheres recebam o cuidado adequado, independentemente das crenças pessoais dos profissionais.

REFERÊNCIAS 

ARAGÃO, Nikolly Sanches. Boletim Conteúdo Jurídico n. 901 de 13/04/2019 (ano XI) ISSN – 1984-0454

Benute, Gláucia Rosana Guerra, et al. Influência da percepção dos profissionais quanto ao aborto provocado na atenção à saúde da mulher.  Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2012. DOI. https://doi.org/10.1590/S0100-72032012000200005.

Benute, Gláucia Rosana Guerra, et al. Abortamento Espontâneo e Provocado: Ansiedade, Depressão e Culpa. Revista Da Associação Médica Brasileira, vol. 55, n.o 3, 2009, pp. 322–27. DOI. https://doi.org/10.1590/S0104-42302009000300027.

CARVALHO, Jô de. Et.al. A legaligação do aborto em casos de anencefalia no brasil. Revista Eletrônica de Ciências Jurídicas, Ipatinga, MG, Brasil eISSN: 2236-1286

Freitas, Lúcia Gonçalves De. A decisão do stf sobre aborto de fetos anencéfalos: uma análise feminista de discurso. Alfa: Revista de Linguística (São José do Rio Preto), vol. 62, n.o 1, março de 2018, pp. 11–34. DOI. https://doi.org/10.1590/1981-5794-1804-1.

Fernandes, Iulia Bicu, et al. Experiências de mulheres no gestar e parir fetos anencéfalos: as múltiplas faces da violência obstétrica. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, vol. 23, 2019, p. e170757. DOI. https://doi.org/10.1590/interface.170757.

FONSECA, Sandra Costa. Et.al. Aborto legal no Brasil: revisão sistemática da produção científica, 2008-2018. Cadernos de Saúde Pública, vol. 36, n.o suppl 1, 2020, p. e00189718. DOI. https://doi.org/10.1590/0102-311×00189718.

LUNA, Naara. O direito ao aborto em caso de anencefalia: uma análise antropológica do julgamento da ADPF 54 pelo Supremo Tribunal Federal. Mana, vol. 27, n.o 3, 2021, p. e273207. DOI. https://doi.org/10.1590/1678-49442021v27n3a207.

LIMA, Meiriany, e Miguel Ângelo Montagner. Conflitos de interesses e autonomia na relação entre adolescente grávida e o responsável legal: a antecipação terapêutica na gestação de feto anencefálico. Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário, vol. 8, n.o 1, maio de 2019, pp. 110–18. www.cadernos.prodisa.fiocruz.br, https://doi.org/10.17566/ciads.v8i1.513

ROCHA, Wesley Braga Da, et al. Percepção de profissionais da saúde sobre abortamento legal. Revista Bioética, vol. 23, n.o 2, agosto de 2015, pp. 387–99. DOI. https://doi.org/10.1590/1983-80422015232077.

RODRIGUES, Audilene Ferreira. Et.al. Aborto em caso de feto anencéfalo: uma abordagem acerca Dos direitos à saúde da mulher. Faculdade de Tecnologia do Amapá – META – Curso Bacharelado em Enfermagem. Trabalho de Conclusão de Curso – 2022.2

RIBEIRO, Flávia Regina Guedes, e Mary Jane Paris Spink. Estratégias retóricas na controvérsia moral sobre a legalização do aborto: o caso da anencefalia no Brasil. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, vol. 16, n.o 40, abril de 2012, pp. 35–52. DOI. https://doi.org/10.1590/S1414-32832012005000007.

SILVA, Eveline Franco Da, et al. Atenção à mulher em processo de abortamento induzido: percepção de profissionais de enfermagem. Revista de Enfermagem da UFSM, vol. 5, n.o 3, outubro de 2015, pp. 454–64. DOI. https://doi.org/10.5902/2179769214801.


1Acadêmica de enfermagem
Instituição: universidade Paulista- UNIP
Email:Thamyresmaria726@gmail.com
2Farmacêutico. Especialista em Docência do Ensino Superior com Ênfase em Sistemas de Saúde.
E-mail:alexmaslin@ufpi.edu.br
3Acadêmica de medicina
Instituição: UNIRV
Email: allineserra@hotmail.com
4Enfermeira, graduada pela Universidade do vale do rio dos sinos-UNISINOS
Email: Kfaturi@yahoo.com.br
5Acadêmica de Medicina
Faculdades de Ciências Médicas da Paraíba – FCMPB
mairamagalhaes97@gmail.com
6Enfermeira, Graduada pela universidade federal de Campina Grande
E-mail: Edmendes15.em@gmail.com
7Enfermeira
Mestranda em Emfermagem
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
E-mail: yepezy2023.br@gmail.com
8Cirurgião-dentista
Mestrando em Psicologia e Políticas Públicas
Instituição: Universidade Federal do Ceará
E-mail: lucasfeijaod@hotmail.com
9Acadêmico de enfermagem
Instituição: Anhanguera
luizfernandosenf@gmail.com
10Acadêmica de enfermagem
Instituição: universidade Paulista- UNIP
Email:m.gomes.miranda@bol.com.
11Acadêmica de enfermagem
Instituição: universidade Paulista- UNIP
Email:michellegouveia9@gmail.com
12Acadêmica de enfermagem
Instituição: universidade Paulista- UNIP
Email:m.raquel1809@gmail.com
13Acadêmica de enfermagem
Instituição: universidade Paulista- UNIP
Email:cassiarayara125@gmail.com
14Acadêmica de enfermagem
Instituição: universidade Paulista- UNIP
Email: ysla.yngleth30@gmail.com