O ESTUDO DA INFECÇÃO PUERPERAL EM PARTOS CESÁREOS EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7991666


Catilena Silva Pereira1; Cinthia Dias De Brito Costa2; Deuber Peres Castilho3; Emilly Cristina Do Carmo Lima4 Paula Emilly Lopes De Oliveira5; Evelyn Bastos Lopes6; Janaína Santos Costa Lopes7; Kecyani Lima Dos Reis8; Laís Eleutério Dias9; Layene Alves Dos Santos Madalena10; Louise Vitória Pereira Santos11; Maria Laura Martins12; Mayara Munique Correia De Oliveira Silva13; Paula Emilly Lopes De Oliveira14; Rayssa Barros Miranda15; Sara Lopes Moura16


RESUMO

INTRODUÇÃO: A experiência da gravidez e do nascimento são eventos sociais que marcam alguns dos momentos mais importantes na vida da mulher. Neste período são expressos sentimentos e receios relacionados ao parto, os quais na maioria das vezes são ambíguos, interferindo na sua opção quanto ao tipo de parto desejado. O Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, é considerado um dos países com maior incidência de cesarianas do mundo e com tendência de aumento. A alta incidência de parto cesariano tem como consequência o aumento da morbidade e mortalidade materna e neonatal, e tem riscos aumentados em até 1,5 vezes a mais em relação ao parto vaginal para a maioria dos problemas. Dessa forma, o foco desta pesquisa busca compreender e mensurar os fatores associados a complicações puerperais na maternidade pública do sudoeste do Pará, visto que ela atende as parturientes do município e também da região circunvizinha (gestações de alto risco), tendo, portanto, uma demanda significativa de usuárias, e pelo fato de serem realizados um número acentuado de partos cesarianos. METODOLOGIA: Estudo transversal analítico-quantitativo que foi realizado em uma maternidade pública de um município do sudeste do Pará, onde os dados foram retirados do FormSUS, tornando-se informações verídicas e públicas, é através das informações da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do referido estabelecimento de saúde (EAS), no período de janeiro a março de 2023. RESULTADOS: Foram avaliados os casos de infecções puerperais que acometeram nas mulheres que foram submetidas a partos cesáreos em uma maternidade pública de um município do sudeste do Pará, durante o período de janeiro de 2023 a março de 2023. o número de partos cesárea e infecções de sítio de cirúrgico, por trimestre, no período de janeiro a março de 2023, desta forma destaca-se que durante este espaço de tempo ocorreu o registro de 548 parto cesárea e 12 casos de infecção de sítio cirúrgico. DISCUSSÃO: No primeiro trimestre do ano de 2023 durante o período de janeiro a março do referente ano, os casos de infecções puerperais que acometeram as mulheres que foram submetidas a partos cesáreos em uma maternidade pública de um município do sudeste do Pará, verificou-se que grande maioria dos partos cesárea acometeram no mês de janeiro (197), sendo que o mês de março que teve maior número de casos de infecções (05), representando a incidência de 2,8% do quantitativo de partos cesárea do referente mês. CONCLUSÃO: Considerando os dados expostos, conclui-se que o estudo foi fundamental para novos conhecimentos sobre a temática investigativa, proporcionado aprimoramento, e a busca de novas fontes de informações, que tais serão colocadas em prática no desenvolvimento das atividades profissionais.

Palavras – chaves: Gravidez. Partos Cesáreos. Infecção Puerperal.

INTRODUÇÃO

A experiência da gravidez e do nascimento são eventos sociais que marcam alguns dos momentos mais importantes na vida da mulher. Neste período são expressos sentimentos e receios relacionados ao parto, os quais na maioria das vezes são ambíguos, interferindo na sua opção quanto ao tipo de parto desejado (DINIZ 2005).

O Ministério da Saúde (MS) alerta que, embora exista uma opção antecipada seja pelo parto normal ou pela cesariana, esse fato não pode ser visto como uma simples questão de preferência (MS, 2010).

Embora a cesárea seja considerada uma intervenção cirúrgica originalmente concebida para reduzir as complicações maternas e/ou fetais durante a gravidez e o trabalho de parto, no entanto, não é um procedimento isento de riscos. O parto por cesariana exige uma série de cuidados clínicos, técnicos e anestésicos, que se associa também a algumas complicações que devem sempre ser ponderadas antes da indicação, devendo, portanto, ser decidido por critérios estritamente clínicos e obstétricos (BRASIL, 2004).

O Brasil, segundo dados do MS (2010), é considerado um dos países com maior incidência de cesarianas do mundo e com tendência de aumento. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há motivos que justifiquem proporções de partos cesáreas superiores a 15%. 

Em virtude disso, a alta incidência de parto cesariano tem como consequência o aumento da morbidade e mortalidade materna e neonatal, e tem riscos aumentados em até 1,5 vezes a mais em relação ao parto vaginal para a maioria dos problemas (Brasil, 2008). Na América Latina, as cesáreas sem indicação são responsáveis pela ocorrência, a cada ano, de 100 mortes maternas e 40.000 casos de doença respiratória neonatal (CUNHA et al., 2018).

Um evento adverso (EA) consiste em um dano decorrente de uma terapêutica empregada podendo ser evitável ou não. No caso da cesárea, elevam-se os riscos de diversas complicações que podem ser fatais ou podem afetar permanentemente a saúde, dentre as quais a hemorragia, a infecção e os problemas na anestesia (CUNHA et al., 2018). Podem produzir também, aderências pélvicas graves, até mesmo com consequências maléficas para futuras gestações. A dor igualmente é um importante fator após a cirurgia, e exige longo período de recuperação e mais dias de internação hospitalar (BOECKMANN E RODRIGUES, 2018).

A prática de atenção intervencionista, atualmente realizada por alguns profissionais de saúde, tem relação com a elevada taxa de cesárea no Brasil. As taxas de cesárea continuarão em ascensão se não forem implantadas ações e estratégias de redução que considerem as características socioculturais, demográficas e obstétricas das mulheres, a formação e atuação profissional e a estrutura dos serviços de saúde, e para explicação do fenômeno, são necessárias novas pesquisas. Autores salientam que a busca por fatores que justifiquem o aumento dos índices de cesárea, são essenciais para que soluções possam ser pensadas (SARAIVA et al., 2017).

Evidências mostram que, quando realizados desnecessariamente, os partos cirúrgicos podem levar a um maior risco de infecção puerperal e prematuridade. Por outro lado, observa-se diminuição das taxas de mortalidade materna e neonatal pelo parto cesariano em situações específicas, tais como na presença de placenta prévia ou de ruptura uterina, as quais tornam essa via de parto a mais segura (PEREIRA et al., 2019).

 A cesariana pode apresentar impactos positivos para a saúde quando bem recomendada, como para reduzir o índice de hemorragias. A probabilidade da realização de cesariana tem sido relacionada a fatores maternos, infantis e obstétricos, mas sem limitar-se a eles (BRASIL, 2002). Fatores maternos podem incluir idade, comorbidades pré-existentes, cesariana prévia e condições de saúde adquiridas durante a gravidez, entre outros. Fatores infantis incluem problemas identificados no período intraparto, como anomalias fetais, macrossomias e crescimento intra-uterino restrito. Já os fatores obstétricos referem-se às condições relacionadas à gravidez atual, como deslocamento prematuro de placenta, prolapso de cordão e hemorragias (PEREIRA et al., 2019).

Vale ressaltar, que a partir de dados coletados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS, 2020), demonstra a nível Brasil a quantidade de 8.719.746 de nascidos vivos referentes aos anos de 2016 a 2019, dos quais 4.857.760(55,71%) partos cesáreos e 3.861.986(44,29%) partos vaginais.  Logo, a nível Pará demonstra a incidência de 411.244 nascidos vivos, sendo 201.461 (48,99%) partos via cesáreos e 209.783 (51,01%) por partos vaginais. Enfim, no município de Jacundá, demonstra o percentual de 2.346 nascidos vivos, sendo 1.331 (56,73%) partos cesáreos e 1.015 (43,27%) por partos vaginais.

De acordo com o Ministério da Saúde, a endometrite é uma das complicações mais frequentes se manifestando com febre, dor pélvica e dor à mobilização uterina na ausência de outras causas como laceração. Outros sinais e sintomas são: útero com subinvolução, consistência pastosa, doloroso, lóquios fétidos e/ou aumentados, calafrios, taquicardia e dor em baixo ventre.  O surgimento da endometrite pode ser precoce (48h após o parto), ou tardia (até 06 semanas), o que justifica o fato de 94% dos casos de infecção puerperal serem diagnosticados após a alta hospitalar. As potenciais complicações da endometrite são: infecção da ferida operatória, abscesso pélvico, freiman parametrial, tromboflebite pélvica séptica, comprometimento da fertilidade e peritonite (BRASIL, 2016a).

O Ministério da Saúde também ressalta que a evolução de uma infecção do útero para uma infecção da cavidade abdominal, caracteriza a sepse puerperal, à qual é atribuída cerca de 10% das mortes maternas no mundo, sendo esta a terceira causa direta de mortalidade nesta população. O risco de infecção puerperal é menor no parto vaginal em comparação ao parto cesariana que tem três vezes mais risco (BRASIL, 2016a).

Diante das complicações que a infecção puerperal pode causar e visto que os principais fatores de risco para a mesma são o parto cesariano, a ocorrência de mecônio no líquido amniótico, o tempo de trabalho de parto, o número de toques vaginais, a rotura das membranas por seis horas ou mais, o uso de fórceps, os partos conduzidos por pessoas destreinadas, o uso de material sem higiene para a loquiação, a falta de cuidados no pré-natal e a falta de banho no período pós-parto (OLIVEIRA et al., 2001).

Dessa forma, o foco desta pesquisa busca compreender e mensurar os fatores associados a complicações puerperais na maternidade pública do sudoeste do Pará, visto que ela atende as parturientes do município e também da região circunvizinha (gestações de alto risco), tendo, portanto, uma demanda significativa de usuárias, e pelo fato de serem realizados um número acentuado de partos cesarianos.

2 METODOLOGIA

Estudo transversal analítico-quantitativo que foi realizado em uma maternidade pública de um município do sudeste do Pará, onde os dados foram retirados do FormSUS, tornando-se informações verídicas e públicas, é através das informações da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do referido estabelecimento de saúde (EAS), no período de janeiro de 2023 a março de 2023.

2.1 – TIPO DE ESTUDO

Este estudo é transversal analítico-quantitativo pelo fato de que a pesquisa foi realizada em curto período de tempo, e envolve uma avaliação mais aprofundada das informações coletadas.

Conforme diz Fontelles et al., (2009) as pesquisas do tipos quantitativos que submerge uma avaliação mais aprofundada das informações colhidas em um determinado estudo, observacional ou experimental, na tentativa de explicar o contexto de um fenômeno no âmbito de um grupo, grupos ou população. É mais complexa do que a pesquisa descritiva, uma vez que procura explicar a relação entre a causa e o efeito.

Para Gil (2010) a pesquisa quantitativa abrange um conjunto de procedimentos, técnicas e algoritmos destinados a auxiliar o pesquisador a extrair de seus dados subsídios para responder às perguntas que o mesmo estabeleceu como objetivos de seu trabalho.

Segundo Minayo (2008), o estudo quantitativo refere-se ao conjunto de procedimentos ordenados, disciplinados, usados para adquirir informações numéricas que resulta de mensuração formal e que é analisada com procedimentos estatísticos.

2.2 – LOCAL DE ESTUDO

A pesquisa foi realizada em uma maternidade pública localizada em um município do Sudeste do Pará. Por meio do levantamento de dados do FormSUS. A escolha deste local surgiu na necessidade de saber a incidência de infecções puerperais em partos cesáreos, por ser referência em atendimentos obstétricos na região sudeste do Pará.

Segundo o IBGE (2014), a população do sudeste do Pará é estimada em torno de 1.819.301 habitantes e possui uma extensão territorial de 297.344 km². A região sudeste e a menos povoada do Estado do Pará, onde encontra-se uma considerável preservação da floresta nativa, com exceção da linha referente às rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá que facilitam a logística de escoamento de soja (de Mato Grosso até o porto de Santarém) e a atividade madeireira, sendo essas duas atividades as principais responsáveis pelo crescimento econômico da área (IBGE, 2023).

3 – RESULTADOS

Está pesquisa se deu pela coleta de dados do FormSUS, que é um serviço do DATASUS para a criação de formulários na WEB, destinado ao uso do SUS e de órgãos públicos parceiros, para atividades de interesse público, que foi fornecido pelo setor epidemiológico da maternidade pública de um município do sudeste do Pará, no qual se buscou através do estudo verificar os casos de infecções puerperais da maternidade, entre o período de janeiro de 2023 a março de 2023. 

Os resultados alcançados através deste levantamento de dados por meio do FormSUS, durante o período do mês de abril de 2023, apresentam-se no decorrer deste capítulo, os dados estão expostos da forma que foram fornecidos, sem qualquer tipo de alteração, os mesmo mostra-se em forma de gráficos e tabelas. 

Foram avaliados os casos de infecções puerperais que acometeram nas mulheres que foram submetidas a partos cesáreos em uma maternidade pública de um município do sudeste do Pará, durante o período de janeiro de 2023 a março de 2023; comparados os casos de infecções puerperais por trimestre, de partos cesarianos e investigados os casos de infecções puerperais dos partos cesáreas por mês.

O gráfico 1, representa o número de partos cesárea e infecções de sitio de cirúrgico, por trimestre, no período de janeiro a março de 2023, desta forma destaca-se que durante este espaço de tempo ocorreu o registro de 548 parto cesárea e 12 casos de infecção de sítio cirúrgico.

Quanto ao número de cesariana, infecções é o percentual de partos cesárea que apresentaram infecções, quanto ao mês de ocorrência durante o ano de 2023, apresenta-se conforme a tabela 1. De modo que o mês em que apresentou maior incidência de foi o mês de janeiro com 197 partos cesáreas e 04 infecções, mês de fevereiro 174 partos cesáreas e 03 infecções, 177 partos cesáreas no mês de março e 05 infecções. 

Com relação ao mês com maior percentual de casos de parto cesárea que desenvolveram infecções de sítio cirúrgico foi o mês de março, apresenta-se como sendo o mês que houve maior incidência no primeiro trimestre do ano de 2023 na maternidade pública do sudeste do Pará, com ,2,8% de casos de infecções, logo em seguida com 2% o mês de janeiro, 1,7% representa o mês de fevereiro, de infecção de sitio cirúrgico, do número total de partos cesariana. 

Conforme apresenta-se na tabela 1, o número de cesariana e infecções, é o percentual de partos cesárea que apresentaram infecções, quanto ao mês de ocorrência durante o período de janeiro a março de 2023. De modo que o mês em que apresentou maior incidência de partos cesárea foi o mês de janeiro com 197 e 04 infecções, logo em seguida o mês de março representa 177 partos cesárea e 05 infecções é por último o mês de fevereiro com 174 partos cesárea e 03 casos de infecção registrado.

Os microrganismos encontrados foram: Streptococcus pyogenes, Staphylococcus aureus, Enterobacter cloacae e Acinetobacter baumannii. O mês de março foi o mês com o maior número de microrganismos sendo Staphylococcus aureus encontrado em 03 feridas operatórias.

4 – DISCUSSÕES

Considerando os dados expostos de casos de infecções puerperais que acometeram as mulheres que foram submetidas a partos cesáreos em uma maternidade pública de um município do sudeste do Pará, durante o período de janeiro de 2023 a março de 2023; constatou-se que durante o primeiro trimestre do ano de 2023 o mês que houve maior incidência de partos cesariana foi em janeiro com 197, diante desta afirmativa não foi o mesmo que   apresentou sendo o que mais acometeu casos de infecção de sítio cirúrgico com 05 foi o mês de março (gráfico 1).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) que a taxa de cesarianas superior a 15% representa, a não, contribuição para diminuição de morbimortalidade materna perinatal, de modo que para a população brasileira a média de referência apresentou um reajuste para 25-30%, mediante as particularidades da população (BRASIL, 2016).

Diante da afirmativa do autor acima, percebe-se que, comparando-se a média nacional o índice da maternidade pesquisa apresenta-se muito abaixo dos índices de referência nacional, considerando um ponto positivo para a maternidade onde foi realizado o levantamento de dados.

Conforme Pinheiro e Bittar (2012) o Brasil apresenta-se na segunda colocação entre os países com maior índice de parto cesárea em relação ao total de nascimentos. Desde o início do século até o final da primeira década do mesmo, dos novos brasileiros que vieram ao mundo, 43,8% foram mediante a realização de partos cesarianos, deixando o país atrás apenas do Chipre, que teve 50,9%.

Percebe-se então que o Brasil é um dos países com maiores incidências de parto cesariana em todo o mundo, o que representa consequências graves diante tal evidência, conforme o autor a seguir cita. 

Segundo Geller (2010) a cesariana realizada de forma eletiva sem indicação clínica resulta de forma negativa nos desfechos da saúde maternos e neonatais, ocasionando o aumento considerável de histerectomias, transfusão sanguínea, infecções sítio cirúrgico, internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e até mesmo aumento da mortalidade neonatal.

Quanto ao percentual de partos cesárea por tipo de infecções de sítio cirúrgico por mês entre o período de janeiro a março de 2023, constatou-se que apresentou uma maior prevalência de partos cesárea no mês de janeiro com (197) e a incidência de 2,0% de casos de infecções, no entanto é válido ressaltar que no mês que houve um menor índice de partos cesárea fevereiro (174), apresentou o menor índice de infecções sítio cirúrgico, demonstrando que a quantidade de partos cesárea representa também o número elevado de infecções. Este fato pode estar relacionado diretamente com a falta de Procedimento Operacional Padrão (POP) que deve ser implantado pela CCIH, percebendo a necessidade de colocar em prática todos os protocolos existentes e/ou a elaboração de novos, visto que no mês que houve o menor número de partos cesárea, apresentou menor índice de infecções durante o primeiro trimestre  do ano de 2023, evidenciando que de acordo com a literatura o mês que menos deveria ter a incidência de casos de infecção, pelo baixo quantitativo de partos durante o mês decorrente (Tabela 1).

De acordo com a ANVISA (2017) para que seja realizado um parto cesariano, deve ser tomadas medidas visando a prevenção e controle de infecções de sitio cirúrgico, desta forma necessita ser adotadas medidas durante o pré-parto, intra-operatório, pós-operatório e medidas gerais de prevenção e controle. 

Nesta concepção Lima et al., (2014) ressalta a importância da antissepsia, tendo em vista que tem a finalidade de remover e eliminar a microbiota da pele no local de uma incisão cirúrgica planejada. As recomendações do Center for Disease Controland Prevention com níveis de evidência A e B para a prevenção de infecções de ferida cirúrgica, incluem, no pré-operatório, cuidados básicos com antissepsia. 

De acordo com Romanelle et al., (2014) alguns são os fatores integrados à infecção puerperal estão diretamente pautados com as condições sociais e demográficas deficientes, por exemplo, ausência de assistência pré-natal, baixo nível socioeconômico, condições de higiene pessoal deficiente, desnutrição, infecções do trato genital inferior, anemia materna, além também do alcoolismo e abuso de drogas aumentam significativamente as chances do desenvolvimento de uma infecção puerperal. 

Na Tabela 1 também aponta que durante o primeiro trimestre do ano de 2023, apresentou um percentual de 6,5% casos de infecções dos partos cesárea. O que corresponde um índice baixo considerando os índices nacionais e internacionais, conforme em estudos realizados pela OMS que analisou a frequência de cesáreas em 137 países (95% dos nascimentos globais em 2008) evidenciou que cerca de 40% dos países incluídos registraram uma taxa de cesariana menor que 10%, e foram considerados países com necessidade de cesariana (BRASIL, 2016b).

A extensa utilização desta cirurgia revela grande preocupação mundial. Com o crescimento de partos cesáreos aumenta também o percentual de infecções puerperais que se caracterizam por ter origem no aparelho genital, após parto recente, variando sua incidência de 1% a 15% (SÃO PAULO, 2012).

No primeiro trimestre do ano de 2023 durante o período de janeiro a março do referente ano, os casos de infecções puerperais que acometeram as mulheres que foram submetidas a partos cesáreos em uma maternidade pública de um município do sudeste do Pará, verificou-se que grande maioria dos partos cesárea acometeram no mês de janeiro (197), sendo que o mês de março que teve maior número de casos de infecções (05), representando a incidência de 2,8% do quantitativo de partos cesárea do referente mês. 

É quanto à incidência de casos de infeção de partos do 1º trimestre do ano de 2023, constatou-se 6,5%, do total de partos cesárea (548), diante desta afirmativa é importante ressaltar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) define a infecção puerperal sendo aquela apresentando um processo infeccioso materno ocasionado por bactérias do trato genital e extragenital feminino, podendo iniciar no momento da ruptura das membranas amnióticas ou parto até 42 dias após (WHO, 2015). 

Deste modo a cesariana é um dos principais fatores associados à ocorrência de infecções puerperais, devido serem um procedimento invasivo com maiores riscos de finais prejudiciais, além das infecções, como hemorragias, acidentes anestésicos e tromboembolismo por fluidos amnióticos (DUARTE et al., 2014).

Os profissionais da saúde médicos e enfermeiros são  essenciais no que diz respeito a tal problemática, de modo que o mesmo colabora de forma significativa para prevenção de possíveis complicações no período pós-parto. Deste modo deve ser realizada atenção humanizada, integral e holística ressaltando as ações para o autocuidado da mulher, anamnese no puerpério, realização do exame físico supervisão, fiscalização e acompanhamento nos centros de materiais e esterilização, minimizando assim as causas de infecções puerperais.

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o término do estudo os objetivos propostos foram alcançados em identificar o índice de infecções puerperais em partos cesáreos em uma maternidade pública de um município do sudeste do Pará, no período de janeiro de 2023 a março de 2023, no qual foi verificado o índice de 6,5% de infecções de sítio cirúrgico durante o período de janeiro a março de 2023, representando índices baixos comparados aos nacionais.

Quanto aos casos de infecções puerperais que acometeram as mulheres que foram submetidas a partos cesáreos em uma maternidade pública de um município do sudeste do Pará, no período de janeiro de 2023 a março de 2023; o mês que apresentou maior percentual de casos de infecções de partos cesáreas foi no mês de março 2,8%, no entanto é válido ressaltar que o referido mês foi uns do que apresentou maiores números de parto cesárea durante a realização do levantamento de dados.

Com a realização do estudo sugere-se, a realização mensal de apresentação em forma de slides e/ou painéis dos índices de infecção ocorridos durante o referido período, para toda a equipe atuante durante todo o processo do parto como também a realização trimestral de capacitação da equipe sobre prevenção da infecção, inserindo a capacitação da paciente e dos familiares.

Considerando os dados expostos, conclui-se que o estudo foi fundamental para novos conhecimentos sobre a temática investigativa, proporcionado aprimoramento, e a busca de novas fontes de informações, que tais serão colocadas em prática no desenvolvimento das atividades profissionais. Espera-se que este estudo sirva de base para futuras pesquisas sobre infecções puerperais, possibilitando aos mesmos, conhecimento e informações essenciais para o desenvolvimento de um bom desempenho profissional qualificado.

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1Mestre Em Ciências Ambientais Pela Universidade De Taubaté- Sp(2021), Especialização Em Enfermagem Obstétrica Pela Faculdade Wenceslau Brás (2015) Graduação Em Bacharelado Em Enfermagem Pela Faculdade Santa Maria-Pb (2007) Enfermeira Obstetra Do Município De Marabá-Pa E Docente Do Curso De Enfermagem Da Universidade Estadual Do Tocantins- Unitins
2Discente Do Curso De Medicina Pela Faculdade De Ciências Médicas Do Pará-Facimpa.
3Discente Do Curso De Medicina Pela Faculdade De Ciências Médicas Do Pará-Facimpa.
4Discente Do Curso De Medicina Pela Faculdade De Ciências Médicas Do Pará-Facimpa.
5Discente Do Curso De Medicina Pela Faculdade De Ciências Médicas Do Pará-Facimpa.
6Discente Do Curso De Medicina Pela Faculdade De Ciências Médicas Do Pará-Facimpa.
7Enfermeira Graduada Pela Universidade Do Estado Do Pará – Uepa Com Habilitação Em Médico Cirúrgica, Saúde Pública E Obstetrícia (1999). Especialização Em Administração Dos Serviços De Saúde – (Unaerp – 2000). Especialização Em Epidemiologia Para A Gerência Dos Serviços De Saúde/ Marabá (Uepa -2001). Especialização Em Auditoria, Planejamento E Gestão Em Saúde – (Faculdade Laboro -2019). Enfermeira Concursada Pela Prefeitura Municipal De Marabá Desde 2001. Atualmente Atuando Como Enfermeira Auditora Em Saúde. Discente Do Curso De Medicina Da Faculdade De Ciências Médicas Do Pará – Facimpa.
8Enfermeira Mestra Pelo Mestrado Em Cirurgia E Pesquisa Experimental Pela Universidade Do Estado Do Pará – Cipe (Uepa-2018), Graduação Em Enfermagem Pelo Instituto De Ensino Superior Do Sul Do Maranhão (2008). Atualmente É Enfermeira Assistencial Da Prefeitura Municipal De Marabá. Discente Do Curso De Medicina Da Faculdade De Ciências Médicas Do Pará – Facimpa, Diretora Científica Da Liga Acadêmica De Diagnóstico Sindrômico Ladic – Facim – Pa E Diretora De Iniciação Científica Da Liga Acadêmica De Crescimento E Desenvolvimento Infantil Na Amazônia – Lacdia- Facimpa.
9Discente Do Curso De Medicina Pela Faculdade De Ciências Médicas Do Pará-Facimpa.
10Graduação Em Enfermagem Pelo Instituto Tocantins Presidente Antônio Carlos (2006). Pós – Graduação Em Enfermagem Obstétrica E Neotologia -Inesul (2009). Enfermagem Do Trabalho – São Camilo (2012). Atualmente É Enfermeira Obstetra Do Hmi Do Município De Marabá -Pa. Discente Do Curso De Medicina Pela Faculdade De Ciências Médicas Do Pará-Facimpa.
11Discente Do Curso De Medicina Pela Faculdade De Ciências Médicas Do Pará-Facimpa.
12Discente Do Curso De Medicina Pelo Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – Unitpac.
13Médica, Com Especialização Em Medicina De Família E Comunidade. Médica Atuante Na Ubs- Marabá-Pa. Docente Do Curso De Medicina Pela Faculdade De Ciências Médicas Do Pará-Facimpa.
14Discente Do Curso De Medicina Pela Faculdade De Ciências Médicas Do Pará-Facimpa
15Cirurgiã Dentista, Graduada Em Odontologia Pela Fundação Unirg – Centro Universitário Unirg – Gurupi/ To (2016). Atualmente Discente Do Curso De Medicina Do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – Itpac Palmas.
16Discente Do Curso De Medicina Pela Faculdade De Ciências Médicas Do Pará-Facimpa