DIAGNÓSTICO TARDIO DE TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) E TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7977277


Washington Santana Gomes;
Patrícia de Almeida Costa Gomes;
Priscila Matos Botelho;
Mara Regina Kossoski Félix Rezende.
Orientadora : Ginarajadaça Ferreira dos Santos Oliveira;


RESUMO

Este trabalho aborda o tema Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), psicopatologias do desenvolvimento. Existem muitas lacunas em relação à etiologia complexa dos distúrbios observados. No entanto, estudos não têm poupado esforços para trazer novos conhecimentos ao referido contexto psicopatológico. Considerando a necessidade constante de atualizações que contribuam para o desenvolvimento do tema para a Terapia Ocupacional, o objetivo principal deste estudo é fazer uma revisão etiológica das possíveis influências genéticas e ambientais que ocorrem na ocorrência de tais distúrbios, bem como sugerir causas multifatoriais. Desse modo, o objetivo do presente trabalho é fazer uma revisão bibliográfica sobre as implicações do diagnóstico tardio do TEA e do TDAH. Em termos de procedimentos investigativos, vamos optar por um levantamento bibliográfico da literatura da última década, dada a natureza evolutiva da ciência. Um dos motivos da escolha desse tipo de projeto são as possíveis articulações exigidas na relação entre a fundamentação teórica e o objeto em estudo. Além disso, a pesquisa foi exploratória em termos de objetivo básico, pois seu objetivo é encontrar percepções e insights relacionados ao tema em estudo.

Palavras-chave: Transtorno de déficit de atenção. Transtorno de espectro autista. Diagnóstico tardio. Terapia Ocupacional.

ABSTRACT

This work addresses the theme Autism Spectrum Disorder (ASD) and Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD), developmental psychopathologies. There are many gaps regarding the complex etiology of the observed disorders. However, studies have spared no efforts to bring new knowledge to the aforementioned psychopathological context. Considering the constant need for updates that contribute to the development of the theme for Occupational Therapy, the main objective of this study is to carry out an etiological review of the possible genetic and environmental influences that occur in the occurrence of such disorders, as well as to suggest multifactorial causes. Thus, the objective of the present work is to carry out a bibliographic review on the implications of the late diagnosis of ASD and ADHD. In terms of investigative procedures, we will opt for a bibliographical survey of the literature of the last decade, given the evolutionary nature of science. One of the reasons for choosing this type of project is the possible articulations required in the relationship between the theoretical foundation and the object under study. In addition, the research was exploratory in terms of its basic objective, as its objective is to find perceptions and insights related to the topic under study.

Keywords: Attention Deficit Disorder. Autistic Spectrum Disorder. Late diagnosis.

RESUMEN

Este trabajo aborda el tema Trastorno del Espectro Autista (TEA) y Trastorno por Déficit de Atención con Hiperactividad (TDAH), psicopatologías del desarrollo. Hay muchas lagunas en cuanto a la compleja etiología de los trastornos observados. Sin embargo, los estudios no han escatimado esfuerzos para aportar nuevos conocimientos al contexto psicopatológico mencionado. Considerando la constante necesidad de actualizaciones que contribuyan al desarrollo de la temática de la Terapia Ocupacional, el objetivo principal de este estudio es realizar una revisión etiológica de las posibles influencias genéticas y ambientales que ocurren en la ocurrencia de tales trastornos, así como para sugerir causas multifactoriales. Así, el objetivo del presente trabajo es realizar una revisión bibliográfica sobre las implicaciones del diagnóstico tardío de TEA y TDAH. En cuanto a los procedimientos investigativos, optaremos por un repaso bibliográfico de la literatura de la última década, dado el carácter evolutivo de la ciencia. Una de las razones para optar por este tipo de proyectos son las posibles articulaciones requeridas en la relación entre la fundamentación teórica y el objeto de estudio. Además, la investigación fue exploratoria en cuanto a su objetivo básico, ya que su objetivo es encontrar percepciones e intuiciones relacionadas con el tema en estudio.

Palabras-clave: Desorden de déficit de atención. Trastorno del espectro autista. Diagnóstico tardío.

INTRODUÇÃO

O Autismo, ou como é cientificamente conhecido por Transtorno do Espectro Autista (TEA), e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), são psicopatologias do desenvolvimento que levam a uma ampla gama de distúrbios neurológicos, psicológicos com efeitos comportamentais e sociais. Existem vários fatores que estão inter-relacionados e motivam o aparecimento de tais distúrbios, que podem ser genéticos, ambientais e multifatoriais. Além disso, as psicopatologias mencionadas muitas vezes atuam em conjunto com outros problemas psicopatológicos relacionados ao quadro clínico-patológico dos indivíduos acometidos.

No autismo, os estudos genéticos têm colaborado com o avanço das pesquisas ao buscar o envolvimento dos genes como fatores de risco para o problema. Além disso, é possível algum mapeamento de anormalidades cromossômicas conhecidas correlacionadas com TEA. No entanto, tais avanços ainda são limitados devido à complexidade dessa psicopatologia, que inclui também causalidades ambientais multifatoriais. No TDAH, as influências neurogenéticas são importantes e mostram uma hereditariedade que geralmente aparece na infância e geralmente dura toda a vida de um indivíduo. Nesse contexto, porém, não há determinação genética, mas tendências que influenciam o processo etiológico da psicopatologia, apresentando um fator multifatorial/multitarefa.

O transtorno do espectro do autismo (TEA) está sendo estudado cada vez mais devido ao crescente número de casos em todo o mundo. Como um distúrbio do neurodesenvolvimento, várias causas são analisadas e diferentes classificações de gravidade são criadas. Apesar do conhecimento atual mais amplo sobre o autismo, ainda há poucas conclusões materiais e efetivas sobre o diagnóstico tardio do TEA, deixando milhares de pessoas sem diagnóstico precoce, prejudicando o pleno desenvolvimento de suas habilidades de comunicação e interação social. como um comportamento que os coloca fora do “normal”, significando grande sofrimento e dor ao longo da vida.

Desta forma, procuramos descrever os principais pontos apresentados na literatura, conceituando e explicando o transtorno do espectro autista; distribuição etária definida como idade adulta; quando o diagnóstico pode ser considerado tardio; os principais motivos que contribuíram para a ocorrência do diagnóstico apenas na idade adulta; quais técnicas são usadas para mapear as características do autismo em adultos; e a importância do tratamento psicológico nesses pacientes com diagnóstico tardio, além da contribuição do psicólogo nesse contexto.

Por sua vez, o diagnóstico de TDAH é clínico e baseado em uma combinação de sintomas e comportamentos, história clínica pregressa e envolvimento de familiares e membros da comunidade escolar (Gomes et al., 2007). De acordo com o DSM-V (APA, 2014), o TDAH ocorre em aproximadamente 5% das crianças e 2,5% dos adultos; sua prevalência é maior em meninos do que em meninas. Os sintomas de desatenção são mais comuns nas raparigas (APA, 2014).

O diagnóstico de TDAH em adultos, embora em menor número, é reconhecido cientificamente, mas a maioria dos estudos é realizada em crianças e adolescentes. O número de publicações sobre TDAH em adultos aumentou nos últimos anos, mas os pesquisadores discordam sobre o alívio dos sintomas (Dias et al, 2007).

Assim como em crianças, em alguns estudos o diagnóstico em adultos é baseado na persistência de seis ou mais sintomas relacionados a uma das três dimensões de desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade. Além disso, um critério diagnóstico é a persistência de sintomas, ou seja, a prevalência de sintomas de cada dimensão do TDAH e disfunção significativa relacionada ao transtorno (Dias et. al, 2007). Nesses estudos, a persistência dos sintomas em adultos é de 40 a 60% dos casos. O autor destaca que a continuidade dos sintomas é a forma mais adequada de identificar o TDAH em adultos, pois a continuidade de seis ou mais sintomas é baseada em pesquisas realizadas em crianças e adolescentes.

O diagnóstico de TDAH em adultos é um tema complexo, com vários estudos e autores divergentes quanto à sua prevalência desde a infância. Alguns autores mostram que em adultos os sintomas de hiperatividade tendem a diminuir e os sintomas de desatenção são mais persistentes. Em adultos, a dificuldade de concentração pode ocasionar situações conflituosas e constrangedoras, principalmente nos relacionamentos amorosos e no ambiente de trabalho (Gomes & Confort, 2017).

Desse modo, o objetivo do presente trabalho é fazer uma revisão bibliográfica sobre as implicações do diagnóstico tardio do TEA e do TDAH.

MÉTODOS

Em termos de procedimentos investigativos, vamos optar por um levantamento bibliográfico da literatura da última década, dada a natureza evolutiva da ciência. Um dos motivos da escolha desse tipo de artigo são as possíveis articulações exigidas na relação entre a fundamentação teórica e o objeto em estudo. Além disso, a pesquisa foi exploratória em termos de objetivo básico, pois seu objetivo é encontrar percepções e insights relacionados ao tema em estudo.

Este estudo consiste em uma revisão integrativa da literatura sobre os efeitos do diagnóstico tardio do TEA em adultos. Este método visa compilar e sintetizar os principais resultados obtidos na pesquisa científica de um determinado tema de forma sistemática, ordenada e abrangente, a fim de aprofundar o conhecimento do assunto pesquisado e possibilitar sua implementação na prática profissional, ao indicar lacunas que precisam ser preenchidas por novos estudos.

Seis etapas foram seguidas na construção da revisão: formulação de uma questão norteadora, busca ou amostragem da literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação de uma revisão integrativa.

A estratégia PICO (Acromium for Patient, Intervention, Comparison and Outcome) proposta pela Prática Baseada em Evidências foi utilizada na formulação da questão de pesquisa da revisão integrativa, para que problemas clínicos decorrentes da prática terapêutica, ensino ou pesquisa possam ser solucionados. depois desmembrada e organizada por meio da estratégia.

Portanto, a pesquisa foi feita com um estudo bibliográfico documental, que vem da literatura especializada da última década. Em relação ao autismo, os resultados do estudo mostram a etiologia e a importância multifatorial do ambiente genético. No entanto, a pesquisa genética no campo do TEA permanece limitada devido à complexidade dessa psicopatologia do desenvolvimento, e ainda há muito a ser realizado. Por outro lado, no campo do TDAH, os participantes têm uma influência neurogenética significativa nas possibilidades etiológicas desse transtorno. Nesse caso, entretanto, o envolvimento da causalidade multifatorial é contínuo.

RESULTADOS

Os artigos analisados estão apresentados no Quadro 1, a fim de facilitar a visualização e a compreensão dos temas de cada periódico, em relação ao TEA em adultos. O quadro apresenta uma síntese dos artigos com autoria e ano de publicação; título; objetivo e principais achados, organizados por ano de publicação. Reúne 12 estudos publicados entre os anos 2020 e 2022.

Quadro 1: Resultados da revisão da literatura em relação ao impacto do diagnóstico tardio do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em adultos

Autores/anoNome do artigoObjetivoPrincipais achados
Carbone et al. (2020)Primary Care Autism Screening and Later Autism Diagnosis.Descrever a proporção de crianças rastreadas pela Lista de Verificação Modificada para Autismo em Crianças (MCHAT), identificar características associadas à conclusão da triagem e examinar associações entre triagem de TEA e diagnóstico tardio de TEA.As crianças devem ser rastreadas para TEA para ter um diagnóstico melhor e mais cedo.
Fusar-Poli et al. (2020)Missed diagnoses and misdiagnoses of adults with autism spectrum disorder.Avaliar a história psiquiátrica de um grupo de adultos que recebeu o primeiro diagnóstico de TEA em dois centros universitários italianos.A falta de conhecimento e as diferenças entre os fenótipos do espectro podem levar a um diagnóstico tardio e assim é importante que psiquiatras considerem o TEA como um diagnóstico diferencial.
Menezes (2020)O diagnóstico do transtorno do espectro autista na fase adulta.Abordar o diagnóstico tardio do Transtorno do Espectro Autista, compreender e analisar suas consequências para a vida dos pacientes na fase adulta e como se dá a percepção destes após a designação de um diagnóstico.Existe uma necessidade de modificações nas políticas de saúde a fim de que médicos estejam mais capacitados para o manejo de pacientes que nunca tiveram suas especificidades determinadas e precisam de seus direitos garantidos, o que pode ser alcançado com maior esforço em pesquisa direcionada ao TEA, reduzindo preconceitos.
Orrú (2020)Singularidades e impacto social del autismo severo en Brasil.Descrever o autismo severo segundo a literatura científica, discutir, a partir das informações produzidas pelos participantes, seu impacto social na vida familiar e colaborar para uma percepção mais atual e humana desta singularidade.A falta de políticas públicas efetivas impactam diretamente a qualidade de vida de pessoas com autismo severo e de familiares causando sofrimento intenso.
Ruggieri (2020)
Autismo, depresión y riesgo de suicídio.Analisar a depressão no autismo, o risco de ideação suicida e o suicídio, priorizando aspectos clínicos, a avaliação e os fatores de risco.A depressão, ideação suicida e o próprio suicídio são contextos que indivíduos com TEA podem enfrentar, uma vez que sua prevalência é maior do que na população geral.
Silva, Araújo, & Dornelas (2020)A importância do diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista.Destacar a importância do diagnóstico e do processo de reabilitação no Transtorno do Espectro Autista com base nos avanços científicos na área.Conclui-se que os responsáveis pela criança necessitam se concentrar nos marcos do desenvolvimento a fim de notar problemas e, caso precise, direcionar ao suporte multidisciplinar que pode impactar muito no prognóstico do TEA.
Avlund et al. (2021)Factors Associated with a Delayed Autism Spectrum Disorder Diagnosis in Children Previously Assessed on Suspicion of Autism.Investigar fatores associados ao diagnóstico tardio do transtorno do espectro autista quando comparados à crianças com diagnóstico precoce ou nulo do TEA.Revela a necessidade de desenvolver instrumentos mais sensíveis para detectar sintomas sutis de TEA e assim identificar subgrupos de maior risco, a fim de reduzir a idade diagnóstica e aumentar a chance de intervenção apropriada.
Gesi et al. (2021)Gender differences in misdiagnosis and delayed diagnosis among adults with autism spectrum disorder with no language or intellectual disability.Fornecer informações sobre os sintomas do espectro autista entre homens e mulheres encaminhados a um centro de tratamento de comorbidades psiquiátricas em adultos com TEA, além de avaliar se o caminho para o reconhecimento do transtorno foi caracterizado de forma diferente em relação aos sexos, em termos de atraso no diagnóstico, diagnóstico errôneo e associação com domínios de sintomas específicos.A falta de informações específicas acerca de gênero podem contribuir para o diagnóstico tardio do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Oliveira et al. (2021)
Principais temas relacionados ao Transtorno do Espectro Autista na população infantil e adulta: Revisão de literatura.Mapear as evidências disponíveis na literatura recente sobre os principais temas referentes ao TEA.Comprova a falta de produção científica destinadas à qualidade de vida da população adulta com TEA.
Pereira et al. (2021)Importância da implantação de questionários para rastreamento e diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista (TEA) na atenção primária.Analisar as publicações científicas relacionadas à importância do rastreamento precoce do TEA por intermédio de questionários que visem a identificação dos sinais e sintomas previamente.A detecção precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem impacto positivo na intervenção e reduz riscos de complicações futuras da pessoa com autismo.
Shaw, Leandro, & Rocha-Oliveira, (2021)Discutindo mitos e verdades sobre o autismo: contribuições de uma palestra para compreensão do transtorno do espectro autista.Discutir atualizações e mitos sobre o autismo e auxiliar na construção de conhecimentos sobre o TEA, além de identificar características de pessoas autistas e apresentar relato de pai de pessoas autistas sobre sua experiência e seus enfrentamentos.A conscientização da família, profissionais da saúde e educação acerca da heterogeneidade do espectro autista é essencial para o desenvolvimento da pessoa com autismo.
Caparroz & Soldera (2022)Transtorno do espectro autista: impactos do diagnóstico e suas repercussões no contexto das relações familiares.Abordar o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista e os seus impactos na vida familiar, além de compreender e analisar os impactos nas famílias que tem o diagnóstico em seus filhos de autismo.Evidencia a necessidade de suporte e adaptações para minimizar as repercussões do diagnóstico de TEA no cotidiano familiar

Fonte: Elaboração própria (2023)

Em relação ao TDAH, os resultados são apresentados no diagrama 2. De acordo com os dados apresentados, os artigos costumam tratar do tema do estudo: prejuízos causados ​​pelos sintomas do TDAH em adultos no ambiente familiar, acadêmico, interpessoal e profissional:

Quadro 2: Resultados da revisão da literatura em relação ao impacto do diagnóstico tardio do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade em adultos

TítuloAutoresAnoIdeias centrais
Consequências do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na idade adulta.Carolina Xavier Lima Castro; Ricardo Franco de Lima.2018Descrevem sobre os prejuízos causados pelo TDAH nas diferentes dimensões do desenvolvimento, sobretudo social, acadêmico e profissional; a etiologia multifatorial; o diagnóstico clínico e interdisciplinar; os modelos neurocognitivos explicativos; os impactos negativos do diagnóstico do TDAH na fase adulta no ambiente acadêmico, na gestão financeira, nos relacionamentos interpessoais, no domínio parental e relacionamentos conjugais.
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e cocaína-crack: o que indica a comparação entre grupo de usuários e não usuários?Ana Carolina Maciel Cancian; Luiza Drissen Sigorelli Germano; Fernanda Cerutti; Margareth da Silva Oliveira.2017Descrevem a relação entre o uso de cocaínacrack e o diagnóstico do TDAH; sobre alguns perfis dos usuários de crack; a vulnerabilidade genética nos diagnósticos de TDAH e TUS (Transtorno por Uso de Substâncias); os prejuízos de autorregulação comportamental e do sistema de recompensa/motivacional no TDAH (busca por recompensa instantânea e adiamento de atividades prazerosas); os problemas da impulsividade do TDAH no adulto; a utilização do instrumento de autorrelato para avaliação do funcionamento adaptativo e psicopatológico; a relação da impulsividade com falhas no controle inibitório.
A experiência do uso de metilfenidato em adultos diagnosticados com TDAHLuciana Vieira Caliman; Pedro Henrique Pirovani Rodrigues.2014Discorrem sobre o aumento do consumo de medicamentos; o uso do metilfenidato como medicamento mais eficaz no tratamento do TDAH, contribuindo para melhora comportamental e baixa incidência de efeitos colaterais; o uso do medicamento como operador de transformações das habilidades cognitivas e das tarefas (do indivíduo e do seu mundo); a experiência do impacto do diagnóstico do TDAH; os depoimentos de entrevistados adultos diagnosticados com TDAH, com a respectiva análise, sobre efeito do uso da medicação (desculpabilização, agressividade, apatia e insônia).
Perfil neuropsicológico de adultos com queixas de desatenção: diferenças entre portadores de TDAH e controles clínicosCíntia Mesquita; Gabriel Coutinho; Paulo Mattos.2010Discutem a comparação do desempenho neuropsicológico de adultos portadores de TDAH, segundo o DSM-IV, com controles clínicos; as variáveis neuropsicológicas; as funções executivas: controle inibitório e execução, memória operacional, alternância de conceitos e controle de interferência; a importância da memória operacional (solução de problemas, tomada de decisão, cálculos mentais e leitura).
Dependentes de crack com sintomas de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade consomem mais substâncias psicoativasMaria Graça Castro; Rosimeri Siqueira Pedroso; Renata Brasil Araujo.2010Relatam que estudos de acompanhamentos de pessoas com TDAH indicam maior chance de ter dependência de álcool, nicotina e outras drogas; o TDAH é considerado fator de risco isolado para o transtorno de uso de substâncias (TUS);os sujeitos que apresentavam sintomas de TDAH iniciaram o uso de substâncias psicoativas mais precocemente e mais grave; a dificuldade do diagnóstico de TDAH na vida adulta tardio;a necessidade dos profissionais de saúde atentar para os dependentes de crack/cocaína com TDAH, devido ao agravamento de ambos os transtornos.

Fonte: Elaboração própria (2023)

DISCUSSÃO

Diagnóstico do TEA na vida adulta

A política de saúde varia de país para país, por isso alguns países recomendam a triagem universal precoce – como os EUA – e outros a desencorajam, como o Reino Unido. O Brasil só implantou a primeira política pública de saúde mental juvenil no início do século XIX, o que provocou – ainda que paralelamente – uma divisão entre profissionais médicos e associações familiares. Embora existam orientações diagnósticas e terapêuticas nas cartilhas governamentais, há diferenças nos dispositivos de entrada em saúde (rede de tratamento da pessoa com deficiência x rede de rede de tratamento psicossocial) e, portanto, em relação à linha terapêutica, o que justifica discordâncias e não faz nenhum desenvolvimento real para o TEA. Há também a Lei Berenice Piana (Lei 12.764/2012), mas sua implementação efetiva ainda está pendente. Apesar da lei garantir o direito de receber tratamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e respeitar as características especiais dos autistas, como diagnóstico precoce, atendimento e intervenções, há desinformação e preconceito que impedem esses direitos das pessoas que chegam – muitas – na vida adulta sem diagnóstico. Outra lei – a Lei 13.438/2017 – obriga o SUS a realizar avaliações de triagem para bebês a partir de 18 meses, o que é contrário ao Conselho Federal de Psicologia, pois essa faixa etária pode não apresentar características detectáveis, como faz a Federação brasileira. Uma medida pelos direitos dos autistas, porque o tema e a forma como a lei está formulada não foram discutidos. Assim, a inclusão é tudo menos efetiva, e as leis precisam não apenas ser revistas, mas também aplicadas de fato para respeitar os direitos.

Embora muitos países tenham políticas de triagem precoce do transtorno do espectro autista, nem sempre seu sucesso é garantido, o que faz com que o diagnóstico e o tratamento não ocorram na infância, o que, independentemente de onde a pessoa esteja no espectro, traz dificuldades para ela e para os demais com quem vive.

Países de baixa e média renda – como o Brasil – são mais propensos ao diagnóstico tardio porque têm mais barreiras relacionadas a renda, questões étnicas, assistência médica (por falta de política ou implementação) e conhecimento (para que os pais possam expressar ao pediatra suas preocupações sobre os sintomas iniciais ou questionar a dispensa indevida de profissionais despreparados, o que os impede de expressar problemas novos ou recorrentes).

Mesmo em países desenvolvidos, o diagnóstico tardio pós-infância pode ocorrer, por exemplo, quando há comorbidades que mascaram características autistas – como hiperatividade, ansiedade e transtornos do humor – bem como fatores socioeconômicos, étnicos e outros. Mudanças nos critérios diagnósticos e a consequente melhora na compreensão desse transtorno também são motivos para seu diagnóstico tardio e o uso de estratégias de enfrentamento que compensam ou ocultam características do espectro.

Alguns adultos com TEA têm boas habilidades de linguagem e aprendizado, mas só têm problemas com essas coisas quando as demandas sociais são muito grandes; além disso, as mulheres parecem ter sintomas mais leves e comportamento mais contido, o que significa maior taxa de diagnósticos tardios.

Os médicos continuam a enfrentar desafios diagnósticos, principalmente ao avaliar adultos com possível TEA. Os adultos podem ter deficiências menos óbvias e os sinais e sintomas do TEA podem ser obscurecidos por outras comorbidades, como transtorno de ansiedade social, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno esquizoafetivo. Estudos epidemiológicos mostram que a prevalência de TEA na população adulta é de cerca de um por cento em comparação com a observada em crianças.

Embora as impressões clínicas subjetivas do especialista sejam a pedra angular de qualquer processo diagnóstico e de fato mantenham a estabilidade dos diagnósticos de TEA, isso restos. A certeza de um diagnóstico de TEA é difícil de quantificar, especialmente em casos adultos complexos.

Em ambientes comunitários e de saúde pública onde a avaliação padrão-ouro não é possível, pode haver atrasos e incertezas na avaliação do diagnóstico. O Exame do Estado Mental do Autismo (AMSE) destina-se a preencher essa lacuna prática, e suas propriedades psicométricas preliminares são promissoras para orientar o julgamento clínico na tomada de decisões diagnósticas baseadas na prática. administrar avaliações observacionais padronizadas. Clínicos como psiquiatras e neurologistas experientes no diagnóstico de TEA podem usar o AMSE para apoiar seu julgamento clínico. AMSE só deve ser realizado por médicos experientes em fazer um diagnóstico clínico de TEA. O treinamento AMSE é oferecido em um curso de treinamento com manual digital e avaliações práticas usando simulações de exames em vídeo. O protocolo de treinamento está sendo estudado, mas de acordo com resultados preliminares, a confiabilidade pode ser alcançada rapidamente.

O referido instrumento, o ADOS-2, em seu 4º módulo, é eficaz para avaliação de adultos jovens e fluentes. O uso desse instrumento de avaliação mostrou-se bom ou significativo devido à concordância interavaliadores e à alta consistência interna, mesmo quando comparado a vários transtornos como esquizofrenia e psicopatia (semelhanças sintomáticas em relação ao TEA), que se mostraram confiáveis ​​no diagnóstico tardio de TEA. Assim, a combinação de ADOS-2 e ADI-R é considerada a melhor opção possível, além da análise realizada por um médico treinado para obter um diagnóstico eficaz.

Diagnóstico do TDAH na vida adulta

O interesse dos adultos pelo TDAH cresceu exponencialmente nos últimos anos. Dias et al (2007) mostra que o número de publicações mostrando que esse transtorno persiste na idade adulta tem aumentado na maioria dos casos, causando prejuízos significativos nos indivíduos. Uma vez que a forma adulta da doença foi identificada apenas recentemente, a maioria dos resultados científicos foi desenvolvida por meio de estudos realizados em crianças e adolescentes.

Para um diagnóstico eficaz de TDAH, tanto o CID-10 (OMS, 1993) quanto o DSM-5 (APA, 2014) garantem que os sintomas devem aparecer antes dos 7 anos de idade, mas alguns estudos sugerem que a idade de início é menos importante no subtipo predominantemente desatento (Dias et al., 2007).

Segundo Bakley (2008), o termo sintoma aqui se refere a um comportamento ou série de reações comportamentais que variam significativamente e sugerem algum transtorno mental, deve-se considerar também o termo “engajamento”, que corresponde às consequências ou consequências dos sintomas ou sintomas. sintomas na vida de um paciente com TDAH.

Com o auxílio da entrevista clínica é possível avaliar a presença, duração e gravidade dos sintomas dependendo da idade, essa entrevista pode ser feita com o próprio paciente ou com pessoas que convivem com ele, é importante ressaltar que o diagnóstico de O TDAH não deve ser rejeitado se os sintomas da tríade de desatenção, hiperatividade e impulsividade não estiverem presentes durante a entrevista clínica, pois os sintomas podem variar com o ambiente e a demanda (Hutz et al., 2016).

Hutz et al. (2016) também mostram a importância de examinar a história clínica do paciente para determinar se os sintomas se referem a um evento ou situação específica, como luto, perda de emprego, nascimento de um irmão ou desentendimento com um parente, informações sobre gravidez também são importantes, pois um bebê com baixo peso ao nascer e a exposição da mãe ao álcool e ao cigarro durante a gravidez são fatores de risco para o TDAH. É importante obter um histórico médico porque os sintomas de desatenção podem ocorrer com deficiência auditiva ou visual, traumatismo cranioencefálico, encefalopatia, hipertireoidismo e envenenamento por chumbo.

A presença de psicopatologia na família também deve ser analisada. Biederman (2005) apud Hutz (2016) mostram que o risco de TDAH é 2-8 vezes maior em pais e irmãos com o transtorno. Um ambiente familiar desorganizado e instável também estimula os sintomas dos pacientes com TDAH (Pliszka 2007 apud Hutz et al., 2016).

Dificuldades com impulsividade de desatenção e/ou hiperatividade devido ao TDAH se manifestam precocemente em comportamentos inadequados para a idade ou dificuldades em prestar atenção, seguir regras e inibir impulsos. Os adultos mantêm a tríade de sintomas de desatenção, inquietação e impulsividade em graus variados, embora os sintomas de hiperatividade e impulsividade diminuam significativamente no final da adolescência. (Barkley, 2008).

A desatenção em indivíduos diagnosticados com TDAH manifesta-se por meio de comportamento alheio a tarefas ou desatenção no trabalho com muito mais frequência que em indivíduos com dificuldade de aprendizado ou com nenhum tipo de transtorno. A impulsividade é caracterizada pela necessidade de reagir rapidamente às situações sem esperar por instruções ou analisar possíveis riscos e possíveis consequências negativas ou destrutivas, assumindo mais riscos desnecessários, escolhendo ações que proporcionem um retorno ou recompensa rápida e dando menos peso às ações pendentes. ou produzir resultados a longo prazo. A hiperatividade está relacionada à dificuldade de controlar as reações em determinadas situações, como inquietação, agitação e movimentos bruscos em horários inapropriados, comportamentos relatados por pessoas com TDAH (Barkley, 2008).

Tal como acontece com as crianças e os jovens, é difícil concentrar-se em determinadas situações que não são do seu pleno interesse. dificuldade que aumenta quando estão entediados ou perturbados por estímulos internos ou externos. Distúrbios do sono também são comuns no TDAH, principalmente devido à participação em atividades estimulantes, além de dificuldade para acordar pela manhã e sonolência diurna, principalmente em atividades que requerem atenção em longo prazo. (Mattos et al., 2006).

Os estudos de sustentabilidade lidam com diferentes definições do termo. O conceito de persistência sindrômica inclui o TDAH apenas em adultos com seis ou mais sintomas de pelo menos uma dimensão do sintoma (atenção e hiperatividade-impulsividade) e um sintoma necessário para o diagnóstico em crianças e adolescentes. No entanto, estudos utilizando o conceito encontraram baixa persistência em adultos. A persistência dos sintomas refere-se ao TDAH naqueles adultos que apresentam comprometimento significativo relacionado aos sintomas, mesmo que não haja sintomas suficientes (Dias et al., 2007).

É necessário investigar a presença de outras doenças, pois a comorbidade do TDAH é alta em adultos e crianças. Em adultos, transtornos de humor e ansiedade com prevalência de 30% e 50%, dependência de álcool e drogas em cerca de 30% e transtorno de personalidade antissocial em 30% (Biederman 2005 apud Hutz et al, 2016).

O diagnóstico de TDAH pode ser um desafio clínico, pois vários transtornos neuropsiquiátricos apresentam quadro sintomático semelhante ao TDAH. A escassez de estudos comparativos entre adultos com TDAH e adultos com desatenção dificulta a distinção entre os dois casos. Um dos maiores problemas no diagnóstico do TDAH também se deve à necessidade de diferentes fontes de informação, como familiares, cônjuges e outros pares, devido às diferentes interpretações geradas pelo comportamento (Mesquita et al., 2010).

Os critérios diagnósticos oficialmente desenvolvidos são definidos no DSM-5 (APA, 2014) e apresentam algumas semelhanças com a definição da CID-10 (OMS, 1994). Os critérios do DSM-5 exigem que os sintomas estejam presentes em mais de uma ocasião durante um período de seis meses, na medida em que representem um nível inadequado de desenvolvimento da lista de comportamentos do DSM-IV relacionados à desatenção, hiperatividade e impulsividade. enquanto a CID-10 requer a presença de sintomas em todas as dimensões de hiperatividade/impulsividade e desatenção (Barkley, 2008).

De maneira geral, O diagnóstico tardio de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro autista (TEA) pode ter consequências significativas na vida do indivíduo. Algumas das possíveis consequências incluem:

  • Dificuldades na escola e no trabalho: O TDAH e o TEA podem afetar o desempenho acadêmico e profissional, dificultando o cumprimento de tarefas e metas. O diagnóstico tardio pode resultar em anos de frustração e dificuldades no ambiente escolar e profissional.
  • Problemas de saúde mental: O TDAH e o TEA estão associados a um maior risco de desenvolvimento de ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental. O diagnóstico tardio pode resultar em anos de sofrimento psicológico e dificuldade em lidar com esses problemas.
  • Problemas de relacionamento: O TDAH e o TEA podem afetar a capacidade do indivíduo de se relacionar com outras pessoas, resultando em dificuldades em fazer amigos e manter relacionamentos. O diagnóstico tardio pode resultar em anos de isolamento social e solidão.
  • Prejuízo na qualidade de vida: O TDAH e o TEA podem afetar a qualidade de vida do indivíduo de várias maneiras, incluindo a dificuldade em realizar atividades cotidianas e a necessidade de suporte e cuidados especiais. O diagnóstico tardio pode resultar em anos de dificuldades desnecessárias e prejuízo na qualidade de vida.

Por isso, é importante que os sinais e sintomas de TDAH e TEA sejam reconhecidos precocemente, para que o diagnóstico e tratamento possam ser iniciados o mais cedo possível. É fundamental que os pais, professores e profissionais de saúde estejam atentos aos sinais e sintomas desses transtornos e busquem ajuda profissional assim que suspeitarem de algo. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem ajudar a minimizar os impactos desses transtornos na vida do indivíduo.

CONCLUSÕES

Este estudo abordou o diagnóstico tardio do transtorno do espectro autista (TEA) e do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Leva-se em consideração que o TEA se torna um fator prejudicial ao desenvolvimento psicossocial do indivíduo por consequência da falta de tratamento do transtorno do espectro autista, patologia e doença menos comum, que afeta negativamente a vida do paciente com mais destaque por ser um transtorno permanente do desenvolvimento que compromete irreversivelmente o desenvolvimento integrativo, reforçando as complicações decorrentes da correlação de ambos os transtornos.

Em decorrência da combinação do transtorno do espectro do autismo e da infância, há poucos estudos voltados para a população adulta. Assim, fica evidente a importância de novos estudos voltados para essa faixa etária, atentando para a qualidade de vida dessa população em seus aspectos biológicos, psicológicos e sociais, bem como a criação de testes específicos que possam ser aplicados de forma mais ampla. precisão diagnóstica. Além disso, são necessárias mais medidas legislativas e educativas para incentivar a família e os profissionais a rastrear o transtorno, a fim de melhorar a qualidade de vida da população adulta com TEA e aliviar os sintomas frequentemente agravados. falta de tratamentos especiais.

Quanto ao TDAH, os sintomas têm diversos efeitos negativos nos adultos, principalmente nos relacionamentos e nas situações de trabalho e família. Compreendeu-se que a indiferença e a impulsividade dificultam a manutenção de amizades, o que pode prejudicar o desenvolvimento, pois a essência de uma pessoa é a relação com os outros e também com os sistemas de apoio. Na vida profissional, os sintomas do TDAH, principalmente a desorganização e a procrastinação, podem levar a situações constrangedoras e ao desemprego. O tratamento precoce, seja medicamentoso, psicoterapêutico ou combinado, que geralmente é o mais eficaz, contribui para melhorar a qualidade de vida da pessoa afetada e, portanto, a qualidade de vida das pessoas com quem o portador de TDAH interage.

Um diagnóstico tardio parece trazer mais alívio do que tristeza para aqueles que passaram parte de suas vidas com problemas “inexplicáveis”. Os pacientes afirmam que um diagnóstico formal aumentou seu senso de autoaceitação e compreensão, demonstrou estratégias e intervenções anteriormente inimagináveis ​​para melhorar a qualidade de vida e os ajudou a alcançar e manter um senso de normalidade. dissipar dúvidas comuns e auto e arrependimentos.

A discussão sobre o TDAH e o TEA em adultos é muito importante para a Terapia Ocupacional, pois o diagnóstico (ou a falta dele) pode trazer grandes repercussões na vida social, profissional e pessoal do sujeito. Um diagnóstico incorreto aumenta a prevalência de mitos e descrença sobre o distúrbio; A ausência de um diagnóstico, por sua vez, pode aliviar a incerteza e o medo de um transtorno com aspecto comportamental tão marcante. Consequentemente, o profissional deve ter conhecimento sobre o transtorno, seu reconhecimento e tratamento, devendo estar apto a participar do tratamento em equipes multidisciplinares.

De fato, a discussão sobre TEA e o TDAH na fase adulta ainda é restrita, mas isso não significa que as pessoas deixem de fazer parte do espectro com o avançar da idade. Sendo uma condição para a vida toda, compreender seu funcionamento em cada fase da vida é fundamental para garantir qualidade de vida e inclusão social das pessoas com esses transtornos.

O termo “iluminação biográfica” está associado ao diagnóstico após a infância, além das definições médicas, como uma forma de mudar a percepção dos pacientes de si mesmos e identidade, e encontrar novas formas de interagir participando do autismo comunidades.

Mais do que um rótulo importante (para definir uma finalidade mal compreendida), o diagnóstico representa a existência de indivíduos que estiveram à margem do “normal”, trazendo redenção, diminuindo a culpa de estar fora do padrão social esperado, integrando e moldando suas biografias.

A liberdade que vem com a possibilidade de ser quem é, por outro lado, inclui a percepção existencial de ainda ser diferente dos outros, o que implica certa ansiedade para os pacientes, além de não apagar traumas e dificuldades passadas (ou do presente e do futuro); no entanto, o diagnóstico permite menos aspereza consigo mesmo.

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1 Graduando do Curso de Terapia Ocupacional do Grupo Wyden Educacional na Faculdade Martha Falcão.
2 Professora do Grupo Wyden Educacional na Faculdade Martha Falcão.


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